Mulheres na tecnologia: um mercado a ser desbravado

mulheres na tecnologia

As mulheres assumiram seu lugar no mercado de trabalho. Mas parece que o setor de desenvolvimento ainda não deu uma trégua. Como resultado, portanto, ainda há um descompasso entre homens e mulheres na tecnologia. Embora a diversidade seja um tema atual no recrutamento tech, ainda há um longo caminho pela frente.

A boa notícia, porém, é que já se avançou. Hoje existem muitas comunidades de meninas desenvolvedoras. Assim, muitas empresas contratam mulheres, seja para o trabalho alocado ou remoto. Mas não é tão fácil assim mudar alguns conceitos.

Com efeito, empresas e startups começam a olhar para o tema com mais atenção. Enfim, a participação feminina não precisa se restringir à área administrativa. Mas sim estar diretamente envolvida no desenvolvimento de projetos inovadores, vencendo os desafios de cada carreira.

Inspiração: mulheres que deixaram seu nome na tecnologia  

Embora a participação na mulher na programação seja menor que a dos homens, a história nos apresenta muitas mulheres inspiradoras. Conheça abaixo algumas delas:

  • Condessa de Lovelace: a inglesa que viveu no século 19, Ada Lovelace (conhecida como Condessa de Lovelace) desponta como a primeira programadora da história. Ela, portanto, é referência por escrever o primeiro algoritmo de uma máquina.
  • Susan Diane Wojcicki: executiva do ramo da tecnologia norte-americana, ela já coordenou o marketing do Google e atualmente tem cargo executivo no YouTube. Por conseguinte, Susan já figurou entre as mulheres mais poderosas do ranking da Forbes.  
  • Grace Murray Hopper: Grace foi uma das primeiras programadoras do computador Harvard Mark 1 (em 1944) na Marinha dos Estados Unidos. Nos anos 40 e 50, Grace ainda criou a linguagem de programação Flow-Matic, que já caiu em desuso.

Nesse sentido, outras mulheres também se destacaram ao longo dos últimos anos para aprimorar o desenvolvimento da tecnologia. Mas, como sabemos, o mercado ainda carece de mais meninas desenvolvedoras.

Pesquisa: só 7,8% das mulheres estão na área tech há mais de 4 anos

Uma pesquisa feita pela Codenation (startup catarinense de recrutamento e aceleração de carreiras) revelou que somente 7,8% das mulheres entrevistadas têm experiência de mais de 4 anos como desenvolvedora.

A maioria, porém, não conseguiu entrar no mercado ou, quando entrou, não se fixou na área. Confira, na sequência, alguns apontamentos do levantamento:

  • 55,7% das mulheres dizem não se sentir preparadas para atuar como DEV;
  • 87% das mulheres de origem indígena não se julgam preparadas;
  • 69,1% das entrevistadas já fizeram mais de uma tentativa para entrar na área tech;
  • 26% acreditam que há preconceito nos processos de recrutamento em relação ao tema maternidade;
  • 56% das entrevistadas apontam que os principais problemas da inclusão feminina estão nas diferenças salariais de gênero, contrangimento das mulheres em processos seletivos e ainda a predominância de homens nos times tech.

Lembrando que a pesquisa ouviu 1.035 mulheres por meio da própria plataforma da startup.

Formação acadêmica: participação feminina tem diminuído

Para desenvolver uma carreira é preciso passar pela formação acadêmica. Como consequência, o número de mulheres nos cursos de tecnologia tem caído.

Assim, o site Netsupport divulgou que os cursos de tecnologia cresceram 586% no Brasil nos últimos 24 anos. No entanto, a matrícula de mulheres reduziu de 34,89% para apenas 15,53% nos últimos tempos.

Quem segue nos estudos e entra na profissão precisa ainda enfrentar outras barreiras. Apesar da necessidade do mercado em contratar pessoas desenvolvedoras, as mulheres ocupam somente 24% das vagas de TI na atualidade.

