A carreira e a vida de Doni estiveram por um fio. Diagnosticado com uma arritmia desde o início da carreira, o goleiro teve uma parada cardíaca em junho de 2012, já aos 32 anos, durante um exame de rotina quando defendia o Liverpool. "Sei desse problema há muito tempo e sempre foi controlado. Complicou quando fiz esse exame, tive uma parada cardíaca por 25 segundos e fiquei…Sei lá onde eu estava. Melhor deixar esse assunto para lá ", relata o jogador aos canais ESPN.

Doni foi aconselhado a parar de jogar futebol e desde então não atuou mais profissionalmente. A vontade de pisar em um gramado oficialmente e uma antiga promessa, porém, fizeram com que ele insistisse um pouco mais. "Não gosto nem ficar vendo muito futebol na TV para não dar vontade. Sempre falei que ia voltar para jogar no Botafogo - de Ribeirão Preto - e eu era cobrado por isso. Então tive a ideia e fui conversar com eles. Se puder jogar, ótimo. Se não, já ajudei o Botafogo", conta.

No time do Interior Paulista Doni se projetou durante o Estadual de 2001. O Botafogo alcançou a final e acabou perdendo o título para o Corinthians, que contratou os três destaques do adversário, o meia Luciano Ratinho, o atacante Leandro e Doni. Do Corinthians o goleiro foi para Santos, Cruzeiro, Juventude e finalmente para a Roma, aonde viveu seu auge, chegando a defender a seleção brasileira na Copa América de 2007 e na Copa do Mundo de 2010.  Em 2011 foi para o Liverpool.

Partiu do próprio Doni a iniciativa de procurar o Botafogo e se oferecer para vestir a camisa do time de Ribeirão novamente. "Eles nunca iriam atrás de mim. Falei com o pessoal e eles disseram: 'Claro, assina isso ai!'  Não vou ganhar nada, zero de salário. Não quero salário. É só pela imagem do Botafogo, pela alegria do torcedor e a possibilidade de eu jogar."

Por enquanto a única ajuda do atleta é mesmo fora de campo. Graças a ele o nome do Botafogo-SP ganhou destaque em todo Brasil nos últimos dias. Nessa quarta-feira, no Estádio Santa Cruz, em Ribeirão Preto, o goleiro foi ovacionado diante de quase 30 mil pessoas antes do duelo entre os donos da casa e o Corinthians, pelo Paulistão.

Mas Doni tem esperanças de que pode contribuir também vestindo suas velhas luvas. "Estou correndo bastante com os amigos e está tranquilo. Jogo minhas peladas no ataque, faço muitos gols, de canela, mas faço", brinca.

O goleiro passou recentemente por inúmeros exames e segundo os especialistas a arritmia está controlada. Ainda assim, precisa ser observado nos próximos meses. "Os médicos dizem que não corro risco jogando brincando com os amigos, se cansar eu paro. Mas hoje eu não voltaria se não me dessem um aval. Fizeram exames e não deu nada. Só que é complicado. Veja o Morosini - ex-meia do Livorno que faleceu em campo durante jogo da Série B do Campeonato Italiano, em 2012 -,morreu e só então foram ver que tinha um problema no ventrículo esquerdo."

Doni espera definir os rumos da sua vida até o ano que vem. Se até lá não conseguir permissão médica para jogar, aposenta as chuteiras. "Tem que ser ano que vem no máximo, não adianta ficar alongando muito. Mas não queria encerrar assim, de repente. De repente vai ser depois do Campeonato Paulista do ano que vem. Quero parar jogando."