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Foil: tecnologia e revolução nas pranchas

Desafiante, divertido e inusitado, o surf de foil chega às Olimpíadas, atrai novos adeptos e promete revolucionar o mercado outdoor. Será?

  • Curioso e inovador (para quem o vê e o utiliza pela primeira vez), o foil é uma tecnologia cada vez mais integrada aos esportes aquáticos, incluindo modalidades como surf, SUP, kitesurf, windsurf e iatismo;

  • Fabricantes de pranchas, embarcações e designers de produtos tem ousado e arriscado mais em soluções novas para diversos climas e ambientes onde o foil pode surpreender e proporcionar novas experiências ao ar livre;

  • Com uma entrada recente no Brasil, ele cativa novos aventureiros, que se apaixonam pela sensação de poder “voar” sobre as águas;

  • Elias Seadi, instrutor e praticante há oito anos de foil, fala sobre essa abordagem moderna e eco-friendly, e ensina o caminho para quem quer começar nos esportes que envolvem o foil.

Na virada dos anos 2000, o surfista Laird Hamilton foi o responsável por popularizar o que viria a ser uma das ferramentas aquáticas mais curiosas e inovadoras que encontramos hoje no mercado outdoor: o foilboard, uma prancha de surf que incorpora a tecnologia hidrofólio, já usada em equipamentos marítimos há mais de 100 anos. Outros surfistas e 'watermen' seguiram tirando onda de foil, atraindo atenção para a modalidade, como o havaiano Kai Lenny.

Responsável por elevar e sustentar a prancha sobre o mar, o foil é um tipo de quilha muito maior do que a utilizada normalmente nas pranchas e com uma espécie de asa, o que possibilita uma série de novas modalidades aquáticas, tais como o wing foil e o kitefoil. Agora, ele está prestes a estrear nas Olimpíadas de Paris, em 2024, como IQFoil, uma classe de windsurf.

Quem usa o foil garante que a experiência é inovadora e muito mais acessível, uma vez que permite que mais pessoas surfem em lugares sem vento, como as praias de Santos e Porto Alegre, ou até o Lago Paranoá, em Brasília. Mesmo com mínimas ondulações – que podem ser originadas até por barcos – o esporte é possível.Ainda que domar o foil exija persistência.

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A curiosidade e o desafio do foil foi o que chamou a atenção de Elias Seadi por volta de 2015. “No início, eu subia e caía, sempre. Mas foi isso que me cativou, porque o foil virou um desafio pessoal”, lembra. Além disso, ele ressalta o prazer em conseguir surfar mesmo em uma região onde a condição da água não permitiria o surfe, normalmente, podendo aproveitá-la de uma forma completamente nova.

“Não sei narrar o prazer que é se sentir voando a um metro da água, com a sensação de estar a 100 metros dela. Faz um barulho místico. É uma sensação muito boa, uma adrenalina muito emocionante, porque você tem zero contato da prancha batendo na água, usa só a energia da onda.”.

Hoje, morando em Atlântida (Rio Grande do Sul), Elias é representante da marca de pranchas Reedin Kiteboarding Brasil, fundador e instrutor da escola de surf que leva o seu nome, na qual, dentre as modalidades, ensina o foil. O segredo das aulas, segundo ele, é ter um motor – numa lancha ou jet ski – e uma prancha de 60 litros, que permite que o aluno fique de pé mais facilmente. “Com essas condições, a evolução é bem mais fácil e, em uma hora, a pessoa já consegue aprender a base do foil”, diz.

Modalidades, dificuldades e valores

Além de variar em tamanho e demandar um determinado volume de pranchas, o foil permite um melhor aproveitamento de esportes como surf, kite, vela e wing. Com isso, esportistas de diferentes modalidades acabam experimentando uma forma mais tecnológica e que pode ser até mais emocionante das atividades que já praticam.

Isso porque as “asas” do foil permitem que a prancha deslize com uma alta velocidade, mesmo em ondas pequenas, o que acaba exigindo bastante coragem – e força nas pernas.

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O surf de foil também pode ser mais difícil do que parece: bastante diferente do surf comum, a tecnologia eleva o centro de gravidade e muda o equilíbrio do surfista. “O foil é bastante difícil e normalmente quem opta por ele é quem já tem contato com a vela, ou um surfista que vai a uma praia sem ondas, mas quer estar na água. É justamente essa dificuldade que estimula o desafio das pessoas; se fosse fácil, talvez fizesse menos sucesso”, defende Elias.

Ele ainda chama a atenção para o fato de que as asas do foil também podem expressar algum perigo ao praticante, e exigem alguns equipamentos básicos de segurança, como o colete de impacto (para proteger as costelas) e capacete.

Independente dos desafios que promove, Elias acredita que o foil chegou para ficar. No Brasil, usá-lo ainda é custoso, mas o mercado vem crescendo de maneira tímida e já conta com três marcas nacionais de produção de pranchas – cujo valor médio fica por volta dos R$ 13.500.

Há também quem prefira incorporar o foil em uma prancha que já tenha em casa, embora isso nem sempre seja possível. A prancha de kitewave, que é mais reforçada, até permite a instalação da caixa para o foil; já a prancha de surf tem um volume que, com o foil adicionado, pode atrapalhar os movimentos e até a possibilidade de ficar de pé, explica Elias.

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Surf Foil: novos horizontes, desafios e sustentabilidade

Desde que começou a ser visto nas águas por surfistas, o foil chamou a atenção por ser uma abordagem sustentável para deslizar nas ondas, com menor impacto ambiental se comparada a transportes aquáticos motorizados, como o jet ski usado para o wakesurf. Isso porque trata-se de uma energia limpa, que acaba conectando o surfista com ambientes naturais através de uma tecnologia de ponta; uma ferramenta para explorar a natureza de forma consciente e responsável, preservando ecossistemas marinhos ao mesmo tempo que conecta seus praticantes ao meio ambiente aquático.

Foil Surfers de sucesso

Exemplos de compromisso com a preservação ambiental, estes são alguns dos surfistas brasileiros que se destacam no foil – e que vale a pena acompanhar:

  • Fernando Mizi: um dos maiores nomes do foil atualmente, Fernando é surfista e atleta da modalidade. Tem sido um dos principais responsáveis por divulgar o foil e seus benefícios pelo Brasil.

  • Ricardo Winick, o Bimba: renomado surfista brasileiro, conhecido por seu estilo arrojado e inovador. Foi um dos responsáveis por colocar o país no mapa mundial do surf e teve papel fundamental no desenvolvimento e popularização do windsurf, inspirando gerações de surfistas com seu carisma e espírito livre. Ele também é um defensor da preservação dos oceanos e trabalha em projetos de conscientização ambiental.

  • Pato Teixeira: carioca que, ainda jovem, encontrou sua paixão pelo oceano e dedicou-se ao surf, tornando-se destaque no cenário nacional e internacional. Já conquistou vários prêmios no surf e também se destaca por sua preocupação com o meio ambiente e preservação dos oceanos e das praias.

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Para ir mais longe:

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