Desse modo, é justamente por isso que há um movimento tão consistente de grupos e comunidades, além de hashtags nas redes sociais para empoderar a mulher e proporcionar o crescimento no número de mulheres na tecnologia.

Comunidades: conheça ações para incentivar mulheres na tecnologia

Como você viu até aqui as mulheres sempre se destacaram em várias áreas. Mas o setor de tecnologia, apesar de ser aberto à diversidade e à inclusão, ainda tem muitas barreiras para que meninas e mulheres na tecnologia as derrubem.

Contudo, se você deseja participar ou conhecer melhor o propósito de cada uma, acompanhe abaixo a relação que separamos para você.

  • R-Ladies: a comunidade R-Ladies tem a missão de aumentar a participação de gêneros sub-representados na comunidade R. Lembrando que R é uma linguagem de programação multi-paradigma voltada à análise de dados.
  • PyLadies: o grupo PyLadies é internacional e também busca a maior participação feminina nas comunidades de código aberto Python.
  • Women Who Code: a comunidade Women Who Code também estimula a diversidade nos grupos e carreiras que envolvem linguagens como Ruby, JavaScript, iOS, Android e Python.
  • Mulheres na Computação: grupo que defende a inclusão feminina na programação, com cursos, blog informativo e agenda de eventos.
  • Programaria: conta com mais de 5 mil mulheres na base de contatos. A missão do Programaria é empoderar meninas e mulheres através da tecnologia, sanando o déficit de DEVs no mercado.
  • Reprograma: trata-se de um projeto social que estimula o conhecimento da programação por mulheres cis ou trans. 
  • Secandidate: a comunidade incentiva mulheres a conquistarem empregos ou promoções que quiserem, com programas de mentoria e conteúdo rico para as participantes da comunidade. 

Avanços: como as startups estão promovendo a diversidade

Mas nem tudo está perdido. Por isso, algumas startups começam a promover mudanças no recrutamento e seleção com o objetivo de aumentar a pluralidade das equipes. Confira, portanto, algumas ações positivas:

  • currículo às cegas: o processo de recrutamento não leva em conta, inicialmente, os dados pessoais do (a) candidato (a);
  • vagas direcionadas: desde o anúncio da vaga, a startup já direciona a oportunidade para mulheres, pessoas negras, pessoas com deficiência, pessoas maduras ou LGBTQIA+;
  • trabalhar o employer branding da empresa no sentido de atrair candidatos (as) diversos.

Lembrando que a diversidade está ligada à performance financeira. Uma pesquisa da consultoria McKinsey demonstrou que na América Latina as empresas com executivos (as) com diversidade de gênero têm 14% mais chance de superar os concorrentes. Além disso, empresas com gestores LGBTQIA+ têm 25% mais chances de melhorar a sua performance.

RH Tech: por que o setor ainda está a um passo atrás?

Gigantes do setor de tecnologia, como Google, Facebook, Twitter e Apple têm, em média, 30% do seu quadro de colaboradores formados por mulheres.

Mas no Brasil, esse índice é um pouco menor. Portanto, na área de Ciência da Computação apenas 18% são mulheres. E na área de Tecnologia da Informação (TI), somente 25% são mulheres, segundo o Programa YouthSpark da Microsoft.

Já de acordo com informações da US Equal Employment Opportunity Commission, a indústria tem mais diversidade que o setor de alta tecnologia. Veja a comparação:

Brancos:

  • 63,5% na indústria;
  • 68,5% nas empresas de tecnologia.

Homens:

  • 52% na indústria;
  • 64% na tecnologia.

Mulheres:

  • 48% na  indústria;
  • 36% na tecnologia.

Descendência asiática:

  • 5,8% na indústria;
  • 14% na tecnologia.

Descendência africana:

  • 14,4% na indústria;
  • 7,4% na tecnologia.

