Bastidores: O Pecado Mora ao Lado (1955)

Poucas imagens em uma produção cinematográfica se tornaram tão icônicas quanto a visão de Marilyn Monroe em seu vestido branco pregueado soprado para cima quando um trem do metrô passa por baixo da grade da calçada onde ela está de pé, no filme de 1955 O Pecado Mora ao Lado (The Seven Year Itch), dirigido por Billy Wilder. A atriz tinha acabado de completar 29 anos, quando o filme teve sua pré-estreia em Nova York no dia de hoje, 3 de junho, em 1955, e marcou o momento em que Marilyn Monroe deixava de ser uma simples protagonista de filmes para se tornar o maior símbolo sexual do século XX.

O Pecado Mora ao Lado é baseado na peça The Seven Year Itch, escrita por George Axelrod, que estreou na Broadway em 1952, sobre um marido fiel que durante uma viagem da esposa e do filho fica sozinho no apartamento fantasiando que está tendo um caso com a vizinha sexy do andar de cima. Tom Ewell, que interpretou Richard Sherman, o marido, nos palcos, reprisa seu papel no filme, depois que Walter Matthau, originalmente escolhido por Wilder, foi recusado pelo estúdio por ser um ator ainda pouco conhecido, enquanto Marilyn herdou a personagem que Vanessa Brown viveu na peça, aqui sendo apresentada nos créditos apenas como “A Garota”.

O diretor Billy Wilder conversa com Marilyn Monroe no set de O Pecado Mora ao Lado, de 1955.

A cena clássica foi originalmente filmada em Manhattan, na Lexington Avenue, do lado de fora do Trans-Lux 52nd Street Theatre, em 15 de setembro de 1954, por volta de 1 hora da madrugada. No filme, os personagens de Marilyn e Tom Ewell acabavam de sair de uma sessão de O Monstro da Lagoa Negra. Um trecho da rua foi interditado para as filmagens, mas uma pequena multidão que se aglomerava atrás dos cavaletes para testemunhar o momento em que o vestido de Marilyn evoluía no ar e deixava suas pernas expostas assobiava e aplaudia de maneira eufórica a cada nova tomada enquanto Marilyn teimava em errar suas falas repetidamente. Segundo Bill Kobrin, então agente da 20th Century Fox na Costa Leste, afirmou décadas depois, foi ideia de Billy Wilder transformar as filmagens em um circo da mídia, convidando a imprensa e assim obter publicidade extra para o filme.

Foi dito que o marido de Marilyn na época, o famoso jogador de beisebol Joe DiMaggio, estava presente acompanhando a filmagem, mas ao ver sua esposa exposta para um bando de homens se comportando de forma selvagem, abandonou o set revoltado e envergonhado. O casamento de nove meses entre eles terminou naquela noite. Dizem que ao chegar no set no dia seguinte Marilyn precisou de maquiagem extra para esconder os hematomas de sua briga com DiMaggio. Três semanas depois, ela pediria o divórcio. Dizem também que o barulho da multidão foi tão forte que as cenas originais ficaram inutilizáveis e toda a sequência precisou ser refeita no estúdio da 20th Century Fox em um set reproduzindo a Lexington Avenue. No entanto, foram necessárias mais 40 tomadas para Marilyn acertar suas falas e finalizar a famosa cena.

Marilyn creditada como “A Garota” posa para um teste de figurino de 28 de agosto de 1954 com o icônico vestido branco usado por ela em O Pecado Mora ao Lado. O look original acompanhava um lenço que, conforme aparece na foto como “out”, acabou removido.

Apesar de se tornar uma das imagens mais icônicas da história da cultura pop do século XX, e especialmente depois que as fotografias de Marilyn Monroe com o vestido esvoaçando mostrando sua calçola ganharam o mundo, essa imagem completa não aparece no corte final. Por conta da censura da época, a tomada usada no filme é apenas um breve enquadramento das pernas da atriz, até metade de suas coxas, editada de modo a revelar mais as reações da personagem do que as partes mais íntimas de seu corpo. A imagem foi amplamente utilizada pela Fox em campanhas publicitárias e nos quatro anos seguintes, Marilyn consolidaria seu status como ícone da tela, até 1959 com Quanto Mais Quente Melhor, que marcou seu rápido declínio em papéis no cinema e em sua reputação devido a problemas pessoais e abuso de substâncias.

Curiosamente, o icônico vestido branco de Marilyn Monroe estabeleceu um recorde quando foi leiloado por US$ 4,6 milhões em junho de 2011, com o valor aumentando para US$ 5,5 milhões após a inclusão de impostos e taxas, quintuplicando o recorde anterior para um figurino de filme de US$ 923 mil do vestido preto usado por Audrey Hepburn em Bonequinha de Luxo, de 1961. Mas o mais impressionante de tudo que se vê na cena, é como Marilyn usando um sapato de salto alto estreito, consegue ficar de pé sobre o gradeado sem quebrar ou prender o salto nele, certamente uma preocupação para qualquer mulher que andasse pelas calçadas de Nova York da época.

Fonte: Wikipedia, IMDb.

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