Metaverso a publicidade rumo a uma nova realidade

Metaverso: a publicidade rumo a uma nova realidade

Você sabe o que é “metaverso“, conhece a sua importância ou sabe como ele pode influenciar o futuro do mercado publicitário?

De tempos em tempos, surge uma nova tendência. Algumas delas, no entanto, têm um poder transformador, como as mídias sociais, que conectaram mundos, criaram profissões, novas oportunidades de negócio, ou os aplicativos de mensagem, que revolucionaram a comunicação e agregam a cada dia novas funcionalidades.

O metaverso, um ambiente de interação virtual com recursos de realidade virtual e aumentada, apresenta um potencial ainda maior. Apesar de ser um tema relativamente recente, ele vem ganhando força no mercado de forma muito rápida.

Metaverso já concorria para ser a palavra da moda em 2021, mas quando o Facebook anunciou sua mudança de nome corporativo para Meta, sinalizando um aumento do foco no metaverso, as coisas passaram para outro nível.

Grandes companhias, especialmente as big techs, caso da Microsoft, Nvidia, Tencent, Roblox Corporation e Epic Games – responsável pelo fenômeno dos videogames Fortnite – também já estão na competição para o desenvolvimento das suas plataformas de metaverso.

Em entrevista recente ao site The Verge, Mark Zuckerberg, fundador e presidente executivo do Facebook, agora chamado Meta, disse que “ao invés de apenas observar o conteúdo, você estará dentro dele”.

Em 9 de dezembro de 2021, após um período de testes com um público restrito, a plataforma Horizon Worlds, criada pela Meta, foi lançada para o público acima de 18 anos nos Estados Unidos e no Canadá.

O fato é que as empresas já estão entendendo a importância de investir nesse novo ambiente. Segundo estudo divulgado pela Grayscale, gestora de ‘bitcoins’, o metaverso pode gerar uma receita anual acima de US$ 1 trilhão, no entanto, não definiu prazo para que esse valor seja alcançado. Com esse mercado gigante a caminho, como a publicidade poderá crescer com o metaverso?

O futuro da publicidade no metaverso

Para a publicidade e para o marketing, o metaverso significa um novo universo, literalmente. Com a implementação, teremos novas oportunidades para explorar e oferecer diferentes soluções, estruturas e um horizonte aberto para trabalhar a criatividade em um ambiente de grande imersão, tanto a partir da realidade virtual quanto aumentada.

As marcas desejam estar onde o público se encontra, então, é natural que elas observem o metaverso como uma chance de estarem presentes no dia a dia de seus consumidores. Assim, com as novas ferramentas, nascem também oportunidades para dialogar com as gerações mais jovens, que estão cada vez mais tecnológicas.

Os usuários poderão dar vida aos seus avatares, criando um jeito próprio de ser e estabelecendo gostos e desejos de consumo; as marcas, por sua vez, poderão implementar comunicações próprias para essa nova dimensão que, para muitos, será um gêmeo digital do mundo físico.

Sabendo que as pessoas vão, cada vez mais, interagir, trabalhar, estudar e ter uma vida social por meio de seus avatares, por que não pensar que elas gostariam de fazer compras por lá?

Imagina você ir ao supermercado e com o seu celular ou com óculos especiais acessar vídeos de receitas ou escutar a tabela nutricional da embalagem? Ou mais, sem sair de casa, poder andar pelo mundo virtual do supermercado e comprar o que lhe interessa.

Ou então, poder interagir com o espelho da loja de roupas e mudar a cor da camisa, sem precisar trocar fisicamente a peça, ou, com seus óculos especiais, decidir se sua bolsa nova na loja combina com um sapato que você tenha em casa.

Imagina ser possível usar os óculos de realidade virtual para visitar um empreendimento decorado ou interagir com um anúncio de outdoor na rua, ou ainda usar a realidade aumentada para ter informações em tempo real de um prato novo do cardápio de seu restaurante favorito, composição, preparo e harmonização ideal com seu vinho. No salão de beleza, poder testar cortes e cores no cabelo antes do profissional, efetivamente, executar o trabalho.

Existem ainda empresas que podem usar o ambiente virtual como um espaço de teste: lançar um produto digital e, dependendo da resposta e aceitação do público, transformá-lo em um ativo físico.

As oportunidades também passam pelas conexões com outros ativos digitais, como criptomoedas e as NFTs (Non-Fungible Token). As marcas podem apresentar uma edição limitada de algum produto e fazer a tokenização, garantindo aos avatares a propriedade.

Muitas serão as possibilidades do metaverso, a partir da própria evolução do ecossistema e do seu amadurecimento, com experiências cada vez mais profundas e imersivas. Porém, as empresas que queiram embarcar nessa nova realidade, terão que considerar todos os mesmos problemas que afetam a realidade dentro do seu mundo virtual. Será importante estar atento para não cometer deslizes com a publicidade infantil e até casos de assédio.

Ainda durante o período de testes, em 2021, algumas usuárias da plataforma Horizon Worlds, da Meta, relataram que tiveram o seu avatar “apalpado”. O fato provocou algumas mudanças na forma de interação entre os usuários da plataforma, visto que o ambiente segue em processo de desenvolvimento.

Outro papel importante das empresas será a coleta de informações no metaverso. A base de dados direcionará quais estratégias serão mais assertivas em relação à criação de promoções, ações e campanhas, além de moldar a experiência do usuário. As marcas conseguirão compreender melhor seus consumidores e, dessa forma, terão mais inteligência estratégica não somente para se comunicar, mas para se conectar de forma autêntica e verdadeira, sem uma exposição forçada.