O que leva a um percentual menor de mulheres e imigrantes nas empresas de tecnologia, segundo a pesquisa? Não se sabe ao certo, se estaria relacionado à menor oferta de mão de obra, à falta de qualificação da mão de obra ou ao preconceito das organizações.

Experiência: como é ser uma desenvolvedora?

Deborah Carvalho, desenvolvedora Back-end

Mas como é o dia a dia de uma desenvolvedora? Acompanhe o relato da desenvolvedora Back-end, Deborah Carvalho, que trocou o Direito pela programação e encontrou sua satisfação profissional.

Eu formei-me originalmente em Direito e, apesar de não estar feliz na área, por muito tempo foi difícil abrir mão do tempo de estudo e dedicação investido.

Mas enfim, a coragem bateu à porta e resolvi me arriscar numa faculdade de Ciência da Computação. Apesar de ser um ambiente predominantemente masculino, sempre fui muito bem recebida no curso, seja por meus pares ou professores (as). Me dediquei bastante e posso dizer que me encontrei na área.

Cada vez me apaixonei mais por esse mundo, mas no início do ano, cheguei a trancar a faculdade, pois iria tirar um ano sabático. Quando os planos se desfizeram por causa da pandemia, optei por participar de um bootcamp de programação (Le Wagon), enquanto não retornava a faculdade, como uma forma de ter uma experiência mais vertical no estudo e, quem sabe, me arriscar a dar início à carreira.

Então, ao formar-me no bootcamp, comecei a procurar vagas e posso dizer que tive sorte com as empresas que encontrei no meu caminho. Hoje trabalho como desenvolvedora Back-end e posso dizer que nunca tive quaisquer problemas por ser mulher, seja na faculdade ou agora, ao iniciar no mercado.

Até o momento tive experiência em dois lugares diferentes em que fui muito bem recebida, e o time com o qual trabalho atualmente tem me recebido de braços abertos e me dado todo o auxílio para que eu me aprimore e cresça.

Existem outras mulheres no time e todas são valorizadas. Porém, sei que minha experiência particular não é replicada em todo lugar, por isso acho importante práticas de inclusão. A diversidade em qualquer ambiente é sempre proveitosa e visões diferentes de mundo e experiências só agregam ao crescimento de todos”.

Diversidade: tema em pauta nas redes sociais

Você sabia, por exemplo, que os temas mulheres na tecnologia e D&I (Diversidade e Inclusão) estão sendo mais buscados hoje do que há alguns anos?

Segundo especialistas, o tema “diversidade” está passando hoje em dia pelo mesmo status do termo “sustentabilidade” nos anos 90. Nesse sentido, se antes as empresas preocupavam-se com boas práticas para preservar os recursos naturais, agora elas priorizam a pluralidade das suas equipes de trabalho.

Além disso, o tema tem se espalhado nas redes sociais de forma muito rápida. Basta ver os reflexos do movimento BLM (Black Lives Matter), para denunciar o racismo e a violência contra pessoas negras, e o movimento MeToo, para denunciar o assédio sexual.

Só para lembrar o #BLM nasceu ainda em 2013, ganhando repercussão em 2020 com o assassinato de George Floyd por policiais brancos nos Estados Unidos. Já o #MeToo surgiu pela primeira vez em 2006, mas também ganhou repercussão em 2017 com o uso da hashtag pela atriz Alyssa Milano para denunciar casos de violência e assédio contra mulheres.

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Conclusão

O mercado está em evolução. A cada dia surgem novas vagas tech. Além disso, também aparecem novas tecnologias. Exatamente por isso é importante que as empresas tenham profissionais capacitados (as) para enfrentar os desafios, independentemente das diferenças entre si.

Mais do que isso é necessário ter políticas bem claras e definidas de inclusão nos times tech, sem preconceitos ou barreiras impostas pelas pessoas recrutadoras.

Nesse sentido, a Coodesh apoia a diversidade nos times de desenvolvimento por entender que uma equipe plural traz resultados melhores e proporciona a igualdade de acesso ao mercado de trabalho.

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