O inferno de Tite são os outros

Gian Oddi

O fato de os últimos dois jogos da seleção brasileira terem coincidido com as semifinais e finais da Nations League escancarou aquele que é hoje, a pouco mais de um ano da disputa da Copa do Mundo do Catar, o grande problema do time de Tite: a diferença entre o futebol jogado pela sua equipe na comparação com seus principais concorrentes.

Durante muito tempo, o contra-argumento "mas quais seleções jogam um grande futebol no planeta?" parecia razoavelmente válido para relativizar quaisquer críticas mais contundentes que fossem feitas à seleção brasileira – e não apenas à comandada por Tite.

Mas o cenário mudou.

Neymar em ação contra a Colômbia: outra fraca atuação da seleção
Neymar em ação contra a Colômbia: outra fraca atuação da seleção Juan Barreto/AFP via Getty Images

Hoje a França, ainda que longe de atingir seu potencial máximo, é campeã mundial e da Nations League sobretudo pela enorme qualidade individual de estrelas como Mbappé, Benzema e Pogba. Qualidade superior à de um Brasil que parece ainda depender dos lampejos de Neymar.

A Itália, campeã europeia, se não conta com estrelas do nível de Mbappé, Neymar, Messi ou Cristiano Ronaldo, tem um alto padrão de jogo forjado pelo técnico Roberto Mancini, o que, aliado a uma boa geração de jogadores, produz o suficiente para lhe colocar também à frente dos brasileiros no nível de futebol jogado.

Caso similar ao da Espanha de Luis Enrique e seus jovens comandados, um time que perdeu a final da Nations League para a França e foi eliminada pela campeã Itália nas semifinais da Euro, mas que, em ambas ocasiões, produziu mais que seus adversários.

A Bélgica, coletivamente, também não parece ficar atrás da seleção brasileira, e tem não apenas um, mas dois jogadores com enorme capacidade de decidir jogos – De Bruyne e Lukaku, para não falar de um decadente (mas ainda recuperável?) Hazard.

Outras seleções, ainda que não possam ser colocadas categoricamente num patamar acima do da seleção brasileira, também não parecem estar abaixo dela por aquilo que produzem atualmente.


É o caso de Portugal, outra equipe cujo técnico não parece extrair o potencial máximo de seu grupo, mas que conta com talentos que vão além de sua estrela máxima, Cristiano Ronaldo; da Argentina de Messi, campeã sul-americana (no Brasil) que passa por inegável evolução nos últimos dois anos; da Inglaterra com sua jovem e promissora geração; e até da Alemanha, que parece ter deixado de lado seus piores momentos após a chegada de Hansi-Flick.

O fato de a seleção brasileira ter parado de evoluir e estar jogando mal nas eliminatórias evidentemente não significa que ela não seja competitiva, como mostram seus próprios resultados, e que não possa ganhar um torneio de tiro curto como a Copa do Mundo no final do ano que vem.

Em campeonatos assim, como a história já cansou de mostrar, o imponderável, as eventuais ausências, as arbitragens ou mesmo a sorte podem ser determinantes para se definir vencedores, derrotados e campeões.  

A quase um ano da Copa do Mundo, porém, está claro que a seleção brasileira não consegue jogar mais futebol do que pelo menos oito (!) de seus concorrentes. O cenário, certamente, poderia ser mais promissor.


 
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Fraco, covarde, prolixo, comunista: o que faz sentido nas críticas a Tite após 5 anos de trabalho?

Gian Oddi

Em 56 jogos, foram 42 vitórias, 10 empates e apenas 4 derrotas nos 5 anos da seleção brasileira comandada por Tite. Um incrível aproveitamento de 81% dos pontos disputados que tornam no mínimo contestáveis as críticas feitas ao técnico da seleção.

Vale a breve recapitulação: Tite substituiu Dunga na 7ª rodada das Eliminatórias da Copa 2018, quando a seleção, no 6º lugar, somava 9 pontos em 6 jogos. Dali pra frente, mesmo sem alterações substanciais no elenco que era convocado por Dunga, venceu 10 jogos e empatou 2, encerrando o torneio na liderança com 10 (!) pontos sobre o vice-líder Uruguai.  

No Mundial da Rússia, a queda contra a ótima Bélgica nas quartas-de-final se deu em um jogo no qual o Brasil finalizou 27 vezes (9 no alvo) contra 9 finalizações (3 no alvo) dos europeus. Não significa dizer que Tite não pudesse ter feitos outras escolhas (podia), mas vale nos perguntarmos se um jogo com aquele roteiro deveria bastar para invalidar seu trabalho.

Tite completa 5 anos de seleção brasileira: qual é a nota do trabalho do técnico? Gian Oddi e Bertozzi analisam


Excluídos os amistosos, vieram então o título da Copa América de 2019, um aproveitamento até agora de 100% em seis jogos nas Eliminatórias da Copa de 2022 e um bom início na atual edição da Copa América. Até mesmo a alegação dos maus resultados contra europeus é contestável: em 8 confrontos até hoje, foram 6 vitórias, 2 empates e apenas 1 derrota (justamente para a Bélgica) contra equipes do velho continente.

Tite x Europeus
Tite x Europeus arte ESPN

São todos fatos, objetivos e, ainda que no futebol um ou outro resultado possa não representar o que se passou em campo e possa não ser necessariamente consequência de um bom trabalho, isso não se aplica quando tratamos de um recorte com mais de 50 partidas.  

Que técnicos de futebol no Brasil sofrem cobranças e pressões exageradas não é novidade. E se isso já ocorre com qualquer técnico, é compreensível que o da seleção brasileira sofra em dobro num país onde a relação conflituosa entre clubes e seleção é maior do que em qualquer outro lugar.

Tite durante partida entre Brasil e Venezuela, seu 55º jogo pela seleção
Tite durante partida entre Brasil e Venezuela, seu 55º jogo pela seleção Getty


A seleção de Tite não é brilhante, de acordo. Mas qual é? A França, hoje com um elenco até superior ao do Brasil, venceu a última Copa do Mundo (e segue jogando) com uma estratégia que, se utilizada pelos clubes brasileiros mais poderosos, geraria críticas de quem acredita que o mérito, no futebol, advém da posse, da imposição, do domínio territorial.

Portanto, mesmo quem não gosta de como joga a seleção brasileira precisa admitir que suas boas campanhas não são frutos do acaso, mas de uma ideia de jogo, de solidez, de consistência e, talvez, também do que muitos consideram (justificadamente ou não) excesso de prudência de seu treinador.

Em um torneio curto como a Copa do Mundo, Tite poderia ter levado mais em consideração as respostas positivas que teve ao fazer substituições nas fases iniciais. Tite poderia ter aproveitado seu imenso prestígio no início do trabalho para tentar antecipar, ainda em 2018, o que parece (parece!) ser um Neymar mais focado e responsável de 2021.

Bem menos relevante, Tite poderia até repensar a forma de se comunicar, ser menos prolixo e usar menos termos técnicos para falar diretamente aos torcedores, não precisando assim de “intérpretes”. Ao aceitar a seleção, lá atrás, Tite não precisaria ter cumprimentado com beijo o mesmo Marco Polo Del Nero que pouco antes criticava. Tite não precisaria ter ameaçado contestar a Copa América no Brasil se era para as coisas terminarem como terminaram.

Elogiar o que Tite fez em cinco anos de seleção brasileira não significa aprovar todas suas atitudes e decisões. Mas dizer que seu trabalho é ruim, hoje, soa quase tão bizarro quanto chamá-lo de comunista.


 
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Seleção brasileira completará duas décadas sem vencer um grande em Copas do Mundo

Mauro Cezar Pereira
Mauro Cezar Pereira, jornalista da ESPN
Ronaldo contra a Croácia, então mera coadjuvante, na vitória brasileira por 1 a 0 na Copa de 2006
Ronaldo contra a Croácia, então mera coadjuvante, na vitória brasileira por 1 a 0 na Copa de 2006 Arquivo

Desde a vitória sobre a Alemanha, na final de 2002, quando chegou ao quinto título mundial, a seleção brasileira não vence um grande adversário em pelejas válidas pelo certame. São quatro Copas do Mundo e 13 triunfos, mas nenhum deles sobre um rival realmente de peso. Assim, quando voltar ao gramado pela grande competição, no final de 2022, o Brasil estará há mais de duas décadas sem saborear vitória em cima de um grande adversário.

É verdade que em duas oportunidades o time canarinho bateu a Croácia, agora vice-campeã. Mas até então o selecionado da antiga Iugoslávia era mera coadjuvante. Tanto que em ambas as Copas, 2006 e 2014, foi eliminada na fase de grupos. E perdeu a chance de avançar, respectivamente, para Austrália e México, times apenas medianos. Inclusive os croatas foram adversários da estreia nas duas edições, e o primeiro jogo não costuma ser um "clássico".

Na Alemanha, a seleção de Carlos Alberto Parreira também derrotou os australianos, Japão e Gana. Com Dunga, na África do Sul, superou Coreia do Norte, Costa do Marfim e Chile. Em casa, com Luiz Felipe Scolari, bateu, além dos croatas, Camarões e Colômbia. Na Rússia, o time de Tite bateu Costa Rica, Sérvia e México. Nos duelos pesados, o Brasil foi derrotado cinco vezes, por França (2006), Holanda (2010 e 2014), Alemanha (2014) e Bélgica (2018).

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Basta de passadas de pano na seleção. Tite poderia, e deveria, fazer mais

Mauro Cezar Pereira
Mauro Cezar Pereira, jornalista da ESPN



Defendi  a permanência de Tite no comando da seleção antes do jogo Brasil 2 x 0 Sérvia, independentemente de sua equipe ser eliminada, ou não, naquela ocasião. Não mudei de ideia. Que tenha um ciclo inteiro de Copa do Mundo. Certamente o treinador extrairá lições de sua experiência russa.

Obviamente o time da CBF melhorou com a chegada do ex-corintiano. Esperavam o que depois do desastre capitaneado pela dupla Scolari-Parreira em 2014, seguido por Dunga II - A Missão? Ora bolas, melhorou e não poderia ser diferente, mas é evidente que não foi o bastante. O Brasil saiu do Mundial duas fases antes do fim! Não foi um desastre, claro, tampouco o bastante.

