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Matérias / Personagem

Fugas e reeducação: Victor de Aveyron, o garoto selvagem francês

Com seu resgate, os estudos do jovem foram importantes para novas descobertas na pedagogia, comunicação oral e psicologia

Wallacy Ferrari Publicado em 23/06/2020, às 09h57

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Cena do filme 'L'enfant sauvage' (1970) com representação de Victor de Aveyron - Divulgação / Les Productions Artistes Associés / Les Films du Caross
Cena do filme 'L'enfant sauvage' (1970) com representação de Victor de Aveyron - Divulgação / Les Productions Artistes Associés / Les Films du Caross

Nascido por volta de 1788 na região de Aveyron, no sul da França, o primeiro registro de Victor só aconteceria após quase dez anos, quando foi avistado por caçadores em uma floresta. Com características peculiares para um ser humano, o garoto baixo parecia um macaco; apesar de conseguir manter uma postura ereta, escalava arvores e habitualmente se locomovia como um quadrupede.

Na ocasião, os três caçadores capturaram o garoto, que aparentava ter cerca de nove anos, no entanto, o jovem escapou e retornou para a floresta. Sendo visto por diversos moradores e visitantes de zonas florestais, o menino de cabelos longos e ressecados ainda foi observado diversas vezes, entre 1797 e 1799.

Registros de retratos descrevendo o jovem Victor / Crédito: Wikimedia Commons

Em janeiro de 1800, no entanto, o jovem foi até a zona urbana da cidade de maneira voluntária, causando espanto aos moradores da vila de Saint-Sernin-sur-Rance pelos gritos e movimentação selvagem, além de estar completamente nu. Ao ser capturado, foi enviado para um orfanato e resistiu ao ser levado, porém, no mês seguinte, foi considerado ‘clinicamente idiota’ pelo psiquiatra Philippe Pinel, sem possibilidade de convívio em sociedade.

Acolhimento e educação

Mesmo após a constatação de Pinel, o garoto atraía a atenção da medicina pelo comportamento nunca antes relatado na medicina. O biólogo Pierre Joseph Bonnaterre chegou a propor testes físicos ao rapaz, expondo o mesmo ao frio e calor incômodos ao ser humano, mas, mesmo sem roupas, Victor mostrava estar adaptado aos climas adversos, sendo comparado aos animais selvagem por autoridades locais.

A esperança de maiores conclusões surgiu de um jovem estudante de medicina chamado Jean Marc Gaspard Itard, que adotou o jovem no orfanato e fez um extenso relatório comportamental do garoto, trabalhando com paciência e repetição. Com Itard, foi possível concluir que, além de ter maior facilidade em atividades motoras, o garoto se alimentava com vegetais e frutas, mas dificilmente se familiarizava com receitas manipuladas por seres humanos.

Retrato de Jean Marc Gaspard Itard, responsável pela educação inicial de Victor / Crédito: Wikimedia Commons

Foi em tal época que o estudante o nomeou como Victor, visto que observou uma reação positiva do garoto aos comandos contendo a letra ‘o’ em sílabas tônicas. A primeira palavra que o jovem conseguiu pronunciar era “lait” (“leite”, traduzido do francês), após manifestar apreço a bebida que tinha acesso toda vez que concluía uma parte do tratamento. Com as anotações, a contribuição do estudo para a pedagogia, educação oral e psicologia foi um marco na medicina europeia.

Progresso após o acompanhamento

Sua paternidade foi especulada na cidade como um segredo entre os ricos e autoridades, mas não passou de um boato, relacionando uma grande cicatriz em seu pescoço com uma possível tentativa de homicídio e abandono ainda na infância. Não foi possível concluir como o garoto foi integrado na floresta e nem como aprendeu a sobreviver na mesma.

Victor permaneceu o resto da vida com um vocabulário muito mais limitado do que o de uma pessoa que cresceu em sociedade. Itard chegou a relatar que o equivalente mental do jovem era o de um burro e surdo: “Não faria sentido tentar ensiná-lo a falar pelos meios normais de repetir sons se ele realmente não os ouvisse". Por isso, sua linguagem de ações foi considerada uma forma primitiva de comunicação.

Após cinco anos de análises, a guarda de Victor é passada para uma mulher chamada Madame Guérin, que recebia uma pensão apenas pare dedicar a atenção necessária aos cuidados do jovem. Com ela, o garoto viveu por mais 17 anos, entre 1811 até 1828, quando faleceu em Paris, com cerca de 40 anos de idade. Seu corpo foi enterrado sem a realização de uma autópsia.


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