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Atletismo

Lima 2019

Entre planilhas e orçamentos, Natália Falavigna simboliza novo momento do taekwondo

Medalhista de bronze nos Jogos Olímpicos de Pequim, ex-atleta é coordenadora técnica da confederação. Atletas da modalidade recebem grande apoio do governo federal

O taekwondo brasileiro acordou com uma "ressaca boa" nesta terça-feira (30.07). Após três dias intensos de combates, a modalidade mostrou a força do país nas Américas. Foram sete medalhas em oito possiblidades. Nos bastidores, os lutadores contaram com um suporte especial. Dedicada e atenciosa, a ex-atleta Natália Falavigna coordenava, incentivava e aconselhava os atletas. A medalhista olímpica, bronze nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008, é o símbolo do novo momento da modalidade. Ela trocou os treinamentos e chutes, por planilhas e orçamentos na coordenação técnica da Confederação Brasileira de Taekwondo. 

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Foto: Abelardo Mendes Jr/ rededoesporte.gov.br

Nos bastidores, Natália Falavigna sustenta as mesmas características do tempo do dojang. Continua focada, determinada e, principalmente, sonhadora. "Tenho que ajustar no relógio o horário para dar pausa no meu trabalho e ir almoçar. Se deixar eu perco a hora trabalhando. Hoje a competição é outra. É economizar um ou dois reais, emitir passagens, reuniões. Então, continuo com a mesma determinação de antes. Aprendi a gostar do que faço e considero um desafio", conta.

O ano de 2019 está sendo histórico para a modalidade. Primeiro, foi o desempenho histórico durante o Campeonato Mundial, disputado em maio em Londres, quando país conquistou cinco medalhas. Agora, confirmado nos Jogos Pan-Americanos, com sete pódios em oito possíveis. Uma performance que tem respaldo direto em investimentos federais intensificados neste ano, por meio da Bolsa Atleta e do programa de alto rendimento das Forças Armadas.

Em entrevista ao Rede do Esporte, site Natália Falavigna falou sobre o pós-carreira, gestão esportiva, balanço do desempenho em Lima e os desafios do taekwondo. Confira a entrevista:

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Foto: Abelardo Mendes Jr/ rededoesporte.gov.br

História em Lima 2019
A gente sempre falou que era a primeira vez que a gente vinha com um grupo realmente forte. Os atletas mostraram que estamos no caminho certo.

Quando as coisas se encaixam, a gestão, a parte técnica, o administrativo, os clubes e os patrocinadores. Todo mundo faz parte da conquista. A soma de vários trabalhos é boa para a modalidade. Assim, o esporte cresce cada vez mais.

Transição de carreira
Eu sempre procurei estar pronta e preparada para as oportunidades. Então, quando deixei de ser atleta, fui buscar informações e me atualizar para entender o contexto que eu vivia. Quando veio a proposta de trabalhar na confederação eu aceitei o desafio.

Tenho um grupo muito grande de pessoas que me auxilia. Estou na frente da parte técnica, mas tenho pessoas que me ajudam e dão o suporte. Sou muito crítica, julgo o meu trabalho e não aceito fazer menos do que o meu máximo. Hoje a confederação tem feedback quando faz algo positivo e quando faz algo negativo.

Gestão do taekwondo
A confederação precisava entender as prioridades, como funciona os investimentos, a Lei Agnelo/Piva, quais os caminhos que temos que trabalhar para conquistar recursos e como podemos investir.

A gente começou um trabalho de entendimento da modalidade aliado à liberdade. Começa com a presidência. Ele dá liberdade para trabalhar e executar as minhas ideias. Eu dou liberdade para os técnicos da seleção mostrarem o caminho, que tem contato com os treinadores pessoais dos atletas. Essa corrente vai funcionando. A gente sentou e percebeu que dava para fazer. Mesmo com todas as adversidades, a gente viu que tinha saída, porque temos uma geração talentosa, mas que precisava direcionar.

Resultados
Nem sempre a gente chega como favorita nas competições. O esporte tem as suas peças. Em termos gerais, a gente se empenha quando o trabalho está sendo bem feito. O resultado vem quando as coisas estão caminhando.

É muito legal quando o resultado vem como uma equipe. Não é só um atleta, não é só uma categoria. Hoje a gente tem todos os atletas competitivos. Nos Jogos de Lima a gente pôde mostrar a força do Brasil nas Américas.

Os outros países já vinham respeitando o Brasil depois do Mundial. Eles conseguem enxergar que a gente vem fazendo um trabalho diferente e tentando fazer algo diferente em prol dos atletas.

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Fotos: Abelardo Mendes Jr/ rededoesporte.gov.br

Sonho alto
A gente sempre fala que são processos. Eu sonho alto. Como atleta sempre sonhei grande. Sonho alto para o taekwondo sabendo que a gente tem que trabalhar passo a passo, que mudar a realidade e uma geração são processos de anos. Posso dizer que estamos caminhando.

Pretensões
Nós pretendemos ser uma referência administrativa, de gestão e de resultados esportivos. Sabemos que ainda temos que progredir muito. Os Jogos de Lima 2019 mostraram que estamos no caminho certo.

Troca de experiência com o Judô
Eu aprendi muito com o judô. Quando assumi na confederação, a primeira coisa que fiz foi ligar para o Ney Wilson, do judô. Passei três dias acompanhando o treinamento deles. O judô é uma referência por tudo que fez, pelos resultados e consistência, além da transparência no trabalho.

Uso o judô como referência em muitas coisas que a gente tem colocado. Falo mesmo que a gente pretende chegar no patamar do judô.

Breno Barros, de Lima, no Peru - rededoesporte.gov.br