Não se faz uma infografia sobre um tema, faz-se uma infografia sobre dados. Consequentemente, o tema deve suscitar um conjunto de pesquisa sobre os dados e mediante isso deve atestar-se se este suscita interesse e se é, por conseguinte, adequado a um conteúdo infográfico.
Dessa maneira, o tema que propusemos,
«Mobilidade na Universidade do Porto»,
pareceu-nos ser um exemplo significativo de um tema com múltiplas dimensões, de
interesse público, sobretudo, para a comunidade académica, e altamente passível
de ser infografado.
Por outro lado, não queríamos
envolver-nos com os temas propostos pelo JornalismoPortoNet (JPN), em
consequência de não dispormos de disponibilidade, especialmente para recolher
informação mais vasta que não era fornecida a priori. E porque concordamos que
seria mais interessante extrapolar alguns limites da nossa curiosidade
apostando num tema que ambos gostamos: a mobilidade na «nossa casa».
Como avançamos, o tema
suscitou uma pesquisa intensiva de dados, cordial e maioritariamente cedidos
pelo Gabinete de Relações Internacionais da Reitoria da Universidade do Porto,
mas também obtidos com base num artigo elaborado para o JornalismoPortoNet
(JPN), com relação evidente ao tema supracitado, estando assegurada, desde já,
toda a veracidade da informação prestada, tendo em vista as entidades
fornecedoras.
Vimos, como equipa, de
que forma estes dados podiam ser ostensíveis em determinados elementos
infográficos. Não adianta ter dados muitos interessantes se estes não conseguem
ser expressos num dos múltiplos elementos infográficos (mapa, timeline,
diagrama, entre outros). Aliás, a infografia resulta visualmente na articulação
de alguns destes elementos infográficos: dois, três, quantos forem. Vinga pela
capacidade que tem em conseguir fazer com que um leitor, cruzando dois ou três
elementos infográficos, tenha uma perspetiva de um determinado assunto de uma
forma completa.
“Não pensem na infografia de uma forma pré conceituosa”,
recomendou-nos o professor Bruno Giesteira. Para Alberto Cairo,
para dedicar-se à infografia são condições sine qua non “aprender un poco de
diseño gráfico, estadística, reglas de la comunicación visual, pero sobre todo
ser periodista.” No entanto, “es decir, saber organizar, leer, sintetizar y
jerarquizar. Es lo más importante.” (1)
Perante isto, intensificou-se
a pesquisa. Teve-se noção dos dados. Filtraram-se muitos deles. Olhou-se com
algum distanciamento. Como poderíamos articulá-los ou como poderíamos
expressá-los graficamente? Através de um gráfico, diagrama ou mapa? Qual o grau
de complexidade de uma infografia? Quer-se precisa e clara, mas demasiado
simples? Alberto Cairo afirma que “hay muchos editores que piensan que los
gráficos deben ser lo más simples posible porque el lector medio tiene una
inteligencia baja (éste es un prejuicio muy común en las redacciones, por
cierto).” (3)
Presumimos, no início,
não ser capazes de executar um trabalho que seria – julgávamos nós – da inteira
e exclusiva responsabilidade de um designer gráfico, até compreendermos que
este pode ser, no entanto, um trabalho coletivo, mas, sobretudo, uma mais-valia
como futuros jornalistas uma vez que, tendo os conhecimentos técnicos e
teóricos, somos capazes de atuar em toda a linha de produção de uma infografia,
amplamente utilizada nos meios de comunicação social.
