A madeira em tempos de sustentabilidade – III

Madeira transformada

A indústria de transformação da madeira produz diversos tipos de produto, dos quais citamos a seguir os principais.

Madeira compensada – Pode  ser laminada ou sarrafeada. No primeiro caso, as lâminas são retiradas do   lenho das árvores em um torno desenrolador depois de amolecido com água ou  vapor. Estas folhas são coladas cm resinas sintéticas, alternando o sentido das fibras. No segundo caso, o miolo da chapa é composto de sarrafos, e não de folhas. A madeira compensada é utilizada para, mobiliário, revestimento de tetos e paredes, esquadrias e divisórias, formas de concreto.

Compensado sarrafeado e compensado laminado. Imagens <Madeinchina.com> e <wikipedia>

Madeira reconstituída – O tecido lenhoso é primeiramente reduzido a fitas, lascas ou flocos depois reconstituído por pressão usando como ligante a uréia, a caseína ou resinas sintéticas ou mesmo sem ligante, contando apenas com a lignina, própria das fibras. Estes produtos têm suas propriedades químicas e    físicas controladas, podendo ser mais ou menos densas, mais ou menos resistentes a ataque de agentes químicos ou biológicos, e tendo em vista a aplicação a que se destina. Atualmente é grande a diversidade de produtos de madeira transformada, sobretudo na forma de painéis para uso na construção civil e indústria moveleira, resultado sobretudo da necessidade de preservação das reservas florestais nativas e imposição legal da obrigatoriedade de reflorestamento para a comercialização da madeira.

Diversas são as classificações adotadas para as madeiras transformadas, que variam quanto ao processo de fabricação, propriedades físicas e químicas e destinação. Damos a seguir uma descrição dos produtos mais importantes.

1 – Madeira compensada

Durante muitos anos o compensado foi o painel de madeira mais importante produzido e consumido no Brasil. Com instalação inicial no Sul do país por volta dos anos 40, a indústria deste setor baseava-se nas florestas naturais de Araucária, embora tenha atingido níveis significativos de produção apenas na década de 70. Os compensados surgiram em escala industrial após o desenvolvimento de um sistema capaz de laminar, ou folhear, a madeira.

Moveis de compensado

O painel compensado tradicional é composto por três ou mais lâminas torneadas, unidas uma perpendicularmente à outra com adesivo ou cola, sempre em número ímpar, de tal forma que algumas propriedades físicas e mecânicas se tornem superiores às de madeira original (a contração, por exemplo, é quase totalmente eliminada).
Quanto à matéria-prima utilizada, estima-se que 60% do compensado nacional seja produzido com madeira tropical, enquanto que os outros 40% seja produzido com madeira de florestas plantadas nas regiões Sul e Sudeste (particularmente o Pinus), incluindo o tipo “combi” (face em madeira tropical e miolo em madeira de Pinus).

 
Criação original utilizando compensado. Imagem <namameubel.wordpress.com>
 

Os maiores consumidores de compensados são os fabricantes de móveis e os construtores civis. O valor desse produto varia de acordo com as espécies e a cola utilizada, com a qualidade das faces e com o número de lâminas que o compõe. Há compensados tanto para uso interno, com colagem a base de resina uréia-formol, utilizados pela indústria moveleira, quanto externo, com colagem à base de fenol-formol, utilizados normalmente na construção civil. Chapas finas de compensado apresentam algumas vantagens sobre as demais madeiras industrializadas, pois são maleáveis e podem se curvar. Na indústria moveleira são empregados principalmente na produção de  armários, roupeiros, tampos de mesa, laterais de móveis, braços de sofá, fundos de armários e de gavetas, prateleiras, pisos e portas residenciais internas.

Os painéis compensados apresentaram um acentuado declínio em seu consumo, no ano 2000, provocado pela perda de mercado para o MDF e para o aglomerado. O crescimento da produção foi absorvido pelas exportações, uma vez que o produto brasileiro tem expressiva participação no mercado mundial.

 No Brasil, os compensados são tradicionalmente divididos conforme sua fabricação em dois tipos[1]: multilaminados (plywood), formado por lâminas de madeira). e sarrafeados (blockboard), formado por duas lâminas de madeira externas e miolo sarrafeado.
Segundo as normas brasileiras, conforme o local de utilização, as chapas de compensado podem ser classificadas em: IR (interior), IM (intermediário) e EX (exterior). Além desta classificação, há uma outra que atende às normas e que também é utilizada pelo mercado em geral. Nessa classificação, os compensados são subdivididos quanto ao seu uso, conforme apresentado a seguir:

Compensados de uso geral – São chapas de madeira compensada, multilaminada ou sarrafeada, e cujo adesivo empregado na sua fabricação a restringe ao uso interno, utilizando o adesivo uréia-formaldeído. Este tipo de chapa tem grande aplicação na indústria moveleira. Os painéis tem  espessura mais comuns variando entre 3mm e 25mm, podendo chegar até 35mm. As dimensões usuais são: 2,20m x 1,60m.

 Compensado para formas de concreto. Imagem <asia-manufacturer.com>

Forma de concreto – São chapas de  madeira compensada, multilaminada, e cuja colagem é à prova d’água, à base de adesivo fenol-formaldeído admitindo-se portanto o uso exterior. Este produto é largamente empregado na construção civil. São fabricados com  acabamentos distintos relacionados com sua destinação e uso. São fabricados      nas seguintes dimensões: 1,10 x 2,20 m, espessuras 6, 10, 12, 14, 17 e  20 mm. 1,22 x 2,44 m, espessuras – 6, 10, 12, 15,  18, 21 mm. Podem ser: Plastificados, permitindo uma maior reutilização (cerca de sete vezes); Resinados, permitindo cerca de duas reutilizações.