Um dos problemas dessa seleção foi a veneração de  muitos pelo personagem messiânico construído. Faltaram contestações, sobraram explicações e justificativa para todas as escolhas do técnico. Até centroavante que não faz gol, não dá assistência, não decide, virou "fundamental".

Com tantos assessores, o Tite's Team e suas tolas expressões, como "homem terminal", seguiu agarrado às tais convicções. As mesmas que fizeram de Paulinho, Gabriel Jesus e Willian intocáveis, que levaram Taison e Fred para passear na Rússia, que transformaram Fágner (incrível) em titular.

Que reflita sobre elas, pois assim as chances de crescimento do treinador serão maiores. Lições da Copa, ensinamentos do futebol que Tite não deve ignorar, pois, a priori, os passadores de pano parecem dispostos e decididos a continuar lustrando a derrota. 


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Responsáveis por metade das finalizações do Brasil, Neymar e Coutinho arrematam mais do que 5 seleções

Mauro Cezar Pereira
Mauro Cezar Pereira, jornalista da ESPN
As 57 finalizações do Brasil nos três jogos da fase de grupos da Copa do Mundo de 2018
As 57 finalizações do Brasil nos três jogos da fase de grupos da Copa do Mundo de 2018 TruMedia/ESPN

Neymar finalizou 16 vezes na Copa do Mundo. Fez um gol. Philippe Coutinho arrematou 12, mandando a bola nas redes em duas oportunidades. Os dois são responsáveis por nada menos que 49,12% dos tiros desferidos pela seleção brasileira contra os goleiros adversários.

As 16 finalizações de Neymar, que marcou um gol, nos primeiros três jogos do Brasil no Mundial da Rússia
As 16 finalizações de Neymar, que marcou um gol, nos primeiros três jogos do Brasil no Mundial da Rússia TruMedia/ESPN

E ambos estão pendurados com o cartão amarelo, uma advertência contra o México significaria a suspensão para as quartas-de-final, desde que o Brasil se classifique, naturalmente. Outro em tal situação é o volante Casemiro, segundo maior passador do time, atrás apenas de Coutinho.

Os 12 arremates de Philippe Coutinho na fase de grupos da Copa do Mundo pelo Brasil
Os 12 arremates de Philippe Coutinho na fase de grupos da Copa do Mundo pelo Brasil TruMedia/ESPN

A quantidade de finalizações da dupla é expressiva. O Brasil é, entre as equipes vivas no Mundial, a que mais arrematou até aqui, 57. Apenas a eliminada Alemanha tentou mais (72). O México foi o sexto na fase de grupos com 46.


Coutinho e Neymar arremataram tantas vezes quanto o time inteiro da Rússia: 28. Os dois têm mais tiros contra os arqueiros rivais do que Costa Rica (27), Colômbia (25), Panamá (24), Irã (23) e Dinamarca (23).

Finalizações*
Neymar 16 (8) - 1 gol
P. Coutinho 12 (4) - 2 gols
Thiago Silva 5 (1) 1 - 1 gol
Casemiro 4 (2)
Gabriel Jesus 4 (0)
Marcelo 3 (1)
R. Firmino 3 (1)
Willian 3 (0)
Paulinho 2 (1) - 1 gol
Fernandinho 2 (0)
Filipe Luís 1 (1)
Miranda 1 (0)
R. Augusto 1 (0)
* entre parênteses o número de arremates na direção do gol

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O Mundial dos dramalhões

Mauricio Barros
Mauricio Barros

Muller chora após eliminação da Alemanha na Copa do Mundo
Muller chora após eliminação da Alemanha na Copa do Mundo Getty Images

Uma Copa do Mundo sem dramas não é nada. E o Mundial da Rússia coleciona vários. Antes mesmo de a bola rolar, a Espanha, quem diria, dona de um dos campeonatos nacionais mais ricos e desenvolvidos do mundo, protagonizou o papelão de mandar seu treinador Julen Lopetegui embora, no enrosco envolvendo sua contratação pelo Real Madrid.

A Alemanha, tampouco afeita a montanhas russas de emoções, logo na estreia decepcionou, perdendo do México por 1 x 0. Depois, recuperou-se em um jogo infartável contra a Suécia, em um gol de falta de Kroos praticamente no último lance de jogo. Isso tudo para, mais tarde, ser eliminada pela também eliminada Coreia do Sul, uma derrota por 2 x 0 que sacramentou o vexame dos antes inquestionáveis campeões mundiais.

A Suécia, aliás, personificou seu drama em Jimmy Durmaz, de ascendência turca, que sofreu ofensas racistas por ter sido o responsável pela falta que originou aquele gol de Kross. Bonito foi ver o elenco sueco apoiando incondicionalmente seu companheiro.

O oposto da Alemanha foi o México, cuja comemoração do gol da vitória na estreia rendeu registro nos sismógrafos da capital. O dia em que um gol causou um terremoto. Lindo isso. Tão lindo como a celebração em frente à embaixada da Coreia na Cidade do México, com direito a levantamento de diplomata.

Dramas pessoais envolvem vários contundidos. Mo Salah chegou arrebentado e sua ausência na estreia pode ter tirado a chance de o Egito avançar. O reserva Douglas Costa levou o Brasil à vitória sobre a Costa Rica nos minutos finais da segunda rodada, mas foi possível vê-lo sentir a coxa. Talvez fosse titular no jogo seguinte, mas amarga um estaleiro até, talvez, uma eventual semifinal, caso o Brasil avance. Marcelo também viveu seu drama, após sair às lágrimas todo travado por um espasmo na região lombar. E o que dizer de Neymar? Suas simulações, desabafos, destemperos, lances geniais. Esse é um personagem rocambolesco e tanto.

Há outros lesionados, mas nenhum toca tanto quanto James Rodriguez. O colombiano está baleado. Astro da Copa de 2014, não consegue jogar por conta das dores musculares. Vê-lo sair contra Senegal foi de cortar o coração. Será que volta?

A Argentina é um dramalhão que possui um país e um time. Técnico maluco e sem comando. Um gênio, Messi, tentando resolver sozinho. Sangue de Mascherano, brigas, suor. E lá vão os hermanos com Maradona tendo ataques cuidadosamente planejados para as câmeras de TV.

Há também imbróglios étnicos, como Xhaka e Shaqiri, da Suíça, demonstraram em suas comemorações de apoio à causa albanesa contra a Sérvia, de quem ganharam de 2 x 1. Foram multados pela “asséptica” Fifa.

Assim entramos no mata-mata, que dobrará a intensidade e o número de personagens desses dramalhões. E agora eles podem durar 120 minutos. Ou mais. Que venham, pois. A gente adora.

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Os contextos da Seleção na Copa, o Paulinho, a cabeça e a importante "escapada" da Suécia

Renato Rodrigues
Renato Rodrigues, do DataESPN
Philippe Coutinho foge da marcação de Matic durante partida entre Brasil e Sérvia
Philippe Coutinho foge da marcação de Matic durante partida entre Brasil e Sérvia André Mourão/MoWA Press

O título acima tem muita informação, confesso. Mas trata-se de uma ordem lógica. E ela tem a ver com maneira que tratarei a classificação da Seleção Brasileira para as oitavas de final da Copa do Mundo. Tentarei fazer uma espécie de balanço, de acertos e erros, escolhas e, principalmente, contextos. Estes sim são muito importantes para se assimilar.

Talvez a grande lição para Tite e seus comandados até aqui tenha a ver com os cenários enfrentados.  E de fato o contexto apresentado pela Sérvia nos privilegiou.  Isso não tem a ver com tirar o mérito, ao contrário, mas como forma de entender nossas virtudes e potencializa-las. 

Nos vimos desconfortáveis em campo contra Suíça e Costa Rica. Cada um destes adversários têm suas particularidades, mas também têm algumas semelhanças importantes para levarmos em conta durante a análise.

Ambos usaram um modelo de jogo com uma linha defensiva um pouco mais baixa. Conforme o tempo passava, o bloco defensivo se enfiava dentro da própria área. Com isso, zero profundidade e espaço nas costas dos zagueiros para atacar. Perceba nas imagens abaixo, como os adversários tiraram "campo para correr" nas costas da defesa (LEIA AS LEGENDAS TAMBÉM). E comece a refletir sobre as características de nossos principais jogadores.

Suíça encaixou melhor a marcação no segundo tempo e, com a linha defensiva mais baixa, colocou dificuldade para o Brasil infiltrar
Suíça encaixou melhor a marcação no segundo tempo e, com a linha defensiva mais baixa, colocou dificuldade para o Brasil infiltrar DataESPN
Já a Costa Rica usava um sistema com três zagueiros e uma linha defensiva com 5, mas, assim como a Suíça, fechava bem os espaços na área
Já a Costa Rica usava um sistema com três zagueiros e uma linha defensiva com 5, mas, assim como a Suíça, fechava bem os espaços na área DataESPN

E ainda tinha um detalhe ainda mais importante, principalmente olhando para o segundo tempo da Suíça: muita pressão na bola.  Este é um dos princípios básicos para não tomar lançamentos nas costas da defesa, principalmente quando se joga com ela mais alta. No gol marcado contra a Sérvia, vemos uma situação diferente das imagens acima. Ninguém encurtando no homem da bola, linha defensiva mais alta e Paulinho se projetando. Observe também o movimento de Gabriel Jesus arrastando os dois zagueiros, abrindo espaço onde o volante artilheiro se projetar (veja na imagem abaixo).

Linha defensiva da Sérvia mais alta, Gabriel atrai os zagueiros e Paulinho se projeta. O contexto diferente
Linha defensiva da Sérvia mais alta, Gabriel atrai os zagueiros e Paulinho se projeta. O contexto diferente DataESPN

Agora voltando às características dos  nossos jogadores, mas sem tirar o olhar para o contexto. Paulinho  e Gabriel Jesus foram criticados pelas suas duas primeiras aparições na Copa. Mas vamos brevemente dissecá-los: em qual principal característica eles se assemelham? São infiltradores, caras que fazem leituras dos espaços para se projetar no ponto futuro. Precisam de profundidade e campo para atacar. Contra linhas defensivas mais baixas, mesmo que a bola entre num lançamento, o goleiro vai antecipar e ficar com a bola. Este tipo de situação, definitivamente, trava o que cada um oferece de melhor.

