Não é nenhum exagero dizer que somente uma anormalidade tirará Cesc Fabregas da Copa do Mundo de 2014, no Brasil. Jogador importante no esquema tático do Barcelona de ‘Tata' Martino e da seleção espanhola de Vicente Del Bosque, o meio-campista está praticamente certo no Mundial desta temporada. Nesta terça-feira, durante evento de um patrocinador realizado na capital da Catalunha, o meia se disse ansioso por voltar ao país no qual foi vice-campeão da Copa das Confederações em 2013 e, além de rasgar elogios a Neymar, deixou claro que guarda certa mágoa do povo brasileiro.

Isto porque, durante o mês que ficou hospedado em solo verde e amarelo para a disputa da Copa das Confederações, o atleta muitas vezes se sentiu hostilizado pelos fãs nacionais. Desde o primeiro jogo da Roja no torneio, diante do Uruguai, em Recife, até a grande decisão da competição, contra o Brasil, no Maracanã, a equipe comandada por Vicente Del Bosque foi vaiada pelos torcedores. No duelo diante do modesto Taiti, no Rio de Janeiro, por exemplo, o que se viu foi um apoio maciço à amadora seleção da Oceania em detrimento dos atuais campeões mundiais.

"Aprendi na Copa das Confederações que o Brasil tem muita raiva da Espanha. De uma certa maneira foi decepcionante. Jogamos em Pernambuco, nos vaiaram, em Fortaleza, nos vaiaram, Rio de Janeiro, nos vaiaram", disse Cesc Fabregas, deixando subentendido que não gostou da (falta de) receptividade do país-sede da próxima Copa do Mundo.

"Só que isto quer dizer que a Espanha está jogando bem e é temida. Isso é o nosso respeito, pois todo o Brasil crê que Espanha é o principal rival. Agora teremos que tomar isso como aprendizado e seguir focado e treinando para ganhar esse Mundial tão especial", acrescentou o meio-campista, atual campeão mundial e bi europeu, mas segundo colocado da Copa das Confederações após uma contundente derrota por 3 a 0 para a seleção brasileira.

O time comandado por Luiz Felipe Scolari, aliás, foi muito elogiado por Fabregas, que ainda fez uma previsão de quais seleções brigarão, de fato, pelo título da Copa do Mundo. "O Brasil tem uma seleção muito capacitada para ganhar o Mundial. Vejo uma equipe muito poderosa e com torcida vibrante, uma combinação que o coloca como favorito. Só que com boas condições também vejo a Espanha, Argentina, Alemanha e Itália. O ganhador vai sair destas cinco. São as seleções mais competitivas e com os melhores jogadores", afirmou.

Para finalizar, Fabregas contou o que pensa sobre Neymar. Companheiro do ex-santista no Barcelona, o espanhol exaltou a capacidade técnica do jovem e comparou a sua foram de jogar à de um dos maiores ídolos da história do futebol mundial e do próprio clube catalão: o holandês Johan Cruyff, tricampeão da Liga dos Campeões da Europa com o Ajax, e vice-campeão mundial com a Laranja Mecância na Copa do Mundo de 1974, disputada na Alemanha.

"Vi muitos vídeos e histórias do Cruyff e posso dizer que o Neymar lembra muito a mudança de ritmo que ele tinha. Impressionante como os vejo igual. Neymar pode correr muito nos primeiros metros, parar e acelerar quando quiser. Isso faz com que me recorde muito do que vi do Cruyff. É impressionante a velocidade com que conduz a bola e executa os movimentos. Os únicos que podem fazer isso a esta velocidade no nosso time são ele e Leo (Messi)", disse.

O meia ainda analisou o que Neymar produziu até aqui no Barcelona e destacou a frieza do brasileiro em atuar com personalidade diante das principais equipes do planeta."Neymar ainda é muito jovem e precisa melhorar algumas coisas. Mas isso acontece com todos os grandes jogadores. Ele teve uma fase de adaptação muito boa e eu sobretudo destaco o seu atrevimento. Para ele, dá no mesmo que tenha muita pressão, que lhe digam que é o melhor. Ele só quer jogar", decretou.