Macrofotografia de insetos

A macrofotografia é uma atividade para quem não se contenta em fotografar apenas o que conseguimos perceber com facilidade. Movido pela curiosidade e pela criatividade, o fotógrafo dirige o foco para detalhes mínimos e enquadra cenas quase invisíveis, em busca de grandes capturas.

Inspirados pelo Dia Nacional das Abelhas (03/10), insetos de importância incontestável para o mundo (saiba mais sobre a data aqui), decidimos abordar neste texto, a macrofotografia de insetos, uma ferramenta fundamental para a conservação desses pequenos animais.

Trouxemos boas dicas para você fazer fotografias macro e capturar com detalhes, a incrível biodiversidade de abelhas (e tantas outras espécies) existentes pelo mundo. Continue acompanhando!

 

Falando em detalhes, essa macrofotografia contempla 3 animais! Uma aranha-caranguejo (Misumena vatia), uma abelha-européia (Apis mellifera) e uma pequena mosca, na asa da abelha. Grande registro! Foto: Valdir Hobus – Biofaces.

 

 

O que é a macrofotografia

A fotografia macro é o registro de pequenas coisas, com o intuito de mostrar e valorizar pequenos detalhes não perceptíveis a olho nu. Geralmente, quando o assunto é fotografia de natureza, essa técnica é utilizada para registrar insetos, pequenos anfíbios, flores, sementes, fungos, dentre outros pequenos elementos.

 

Outro registro incrível de predação de abelha-européia por aranha-caranguejo. Foto: Lindolfo Souto – Biofaces.

 

Mas, o que é a macrofotografia? Uma foto é considerada macro quando o elemento fotografado tem uma proporção entre 1:1 e 10:1, ou seja, quando é registrado com um tamanho igual ou até 10x maior que o real. Acima da proporção 10:1 (quando maior que 10x do tamanho real) ela é considerada microfotografia. A tamanha precisão dos detalhes no registro nos permite adentrar um mundo desconhecido e maravilhoso!

 

Fotografia macro na conservação da natureza

Além de ser um hobby e/ou trabalho, que abre seus olhos para um universo desconhecido e apaixonante, a fotografia macro é fundamental para a conservação das espécies (ainda mais, quando o assunto são espécies de pequeno tamanho).

O registro de detalhes da fauna e flora, que não são visíveis a olho nu, com uma clareza impressionante, permitiu ampliar estudos e documentos de acervos científicos sobre a morfologia e a biologia das espécies e até mesmo, identificar novas espécies.

 

Registro fantástico de uma abelha jataí (Tetragonisca angustula) defendendo o seu território de uma abelha europeia (Apis mellifera). Foto: Fred Crema – Biofaces.

 

Um exemplo foi a descoberta de diversas espécies de aranhas-pavão, pequenos invertebrados coloridos que vivem na Austrália. Em outra matéria do nosso blog, contamos sobre como a fotografia macro (atrelada à ciência cidadã) foi fundamental para essa descoberta e falamos sobre esses animais super curiosos.

 

Dança de acasalamento de aranha-pavão macho. Foto: Jürgen Otto – Conexão Planeta.

 

Além disso, a técnica permitiu ampliar as ações de educação ambiental, ao tornar possível mostrar às pessoas informações sobre os seres vivos, que elas não veriam sem o auxílio de uma lupa ou outra ferramenta de aumento.

 

Como fazer fotografias macro

Os resultados da macrofotografia são fantásticos, isso é inegável. Mas para consegui-los, os fotógrafos precisam contornar grandes obstáculos. Os principais são: utilização de equipamentos corretos, iluminação, aproximação, dificuldade extrema de focagem e profundidade de campo reduzida.

É claro que, para cada um desses desafios, existem técnicas e truques específicos. Os fotógrafos mais experientes conhecem a maioria, senão todos eles. Mas, caso você não conheça, o Biofaces está aqui para ajudar. Confira nossas dicas, coloque-as em prática e caia nas graças do universo macro!

 

Abelha-européia (Apis mellifera) sendo predada por mosca-parasitóide (Mallophora ruficauda). Foto: Guillermo Menéndez – Biofaces.