É aí que entra a importância de chegar, e não em estar. Contra times que usam blocos defensivos mais baixos, ambos ficam "presos" na área e perdem essa essência. A referência deles é o espaço. Observar, detectar e chegar neles. Autor do importante e primeiro gol, Paulinho tem sua melhor versão assim. Por isso, pelo menos para mim, fazia mais sentido ter Firmino e Renato Augusto/Fred nos primeiros confrontos. Jogadores mais associativos, que mostram mais mobilidade e se sentem mais confortáveis em um espaço muito reduzido. 

E é claro que isso não quer dizer que eles não servem. Ao contrário. São super influentes quando enfrentam este ambiente. Quando não, ajudam a dar profundidade, a ganhar duelos físicos e no trabalho sem bola. São agressivos e voluntariosos. Ajudam de outra forma, talvez fora do holofote. Mas é importante enxergar o que cada jogador oferece em determinada circunstância.

Agora chegamos à cabeça. E ela não tem a ver apenas com a Seleção Brasileira. Bolas paradas, sistemas defensivos fortes, VAR... Tudo isso tem sido pontos recorrentes na Copa. Mas não tem como tirar o fator psicológico no Mundial. Vemos na Rússia, além de toda riqueza tática e técnica que as equipes trazem, o mental jogando para cima e para baixo seleções de alto nível. Grandes times, não só pelo histórico, mas na qualidade também, se desmanchando em situações de alta pressão. Argentina e Alemanha são grandes exemplos. O gol não sai, o campo diminui e as ideias pré-estabelecidas vão se deteriorando com o tempo. Ansiedade, decisões precipitadas, escolhas erradas... 


Alemanha, nervosa, sucumbiu perante à Coreia do Sul e deu adeus à Copa do Mundo
Alemanha, nervosa, sucumbiu perante à Coreia do Sul e deu adeus à Copa do Mundo Saeed Khan/AFP/Getty Images

E foi um enredo que vivemos na segunda etapa contra a Suíça e também contra a Costa Rica. Hoje, contra a Sérvia, melhoramos neste sentido. Obviamente que um gol condiciona muita coisa dentro do futebol, mas sim, vi uma equipe mais leve, desfrutando mais do jogo, funcionando de maneira mais natural. Neymar se mostrou mais estável e coletivo. Fazendo as leituras corretas, entendendo a hora de prender e soltar a bola. Aliás, mais solto. Depois de meses parado, os movimentos e gestos técnicos vão voltando ao normal. Algo importantíssimo para a sequência na competição.

A Copa do Mundo de Coutinho até aqui é monstruosa. Adaptado ao jogo por dentro, ajudando na iniciação das jogadas e cobrindo espaços durante as transições. Casemiro, Thiago Silva e Miranda fortes nos duelos pessoais. Antecipando e ganhando bolas para ativar o segundo lance, encurtando e retardando na hora certa. A dupla de zaga tem um desempenho impecável até aqui. Fagner, que seria uma catástrofe para muitos, sendo o que é faz anos. Regular. Nem para cima e nem para baixo. Segurando muito bem o rojão apesar de toda responsabilidade que lhe caiu sobre os ombros.

A preocupação, pelo menos na vitória contra a Sérvia, foi o lado esquerdo. Mladen Krstajic iniciou a partida com Rukavima na lateral-direita. O treinador sérvio tentou gerar jogo por ali com um jogador mais ofensivo. Em alguns momentos, com Neymar não baixando até o final para ajudar Marcelo/Filipe Luis, algumas situações foram criadas. As boas coberturas de Coutinho e Casemiro estabilizaram o problema, que pode ser melhor trabalhado nos próximos dias. É um ponto para ajustar.

Por fim, chego à "escapada" da Suécia. Vai parecer meio louco da minha parte, mas não ter batido de frente com a Suécia neste momento foi importante. Caso não ficasse em primeiro, o Brasil pegaria um time extremamente chato de enfrentar. E aí voltamos para o contexto. Apesar de não ser uma equipe com grande repertório técnico,  os suecos proporcionam o jogo que mais nos incomoda. Bloco defensivo baixo, pouco espaço, imposição física e muita concentração.

Não à toa, deixou Itália, Holanda (Eliminatórias) e Alemanha para trás até aqui.  Certamente seria um jogo de muita exigência da nossa parte. Não só ofensiva, para desequilibrar o sistema adversário com passes e dribles, mas também psicológica. Aquele gol que não sai. A rigidez nos movimentos. A posse sem efetividade. Cenário completo para fazer a gente entrar em parafuso dentro do próprio jogo. México e Alemanha sentiram isso na pele.

O México também é perigoso. Tem um treinador que não pensa duas vezes em ousar (INCLUSIVE NAS BOLAS PARADAS, CLIQUE AQUI), mas a tendência é de mais espaço. Mais campo para atacar, mais trocação. Acho que vai ser por aí.

O que não dá é para achar que vai ser fácil - e digo isso para nós torcedores e analistas. É o momento para firmar o pé no chão e seguir as convicções. Mas também dar espaço para um ajuste ou mudança. Os contextos, num torneio tiro curto como a Copa, são importantes e devem ser levados em conta. Até as oitavas!


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O uso errado do árbitro de vídeo pode anular uma partida de Copa do Mundo?

Sálvio Spinola
Sálvio Spinola

Juiz consulta o VAR em jogo da Islândia contra a NIgéria
Juiz consulta o VAR em jogo da Islândia contra a NIgéria Getty Images

Por Rafael Lewandowiski 

O mundo do esporte tem acompanhado com atenção a utilização inédita do VAR na maior competição do esporte, a Copa do Mundo da FIFA. A Copa do Mundo da FIFA 2018, realizada na Rússia, é a segunda edição da história a contar com a utilização de recursos tecnológicos. A primeira foi a Copa do Mundo FIFA 2014, realizada no Brasil, a qual estreou a Goal-Line Technology, tecnologia a qual auxilia os árbitros da partida a decidir se a bola ultrapassou, ou não, a linha do gol.

A adoção do VAR ocorreu em um cenário em que alguns graves erros de arbitragem foram identificados, assim como incidentes os quais passaram despercebidos. O caso mais famoso ocorreu na Copa do Mundo FIFA de 2014, quando o atleta Luis Suarez, do Uruguai, mordeu o atleta Chiellini, da Itália, em partida válida pela fase de grupos da competição. O atleta uruguaio não foi punido no ato, mas, sim, após a partida, o que possibilitou a sua continuidade no jogo e, consequentemente, a possibilidade de influência no resultado da partida. Casos como este impulsionaram a adoção do VAR o qual, em 2017, foi incluído oficialmente no regulamento Laws of the Game (“Regras do Jogo”) da International Football Association Board (“IFAB”).

 Definição e atribuições

 O VAR é um árbitro assistente da partida, com acesso às imagens e replays, que podem ajudar o árbitro principal somente nos casos de "erro claro e óbvio" ou "grave incidente” o qual tenha passado despercebido. O VAR possui as mesmas prerrogativas dos demais árbitros assistentes. As situações de jogo passíveis de revisão são:
a) Gol/Não Gol;
b) Pênalti/Não Pênalti;
c) Cartão vermelho direto
d) Erro de identificação de infrator (quando um atleta é erroneamente advertido com cartão vermelho ou amarelo, no lugar de outro).
Não é permitida a revisão de outras situações de jogo além das citadas.

 As prerrogativas do árbitro

Apenas o árbitro principal detém a prerrogativa de iniciar uma revisão, ou seja, fazer uso do VAR nas situações acima elencadas. O VAR e os demais árbitros assistentes podem apenas recomendar uma revisão e não tem participação direta nas decisões finais. O árbitro pode, inclusive, ignorar a mera recomendação de revisão e, consequentemente, não olhar as imagens do lance em questão, se assim entender pertinente.

A revisão contínua do VAR

O VAR avalia toda e qualquer situação passível de revisão. Caso exista a real necessidade de revisar uma jogada, o VAR recomenda ao árbitro, o qual pode iniciar a revisão ou não. Deste modo, o árbitro de vídeo funciona como um “filtro” para que o árbitro possa, de fato, analisar apenas os lances os quais mereçam atenção. Caso o VAR não identifique uma jogada como erro claro e óbvio, a recomendação de revisão não é passada ao árbitro. A IFAB orienta a repreensão de atletas e comissão técnica os quais pressionarem o árbitro para a revisão de uma jogada exatamente pelo fato do VAR já estar atento aos lances importantes. A área reservada à operação do VAR é inviolável, sendo a aproximação ou invasão de atletas ou comissão técnica punidas com a expulsão destes da partida.

O procedimento das revisões

O árbitro pode iniciar uma revisão de um possível "erro claro e óbvio" ou grave incidente” o qual tenha passado despercebido quando o VAR (ou outro arbitro assistente) recomende uma “revisão” ou quando o próprio árbitro suspeite que algo grave passou despercebido. O VAR se comunica com o árbitro, por meio de ponto eletrônico, dizendo “revisão” e indicando a natureza da revisão, por exemplo, “jogada violenta” (passível de aplicação do cartão vermelho). A comunicação entre o VAR e o árbitro ocorre em tempo integral, sem interrupções e há, ainda, a gravação de todas as conversas.

Caso o árbitro entenda que seja o caso de revisar a jogada, este deve fazer o sinal, com as mãos, semelhante a uma TV, indicando que usará o auxílio do VAR e, ato contínuo, optar por duas situações: tomar a decisão final com base nas informações meramente auditivas proferidas pelo VAR ou dirigir-se a área de revisão do árbitro, onde há uma TV posicionada, para ver as imagens e replays. No caso da segunda opção, a fim de demonstrar transparência, o árbitro deverá estar “visível” para todos os sujeitos da partida enquanto revê o lance em questão.

Conforme prevê o protocolo do VAR, nas Regras do Jogo da IFAB, a decisão original do árbitro não será alterada a menos que haja um “erro óbvio" (isso inclui qualquer decisão tomada pelo árbitro com base em informações de outro assistente, por ex. impedimento). Após analisar as imagens, o árbitro deverá fazer novamente o sinal de uma TV e anunciar sua decisão final.

