Método caseiro para remover queloides bomba na web; ‘técnica’ pode levar à morte

Reprodução/YouTube

Tutoriais que ensinam a remover queloides – cicatriz saliente que aparece após a cura de um ferimento -, começaram a pipocar na internet nas últimas semanas. No YouTube, um dos vídeos já foi visto mais de 150 mil vezes e o “método do elástico” tem virado febre entre internautas ao redor do mundo. O procedimento, no entanto, é perigoso e, além de desfiguração e infecções graves, pode levar à morte.

Nos vídeos, youtubers mostram como amarrar elásticos ao redor de suas queloides para restringir o fornecimento de sangue na região. Depois disso, a queloide fica preta e cai na sequência. Ao Daily Mail, o dermatologista Anton Alexandroff fez um alerta: “É uma prática muito dolorosa e que pode resultar em uma infecção. Pode ainda resultar em desfiguração em certas áreas porque pode provocar necrose, a morte das células ou tecido orgânico, de maneiras incontroláveis e imprevisíveis”, disse.

O especialista explica que, caso áreas substanciais de tecido fiquem sem sangue, a necrose pode evoluir para uma gangrena. “As cicatrizes de queloide são bastante frequentes e costumam ser ainda maiores que a cicatriz original”, explica Alexandroff.

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Peter Batty, que é especialista em redução de cicatrizes, afirma que os vídeos são “extremamente perturbadores” e diz que “ninguém deveria seguir essas instruções”. “O que essa tendência mostra é uma falta de compreensão na prevenção e tratamento de queloides. Se você tentar remover uma queloide sozinho, você está correndo o risco da cicatriz voltar ainda maior”, disse.

Negros e mestiços, devido a uma predisposição genética, possuem uma tendência maior para apresentarem queloide. Quando elas continuam se reproduzindo, mesmo após o preenchimento deste espaço, o resultado é uma cicatriz hipertrófica ou um queloide. “As células responsáveis por esse processo, chamadas fibroblastos, produzem mais colágeno que o necessário, o que resulta na formação de pele em excesso na região cicatrizada”, afirmou o cirurgião plástico Antônio Pacheco em entrevista ao programa “A Vez do consumidor” da Radiobrás.

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De acordo com Pacheco, a cicatrização hipertrófica se processa de maneira diferente do queloide sendo menos agressiva, ela não ultrapassa os limites da incisão e com um ano e meio começa a desaparecer. Já o quelóide, a cicatriz não tem uma medida certa para parar de crescer e muitas vezes pode se estender muito além da lesão. Além disso, é normalmente elevada, avermelhada, endurecida e pode ter coceira e dor local, sua consistência é endurecida, e sempre se eleva acima da superfície da pele.

Segundo o cirurgião plástico, não há como prevenir o quelóide por ser pouco estudado, pois só acontece na raça humana, “não existe animais de laboratório com esse tipo de cicatriz, além disso, os albinos nunca apresentaram nenhuma marca de cortes ou ferimentos”, afirmou. Pacheco disse ainda que existem determinados momentos da vida mais suscetíveis ao aparecimento, exemplo: se ele aparecer na adolescência não significa que o paciente terá na velhice ou na fase adulta. Os pacientes mais freqüentes são adolescentes e adultos, segundo médico, é raro aparecer em idosos.

“A retirada da cicatriz pode fazer com que ele retorne, mas se o paciente estiver sentindo muita dor, sendo incomodado, os médicos o retiram e começam o tratamento radioterápico” disse. A infiltração de corticosteroides e a compressão também fazem parte do tratamento.

Roberth Costa[email protected]

De estagiário a redator, produtor, repórter e, desde 2021, coordenador da equipe de redação do BHAZ. Participou do processo de criação do portal em 2012; são 11 anos de aprendizado contínuo. Formado em Publicidade e Propaganda e aventureiro do ‘DDJ’ (Data Driven Journalism). Junto da equipe acumula 10 premiações por reportagens com o ‘DNA’ do BHAZ.

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