Aproveite o texto para fazer uma revisão pós-aulas do IFOPE e ainda montar o seu mapa mental sobre o complexo teníase/cisticercose, assunto extremamente cobrado em provas. Bons estudos!

Nessa série de publicações do IFOPE, iremos discorrer sobre as diferentes doenças cobradas em provas de concursos veterinários. 

Baseados em questões de provas anteriores, condensamos boa parte do conteúdo em um único texto, para facilitar seus estudos e saber o que é mais recorrente nas questões dos concursos.

Abaixo, confira um texto completo sobre o complexo teníase/cisticercose.

Teníase/Cisticercose 

Apesar de a teníase e a cisticercose serem duas doenças distintas, com sintomas, ciclo de vida e tratamentos distintos, elas são causadas pela mesma espécie de parasita em fases diferentes do seu ciclo de vida.

A teníase é causada pela Taenia solium e/ou pela Taenia saginata, conhecida popularmente como “solitária” (tênia), e a cisticercose é causada por larvas dessas espécies de parasitas.

Uma das principais diferenças entre a cisticercose e a teníase é que a cisticercose é uma doença rara, enquanto a teníase é uma doença comum.

Ambas possuem grande relevância quando o assunto é saúde pública, já que o ser humano, além de ser hospedeiro definitivo da tênia, também pode ser hospedeiro intermediário e abrigar a fase larval do parasita. 

Como ocorre a transmissão da cisticercose e da tênia?

Como o homem é o hospedeiro definitivo da tênia, ele também se configura como a principal fonte de infecção, já que pode transmitir tanto para outros humanos como para animais.

A cisticercose pode ser adquirida por meio do consumo de alimentos que estejam contaminados com os ovos da tênia, como frutas, verduras e legumes mal higienizados; por meio do consumo de água contaminada; ou, ainda, por autocontaminação, (ovos nas mãos do hospedeiro).

A teníase, por sua vez, pode ser adquirida por meio da ingestão de carne bovina ou suína, crua ou mal cozida, que contenha larvas do parasita.

Teníase/Cisticercose Agente Etiológico

As tênias são grandes vermes de corpo achatado que podem alcançar vários metros de comprimentos. O gênero Taenia pertence à família Taenidae, à classe Cestoidea e à ordem Cyclophyllidea.

Duas espécies são capazes de causar doenças no ser humano: a Taenia saginata e a Taenia solium, ambas de distribuição cosmopolita e endêmicas na América Latina. Recentemente, uma terceira espécie de tênia, chamada Taenia asiatica, foi identificada em alguns humanos no sudeste da Ásia.

Os seres humanos são os únicos hospedeiros definitivos da T. saginata e da T. solium. Os bovinos são os hospedeiros intermediários da T. saginata, e os suínos são os hospedeiros intermediários da T. solium (Figuras 1 e 2).

Teníase/Cisticercose: Taenia solium
Fig 1: Taenia solium.
Fonte: MSDmanuals.com, 2016
Teníase/Cisticercose: Taenia saginata
Fig 2: Taenia saginata.
    Fonte: MSDmanuals.com, 2016

Ciclo evolutivo

O homem adquire a tênia ao ingerir carne contaminada crua ou mal cozida contendo cisticercos vivos. Os cisticercos eclodem no estômago e as larvas fixam-se na mucosa intestinal e se desenvolvem até a forma adulta. Após 60 a 70 dias da ingestão do cisto, o hospedeiro definitivo começa a eliminar as primeiras proglotes grávidas e ovos pelas fezes, constituindo a principal forma de contaminação do ambiente. 

A tênia pode viver por muitos anos no intestino delgado humano e, normalmente, o hospedeiro abriga somente um parasita, motivo pelo qual a verminose também é chamada de “solitária”.

Bovinos e suínos se contaminam ao ingerirem pasto e água contaminados pelos ovos das tênias. No intestino desses animais, o embrião se liberta do ovo, invade a parede intestinal e chega à circulação sanguínea atingindo principalmente tecidos, como o cérebro, olhos, coração e músculos da face e da língua.

O homem também pode ser hospedeiro intermediário quando ingere os ovos da T. solium procedentes de alimentos e água contaminados com fezes de humanos portadores de teníase ou pela autoinfecção (Figura 3). Nesse caso, o cisticerco da T. solium (Cysticercus cellulosae) pode se alojar em diferentes regiões do organismo e causar graves consequências para a saúde humana, como a neurocisticercose (no cérebro), a cisticercose intra-ocular (nos olhos) e em outras regiões também preocupantes.

Teníase/Cisticercose: Ciclo evolutivo da T. solium
Fig 3: Ciclo evolutivo da T. solium.
Fonte: MSDmanuals.com, 2016

Sintomas

A cisticercose pode ser assintomática ou apresentar sintomas, como convulsões, dores de cabeça, hipertensão craniana, entre outros. As manifestações clínicas da doença vão depender da localização, do número de larvas, do tipo morfológico, da fase de desenvolvimento dos cisticercos e da resposta imunológica do paciente. Além disso, a cisticercose pode apresentar complicações graves, como deficiência visual, loucura, epilepsia e outras.