Prezando pela precisão nas decisões, a IFAB não determina qualquer limite de tempo para a análise do vídeo e posterior decisão final.

O momento das revisões

A partir do evento objeto de revisão, o árbitro, caso a partida não esteja paralisada, deverá interrompe-la para iniciar a revisão. Não pode haver revisão de qualquer jogada depois de praticado um ato de reinício da partida, tais como cobrança de lateral, falta, escanteio, tiro de meta e saída do meio de campo após marcado um gol. Caso a jogada tenha continuidade e, no curso desta, o árbitro receber a recomendação de revisão, este deverá paralisar a partida quando a bola estiver em campo neutro, a fim de não prejudicar o ataque de nenhuma das equipes.

Os eventos passados entre o evento objeto de revisão e a paralisação da partida não serão anulados, salvo no caso de cartão vermelho por interrupção de ataque promissor.

O “desafio” e a regra 5 das Regras do Jogo

A principal crítica ao VAR, nesse momento, é o fato do árbitro ser o único sujeito legítimo para requerer a utilização do recurso. Em outros esportes, por exemplo, há o “desafio”, em que uma equipe ou atleta pode requerer a revisão da jogada que, caso esteja correta, acarretará na perda de um benefício pelo desafiante. No futebol americano, o desafiante que “errar” o desafio perde um tempo técnico o qual tem direito. No vôlei e no tênis, caso o desafiante erre o desafio, perde o direito de discutir as decisões do árbitro novamente.

 O principal impeditivo para a implementação do “desafio” na aplicação do VAR está na regra número 5 das Regras do Jogo, na qual é tratada a figura do árbitro. Na mencionada regra, o árbitro é tratado como soberano sobre todas as decisões de campo, não tendo seu poder delegado a outrem. Nesse sentido, a implementação do “desafio” apenas será possível após a flexibilização do poder do árbitro constante da regra número 5 das Regras do Jogo.

 Anulabilidade da partida pela utilização do VAR e erro de direito

Considerando que o protocolo do VAR está inserido nas Regras do Jogo, a não observância dos critérios de utilização deste, naturalmente, consistirá em violação das Regras do Jogo e, consequentemente, em erro de direito. Consiste em erro de direito a aplicação errônea das Regras do Jogo pelo árbitro da partida. A existência do erro de direito, dependendo de sua gravidade e influência no resultado final da partida pode ensejar a anulação desta.

Sobre a anulabilidade da partida por eventos envolvendo o VAR, as Regras do Jogo aduzem que não será passível de anulação as partidas nas quais ocorrer: a) Mal funcionamento da tecnologia do VAR; b) Decisão errada envolvendo o VAR; c) Decisão do árbitro em não rever uma jogada; e d) Revisão de uma jogada não passível de revisão, tal como escanteio e lateral.

A determinação de impedimento de anulação da partida nas hipóteses acima mencionadas causa certa obscuridade na interpretação das Regras do Jogo visto que, ao mesmo tempo que o árbitro não pode revisar certas situações de jogo, a partida não pode ser anulada por conta disso, ou seja, não há sanção caso o árbitro descumpra o determinado pelo protocolo do VAR.

O mesmo ocorre em situações em que há a possibilidade de revisão de uma situação originalmente não passível de revisão cumulativamente a uma situação passível de revisão. Por exemplo, caso um árbitro, após revisão da jogada, resolver marcar um pênalti, não poderá, em tese, advertir o infrator com o cartão amarelo, já que a revisão das jogadas só são permitidas sobre condutas as quais ensejem a aplicação do cartão vermelho. Outro problema ocorreria, caso o VAR recomendasse uma revisão de jogada violenta, e o árbitro, após a análise das imagens, entendesse que a conduta ensejaria a aplicação apenas do cartão amarelo. Entretanto, o protocolo do VAR impede que o mencionado cartão amarelo seja aplicado já que as revisões só podem ocorrer para a aplicação do cartão vermelho direto.

A atuação do VAR durante a Copa do Mundo da FIFA 2018

Não é necessário esperar o fim da Copa do Mundo da FIFA 2018 para chegar à conclusão de que o VAR será instrumento decisivo para o árbitro daqui para frente. Do mesmo modo, é claramente visível que o VAR poderá sofrer algumas modificações a respeito de sua aplicação, dadas as fortes críticas voltadas a exclusividade do árbitro principal em meramente acionar a tecnologia. A partida entre Brasil e Suíça, válida pela primeira fase, já é mostra de que o VAR pode evoluir para melhor. Em duas ocasiões envolvendo a equipe brasileira, o árbitro decidiu sequer analisar as imagens. Tal decisão foi considerada polêmica justamente pela utilização extensa do VAR, por outros árbitros, durante a Copa do Mundo. Para efeito de registro, metade dos pênaltis foram marcados após revisão do VAR. Há de se observar qual será a resposta da FIFA a respeito das duras cobranças feitas pela Confederação Brasileira de Futebol.

Conclusão

O mundo do futebol está diante de um momento histórico, já que implementação do VAR marca a transparência nas decisões dos árbitros da partida, o que dá credibilidade à modalidade afastando, ainda, as sempre frequentes suspeitas de manipulação de resultados. A implantação gradual do VAR em todas as federações vinculadas a FIFA é necessária para o melhor desenvolvimento do futebol.

Entretanto, nesse primeiro momento, algumas obscuridades do protocolo do VAR como, por exemplo, as hipóteses de não anulabilidade das partidas, fará com que as discussões sobre a efetividade do VAR sejam extensas até que este atinja o modelo ideal adequado especificamente ao futebol. Há de se debater, por muito, as hipóteses de erro de direito que serão naturalmente suscitadas ao passo que o VAR vá ganhando lastro de atuação.

Cabe aos operadores do direito, bem como aos profissionais de arbitragem, a lidar com as iniciais obscuridades, a fim de identificar o modelo ideal do VAR aplicado ao esporte bretão.

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O uso errado do árbitro de vídeo pode anular uma partida de Copa do Mundo?

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Na Copa das bolas paradas, Juan Carlos Osório é ponto fora da curva em escanteios e faltas do México

Renato Rodrigues
Renato Rodrigues, do DataESPN
Osorio deixou o São Paulo para comandar a seleção  mexicana
Osorio deixou o São Paulo para comandar a seleção mexicana Getty

Na Copa do Mundo que vem se evidenciando pelo alto número de gols marcados através das bolas paradas - cerca de 49% até o início do dia de hoje 22/6) -, Juan Carlos Osório, conhecido dos brasileiros por conta de sua passagem pelo São Paulo, tem sinto um ponto fora da curva em faltas e escanteios, principalmente nos defensivos.  O jogo contra a Alemanha já nos mostrou um pouco disso. Amanhã, contra a Coréia do Sul, poderemos ter mais mostras disso. 


Famoso, e também muito criticado, por seus rodízios de jogadores e funções dentro de campo, "Profe" sempre se colocou como um treinador ofensivo em sua abordagem do jogo. Tal visão, inclusive, reflete na forma como vem se defendendo de escanteios e faltas laterais. Diferente do grande padrão atual, que consiste em se organizar com 10 ou 9 jogadores posicionados, Osório tem se defendido sua meta neste momento do jogo com apenas 7 jogadores (confira na imagem abaixo).

No escanteio defensivo contra Alemanha, jogadores ficam praticamente no mano a mano
No escanteio defensivo contra Alemanha, jogadores ficam praticamente no mano a mano Reprodução DataESPN

O lance acima aponta para um escanteio, mas a ideia se mantém também em faltas cruzadas na área. Perceba como o número é o mesmo (ilustração abaixo).

Veja o mesmo número de defensores na falta lateral contra a Alemanha
Veja o mesmo número de defensores na falta lateral contra a Alemanha DataESPN

A ideia é que, enquanto estes jogadores defendem, inclusive ficando no mano a mano em algumas oportunidades, três escapes ficam mais adiantados para aproveitarem os contra-ataques. Contra a Alemanha, por exemplo, o trio Lozano, Chicharito Hernández e Vela - em alguns casos Layún - ficava mais à frente. E não era nem uma situação de rebote. Se posicionavam quase no círculo central, sustentando a saída rápida e acelerando o jogo. IMPORTANTE: repare nos minutos da partida na imagem acima e também na que vem em seguida. Se trata da mesma jogada. Recuperação da posse após a falta e contra-ataque armado.

Trio de ataque do México recebe a bola em contra-ataque. Situação de 3 vs 3
Trio de ataque do México recebe a bola em contra-ataque. Situação de 3 vs 3 DataESPN

E para tal estratégia dar certo se exige muita organização. Primeiro na reação dos jogadores no pós-recuperação. A necessidade de todos estarem coordenados na corrida e também nas projeções dos espaços que se abrem. Neste sentido, Chicharito fez um grande jogo. Era ele o primeiro escape (inclusive na jogada do gol), para reter a bola ou simplesmente dar de primeira nas investidas de Lozano, muito eficiente nas diagonais de fora para dentro do campo.

Se por um lado esta abordagem da bola parada dá vantagens ofensivas ao México, por outro também pode favorecer defensivamente. Simplesmente pelo fato de, ao deixar três jogadores posicionados para o contra-ataque, faz com que a equipe adversária deixe no mínimo três defensores encaixados nestes jogadores para uma suposta transição, como fizeram os alemães. Em outros casos, acontecia de optarem por quatro defensores, usando um na sobra. Ou seja, Osório conseguia esvaziar e ter vantagem numérica dentro da sua área ao mesmo tempo. 

Mas se engana quem pensa se trata de uma estratégia nova para o treinador colombiano. Antes do México, já utilizava esta ideia pelo São Paulo (confesso que não sei se fazia em trabalhos anteriores). Foram vários os casos de indecisões de adversários pelo Brasil: deixar todo mundo no mano a mano ou ser mais conservador e ficar com uma sobra? Um dilema que muitos viveram na estratégia para as partidas contra o time paulista.