 

1- Para câmeras compactas

Se você pretende se aventurar por esse universo utilizando câmeras mais compactas, é imprescindível que ative o modo macro, pois permite maior aproximação do assunto. Além disso, selecione a maior resolução permitida pela câmera, não utilize zoom e ative o flash.

Quer uma dica ainda mais especial? Coloque um papel branco na frente do flash, para difundir a luz e atenuar as sombras.

 

2- Para câmeras mais robustas

O uso de equipamentos e técnicas adequados te permitem fazer registros macro com muito mais qualidade. Nesse sentido, ressaltamos em primeiro lugar, a lente macro. Há várias opções (que por sinal, são ótimas) disponíveis no mercado, que te permitem obter registros profissionais, com bastante profundidade de detalhes. No entanto, essa lente tem um custo elevado.

Assim, caso você seja iniciante e prefira começar de forma mais econômica, temos algumas sugestões:

1 – Use a técnica de inversão de lentes: basta inverter a lente que você já utiliza e ela se tornará uma lente macro. Para isso, segure-a ao contrário ou realize a fixação com o auxílio de anéis adaptadores;

2 – Lentes close-up: outra forma para economizar na lente macro é utilizar os filtros close-up em uma lente comum. Eles são lupas compactas de baixo custo, que permitem maior ampliação, embora reduzam a profundidade do campo, achatando a imagem;

3 – Teleconverter: adaptador óptico que fica entre a lente e o corpo da câmera, que permite maior ampliação da imagem. É compacto e acessível. Como ponto negativo, ele diminui a passagem de luz pela lente, podendo distorcer as cores e a imagem e também, diminui a nitidez;

4 – Tubo de extensão: assim como o teleconverter, é colocado entre a lente e o corpo da câmera, permitindo maior ampliação da imagem. Este, mantém a qualidade óptica da lente, sendo um bom acessório tanto para lentes comuns, quanto para apoio à própria lente macro.

Outra dica é sobre a iluminação. O uso exclusivo de iluminação natural (que pode dificultar os registros), exige maiores aberturas e baixas velocidades. Aconselha-se também o uso de um tripé para ter maior precisão. Caso queira resultados ainda melhores, as luzes artificiais podem fazer toda a diferença.

Ao aproximar demais a imagem, o foco automático muitas vezes é perdido e o foco manual entra em ação. Um ponto óbvio mas importante, é que após se aproximar ao máximo do elemento a ser fotografado, sugerimos que movimente a câmera para frente e para trás, capturando o melhor momento de foco.

 

Percevejo-predador predando abelha-europeia na companhia de mosca-chacal. Foto: Antonino Gonçalves Medina – Biofaces.

 

Caso não seja possível focar em todo o elemento e o resultado não esteja ficando bom, você pode mudar a sua referência principal e capturar diferentes detalhes do animal, fazendo ainda assim, registros incríveis.

Além de perder o foco automático, ao aproximar demais, podemos ter perda da profundidade de campo. Um recurso útil é tirar várias fotos de diferentes distâncias focais e empilhá-las em um programa de pós-processamento, como o Adobe Photoshop.

Por fim, por meio dos links: “Macrofotografia de insetos: Técnicas e equipamentos” e “A macrofotografia como registro científico e sua aplicação na Entomologia”, você consegue visualizar dicas ainda mais específicas sobre o assunto.

Também sugerimos que você siga o trabalho de fotógrafos de insetos, como inspiração às suas fotografias. Entre eles, ressaltamos o fotógrafo Micael Widell, que além de trazer lindos registros em suas redes sociais, também fornece dicas para tirar boas fotos macros em seu instagram e youTube. Por exemplo, ele ressalta que o melhor período para fotografias é logo pela manhã, quando os insetos começam a se locomover, mas ainda estão lentos.

 

Clique de polinização. Foto: Murillo Couto – Biofaces.

 

O universo macro é realmente apaixonante, não é? Se você, assim como nós, também adorou, aventure-se por essa técnica e publique suas fotos no Biofaces!

 

Texto por: Jéssica Amaral Lara

Revisado por: Gustavo Figueirôa

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