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Um dos mais expressivos artistas da Paraíba e do Brasil, o artista morreu em dezembro de 2016, em consequência de um câncer

SIVUCA: Há 15 anos, a música perdia o “Poeta do Som”

publicado: 14/12/2021 08h56, última modificação: 14/12/2021 08h56
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Sivuca foi um multi-instrumentista capaz de dominar uma infinidade de ritmos e composições, como choros, frevos, forrós, jazz, baião, música clássica e blues

Após passar dois dias internado para tratamento de um câncer, que já o acometia desde 2004, morria há 15 anos, no dia 14 de dezembro de 2006, aos 76 anos, um dos mais expressivos artistas paraibanos: Severino Dias de Oliveira, reconhecido no país e internacionalmente como Sivuca.

Nascido em Itabaiana, a 26 de maio de 1930, Sivuca foi um multi-instrumentista, maestro, arranjador, compositor, orquestrador e cantor, cujas composições e trabalhos incluem, dentre outros ritmos, choros, frevos, forrós, jazz, baião, música clássica e blues.

Ele ganhou uma sanfona de presente do seu avô, Pablo Juacir, em 13 de junho de 1939, em um dia de São João, quando tinha apenas 9 anos de idade. Aos 34 anos, ingressou na Rádio Clube de Pernambuco, em Recife, e, em 1948, fez parte do elenco da Rádio Jornal do Comércio.

Em 1951, gravou o primeiro disco em 78 rotações, pela Continental, com ‘Carioquinha do Flamengo’ (Waldir Azevedo e Bonfiglio de Oliveira) e ‘Tico-Tico no Fubá’ (Zequinha de Abreu). Nesse mesmo ano, lançou o primeiro sucesso nacional, em parceria com Humberto Teixeira, ‘Adeus, Maria Fulô’, que foi regravado numa versão psicodélica pelos Mutantes nos anos de 1960.

A partir de 1955, foi morar no Rio de Janeiro. Após apresentações na Europa como acordeonista de um grupo chamado Os Brasileiros, chegou a morar em Lisboa e Paris, a partir de 1959. Foi considerado o melhor instrumentista de 1962 pela imprensa parisiense. Gravou o disco ‘Samba Nouvelle Vague’ (Barclay), com vários sucessos de bossa nova.

Morou em Nova Iorque de 1964 a 1976, onde, entre, outros trabalhos, foi autor do arranjo do grande sucesso ‘Pata Pata’, de Miriam Makeba, com quem então viajou pelo mundo até o fim da década de 1960. Em 1971, Harry Belafonte o convidou para arranjar e tocar no especial dele e de Julie Andrews, na TV NBC, na cidade de Los Angeles (Estados Unidos). Fez uso de violão e sanfona, arranjou para orquestra de cordas, a quatro mãos, com o compositor e arranjador Nelson Riddle, inclusive o arranjo de uma canção escrita para Julie Andrews homenagear Vincent van Gogh.

Compôs trilhas para os filmes ‘Os Trapalhões na Serra Pelada’ (1982) e ‘Os Vagabundos Trapalhões’ (1982). Um dos discos mais emblemáticos da carreira do artista é o ‘Sivuca Sinfônico’ (Biscoito Fino, 2006), em que ele toca ao lado da Orquestra Sinfônica de Recife sete arranjos orquestrais de sua autoria, um registro inédito e completo de sua obra erudita.

Em 2006 o músico lançou o DVD ‘Sivuca – O Poeta do Som’, que contou com a participação de 160 músicos convidados. Foram gravadas 13 faixas, além de duas reproduzidas em parceria com a Orquestra Sinfônica da Paraíba.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 14 de dezembro de 2021