Existem algumas situações para tentar gerar vantagens em cima desta escolha de Osório. O escanteio curto, usado pela a Alemanha em alguns momentos, inclusive, é uma opção. E ao deixar todo mundo no mano, qualquer vacilo pode ser fatal, já que um duelo pessoal/físico vencido neste momento implicará num efeito dominó.

De fato tal estratégia é algo fora da curva na Copa do Mundo onde a maioria das equipes preferem defender a sua área com o máximo de jogadores (no caso todos). A Seleção Brasileira, por exemplo, usa os 10: oito marcando de maneira mista (com bloqueios na maioria das vezes) + dois prontos para o rebote, mas muitas vezes também dentro da área (veja na imagem abaixo).

Seleção Brasileira se defendendo de escanteio contra a Suíça, antes do gol de empate
Seleção Brasileira se defendendo de escanteio contra a Suíça, antes do gol de empate DataESPN

Outra grande seleção que adota tal estratégia é a Espanha. Apesar de toda obrigação e necessidade de furar o bloqueio do Irão, os espanhóis também usaram seus 10 atletas na defesa de escanteios (veja abaixo).

Espanha se defende com 10 jogadores nos escanteios do Irã
Espanha se defende com 10 jogadores nos escanteios do Irã DataESPN

Está mais do que evidente o quanto a bola parada pode ser decisiva dentro do futebol. A Copa do Mundo talvez seja o ápice destra mostra. Momento do jogo totalmente diferente, este tipo de situação exige muito mais estratégia e concentração. Trata-se da hora que todos param, se organizam e agem para uma só situação, lembrando até ataques e defesas de futebol americano, por exemplo. É um jogo de gerar vantagens, assim como o futebol num todo. Quantos vão e quantos ficam pode ser determinante. Juan Carlos Osório, tido como louco por alguns, segue sua jornada de surpreender. Que bom pra nós! 


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Brasil de 2014 x Argentina de 2018. Imagine o encontro do pior possível entre os rivais

Mauro Cezar Pereira
Mauro Cezar Pereira, jornalista da ESPN


Alemanha 7 a 1 e Croácia 3 a 0: patéticos times de Brasil e Argentina colecionando vexames em Mundiais
Alemanha 7 a 1 e Croácia 3 a 0: patéticos times de Brasil e Argentina colecionando vexames em Mundiais Reprodução

Pífio é pouco para definir a seleção que a Argentina levou a campo na Copa do Mundo. Um arremedo de time sem formação tática definida, com Jorge Sampaoli trabalhando na tentativa e erro em busca de formação que não conseguiu encontrar. Parece piada, mas com o outrora badalado ex-técnico do Chile, que levou o país a ganhar um título pela primeira vez na história (Copa América), a Albiceleste conseguiu piorar, piorar e piorar.

A escolha de Caballero como titular do gol argentino foi criticada desde sempre. Sem Romero, lesionado às vésperas do Mundial, era óbvio que Franco Armani deveria defender a meta, mas Sampaoli, inexplicavelmente, abriu mão do arqueiro do River Plate e apostou no reserva do Chelsea. Um desastre. Sua falha grotesca no primeiro gol da Croácia começou a afundar de vez o time. Então o treinador terminou o serviço.

Com mudanças alucinadas, o time torto se transformou num Frankstein. Meza virou volante/lateral, Dybala não tinha função, Messi corria para buscar a bola no campo de defesa, e a zaga... Bem, não havia zaga. E os croatas chegaram aos 3 a 0 sem esforço. O último gol lembrou os que a Alemanha fez no Brasil em 2014. Defesa argentina entregue como a de um time de pelada quando a brincadeira está no fim e um dos times já abriu boa vantagem no placar. 

Claudio “Chiqui” Tapia, presidente da Asociación del Fútbol Argentino (AFA) e sua mulher Paola Moyano
Claudio “Chiqui” Tapia, presidente da Asociación del Fútbol Argentino (AFA) e sua mulher Paola Moyano Reprodução

Presidente do minúsculo Barracas Central, da terceira divisão, Claudio “Chiqui” Tapia acumula o cargo com a presidência da Asociación del Fútbol Argentino (AFA). Sua mulher Paola Moyano, é filha de Hugo Moyano, que preside o Independiente e é o poderoso líder caminhoneiro do país.

Se você conheceu os mandatários da CBF dos últimos anos, perceberá que isso explica em parte como é possível que o futebol sul-americano tenha levado a Copas do Mundo seguidas suas principais seleções representadas por times tão patéticos. Com bons jogadores até, mas times sem conjunto, ridículos.

Fico imaginando como seria o duelo entre Brasil de 2014 x Argentina de 2018. Melhor não imaginar...


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Brasil, Argentina, Neymar e Messi: a grande arte da "análise de um time só" chega à Copa do Mundo

Renato Rodrigues
Renato Rodrigues, do DataESPN
Tite comanda treino da Seleção Brasileira antes de enfrentar a Suíça
Tite comanda treino da Seleção Brasileira antes de enfrentar a Suíça Lucas Figueiredo/CBF

A Copa do Mundo vai de vento e popa. Uma rodada inteira já foi disputada. Mas aqueles nossos velhos hábitos permanecem no olhar para o jogo. Se sempre achamos que Palmeiras, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo e outros gigantes de nosso futebol têm a obrigação de atropelar adversários "sem tradição" em Copa Libertadores, por exemplo, o que acharemos de Argentina e Brasil contra Islândia e Suíça, respectivamente?

Pois é. São muitos os protestos usando uma palavra talvez muito forte para o futebol nos dias atuais: obrigação. Obviamente que algumas equipes são melhores que as outras. Favoritismo existe. Até aí normal. 

Mas o absurdo é achar que não existe um trabalho por trás de cada uma das 32 seleções que estão na Rússia. O saco de pancadas, tão comum décadas atrás, é cada vez mais raro. E existe um porquê. A informação está por todos os lados e existe um desenvolvimento enorme do futebol em países de menor expressão. Não à toa todo mundo se prepara bem e são muitas as variáveis que definem o ganhador de uma partida. O alto nível que uma Copa pede não dá espaço para algo diferente.

O jogo do último sábado, entre Argentina e Islândia, nos deu uma boa mostra disso. O 1 a 1 foi inacreditável para quem olha apenas para o "time mais forte". Não é nenhuma novidade o ciclo turbulento que nossos vizinhos viveram até a Copa do Mundo. Conseguiram, no fio da navalha, a classificação nas Eliminatórias, mesmo não tendo um desempenho satisfatório em várias rodadas. Trocas de treinadores - com mudanças drásticas de metodologias e modelos de jogo -, lesões, crises internas... 

Jorge Sampaoli durante as Eliminatórias para a Copa do Mundo
Jorge Sampaoli durante as Eliminatórias para a Copa do Mundo Getty

E ainda tem a Islândia nisso tudo. Sim, por incrível que pareça, temos que lembrar disso. País com menor população nesta Copa, tiveram a primeira participação na Eurocopa em 2016. O resultado? Quartas de final. Líder de seu grupo nas Eliminatórias e primeira ida a Copa do Mundo, deixando Croácia, Turquia e Ucrânia para trás (croatas passaram pela repescagem). Alguma coisa estava acontecendo ali. Só não parou para olhar antes quem não quis. 

Mas aí veio o jogo.

De fato, olhando para as últimas atuações da equipe de Sampaoli antes do Mundial, não foi um jogo todo ruim dos argentinos.  Obviamente que, coletivamente, ainda falta muito. A grande posse de bola durante os 90 minutos (72%) tinha que ser mais eficaz. Faltou movimento, passes mais rápidos e, principalmente, jogadores que pudessem infiltrar no tempo e espaço certo dentro da área adversária. Por outro lado, a Argentina conseguiu quebrar parte do plano da Islândia: os contra-ataques. Boas reações pós-perdas e muito agressividade no terço final fizeram com que Messi & Cia. conseguissem neutralizar as fortes saídas rápidas do rival. Isso é desempenho, é a execução de um plano.

Mas a Islândia teve um desempenho melhor. Dentro do que se propôs a fazer, fez um jogo quase perfeito. De fato é uma das seleções do Mundial que parecem ter atingido quase o máximo do que pode entregar. Se de alguma forma a Argentina não conquistou o resultado esperado, muito disso tem a ver com as dificuldades condicionadas pelo adversário, pelos méritos do mesmo. Duas linhas de 4, muita rigidez defensiva e proteção da própria área (veja as fotos e as legendas abaixo). Fora a concentração para se manter alerta e intenso nos 90 minutos e, principalmente, a força física para vencer os duelos corporais. Os islandeses serão osso duro para qualquer seleção nesta Copa. Esqueça sua tradição, olhe para o que eles dão em campo.

Posicionamento defensivo da Islândia com duas linhas de 4 e todos os jogadores de linha atrás da linha da bola
Posicionamento defensivo da Islândia com duas linhas de 4 e todos os jogadores de linha atrás da linha da bola DataESPN
Agora perceba como a Islândia protege a sua área, priorizando o centro e não os lados do campo
Agora perceba como a Islândia protege a sua área, priorizando o centro e não os lados do campo DataESPN

Já o caso da Seleção Brasileira é um pouco diferente. Grande preparação, bons resultados, confiança... Tite não pegou o ciclo de Copa do Mundo lá no seu início, como o ideal, mas é perceptível que existe um processo, uma ideia por trás de todo trabalho. A obrigação não é de vencer, mas sim de ser competitivo e estar nas cabeças. Ser um dos candidatos ao título não só na teoria, mas também na prática. 

E os 25 primeiros minutos foram de bom desempenho. Equipe agressiva, controlando o jogo e tendo boas associações pelo lado esquerdo com Neymar, Coutinho e Marcelo. O gol sai de uma grande jogada coletiva, que ainda contou com a forte pontaria de Coutinho em sua jogada característica. Mas tal performance não foi mantida. E mais, a Suíça melhorou no jogo. Ajudou a condicionar o baixo desempenho brasileiro até certo momento do jogo.

