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Conheça Isabel Swan, a guardiã dos projetos femininos dentro do COB

Dona da primeira medalha olímpica da vela feminina do Brasil, Isabel assumiu em junho a Coordenadoria de Esportes Femininos do Comitê Olímpico Brasileiro

Por Ligea Paixão (colaboradora)
8 out 2021, 11h26

E se te perguntássemos hoje, o que representatividade significa pra você? Ou melhor, qual figura feminina te inspirou a ser a mulher que você é hoje? Seja ela sua mãe, professora, atriz, jornalista ou atleta preferida, ela coexiste dentro de você.

Não podemos negar, o feminino é também uma construção social, desenvolvido pela representatividade, pela presença das mulheres nos mais diversos setores e pelas lutas feministas que representam milhares. É o famoso lema “uma puxa a outra”.

No esporte, esse aspecto é crucial, uma referência, e tiramos prova disto nas recentes Olimpíadas de Tóquio de 2020, em que ficou claro que a presença de mulheres pioneiras no passado foi o que permitiu tanto protagonismo e participação feminina nos jogos,  em uma edição que levantou debates que permearão o meio esportivo por muito tempo, tal como a questão sobre saúde mental, igualdade de gênero, políticas inclusivas e assistência às particularidades das mulheres.

Sobre pioneirismo e defesa das causas femininas no esporte Isabel Swan entende bem.

Primeira medalhista olímpica na modalidade da vela feminina, Isabel entrou para história junto com sua parceira, Fernanda Oliveira, quando conquistaram o bronze em Pequim no ano de 2008. Hoje, ela coordena a recém criada pasta do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), a Coordenadoria de Esportes Femininos, que de forma estratégica e inclusiva, vêm trabalhando desde junho no desenvolvimento de ações voltadas às mulheres no esporte.

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Isabel Swan e Fernanda Oliveira
Isabel Swan e sua parceira de vela, Fernanda Oliveira, nas Olimpíadas de Pequim, em 2008. (Foto: Isabel Swan/Divulgação)

E quando se fala em mulheres, ela já adianta que seu olhar minucioso não está voltado apenas para as esportistas. “Não é uma área que trata somente das atletas, mas também das treinadoras, árbitras, gestoras, enfim, das mulheres que trabalham pelo esporte”, diz Isabel.

Em conversa com CLAUDIA ela, que não deixa dúvidas de que está mais do que preparada para assumir o cargo, contou como a nova função se entrelaça com a sua vida pessoal e experiências no esporte, aspectos que a motivam a trabalhar assertivamente por suas iguais.

“Precisamos garantir que haja equidade em todos os níveis”, diz a coordenadora.

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“Eu venho da vela, uma modalidade que é majoritariamente masculina, e eu lembro que quando eu comecei, ainda muito nova, havia poucas mulheres velejadoras no Brasil. As equipes masculinas eram muito fortes, com muitas medalhas, e isso criava um ambiente pouco inclusivo. A gente sempre lidou com falta de apoio”, relembra a coordenadora do projeto.

Isabel que além de atleta foi treinadora, integrante da comissão de atletas do COB e até mesmo gestora de suas próprias campanhas olímpicas, também cursou, em paralelo com sua carreira esportiva, comunicação social e gestão de projetos. Em todos os seus ciclos de atuação priorizou as mulheres e como poderia contribuir com a sua bagagem. “Eu passei por uma quebra de resultados e vi que nós não temos tanto acesso”, diz.

A própria jornada transitória da velejadora faz jus a sua fala e à relevância de seu novo papel. O acúmulo de funções e os cargos por ela já assumidos mostram que, para as mulheres, traçar um caminho evolutivo no esporte, permanecer e tratar dele com uma profissão é um desafio.

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“A mulher passa por transições, por dilemas. Tem a puberdade, tem aquelas que querem ser mães… Muitas mulheres não se sentem valorizadas, não conseguem enxergar uma carreira esportiva por causa dessas transições, falta de assistência e informação. Por isso, elas não seguem em sua modalidade”, argumenta Swan.  O foco da sua nova missão, diz Isabel, é gerar conhecimento em torno dessas mulheres no esporte.

Isabel Swan
(Foto: Isabel Swan/Divulgação)

O diagnóstico de Isabel é ancorado em fatos e dados. Sem abandonar o entretenimento e a paixão,  ela acompanhou essas Olimpíadas com o olhar crítico, preparando seu planejamento para os próximos anos. Sobre suas futuras ações, a saúde mental, um tema levantado por Simone Biles, deve ser o ponto de partida para muitas delas.

“O atleta tem uma imagem, mas também tem uma história. Antes de tudo somos humanos e estamos aqui para aprender a levantar. Precisamos priorizar a saúde mental. São valores”, afirma.

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“Nós, mulheres, temos uma cobrança grande de que tudo sempre tem que estar bem. Precisamos de um espaço seguro no esporte em que haja respeito dos nossos momentos.”

As referências históricas de cada atleta e mulher que trabalha pelo esporte também prometem ser o foco de Isabel. “O esporte brasileiro é muito baseado em referências, é sempre uma puxando e incentivando a outra. Eu mesma tive a inspiração da minha madrinha, que foi competir em 92 em Barcelona. O meu objetivo é valorizar essas referências para dar cada vez mais voz às mulheres, além de trazer experiência para formar a nova geração, mostrando sempre que existe sim um espaço onde é possível ir, acertar e errar também. A mulher não precisa ser perfeita”, defende.

Ela se orgulha em falar do bom desempenho das mulheres até agora, mas reconhece que é necessário mais investimento. “O esporte masculino tem um histórico de muitos anos, mas há estudos que mostram que o esporte feminino recebe menos investimento e consegue muito retorno em termos de resultado. Precisamos buscar pela valorização dessas profissionais”, destaca a entrevistada.

Isabel Swan
(Foto: Isabel Swan/Divulgação)

Ela é otimista em relação aos avanços da igualdade de gênero em um ambiente ainda tão dominado pelos homens. Apesar de ainda estar trabalhando sozinha na Coordenadoria de Esportes Femininos, já se depara com um cenário equitativo dentro do COB. Ao todo, 55% dos funcionários do Comitê são mulheres, espalhadas por cargos diretivos e administrativos.

No entanto, tratando do esporte em si, em sua área prática ela reconhece: “Ainda tem espaço para crescer e atuar, principalmente nas confederações. É uma construção que leva tempo, mas tudo que a minha área puder fazer para ajudar nesse processo será feito”, diz Isabel Swan.

Excepcional, essa meta de valorização das mulheres no esporte é esperançosa e gera a confiança de que teremos, em um futuro (que torcemos para que não seja tão distante), novas Rebeccas, Rayssas, Bias, Martines, Kahenas, Anas, Luisas, Lauras e Mayras fazendo história. 

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