O Réveillon de Copacabana foi uma invenção dos praticantes do Candomblé. Desde pelo menos os anos 70, eles iam saudar a chegada do ano novo vestidos de branco, com muitas flores. Vários grupos se reuniam ao longo da praia fazendo suas rezas e danças.
De vez em quando, algum praticante entrava em transe e saia rolando pelo chão, emitindo estranhos grunhidos. No momento culminante, o grupo se encaminhava para o mar cantando hinos muito bonitos. Algumas mulheres entravam na água carregando um barco, provavelmente feito de madeira, que levava flores e outras oferendas.
Ultrapassando a primeira arrebentação das ondas, elas colocavam o barco na água e o empurravam para o fundo. Se o mar levasse o barco embora isso queria dizer que Iemanjá tinha aceito a homenagem e o ano ia ser bom. Se o barco fosse devolvido para a areia era um mau presságio.
Aos poucos, no decorrer dos anos 80, foi aumentando a quantidade de pessoas que iam assistir ao espetáculo.
Tudo num silêncio mágico, que só era interrompido, durante alguns minutos, pela queima de fogos organizada por restaurantes e hotéis. Sem alto-falantes e sem holofotes. Um espetáculo ao mesmo tempo calmo e emocionante.
O ex-prefeito do Rio César Maia estragou tudo em sua primeira gestão, a partir de 1992. Percebendo o potencial de marketing do evento, que já reunia perto de um milhão de pessoas, passou a utilizá-lo como evento da prefeitura, com grandes shows, muita luz e muito barulho.
Fonte: Opinião e Notícias