Um Só Planeta

Por André Schaun

O mercado ilegal de peças automotivas alimenta a criminalidade e prejudica o comércio. Porém, em 2014, foi criada a Lei do Desmanche, com o objetivo de reduzir o número de roubos e furtos de carros no Brasil, oficinas clandestinas, golpes em seguradoras e incentivar a reciclagem de peças usadas para reutilização.

Dependendo do estado de conservação que o carro se encontra, até 95% dos componentes podem ser reaproveitados para revenda no mercado de reposição.

Cerca de 95% das peças do carro podem ser aproveitadas se estiverem em bom estado (Foto: Thinkstock)
Cerca de 95% das peças do carro podem ser aproveitadas se estiverem em bom estado (Foto: Thinkstock)

A lei nasceu em São Paulo, mas, posteriormente, foi implantada em outros estados, como Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minhas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Tocantins e também no Distrito Federal.

A norma foi criada para regulamentar esse mercado com empresas que tenham interesse em reutilizar peças de veículos usados, seja carro, moto, ônibus ou caminhão. Qualquer empresa interessada deve seguir um rígido protocolo e precisa de um cadastro anual no respectivo Detran e na Secretaria da Fazenda e Planejamento.

Mesmo depois que o carro é batido, muitas peças ainda continuam em bom estado — Foto: Wikimedia Commons
Mesmo depois que o carro é batido, muitas peças ainda continuam em bom estado — Foto: Wikimedia Commons

Para ter controle sobre a procedência das peças, cada uma delas precisa ter um adesivo com QR Code, assim o comprador consegue identificar a fabricante, o modelo e o ano do veículo que teve a peça removida. Basta baixar o aplicativo do Detran.SP, ou do estado em questão, e utilizar o leitor de QR Code para ter todas essas informações.

A Renova Ecopeças, empresa de reciclagem automotiva que pertence ao Grupo Porto Seguro, desde 2014, quando a lei entrou em vigor, tenta reaproveitar o máximo de peças possíveis dos carros batidos e danificados cobertos pela seguradora.

"Enquanto nos Estados Unidos quase 100% dos carros que saem de circulação são reciclados, aqui esse percentual cai para apenas 1,5%. Por isso, muitos veículos acabam em desmanches e aterros ilegais, e, além de ser um crime, colocam em risco a natureza devido ao descarte inadequado de peças e resíduos" comunica a Renova.

Segundo eles, 95% dos componentes de um veículo têm utilidade, pois é possível reaproveitar quase todas as peças e componentes de um carro e, além disso, o preço pode ser até 60% menor do que nas concessionárias.

"As peças em ótimo estado ou com pequenos defeitos voltam para o mercado, com procedência e garantia. Já as peças e os componentes que não podem ser reaproveitados são reciclados por parceiros especializados", ressalta a empresa.

Os freios não podem ser reutilizados por questões de segurança (Foto: Thinkstock) — Foto: Auto Esporte
Os freios não podem ser reutilizados por questões de segurança (Foto: Thinkstock) — Foto: Auto Esporte

Para ficar mais claro, são três categorias: A (em perfeito estado), B (com pequenas avarias estéticas), que serão comercializadas, e C (sem condição de reaproveitamento), que serão encaminhadas para o fabricante ou vendidas como sucata para serem recicladas e transformadas em matéria-prima.

Plásticos, vidros, óleos, pneus e metais são componentes que, caso não estejam em bom estado, podem ser reciclados. Mas muitos desses componentes podem ser reutilizados para fazer novas peças, como no caso dos pneus, principalmente.

Pneus descartados podem ser utilizados para fazer novos pneus — Foto: Freepik
Pneus descartados podem ser utilizados para fazer novos pneus — Foto: Freepik

Peças ou itens de segurança, como sistema de freios e seus subcomponentes, sistema de controle de estabilidade, peças de suspensão, sistema de airbags, cintos de segurança e o sistema de direção não podem ser comercializados, portanto, a reciclagem dos materiais também acontece nesse caso.

Vale dizer que a Renova compra apenas veículos da seguradora Porto Seguro com baixa permanente no Detran, ou seja, veículos que não podem mais voltar para circulação, e com emissão de nota fiscal.

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