Javier Errea, num artigo cognominado “Por qué la infografia
salvará a los diários”, defende que só a infografia salvará o jornalismo
impresso: “¿Por qué digo esto? Pues porque la infografía ofrece todas las
herramientas para acabar con la fórmula clásica de hacer periodismo:
Información=Título+Texto+Foto” e afirma que “esta fórmula sirvió durante muchos
años. Ha sido como un mecanismo de seguridad para periodistas de todo pelaje y
condición”. Javier assevera que pensar num “periodismo unívoco y corto de miras
es condenar a los diarios impresos al iceberg” (2)
PRIMEIRA VERSÃO
Quanto à nossa
infografia INICIAL optamos pelo fundo branco, apanágio de
simplicidade, sobressaindo-se os elementos infográficos. Fez-se uso de algumas
representações visuais estruturadas e simplificadas, como o diagrama, onde sobressaem
os números (claramente maiores do que as definições que os explicam), ou os
pictogramas, com o semblante dos estudantes (relação de identificação), de
fácil entendimento por parte do observador e devidamente identificados com o
valor a que cada um corresponde. Houve ainda uma preocupação acrescida com a
simetria, com a proporcionalidade (realismo dos dados numéricos) e com a
ordenação das figuras para que a leitura da informação da infografia se
procedesse de forma correta. Recorde-se que a infografia tem como função
“facilitar a comunicação, ampliar o potencial de compreensão pelos leitores,
permitir uma visão geral dos acontecimentos e detalhar informações menos
familiares ao público” (4)
Por sua vez, a escolha da
cor predominante – azul – está relacionada, essencialmente, com as cores da
bandeira do programa ERASMUS+ e, de certa forma, relacionada com a cidade do
Porto. As outras cores apenas delineiam uma separação/mudança entre os
programas apresentados. Todavia, este seria um aspeto a ser reconsiderado uma vez
que podia ferir a sensibilidade visual de alguns, tendo em conta a vivacidade de
algumas delas. A medida de referência usada foi os 760px de largura, pelo que
altura, que não foi contabilizada, é a necessária para uma boa apresentação e
organização dos dados.
Estávamos em crer que os
aspetos a reconsiderar para que a infografia estivesse, assim, mais bem preparada
para ser transmitida seriam, essencialmente, a escolha das cores (a atual denotava alguma
falta de estética), a orientação (possibilidade de alterá-la de vertical para
horizontal e um inevitável enquadramento do conteúdo informativo) e a clarificação da
informação (evitar inequívocos).
Possuíamos, na altura, o domínio da
autocrítica pelo que tínhamos a plena consciência de que a nossa infografia
satisfazia razoavelmente o critério da utilidade, mas não tanto o de visualidade, i.e., acreditávamos que um
aperfeiçoamento da mesma aumentaria, indubitavelmente, o seu valor comunicativo.
Retomou-se, deste modo, os trabalhos da infografia. Neste interregno entre a apresentação da primeira versão e a submissão final do trabalho constatamos, através de uma autoavaliação, que talvez a Universidade do Porto, nome com grande impacto positivo, não se reveria na infografia apresentada pois esta não faria jus à sua notoriedade.
Apesar de credível e justificada com as suas fontes, a imagem que a infografia transparece não cria uma resposta cognitiva, afetiva e comportamental que seja, no nosso entender forte e, muito menos, única no público, i.e., consideramos que não tivemos olhos à comunicação, esquecendo a velha máxima de que tudo comunica e de que cada pormenor serve para transmitir uma mensagem.
Perante isto, procedeu-se a uma redefinição da informação (enquadramento informativo) dos programas de mobilidade que, agora, passam a estar bem identificados e com o mesmo peso, com exceção do programa ERASMUS+ que, por ser o mais conhecido e o que 'traz' e 'leva' mais estudantes, ocupa um maior destaque na infografia. Excluiu-se, por conseguinte, alguma informação que podia confundir o leitor. Como afirma Edward Tufte, "clutter and confusion are failures of design, not attributes of information." Priorizou-se as cores branca e azul e conferiu-se uma maior sobriedade à composição.
(2) ERREA, Javier. “Por qué la infografia salvará a los diários”. In: PEREZ, Álvaro e GIL, Ana (eds.) 15 Premios Internacionales de Infografia Malofiej, Pamplona: SND-E/Universidad de Navarra, 2008.
http://visualmente.blogspot.pt/2008/02/exclusivo-por-qu-la-infografa-salvar-al.html
(4) RIBAS, Beatriz. Infografia multimídia: um modelo narrativo para o Webjornalismo. In: CONGRESSO IBEROAMERICANO DE PERIODISMO EM INTERNET, 2004, Salvador/BA.
VERSÃO FINAL
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