OBRA DE ARTE DA SEMANA: Campbell’s Soup Cans de Andy Warhol


Andy Warhol, Campbell’s Soup Cans (Latas de Sopa Campbell), pintura polímera sintética sobre 32 telas, cada tela mede 50.8 x 40.6 cm. Conservada no Museum of Modern Art, Nova Iorque, EUA.

A maneira como a série Campbell’s Soup Cans está organizada no MoMa – por ordem cronológica de introdução de cada sabor no mercado – é diferente daquela em que foi apresentada pela primeira vez, em uma galeria de arte. Nessa ocasião, as 32 imagens das latas de sopa da marca Campbell, que existe até hoje, foram mostradas tanto como obras de arte, penduradas lado a lado como acontecem com telas, quanto como objetos em um supermercado, com grandes prateleiras instaladas na galeria, com as obras em grupos de oito.

O processo é herdeiro da prática dos ready-made dadaístas, no qual objetos comuns do quotidiano se tornavam obras de arte pela simples escolha do artista, questionando-se assim a arte e o papel do próprio artista. No caso da Pop Art, corrente da qual Warhol faz parte, o questionamento também existe, mas os artistas não usavam os objetos reais, mas se apropriavam de suas imagens – imagens de estrelas de cinema, objetos de consumo conhecidos do grande público e histórias em quadrinhos, por exemplo -, assim como de seus processos produtivos, trazendo para o mundo da arte a cultura de massa e de consumo e o merchandising. A época, os anos 60, era otimista, de pleno boom econômico, após as dificuldades e racionamento vividos durante a Segunda Guerra, além da democratização do consumo; consumo este repleto de embalagens coloridas e publicidade chamativa que inspiravam os artistas.

A questão dos processos produtivos é particularmente importante no caso dessa obra, pois o artista se tornou conhecido por suas serigrafias, meio emprestado da publicidade – Warhol, inclusive, trabalhou como ilustrador comercial -, criadas em seu atelier de nome The Factory (A Fábrica). Entretanto, em 1962 o local ainda não havia sido aberto e o artista ainda não havia empregado a serigrafia na criação de suas obras. No caso das Campbell’s Soup Cans, ele pintou as imagens das latas a mão, sobre um desenho prévio em lápis, usando projeção para pintar as letras exatamente como nos objetos reais, ou seja, através de uma tecnologia relativamente recente e uma técnica diversa da tradicionalmente usada em pintura, e carimbou por cima de tudo o símbolo de flor de lis dourado. As pinturas possuem pequenas diferenças entre si, tais como sutis variações de cor e traços, mas a mais importante e proposital é o sabor da sopa marcado no rótulo – o número 32 remete aos 32 sabores disponibilizados pela marca naquela época.

Andy Warhol dizia que bebeu repetidamente, todos os dias, sopas Campbell durante 20 anos, mostrando assim essa repetição quotidiana em suas pinturas. Além disso, a repetição de um motivo remete a publicidade, que assim faz com que o público lembre-se facilmente dessa ou daquela imagem ou marca. O artista também acreditava que a arte deveria ser próxima das pessoas comuns, facilmente identificável, e não restrita a uma pequena elite.

Bibliografia:

História ilustrada da arte: os principais movimentos e as obras mais importantes, São Paulo, Publifolha, 2016, p. 358-365.
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Denys RIOUT, Qu’est-ce que l’art moderne?, Paris, Gallimard, 2000.

“Andy Warhol. Campbell’s Soup Cans” in MoMA. Consultado em (06/02/2018).
https://www.moma.org/collection/works/79809

“Andy Warhol. Campbell’s Soup Cans” in MoMA Learning. Consultado em (06/02/2018).
https://www.moma.org/learn/moma_learning/andy-warhol-campbells-soup-cans-1962

Fonte das imagens:

https://www.moma.org/learn/moma_learning/andy-warhol-campbells-soup-cans-1962

en.wikipedia.org/wiki/Campbell%27s_Soup_Cans#/media/File:Black_font_crop_from_Campbells_Soup_Cans_MOMA.jpg

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