Formas para concreto de compensado. Imagem <plywoodmanufacturers.net>

Decorativo (compensado laminado) – Estas chapas recebem na sua superfície uma lâmina de madeira considerada como decorativa, e a  colagem deve ser do tipo intermediária, ou seja, podem ser utilizadas em locais de alta umidade relativa, e eventualmente entrar em contato com a água. O uso final deste produto é principalmente na fabricação de móveis.

Compensado decorativo. Imagem < woodenconcepts.net>

Industrial – A chapa do tipo industrial é aquela que possui a menor restrição em termos de aparência da superfície, mas é exigida boa resistência mecânica e o adesivo  utilizado deve ser do tipo à prova d’água.  A utilização do produto é muito ampla, destacando-se a embalagem.

Naval – São chapas classificadas genericamente como de uso exterior, colagem é à base de adesivo fenol-formaldeído (cola à prova d’água), com alta resistência mecânica e montagem perfeita. Destinam-se normalmente ao uso em aplicações que exigem o contato direto com a água.

Painel estrutural – Utilizado em construção civil, na chamada “construção seca”, para paredes divisórias  externas e internas e mesmo lajes de mezaninos. É composto de miolo de madeira maciça, laminada ou sarrafeada, contraplacado em ambas as faces  por lâminas de madeira e externamente por placas cimentícias em CRFS  (Cimento Reforçado com Fio Sintético) prensadas. O processo de  industrialização dos painéis constitui-se da prensagem especial dos  componentes a alta temperatura, resultando em um produto de características técnicas de comprovada qualidade. A principal vantagem do painel estrutural é a maior resistência do painel à flexão estática no sentido paralelo ao seu comprimento. Dimensões 2,50 x 1,20 m, cm espessura   de 40 mm.

Painel estrutural

Piso de mezanino feito com compensado estrutural. Imagem <decorlit.com.br>

 

 2 – Madeira reconstituída

Aglomerado. Imagem <projetofeitosonhorealizado.blogspot.com>

Aglomerado (Particleboard – Painel de partículas) – São  painéis compostos de partículas de madeira ligadas entre si por resinas sintéticas (geralmente uréia-formaldeído). Sob ação de pressão e  temperatura, a resina polimeriza, garantindo a coesão do conjunto. As partículas mais finas são depositadas na superfície, enquanto que aquelas de maiores dimensões são depositadas nas camadas internas. No Brasil, é utilizada principalmente a madeira de Pinus na fabricação do aglomerado, embora em princípio não haja restrições quanto ao uso de outras espécies. Dimensões mais comuns 1,83 x 2,75 m e 2,10 x 2,75 m, com espessuras variando de 9 a 25  mm.

MDF. Imagem Wikipedia

MDF (Medium Density Fiberboard) – painel de fibras de média densidade) – São painéis reconstituídos formados a partir da redução de madeira a dimensões básicas (fibras). Essa redução ocorre através de processo termo-mecânico, procedendo-se, posteriormente, ao reagrupamento dessas fibras através da adição de adesivo (resinas sintéticas), para então, através da prensagem, serem formados os painéis. Semelhante ao aglomerado, o MDF produzido no Brasil utiliza-se basicamente de madeira de florestas de Pinus. Dimensões mais comuns 1,83 x 2,75 e 2,10 x 2,75 com espessuras variando de 3 a 35 mm.

                                                             OSB

OSB (Oriented Strand Board – painel de flocos orientados) – São painéis produzidos a partir de flocos (ou lascas) de madeira relativamente finos,aproximadamente 1 mm, com larguras e comprimentos variando entre 10 e 50 mm. As chapas são formadas geralmente de várias camadas, sendo que nas camadas externas, os flocos apresentam o mesmo sentido, enquanto que na camada interna a orientação dos flocos é perpendicular às camadas da superfície ou aleatória. No Brasil, o OSB é produzido também em madeira de Pinus. Dimensões 2,40 x 1,20 m e 2,50 x 1,25, com espessuras de 9,12, 15, 18 e 25 mm.

Chapa de Fibra (Hardboard) – As chapas duras ou chapas de fibra são painéis de alta densidade produzidos por processo úmido utilizando-se calor e pressão sem a adição de resina. Dentre os painéis de madeira reconstituída é o menos consumido mundialmente e sua tecnologia de fabricação é considerada poluente e obsoleta. São utilizados pelas indústrias moveleiras, de construção civil e automobilística. No Brasil a madeira utilizada para a fabricação desse painel é o eucalipto, proveniente de florestas plantadas. O processo produtivo das chapas de fibra envolve um elevado volume de água que é adicionado à fibra de madeira de eucalipto e, depois, retirado com a ação de calor e pressão, fazendo com que as fibras do eucalipto fiquem consolidadas em chapas de madeira. É um processo termomecânico, sem a adição de resinas que não a lignina, resina natural do eucalipto. As chapas de fibra fabricadas têm espessura que varia de 2,0 a 6,0 mm, e as dimensões das placas são 1,85 x 2,44 m, 1,85 x 2,75 m ou 1,85 x 3,05. Podem ser apresentadas lisas, perfuradas, com pintura a base de água em uma das faces ou com pintura melamínica.


[1] Parte desta classificação foi retirada do texto “Painéis de madeira fabricados
no Brasil e suas particularidades”. Artigo Técnico Nº 1. ABIMCI.

Uma resposta para “A madeira em tempos de sustentabilidade – III

  1. gosto de trabalha com compensado se faz belos moveis sem corre o risco da trababildade e apesar de ser muito durador no amapa existe casas da encome que ate hoje estaõ servido como mobilia com mas de trinta anos

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