Mostra exibe 25 filmes do “Expressionismo Alemão”

6 de agosto de 2020 às 0h10

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Crédito: Divulgação/FCS

A Fundação Clóvis Salgado, por meio do Cine Humberto Mauro (CHM), dá início amanhã à primeira parte da mostra on-line “Expressionismo Alemão”, que reúne 13 longas-metragens de um dos movimentos cinematográficos mais influentes da história das artes. Serão disponibilizados filmes dos diretores alemães Robert Wiene (1873-1938), Friedrich Wilhelm Murnau (1888- 1931), Paul Leni (1885-1929), e dos austríacos Fritz Lang (1890-1976) e Georg Whilhelm (1885-1967).

O programa integra o projeto “Palácio em Sua Companhia” e tem o objetivo de continuar garantindo ao público o repertório do Cine Humberto Mauro durante o período de isolamento social, de forma acessível e segura.

As tradicionais sessões do CHM continuam em versão on-line, disponibilizadas no site da Fundação Clóvis Salgado. Estão previstas também sessões especiais das tradicionais mostras “História Permanente do Cinema” e “Cinema e Psicanálise”, que contarão com a exibição on-line ao vivo, pelo YouTube da FCS, de um longa seguido de comentários de especialistas.

A mostra “Expressionismo Alemão” possui curadoria conjunta de Bruno Hilário, Vitor Miranda, Mariah Soares, Matheus Pereira e Júlio Cruz. Na primeira parte da mostra, serão exibidos filmes mudos que consagraram o estilo, como “O Gabinete do Dr. Caligari” (1920), “Nosferatu” (1922) e “Metrópolis” (1927). Na segunda parte da mostra, que entra no ar dia 21 de agosto, serão adicionados mais 12 longas que aprofundam a discussão em relação ao movimento a partir de obras menos difundidas. O conjunto de 25 filmes estará disponível até o dia 8 de setembro.

Desesperança – O movimento expressionista alemão emergiu entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, no período de 1919 até 1933 (República de Weimar). Após o conflito da Primeira Guerra, e pelas restrições impostas pelo Tratado de Versalhes, a sociedade alemã convivia com um forte sentimento de desesperança e intensa crise econômica. Despontado pela poesia e pela pintura no início do século XX, o expressionismo também teve forte representação no teatro, na arquitetura e no cinema mudo.

Nesse contexto, cineastas construíam narrativas que buscavam apreender a angústia e o pessimismo da época. Segundo Mariah Soares, “os filmes expressionistas são compostos por cenários distorcidos, enigmáticos, e pelo uso de luzes e sombras muito contrastadas na fotografia, gerando um aspecto fantasioso. Todos os elementos estéticos contribuíam para narrativas mais sombrias, que representavam a visão de mundo não só dos cineastas, mas de uma população que havia passado por um período traumático de desgaste social e econômico”.

Segundo Mariah Soares, “os filmes expressionistas se opunham, em sua grande maioria, ao mundo burguês e ao trabalho mecânico, sendo uma forma de expressão que tratava fortemente de questões sociais, emocionais e psicológicas”. De grande influência na história do cinema, as produções alemãs do início do século XX estabeleceram bases para dois grandes gêneros do cinema moderno: o filme de terror e o filme noir.

Robert Wiene é um dos mais importantes diretores do cinema alemão, e tem como produção mais memorável o terror de “O Gabinete do Dr. Caligari” (1920), como um dos destaques da mostra. O longa traça uma metáfora do olhar distorcido, configurado pelo pós-guerra: cenários compostos por objetos deformados, telhados em estilo gótico, ruas estreitas, tortas e entrecortadas. “O Gabinete do Dr. Caligari” segue na história como referência estética de muita influência.

Já Friedrich Wilhelm Murnau dirigiu sete dos 13 filmes apresentados na mostra, e foi um dos mais importantes realizadores do cinema mudo expressionista. Dirigiu “Nosferatu” (1922), clássico que rompe com os modelos cinematográficos da época e incorpora novos efeitos especiais.

Dois anos depois, “A Última Gargalhada” (1924) representou o grande marco na carreira do diretor: movimentos de câmera complexos, que acompanhavam a ação dos atores, passaram a contribuir para a transmissão do estado psicológico dos personagens – inovação que deu início ao movimento “Kammerspielfilm”, forma de filmagem que apresentava uma visão intimista das classes trabalhadoras germânicas.

Também fazem parte da mostra os longas de Murnau “Tartufo” (1922), “Fantasma” (1922), “Fausto” (1926), baseado na obra do escritor Goethe, e “Aurora”(1927), considerado a obra-prima de Murnau.

Cineasta e produtor austríaco que construiu sua carreira entre a Alemanha e Hollywood, Fritz Lang dirigiu “Metropolis” (1927), destaque da mostra. O longa aborda a relação entre as máquinas e o proletariado, atribuindo destaque à perda da humanidade devido ao processo incessante de trabalho. Do diretor, a primeira parte da mostra também conta com os longas A “Morte Cansada” (1921) e “M, o Vampiro de Dusseldorf “ (1931).

Pintor, desenhista de cenários e figurinista, Paul Leni começou a dirigir filmes durante a Primeira Guerra Mundial, e mudou-se para Hollywood posteriormente para se tornar diretor nos estúdios da Universal. Na mostra, o espectador poderá conferir um longa do cineasta produzido na Alemanha em 1924, “O Gabinete das Figuras de Cera”, e um dos filmes clássicos mais estilizados do período do cinema mudo, “O homem que ri” (1929), dirigido por Leni nos Estados Unidos.

A primeira parte da mostra  também conta com um longa do austríaco Georg Wilhelm Pabst,  A Caixa de Pandora” (foto), de 1929, com a atriz Louise Brooks no papel principal. Pabst dirigiu uma série de filmes mudos de conteúdo social e contribuiu para o grande prestígio internacional do cinema alemão.

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