Piercing na língua pode ajudar tetraplégicos
Por Julia Boynard | 02 de Dezembro de 2013 às 07h10
Recentemente, cientistas nos Estados Unidos descobriram uma forma inusitada que ajudará a dar mais independência a pessoas com paralisia. Por meio de um piercing na língua, essas pessoas podem controlar a cadeira de rodas e computadores.
O movimento de um pequeno imã dentro de um piercing é detectado por sensores e convertido em impulsos eletrônicos, que podem controlar uma série de aparelhos.
A pesquisa realizada pelos cientistas da Georgia Institute of Technology descobriu que, devido à grande flexibilidade da língua, um piercing no órgão pode ter outros propósitos. Uma grande parte do cérebro é usada para controlar a língua, que tem mecanismos bastante sofisticados usados na fala. Essas partes ficam intactas mesmo em casos de lesão na espinha dorsal, que provocam a paralisia.
Em entrevista à BBC, o pesquisador Maysam Ghovanloo disse que a investigação acontece em torno das capacidades inerentes da língua.
Quando a língua se movimenta, o piercing produz um diferente campo magnético. Sensores colocados na bochecha conseguem detectar a posição precisa do piercing.
Em testes feitos com 23 pessoas sem qualquer tipo de paralisia e 11 tetraplégicos, seis posições diferentes dentro da boca foram programadas para mover uma cadeira de rodas elétrica ou controlar um computador. Por exemplo, quando a língua tocava o lado esquerdo da bochecha, a cadeira se mexia para a esquerda.
Em média, as pessoas tetraplégicas conseguiam desempenhar tarefas até três vezes mais rápido e com o mesmo nível de precisão, em comparação com outras tecnologias disponíveis hoje.
Os pesquisadores querem desenvolver comandos colocados em cada um dos dentes da boca, possibilitando a criação de um número "ilimitado" de instruções, permitindo que tetraplégicos possam discar um número de telefone, mudar um canal de televisão ou até mesmo digitar uma mensagem.
"As pessoas serão capazes de fazer mais coisas e de forma mais eficiente", diz Ghovanloo.
De acordo com o diretor da instituição de pesquisas Spinal Research, Mark Bacon, o principal objetivo da ciência é buscar formas de regenerar a espinha dorsal, mas que pessoas tetraplégicas podem ser muito beneficiadas com a tecnologia criada no laboratório.
"A língua é capaz de comandos tão sofisticados usados na fala que não existe motivo para não se usar esta versatilidade de movimento para controlar aparelhos de forma discreta", ele diz.