Travou o lado esquerdo de nossa Seleção. Ajustou as marcações e pressionou muito a bola (veja a próxima imagem e legenda). Não existia sequer um brasileiro a partir do terço central se sentindo confortável com a bola. O gol de empate caiu como uma bomba psicológica para nós. A concentração baixou, pouco se criou e a ansiedade, principalmente se tratando de estreia, se aflorou. Os últimos minutos ainda foram de maior domínio de nossa parte, mas a proteção da área suíça foi bem feita e não conseguimos furar os bloqueios. Apesar das 20 finalizações, boa parte delas não foi condicionada, como uma chance realmente clara de se marcar o gol. Devemos na construção e organização ofensiva. 

Marcelo com a bola e a Suíça travando todas as opções de passes para a frente da Seleção Brasileira
Marcelo com a bola e a Suíça travando todas as opções de passes para a frente da Seleção Brasileira DataESPN

As criticas a Neymar e Messi também viram um epicentro de todo este debate. Ambos não tiveram grande desempenho, mas é no mínimo leviano acusar a dupla de omissão em seus respectivos jogos. Buscaram, tentaram... Até de forma exagerada em alguns momentos. 

No caso do craque brasileiro, a insistência em jogadas individuais em vários instantes foi um erro. O tempo foi passando, e a necessidade de resolver foi crescendo. Melhores decisões, mais desmarques e trabalho sem bola, mais dinâmica para receber, tocar e se projetar... São todos aspectos que melhorariam seu jogo. O coletivo da Seleção, é sempre bom lembrar, também não esteve num grande dia e contribuiu para tais ações. Não tem como desvincular o jogador do seu contexto. Esse é um aspecto importantíssimo dentro de qualquer análise.

Já Messi sentiu bastante o pênalti perdido. Seu entorno já não ajuda faz anos. A ruptura de trabalhos, com trocas de modelos e até de elenco, contribuem para isso. Mas não foi um grande dia, independentemente do penal. Erros técnicos e de tomadas de decisão que não fazem parte do seu normal. Os problemas da equipe como um todo, também foram impactantes no seu desempenho. Se viu, em vários momentos, seus companheiros tocando para ele e esperando. Não existia uma segunda ação após o passe. Era jogar no craque e esperar (rezar?). Os problemas de Sampaoli para os próximos jogos vão muito além de Messi estar bem ou não. Isso é nítido. 

Tais considerações servem para apontar dois vícios que carregamos no nosso dia a dia. O primeiro é achar que o time mais forte joga contra ninguém. Que não existe nada do outro lado além de jogadores prontos para serem atropelados. Essa reflexão busca apurar o nosso olhar, perceber que nem sempre uma má atuação se dá somente por um dia ruim de uma equipe, mas também pelo ótimo desempenho do adversário. O segundo ponto é ainda mais simples: retratar a nossa mania de individualizar e desumanizar o futebol que tanto amamos. O talento individual faz parte de um todo. Tende a ser cada vez mais decisivo quando bem aparado. Do contrário, a única andorinha não fará verão por tantos anos.


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A Copa na imprensa

Mauro Cezar Pereira
Mauro Cezar Pereira, jornalista da ESPN

Não é pequena a parcela da imprensa brasileira que cobre a Copa do Mundo de maneira dócil no que se refere à seleção "canarinho, como disse Eduardo Tironi no Linha de Passe da ESPN Brasil. Tite e seus comandados são pouco questionados. E quando o time não vence, sobram vozes a ofuscar a má atuação ao eleger a arbitragem como única e grande vilã. 

Também não faltam discussões sobre temas diversos, com abordagens mil. Algumas mergulham na irrelevância. Penteado de jogador, VAR, o que publicam em redes sociais, craque de time que não faz o mesmo em seleção... São debates e mais debates sobre muitos assuntos, às vezes aparentemente bobos, mas que têm importância. Tudo depende de como são analisados. 

Por que não discutir o comportamento de Messi na Copa? Sim, sabemos bem que, como equipe, a seleção argentina é desorganizada e reflete a pífia administração do futebol no país. Mas se o craque do Barcelona costuma resolver problemas gigantescos em campo, é evidente que o mundo dele esperará grandes feitos. Como se fosse um super-herói da pelota. 

A aventura russa do circunspecto camisa 10 é o verdadeiro drama deste Mundial. Algo bem argentino. Como ignorar seus conflitos e analisa-lo apenas pelo olhar da tática, da estratégia? E por que fazer isso? Qual o motivo para que deixemos de lado o aspecto humano que envolve um astro, seus desafios e seus fantasmas, limitando a resenha a estatísticas e mapas de calor? 

Cueva chora após perder pênalti pelo Peru: reações humanas s drama pautam o futebol e a Copa
Cueva chora após perder pênalti pelo Peru: reações humanas s drama pautam o futebol e a Copa Getty

Obviamente há maneiras e maneiras de se tocar neste e em outros temas que circundam o jogo. E com tantos programas, tantos espaços, tanta gente falando e escrevendo sobre o Mundial, tem pra todo gosto. Da bravata na linha "Messi é pipoqueiro", à análise mais profunda sobre seu comportamento, o que o cerca e suas atitudes. Tema rico como o futebol de "La Pulga". 

O futebol jamais se resumiu a que acontece nas quatro linhas. Nosso esporte é rico, de beleza, de sensações, pautado pelo trabalho, treino, estudo. Finalizado, na teoria, pelo que se desenha na prancheta, mas executado, na prática, a partir de reações humanas. Que nem sempre seguem a receita pré-estabelecida. E essa é a parte mais rica, instigante, que fascina milhões de nós. 

O drama de Messi. As prioridades de Neymar, voltando de lesão diante de um desafio imenso e preocupado com o penteado. A festinha dos mexicanos com as moças e o impacto que poderia causar. Os desentendimentos entre alemães. A troca de técnico na Espanha. Isso sem falar no uso do vídeo pela arbitragem, algo pouco testado, sem padrão universal e que mexe com os placares. 

São muitos os temas além do campo de jogo. E que podem, sim, se refletir no que acontece lá dentro. O futebol não é só prancheta. Ainda bem.   

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Neymar jogou como se tivesse um melão na cabeça

Mauricio Barros
Mauricio Barros

Neymar é uma celebridade desde adolescente, quando brilhava na base do Santos. Logo que subiu aos profissionais, passou a adotar um visual diferente, chamando a atenção também por seus penteados, ora moicano, ora descolorido, alisado, cacheado. Aos cortes estilosos, juntaram-se brincos e tatuagens. Coisa absolutamente normal. Desde sempre, ele sabe que não nasceu para ser alguém, digamos, comum. Seu futebol cresceu junto, ficou imenso. Adoro vê-lo jogar, é uma alegria. Hoje é o que é: o 10 da seleção brasileira, o jogador mais caro de todos os tempos, legítimo herdeiro da linhagem nobre de Leônidas, Pelé, Garrincha, Zico, Ronaldo.

O mundo das celebridades é também o que é: glamouroso, endinheirado, superexposto, vaidoso, visual, cheio de relações de solidez duvidosa; e também fútil, bobo, jeca e brega. Neymar, pelas referências que forjaram sua personalidade, está mergulhado nesse ambiente até o pescoço. Namora, claro, uma atriz linda e também superexposta, e não há um passo que dê que não valha um post, uma tuitada, uma foto que, por sua vez, não rendam pauta na imprensa e mobilizem seus milhões de seguidores mundo  afora.

Eis que o maior craque brasileiro aparece para a estreia da Copa do Mundo com um enorme topete aloirado, que, presumo, foi combinado antes com seus consultores estéticos. “Para a Copa, tem que ser algo bem diferente”, devem ter pensado, talvez até citando David Beckham, outro ícone ludopédico-visual, que apresentou uma “releitura” do corte moicano na Copa de 2002. E lá foi Neymar deixar o cabelo crescer para que os fios assumissem um comprimento que permitisse a obra no dia da estreia. Pla-ne-ja-men-to. Fico imaginando quanto tempo o rapaz ficou na cadeira horas antes do jogo. Tinta, alisamento, gel, fixador, sei lá mais o que.

Neymar lamenta empate com a Suíça
Neymar lamenta empate com a Suíça Getty

Pois cá eu quero dizer que Neymar tem o direito de fazer o que quiser com seu cabelo, orelha, braços, dinheiro. Corpo dele, vida dele, regras dele. O que importa é que esteja feliz para fazer o que sabe: jogar bola, vencer e encantar com seu enorme repertório de recursos técnicos.

Tem um monte de jogador com cabelo diferente, tatuagem, brinco, adereços mil. Pegar no pé dos caras por causa disso é algo tacanho, retrógrado, e não serei eu a fazê-lo. O que preocupa é o quanto a importância que ele dá a questões de aparência está contaminando seu jogo. Esse é o ponto. O Neymar do jogo contra a Suíça foi o Neymar do PSG: um jogador que se preocupa excessivamente com o show, com o drible, com as firulas, com os momentos em que para na frente do jogador chamando o drible e a falta. E esse Neymar é diferente do Neymar do Barcelona, mais conciso, mais editado, talvez pelas diferenças de cultura entre os clubes (o PSG é o novo rico, deveria estar sediado em Miami, e não Paris) e pela presença de Messi.

O camisa 10 brasileiro foi muito individualista contra a Suíça, e aí está uma das chaves que explicam por que o Brasil empatou, embora tenha merecido ganhar. Neymar prendeu demais a bola, e por isso sofreu um mundo de faltas. Deveria ter tocado mais, procurado seus ilustres companheiros. E isso não quer dizer abdicar de suas jogadas individuais, que são uma arma letal e que fizeram dele o craque que é. É só ajustar a dose, o que será melhor para todos. Ontem, Neymar exagerou. Jogou como se apenas quisesse aparecer, e não vencer. Jogou como se tivesse um melão na cabeça.

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Neymar jogou como se tivesse um melão na cabeça

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Messi não é isso tudo nos pênaltis. Confira números dele e de outros batedores. Saiba quem é o melhor

Mauro Cezar Pereira
Mauro Cezar Pereira, jornalista da ESPN


Não foram poucas as pessoas que ficaram surpresas ao verem Messi perdendo pênalti na estreia da Argentina na Copa do Mundo. O 1 a 1 diante da Islândia teve seu momento mais dramático quando o goleiro Hannes Halldórsson deteve a cobrança do craque. Mas vê-lo desperdiçar penalidade máxima não é exatamente uma novidade. Os índices do camisa 10 não são dos melhores quando ajeita a pelota na "marca fatal": erra quase um pênalti a cada quatro.