Algumas marcas no Brasil já dão os primeiros passos no metaverso

Em 2003, a Magalu apresentou o avatar Lu, personagem lançada para ser inicialmente um bot de atendimento aos clientes do e-commerce. Entretanto, hoje, a Lu possui mais de 5 milhões de seguidores no Instagram, esteve ao lado da cantora Anitta no lançamento da Magalu no Rio de Janeiro, entrou na Super Dança dos Famosos da TV Globo, e estampou a capa de fevereiro de 2022 da edição digital da revista Vogue Brasil.

A apresentadora Sabrina Sato também já se adiantou e anunciou o lançamento da Satiko, sua influenciadora dentro do metaverso. Segundo Sabrina, a personagem será uma mistura de seu alter ego com uma figura de características próprias que viverá experiências que ela afirma não ter tempo para viver. O McDonald’s também já deu o primeiro passo no metaverso: a marca homologou um pedido de patente para ativos virtuais e um dos itens inclusos é um restaurante que irá contar com produtos reais e digitais.

Outra marca no metaverso é o iFood. A empresa foi a primeira foodtech a conectar o mundo virtual e o real com o lançamento da lanchonete Avalanches, que fica no servidor Cidade Alta, do jogo GTA RP. Os jogadores podem ser entregadores da marca e ganhar dinheiro virtual para usar no game, além de receber cupons de desconto na vida real. Outro exemplo recente vem da Brahma, que também criou um bar dentro do servidor Cidade Alta para estrear a bebida Brahma Duplo Malte Long Neck.

Ainda durante o Big Brother Brasil 22, a Rede Globo presenteou 2 participantes do reality com uma visita ao seu ‘metaverso’, como contou o diretor da atração:

“A gente tá montando um sistema e você vai poder convidar uma pessoa para poder ir junto com você. Ainda aqui no ‘Big’, a gente vai te levar para um outro ambiente, e você vai viajar pra um outro mundo completamente diferente (…) É muito legal. Eu vi a experiência. É a coisa mais louca do mundo. E… é o futuro!”, explicou Boninho.

Embora a experiência tenha sido bem divertida e interessante, a emissora parece ter se equivocado ao clamar que estariam em um “metaverso”. O que deu espaço para críticas de algumas pessoas mais entendidas no assunto, que classificaram a iniciativa como um jogo em realidade virtual e não um metaverso, como mencionado.

Os metaversos mais populares do momento

Com tamanha competitividade e movimentação para fazer parte ou lançar um metaverso, é quase certo dizer que os mundos virtuais vieram para ficar. Destacamos então os 3 metaversos mais populares atualmente, e quais são os pontos positivos e negativos de cada um deles.

Axie Infinity – O game Axie Infinity (AXS) consiste em criaturas, chamadas Axies, colocadas em batalhas com outras criaturas, em um jogo que funciona à base de turnos, quase como uma mistura de Pokémon e Neopets.

O fator que gerou visibilidade para a Axie Infinity foi a possibilidade de ganhar dinheiro de verdade ao jogar o game. Durante a pandemia de coronavírus, Axie cresceu de modo surpreendente, especialmente nas Filipinas, onde alguns usuários passaram a usar o jogo como fonte de renda.

Em março deste ano, o token AXS disparou após um comunicado que indicava planos para dar o controle do tesouro de quase US$ 1 bilhão do projeto para os detentores do token AXS. Devido ao valor do tesouro, a equipe da Axie explicou que o processo acontecerá como uma “descentralização progressiva”.

CryptoVoxels – O CryptoVoxels é considerado um dos menores metaversos, pois os criadores desse mundo virtual não investiram tanto em parcerias com grandes marcas — algo que pode mudar em breve.

Diferentemente de outros metaversos, CryptoVoxels não é focado em games. Desenvolvido na Ethereum (ETH), o mundo virtual é usado principalmente para eventos sociais, como shows virtuais e desfiles de moda.

O CryptoVoxels tem aparência pixelada e conta com estruturas diferentes, construídas por usuários, que vão desde templos até academias. O metaverso conta com uma base de usuários mais velhos e que formam uma comunidade para criação e uso de tokens não fungíveis (NFTs) de vestuário para avatares.

Decentraland – O metaverso de Decentraland (MANA) ganhou destaque nos últimos tempos por realizar uma versão digital do torneio de tênis Australian Open. Além disso, o mundo virtual também já trabalhou com grandes nomes, como Sotheby’s e Samsung, na criação de réplicas virtuais de sedes e lojas no mundo real.

Em Decentraland, o usuário pode escolher um dos mais de 90 mil lotes de terra virtual, em NFTs, e construir o que quiser. O metaverso também conta com um marketplace para compra e venda de itens para os avatares.

Como esse macroambiente já está em ebulição, quem não quiser ficar para trás precisa começar a agir agora. É necessário entender que o metaverso não será um espaço apenas de socialização, e sim o lugar onde a vida acontece, unindo trabalho, compras, interação e tudo mais. As experiências imersivas, hoje já importantes e presentes para as gerações Alpha e Z, poderão ser aprofundadas e aperfeiçoadas. 

As possibilidades são inúmeras; a receita para explorar o metaverso, no entanto, ainda não existe, pois, ainda é cedo para saber se a aplicação será mais voltada para o entretenimento ou numa nova forma de compra e venda das empresas. Resta às empresas acompanharem a evolução do conceito de perto para descobrir os próximos passos.

A questão que fica para o momento é: sua marca já pensou em estar no metaverso? Se sim, como?

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