Uma ação da Polícia Militar na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio de Janeiro, deixou um jovem de 18 anos e uma menina de 5 anos mortos na manhã deste sábado (12). De acordo com a ONG Rio de Paz, a menina Eloá é a 15ª criança morta por arma de fogo na cidade nos últimos dois anos.
Moradores da região acusam a PM das duas mortes. Já a corporação, por meio de nota, disse que o jovem Wendel Eduardo atirou contra policiais durante uma abordagem. Eloá Passos foi atingida cerca de uma hora depois, mas a polícia diz não saber como se deu a morte.
Segundo a Polícia Militar, a ação se deu durante uma perseguição a dois homens em uma motocicleta, na rua Paranapuã, sendo que Wendel, na carona, estaria portando uma pistola. Após uma tentativa de abordagem, ele teria disparado contra a equipe, que revidou.
“O suspeito foi ferido e socorrido pelo Corpo de Bombeiros ao Hospital Municipal Evandro Freire. O homem que pilotava a motocicleta foi conduzido à 37ª DP a fim de prestar esclarecimentos”, diz nota da corporação.
Morte de Eloá
Posteriormente, como forma de protesto, um grupo ateou fogo em um ônibus na mesma rua. O Batalhão de Rondas e Controle de Multidão (RECOM) foi acionado em apoio, além do Corpo de Bombeiros, para conter as chamas.
Ainda segundo a PM, depois do protesto, o comando do 17° BPM foi informado sobre uma criança baleada no interior da comunidade do Dendê e que foi socorrida por familiares.
“Segundo informações colhidas por testemunhas, a vítima teria sido atingida no interior de sua residência. Ressaltamos que não havia operação policial no interior da comunidade”, diz o comunicado.
Já os parentes de Eloá disseram à TV Globo que a manifestação foi reprimida pela PM com tiros. Um deles teria atingido a criança, que estava no próprio quarto e chegou já sem vida ao hospital.
“Estava em casa, brincando, pulando na cama, comendo doce do ‘mesversário’ da irmã dela, que foi ontem. Estava acontecendo uma manifestação porque eles mataram um menor [Wendel]. Eles [PMs] mandaram tiro para dentro da comunidade”, disse Indiane Passos, prima da menina.
Fábio Santana, avô de consideração de Eloá, disse afirmou que a PM “chegou atirando para cima” na manifestação. “Não havia confronto”, disse.
A polícia informou que o comando da unidade instaurou um procedimento apuratório para investigar o caso, e que a corregedoria da corporação acompanha os trâmites. “As imagens das câmeras corporais dos policiais serão disponibilizadas para auxiliar nas investigações”, garante.