A partir do banco de dados do TruMedia, ferramenta que utilizamos na ESPN, o blog levantou os índices de aproveitamento dos batedores de pênaltis de algumas das principais seleções presentes ao Mundial. O meia são-paulino Cueva, que também errou penal na derrota (0 a 1) de sua equipe, o Peru, para a Dinamarca, também entra na lista.


Penalidades batidas por Messi: no destaque a que perdeu na disputa de penais contra o Chile, na Copa América 2016
Penalidades batidas por Messi: no destaque a que perdeu na disputa de penais contra o Chile, na Copa América 2016 TruMedia/ESPN


Nem todas as cobranças estão registradas, mas o resultado ajuda a tirar conclusões. Claro, quem bateu mais corre o risco de erras mais vezes. Para efeito de comparação, utilizamos o índice do melhor cobrador de penalidades máximas da atualidade, Henrique Dourado. O centroavante do Flamengo tem 19 penais registrados no TruMedia (competições como os Estaduais não aparecem) e apenas um erro.

Os pênaltis batidos por Cueva: no destaque o que perdeu diante da Dinamarca na estreia pela Copa 2018
Os pênaltis batidos por Cueva: no destaque o que perdeu diante da Dinamarca na estreia pela Copa 2018 TruMedia/ESPN

Detalhe: ele mandou para fora diante do Atlético Mineiro, em 2014, quando vestia a camisa do Palmeiras. Isso significa que jamais um goleiro defendeu cobrança  de Dourado, que já bateu 24, ou seja, seu índice geral é ainda melhor, com 95,8% de aproveitamento. Com o mesmo número de cobranças, o goleador inglês Harry Kane, um dos maiores artilheiros da atualidade, autor de 46 gols na última temporada, tem índice pouco superior a 83%
  
Batedores de pênaltis*
Henrique Ceifador: 19 /18 94,7%
Hazard: 40 /34 85,0%
Cristiano Ronaldo: 95/80 84,2%
Kane: 24/20 83,3%
Cavani: 56/44 78,5%
Messi: 82/63 76,8%
Neymar: 31/23 74,1%
Cueva: 18/13 72,2%
Sérgio Ramos: 10/7 70%
Griezmann: 17 /11 64,7%
Özil: 8/5 62,5%
* jogador, total de cobranças, acertos e percentual de aproveitamento

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Copa do Mundo: O dilema uruguaio, a pressa marroquina e o desempenho vs Cristiano Ronaldo

Renato Rodrigues
Renato Rodrigues, do DataESPN
Cristiano Ronaldo celebrando gol contra Portugal
Cristiano Ronaldo celebrando gol contra Portugal Getty

Enfim, Copa do Mundo! Para não encher o blog de textos e a paciência de vocês com uma enxurrada de divulgações por dia, vou tentar escrever um texto por data para analisar rapidamente as partidas que eu for asssitindo na competição. 

Esta sexta-feira, o primeiro dia com rodada tripla na Rússia, trouxe diversos contextos e modelos de jogo para serem analisados. Nada que fuja do que as seleções vinham mostrando durante Eliminatórias e últimos amistosos, mas confrontos de ideias e estilos bem diferentes. Tivemos bons e maus momentos de desempenho, o duelo entre Espanha e Portugal com futebol em alto nível e, principalmente, Cristiano Ronaldo arrasador.

Vamos às análises:

Egito 0x1 Uruguai (Grupo A)

Óscar Tabárez tem um dilema para resolver no time do Uruguai no restante da Copa
Óscar Tabárez tem um dilema para resolver no time do Uruguai no restante da Copa Getty

O dilema uruguaio já entrou em cena logo em sua primeira aparição na Copa do Mundo. No cargo desde 2006, Oscár Tabázer, enfim, deu uma leve mostra que abriria mão do jogo mais físico e direto praticado nas últimas temporadas. Modelo que, aliás, trouxe grandes resultados para o Uruguai em suas últimas participações em grandes competições.

Vecino, Bentancur, De Arrascaeta e Nandez iniciaram o Mundial entre os titulares. O jovem e promissor Lucas Torreira, com grande temporada na Sampdoria, ficou no banco. Todos eles jogadores com maiores capacidades técnicas que os meio-campistas das últimas Copas, por exemplo. Atletas para elevar o jogo mais curto e associativo com a posse. E de início vimos um pouco disso. Ou pelo menos uma tentativa.

Os uruguaios buscaram um posicionamento nos espaços entrelinha (nas costas dos volantes e à frente dos zagueiros). Arrascaeta flutuou muito por ali. Tentaram sair pelo chão, com passes mais verticais é verdade, mas tentando ter mais controle com posse. 

O tempo foi passando e a proposta do Egito foi tomando conta do jogo. Bloco médio/baixo, muita pressão na bola e controle dos espaços. Sem Salah, ainda no banco por conta da lesão no ombro, Trezeguet e Warda não foram muito efetivos como escapes nos contra-ataques. Um primeiro tempo do Uruguai pouco criativo, mas também sofrendo pouco com as saídas rápidas dos africanos.

A segunda já iniciou diferente para os sulamericanos. Apesar de não fazer substituições no intervalo, ficou percepítivel o jogo mais direto sendo resgatado no Uruguai. Bolas mais longas, pouca circulação e muita disputa física para Cavani e Suarez no terço final. As trocas de Arrascaeta e Nandez por Cebola Rodriguez e Carlos Sanchez foi a mostra de que o plano B, que por muito tempo foi o plano A, entraria em cena. Time mais agressivo, físico e direto.
 
O gol na bola parada resolveu uma estreia com muita oscilação uruguai. Um dia ruim de Suaréz e com Cavani melhor oferecendo alternativas quando saia da profundidade para ajudar na construção. A questão para Tabárez agora é: como seguir até o final? Se ajustar a cada adversário? Manter ou trocar a ideia?

Para o Egito, agora é só decisão pela frente  contra Rússia e Arábia Saudita. O grande acréscimo de qualidade com Salah é a esperança. A fase defensiva é o grande trunfo do treinador argentino Héctor Cúper. A melhora tem que ser nas tiradas de pressão para acelerar. Tentar condicionar as melhores situações de jogo para potencializar seu astro. Não vai ser fácil.


Marrocos 0x1 Irã (Grupo B)

Jogadores do Irã comemoram gol da vitória sobre Marrocos
Jogadores do Irã comemoram gol da vitória sobre Marrocos Getty

Jogo com propostas bem claras. O Irã, com um projeto já bem estabilizado com Carlos Queiroz, treinador da equipe desde 2011, não fugiu do seu modelo: controle de espaços, bloco baixo (alternou médio em alguns momentos) e muita rigidez defensiva. Algo que já havia mostrado durante a Copa de 2014, sendo um dos adversários mais difíceis de ser furados durante a o Mundial em solo brasileiro. Proposta e execução. Simples assim. Eficiente e letal no 1 a 0 no finalzinho do jogo.

Já Marrocos colocou toda sua agressividade e mobilidade em campo. Muito do que fez principalmente contra a Sérvia, adversária do Brasil, num amistoso recente. Pressão na bola, perseguições por setor e muita intensidade para recuperar a posse e acelerar o jogo. O primeiro tempo foi muito disso. Tamanha a efetividade destas recuperações pós-perda, fez com que a equipe treinada por Hervé Renard quase não entrasse em fase defensiva, que é o momento em que a equipe se posiciona atrás da linha da bola e se organiza em seu próprio campo. Posse, transição e recuperação.

O grande problema, ao meu ver, foi a pressa. Não ter alternado ritmo durante o confronto. Várias situações mostraram que nem sempre o melhor a se fazer é acelerar. Entendo que tal característica é a essência da equipe, mas tais ações fizeram com que os jogadores jogassem sempre no limite, a mil por hora. Quanto mais rápido, maior a chance de erros. E de fato, o último passe, as ações finais antes da conclusão, não tiveram grande qualidade.

Hakim Ziyech (Ajax) e Belhanda (Galatasaray), as referências técnicas da equipe, não conseguiram exercer a grande influência que se espera deles dentro da estrutura marroquina. E isso muito pelo mérito iraniano, que marcou de forma agressiva, controlando espaços como ninguém. 

O Irã soube encaixar suas boas transições ofensivas. No contra-ataque, usava bem as tentativas de antecipações dos zagueiros Benattia e Saïss, quebrando a linha defensiva de Marrocos e ganhando campo (com superioridade numérica) para acelerar. Foi assim que criaram as melhores chances além da bola parada derradeira nos instantes finais do duelo. Aliás, situação importante para os africanos corrigirem no decorrer da competição, inclusive. Estas quebras deixaram a equipe vulnerável. 

O grupo é pesado. Espanha e Portugal são as grandes favoritas à avançar. Mas o Irã, mais uma vez, vai demonstrando um forte coletivo dentro de suas limitações. Nada fora do esperado, mas com bom desempenho no que se propõem a fazer. O Marrocos, com melhores individualidades, acabou pecando pela falta de precisão. É uma equipe legal de ver, mas podia ter dado mais em sua estreia. 


Portugal x Espanha

Espanha x Portugal duelaram em Sochi e ficaram no 3x3
Espanha x Portugal duelaram em Sochi e ficaram no 3x3 Getty

A  foi Espanha melhor coletivamente e Cristiano Ronaldo melhor que o coletivo da Espanha. Ou não?

Impossível olhar para o contexto de um 3 a 3 alucinante em Sochi sem discutir o quão influente é Cristiano Ronaldo dentro da estrutura portuguesa. Odeio o papo do "ele joga sozinho". Mas o seu hat-trick chegou perto disso. Muito pelo fato de algumas individualidades portuguesas não funcionarem hoje. Mas, por outro lado, também não dá para negar que portugueses têm muita qualidade no plantel que foi para a Rússia. Talvez até com um nível maior se compararmos ao elenco do título da Euro, dois anos atrás.

