Marcélia Cartaxo, artista sem fronteiras

MARCÉLIA DE SOUZA CARTAXO
* Cajazeiras (PB), 27/10/1963

VANESSA QUEIROGA

Diretora, atriz e preparadora de elenco, Marcélia Cartaxo é uma artista sem fronteiras. Com uma trajetória em importantes projetos nacionais no teatro, televisão e cinema, o seu talento transbordou em Cajazeiras, sua cidade natal. Desde pequena, Marcélia brincava de ser, transmutando realidades e sonhando em atuar. Nascido o Grupo de Teatro Terra, em 1975, a atriz integrou o seu elenco e com o espetáculo Beiço de Estrada, dirigido por Eliézer Filho, viajou pelo Brasil por meio do projeto Mambembão.

Com 23 anos de idade, nos palcos de São Paulo, encenando uma peça criada e montada em Cajazeiras, atravessou Marcélia sua mais importante oportunidade artística, não por ser a única, mas por ser o primeiro trabalho que mostrou a sua grandeza nas telas do mundo. Da plateia, a cineasta Suzana Amaral se encantou com a personalidade tímida e, ao mesmo tempo, forte da atriz paraibana: encontrara a sua Macabéa. Por sua interpretação no filme A Hora da Estrela, lançado em 1985, inspirado do romance homônimo de Clarice Lispector, Marcélia recebeu o Urso de Prata de Melhor Atriz, no Festival de Cinema de Berlim, no ano seguinte.

Desde então, Marcélia não parou mais. Ainda na área do cinema, a atriz cita várias produções de destaque em sua carreira: Madame Satã (2002), O Céu de Sueli (2006), ambos dirigidos por Karim Aínouz. Batismo de Sangue, de Helvécio Ratton, e Baixio das Bestas, de Cláudio Assis, lançados em 2007. Já Tempo de Ira, curta metragem de 2003, é a sua estreia como diretora (Gisella de Melo é co-diretora do filme). Atualmente, Marcélia dirige dois outros curtas: De Lua, que está em fase de finalização, e Redemunho, que ainda se encontra na etapa de filmagens.

PONTO DE PARTIDA

Ao ser perguntada sobre Cajazeiras, Marcélia enaltece sua origem e a coloca como o local das suas referências. “É minha cidade, onde mora a minha família, é o meu ponto de partida. Tenho uma relação cultural com Cajazeiras, apesar do movimento artístico ter caído após a saída do Grupo Terra. Acredito que a chegada de equipamentos culturais, como espaços para museus, para projeção de audiovisuais paraibanos e nacionais, e a reforma do Teatro Íracles Pires irão contribuir bastante para a cena artística. Cajazeiras tem propensão para as artes, precisa somente de investimento na área. O público lota os espaços durante as apresentações e isso mostra que existe o anseio por arte”, explica a atriz.  Além de sua inserção no campo cinematográfico, a artista possui importantes projetos teatrais e televisivos em seu currículo.

Nossa Voz, dirigido por João das Neves, e Woizeck, de Cibele Forjaz, produções realizadas no Rio de Janeiro, são espetáculos lembrados por Marcélia Cartaxo, juntamente com a peça que dirigiu em João Pessoa, Meias Irmãs, de 2012. Além desses trabalhos, esse ano, a atriz integrou o elenco da minissérie da Rede Globo O Canto da Sereia, de José Luiz Villamarim e Ricardo Waddington. Marcélia comenta também suas participações em diversas novelas dessa emissora e destaca duas microsséries de Luiz Fernando Carvalho: A Pedra do Reino, de 2007, e Alexandre e Outros Heróis, com previsão de estreia para o final do ano. 

MISSÃO

Filha de Cajazeiras, Marcélia Cartaxo carrega consigo a missão de fazer arte. Ver o movimento cultural da sua cidade renascer é um desejo da atriz que luta constantemente para que as artes cênicas e o audiovisual paraibano tenham voz e espaço na própria Paraíba e e~ palcos e salas de todo Brasil. “E necessário resgatar a essência do teatro, a essência de ser artista. As produções culturais acontecem hoje pela garra dos envolvidos nos projetos. Precisamos disseminar isso. Incentivo para os nossos jovens é o futuro e Cajazeiras tem muitos artistas em potencial com talento para levar a Paraíba para o mundo”, enfatizou a diretora. 

VANESSA QUEIROGA É JORNALISTA E MORA EM JOÃO PESSOA (PB)

PUBLICADO NO CORREIO DAS ARTES – ANO LXIV – Nº 7 – SETEMBRO/2013

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