A teníase pode causar náuseas, vômitos, diarreia, constipação, desconforto abdominal, cólicas intestinais, alterações no apetite, indisposição, mal estar geral, fadiga e perda de peso. Além disso, também podem ocorrer sinais nervosos, como insônia, inquietação e irritabilidade

Tratamento

O tratamento da cisticercose é feito, geralmente, com remédios, como o Praziquantel, Dexametasona e Albendazol. Também pode ser necessário usar remédios anticonvulsivantes, corticoides ou realizar uma cirurgia para retirar a larva da tênia. Tudo vai depender da gravidade da doença e do estado de saúde do paciente.

A teníase é tratada com remédios antiparasitários, geralmente Praziquantel e Niclosamida, que ajudam a mobilizar a tênia e favorecem sua eliminação nas fezes.

Medidas de controle da Teníase/Cisticercose

O controle do complexo teníase/cisticercose tem como estratégia fundamental a interrupção do ciclo de vida do parasita, evitando a infecção de animais e seres humanos, por meio de algumas medidas de controle como as enumeradas a seguir:

  1. Educação em saúde: conscientização da população sobre hábitos de higiene que evitem infecções, como lavar as mãos, não consumir carnes cruas, higienizar frutas, legumes e verduras que forem ser consumidos crus, entre outros;
  2. Inspeção e fiscalização das carnes: combater o abate e o comércio clandestinos de produtos cárneos e promover a inspeção rotineira em abatedouros;
  3. Inspeção e fiscalização de produtos de origem vegetal: evitar a comercialização de vegetais irrigados com água de rios e córregos que recebam esgotos ou outras fontes de água contaminada;
  4. Tratamento da teníase humana: diagnóstico e tratamento de indivíduos com medicamento específico;
  5. Melhorias no saneamento básico: suprir a população com métodos adequados de captação e tratamento de esgoto, assim como no fornecimento de água potável;
  6. Cuidados na criação de animais – evitar o acesso de suínos e bovinos às fezes humanas, à água e a alimentos contaminados com material fecal.

Destinação de carcaças e órgãos na linha de abate

Os cisticercos (larvas) podem permanecer viáveis nos músculos dos animais por muito tempo, porém são sensíveis ao calor acima de 55°C e ao congelamento.

Os cisticercos (larvas) podem permanecer viáveis nos músculos dos animais por muito tempo, porém são sensíveis ao calor acima de 55°C e ao congelamento.

A salmoura concentrada e a salga também tornam os cisticercos inviáveis nas carnes destinadas ao consumo.

Já os ovos das tênias permanecem viáveis por vários meses no meio ambiente (4 até 12 meses), mas são sensíveis à dessecação e a altas temperaturas. 

Na inspeção post mortem, durante o abate de suínos e bovinos, ocorre a avaliação visual macroscópica das carcaças em busca de cisticercos nos tecidos e órgãos.

Muito cobrado em provas de concursos, os destinos dados às carcaças e órgãos infectados com cisticercos estão descritos no Decreto n° 9.013, de 29 de março de 2017, o novo Regulamento e Inspeção Industrial e Sanitária de produtos de Origem Animal (RIISPOA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Na Tabela 1 (bovinos) e na Tabela 2 (suínos), montamos um resumo sobre o tema.

 Tabela 1: destinos das carcaças de bovinos infectadas por Cysticercus bovis
Tabela 2: destinos das carcaças de suínos infectadas por Cysticercus celullosae

O novo RIISPOA também dispõe sobre os aproveitamentos condicionais de carcaças e órgãos acometidos pela forma larval da Taenia ovis (o Cysticercus ovis).

Os critérios de condenação podem ser observados na Tabela 3.

A cisticercose ovina é cosmopolita, não é uma zoonose, mas pode causar diversos prejuízos econômicos na condenação de carcaças em abatedouros. Diferente das T. saginata e T solium, a T. ovis tem como hospedeiro definitivo os canídeos (cães, raposas e carnívoros silvestres).

Tabela 3: destinos das carcaças de suínos infectadas por Cysticercus ovis

Outro assunto muito cobrado em provas é referente aos critérios adotados pelo RIISPOA em casos de aproveitamento condicional de carcaças e órgãos acometidos pelos cistos.

No Art. 172 do referido decreto, os produtos devem ser submetidos, a critério do Serviço de Inspeção Federal (SIF), a um dos seguintes tratamentos compilados na Tabela 4:

Tabela 4: aproveitamento condicional preconizado pelo MAPA depois de removidas e condenadas as áreas atingidas.

Notificação obrigatória

De acordo com a IN N°50 de 24 de setembro de 2013 do MAPA, a cisticercose suína é uma doença que requer notificação mensal de qualquer caso confirmado.

Conclusão

É muito importante que você, estudante para concursos na área veterinária, saiba de todos os detalhes do ciclo da teníase/cisticercose, já que se trata de um tema bastante recorrente em provas que cobram inspeção de produtos de origem animal. 

Você vai gostar de ler também: Concursos: tudo que você precisa saber sobre Raiva.

Agora que já revisou o assunto, que tal resolver algumas questões de provas anteriores para fixar o conhecimento? Aproveite para observar como as questões repetem sempre os mesmos detalhes sobre essas doenças. Basta treinar muito!

Bons estudos e até a próxima publicação!