William Carvalho, por exemplo, fez um grande jogo. Ocupou bem os espaços, fez boas leituras e conseguiu dar equilíbrio defensivo para Portugal. Talvez tenha faltado uma melhor saída, principalmente para acionar a velocidade nos contra-ataques, já que, em vários momentos, sua equipe esteve com a vantagem no placar e posicionada para explorar as transições ofensivas. Guedes, Bernardo Silva e Bruno Fernades, que terminaram a temporada europeia em alta, não estiveram em seu melhor nível.

O gol cedo condicionou muito a história do jogo. A Espanha demorou um pouco para assimilar o golpe inicial. Mas foi se estabelecendo, recolhendo os cacos e... Colocou seu modelo para funcionar. As boas associações entre Isco, Iniesta e Alba pelo lado esquerdo foram importantes para tal domínio. Chances criadas, bola na trave... Mas o empate veio em jogada brilhante (e polêmica) de Diego Costa, em uma aula de "centroavância".

O segundo gol português veio, além de uma falha de De Gea, num dos melhores momentos espanhóis no jogo. As transições ofensivas de Portugal não funcionava. A Espanha trabalhava a bola, com apoios próximos, se movendo muito no campo ofensivo. A bola era perdida e recuperada rapidamente, com boas reações no pós-perda. 

A virada espanhola aconteceu. E o jogo ficou confortável para a equipe de Hierro que, defendia com a posse, escondia a bola e tentava atrair os portugueses para seu campo. Um cenário bastante complicado para a equipe de Fernando Santos. Mas não para Cristiano Ronaldo. Falta, perto da meia lua e... Caixa!

De fato o empate não é uma tragédia para ninguém. Se tudo correr como esperado, ambos disputam a primeira colocação por saldo de gols. Dentro do que se propõem a fazer, a Espanha foi melhor e tende manter este nível de atuação contra Marrocos e Irã. Já Portugal precisará propor com mais qualidade, já que tem, teoricamente, duas equipes que vão esperar mais em seu campo nos próximos duelos.


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A Copa do mundo está chegando. Não se esqueçam de nós.

Fernando Meligeni
Fernando Meligeni, blogueiro do ESPN.com.br
Tite em treino na Granja Comary
Tite em treino na Granja Comary Getty
A copa está aí e não vemos uma comoção como nas últimas vezes.

Era normal a menos de 10 dias do evento as ruas estarem pintadas, bandeiras colocadas nas sacadas, rodas de discussão nas praças e bares. Hoje não sentimos a vibração, o orgulho ou a alegria de torcer pela seleção.

Muitos, rapidamente vão dizer que o 7/1 é responsável ou o momento que vivemos no país. Outros dizem que brasileiro cansou de sofrer e que vai entrar na copa com as vitórias que virão.

Na minha opinião o problema é de empatia. Nos últimos anos e mesmo com a garra do Tite e sua credibilidade, a seleção não tem um líder, um cara que nos espelhamos ou que admiremos com força. A falta de um “exemplo” nos enfraquece.

Outro ponto marcante para mim é a distância da seleção e dos jogadores com o público. Entrevistas curtas, pouca proximidade, atletas que mais parecem intocáveis, e a pouca ou nenhuma credibilidade da CBF. Se por um lado eles são incríveis com a bola no pé, suas carreiras são gerenciadas mostrando que pouco importa o que o público acha ou quer ver.

Desta maneira apenas o resultado salva. O erro fica mais criticável e a paciência do torcedor menor.

Inaceitável escutar de muita gente que torce muito mais para seu time do que para sua seleção. A seleção deveria ser e é em quase todos os países o orgulho da nação.

Acredito que as seleções são uma extensão do povo. As seleções têm a responsabilidade de mostrar a cara de um país e seus jogadores precisam colocar o povo no jogo. Em uma conversa com o nosso querido Guga. Ao entrar em quadra em uma Copa Davis contra a França em Florianópolis, comentei que seria muito legal que ele convidasse com as mãos e os olhos o publico a participarem do jogo. Foi a vez que vi o público mais participativo em uma Davis aqui no Brasil. A seleção de vôlei faz isso com maestria e não é à toa que 100 em cada 100 brasileiros torcem, amam e admiram seu time. Dois bons exemplos de como se deve tratar o torcedor.

A copa está aí e nós brasileiros queremos fazer parte desse sonho. Queremos torcer junto.

Não se esqueçam de nós.

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Partiu Rússia - Arbitragem brasileira

Sálvio Spinola
Sálvio Spinola, blogueiro do ESPN.com.br

Trio brasileiro que irá trabalhar na Copa do Mundo de 2018
Trio brasileiro que irá trabalhar na Copa do Mundo de 2018 Getty Images

Galeão com parada em Frankfurt e destino final Moscou. Esse é o roteiro da viagem dos árbitros brasileiros que atuarão na Copa, saindo neste sábado (02/06),  do Rio de Janeiro.

Sandro Meira Ricci, Emerson de Carvalho e Marcelo Van Gasse vão para o segundo mundial com o desafio de representar a arbitragem brasileira e ter ótimas atuações.

Árbitros que já atuaram na Copa do Mundo de 2014 e fizeram história com o uso da tecnologia gol-não gol pela primeira vez em um Mundial, no jogo França 3 x 0 Honduras, realizado no Beira-Rio.

Gol da França foi validado pela tecnologia na Copa de 2014
Gol da França foi validado pela tecnologia na Copa de 2014 Getty Images

O Brasil será representado pelo goiano Wilton Sampaio na grande novidade desta Copa: o VAR (Árbitro de Vídeo).

Wilton Sampaio será árbitro de vídeo na Copa de 2018
Wilton Sampaio será árbitro de vídeo na Copa de 2018 Getty Images


Na ESPN teremos vários programas com análise e acompanhamento das arbitragens nos jogos da Copa. Durante as partidas participarei do programa Tempo Real, onde você Fã de Esportes poderá ver as análises dos lances e opiniões dos comentaristas na TV e nas redes sociais.


Após os jogos estarei nos programas comentando as decisões dos árbitros e explicando o protocolo do árbitro de vídeo.

Que a arbitragem brasileira tenha uma ótima atuação neste Mundial.

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Um Brasil sem clima para a Copa

Mauricio Barros
Maurício Barros

Por onde ando, não vejo bandeiras nos vidros nem fitinhas nas antenas. Tampouco camisas amarelas. Não me lembro de tamanha ausência de Copa nas ruas como nestes dias que antecedem ao Mundial da Rússia. São Paulo é mesmo a mais blasé das cidades, mas a esta altura esperava um pouco mais de verde-amarelo por aqui. Ela segue, entretanto, com o mesmo cinza de sempre, salpicado de um verde aqui, outro acolá.

Esperava mais porque esta Seleção tem jogado bem, erguida sob os pilares históricos que sustentam o que conhecemos como futebol brasileiro: jogadores técnicos, rápidos, que tocam no chão, driblam, buscam o gol. Tite é um cara querido, um líder que atrai simpatia mesmo com a superposição estafante que a publicidade impõe à sua imagem. O time tem jogadores e comissão técnica para fazer muito bonito na Rússia.

O futebol pode muito, mas não tudo. É impossível não relacionar esse distanciamento do torcedor à exaustão de Brasil em que todos nos encontramos. Seja qual for nossa inclinação política, estamos esgotados pelo buraco institucional em que nos metemos. Se pudéssemos, tiraríamos umas férias do país. Mas, para a maioria, isso é impossível. Então, vamos levando.

Para torcermos pela seleção brasileira, exigimos um jogo belo, que é nosso por direito adquirido. Mas o envolvimento pede também uma boa dose de sentimento de nação. E isso anda tão raro nos brasileiros quanto gasolina em posto dias atrás.

Pesa contra também a associação do time com a CBF, uma casa de mazelas, representante do que há de pior em nosso esporte e nossa sociedade. Seus principais dirigentes se sucedem em escândalos. Negociatas com patrocínio, direitos de transmissão e outras milongas desbotaram a camisa que leva o logo da entidade no lado esquerdo do peito. Torcer para essa gente? Dureza...

Alguma coisa creio que vá esquentar. Há os dois amistosos, a chegada à Rússia e a estreia, dia 17, como trunfos para aumentar a temperatura. Há o tom ufanista da imprensa festiva, que força o carro a pegar no tranco. Se o time jogar bem, vamos lembrar que é bacana torcer para o Brasil em Copa. Quem sabe não façamos um churrasco depois do jogo contra a Costa Rica, ou mesmo nas oitavas. Ou combinemos de ver juntos alguns jogos naquele bar com telão gigante. Talvez role. Não sei. Quem sabe? 

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Peru lança bela camisa 3 para a Copa do Mundo

Varal ESPN
ESPN.com.br
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A seleção do Peru lançou nesta quarta uma camisa 3 para a Copa do Mundo.

Chamada de "El rojo de todos" ("O vermelho de todos"), ela é inteira vermelha em duas tonalidades diferentes, com alguns detalhes em dourado nas mangas. O uniforme formará conjunto com a camisa 1 (branca com faixa diagonal vermelha) e 2 (vermelha com faixa diagonal branca) na Rússia.

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O Peru está no grupo C da Copa. Sua estreia será contra a Dinamarca, no dia 16 de junho, em Saransk. Depois, os comandados de Ricardo Gareca ainda encaram a França, em Ekaterimburgo, e a Austrália, em Sochi.

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Pearl Jam lança linha de camisas de seleções e 'enlouquece' fãs; veja modelos

Varal ESPN
Varal ESPN

Uma das bandas de maior sucesso no cenário internacional, o Pearl Jam lançou na última terça-feira uma linha de camisas de seleções de futebol. 

Em conjunto com a empresa fornecedora de material COPA, o grupo norte-americano fez questão de criar vestes não só de países que irão à Copa do Mundo da Rússia, neste ano, como também de algumas que não se classificaram para o torneio, casos de Chile, Itália, Holanda, Estados Unidos, entre outros.

Logo após a postagem, claro, muitos fãs foram à loucura e afirmaram que iriam comprar as camisas e contaram até em que ocasião as utilizariam.

As vestimentas já estão sendo vendidas no site oficial do Pearl Jam, todas por 59,99 dólares - R$ 204,50, pelas cotações atuais.

Veja alguns dos modelos e veja se vale a pena a compra:

Brasil

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França

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Alemanha

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Itália


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Inglaterra

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Portugal

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Holanda

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Argentina

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