• Época Negócios Online
  • Época Negócios Online
Atualizado em
Google Brasil (Foto: Reprodução/Facebook)

Ambiente do Google Brasil (Foto: Reprodução/Facebook)

Empresas como Apple, Netflix, Google e Dell chegam a ser 40% mais produtivas do que as demais empresas, de acordo com uma pesquisa realizada pela consultoria Bain & Company. Você pode pensar que isso acontece porque essas empresas conseguem atrair os melhores profissionais – que, naturalmente, têm alta produtividade – mas essa não é a melhor explicação, segundo o sócio da Bain & Company, Michael Mankins.

“Nossa pesquisa mostrou que essas empresas têm 16% de profissionais de ponta, ante 15% da média das empresas”, diz ele à Fast Company. “Essas empresas começam no mesmo patamar das demais, mas são capazes de produzir muito mais resultados”.

A chave é o que as companhias fazem com seus melhores profissionais. Executivos de grandes empresas em 12 setores da indústria global afirmam que há três componentes que afetam mais a produtividade: tempo, talento e energia.

As melhores empresas organizam seus processos de forma a obter 40% mais produtividade, e consequentemente têm margens de lucro 30% a 50% maiores do que a média.

“Eles produzem mais até as 10 da manhã de terça-feira do que as outras empresas fazem em uma semana”, diz Mankins. “Essa diferença aumenta a cada ano: depois de uma década, essas empresas podem produzir 30 vezes mais do que as demais, com o mesmo número de funcionários”.

Mankins explorou os métodos e mentalidade das empresas com melhor desempenho. Ele listou três elementos que as melhores empresas têm e o que fazem para melhorar a produtividade de seus funcionários.

1. Reunir os melhores profissionais

As empresas normalmente seguem um padrão igualitário não-intencional de seus funcionários, espalhando os maiores talentos em todas as funções, diz Mankins. Mas companhias como Google e Apple tendem a fazer uma divisão não igualitária. “Eles selecionam algumas funções que são importantes para o negócio, que afetam o sucesso da estratégia e execução, e preenchem 95% desses cargos com ótimos profissionais”, diz ele. “O restante das posições tem poucos profissionais de ponta”.

Um exemplo de quanto isso tem efeito prático é comparar a Apple e a Microsoft no início dos anos 2000, diz Mankins. “Foram necessários 600 engenheiros da Apple e menos de dois anos para desenvolver o iOS 10”, diz ele. “Enquanto isso, 10 mil engenheiros da Microsoft demoraram mais de cinco anos para desenvolver o Windows Vista. A diferença é a forma como essas empresas escolheram construir suas equipes”.

A Apple usou um time de profissionais de ponta porque o iOS 10 era uma missão de extrema importância para a empresa. Além disso, haviam bônus pelo desempenho das equipes – nenhum funcionário poderia receber um adicional, a não ser que toda a equipe recebesse também. Por outro lado, na Microsoft, 20% dos membros de cada equipe eram muito bem avaliados e a compensação dependia inteiramente do desempenho individual. “Cada membro da equipe que não é um ótimo profissional tem uma queda de produtividade”, afirma Mankins. “Mas se toda a equipe é formada por ótimos profissionais, a produtividade é extremamente alta”.

2. Diminuir a burocracia

Uma empresa média perde 25% de sua capacidade de produtividade em burocracias da própria organização, processos que desperdiçam tempo e não permitem que as pessoas façam o que precisam fazer. Isso costuma acontecer quando a empresa cresce, como uma tendência de criar processos para substituir decisões. Uma pesquisa publicada pelo Harvard Business Review mostrou que a burocracia dentro das empresas custa mais de US$ 3 trilhões por ano em perda de produção.

Os processos mais comuns são relacionados ao gerenciamento de despesas, diz Mankins. “Na maioria das empresas, existem limites de despesas e auditorias, e os funcionários são monitorados”, afirma ele. “Na Netflix, por outro lado, não há política de despesas. A única política é "aja pelo interesse da Netflix". É como se a empresa dissesse aos funcionários: "estamos assumindo que você não está aqui para trapacear a empresa, e não vamos criar processos que custam capital humano, tempo e energia". Eles dizem aos funcionários para agirem de acordo com seu julgamento, e assim eles podem ser mais produtivos”.

3. Ter líderes inspiradores

Um trabalhador engajado é 44% mais produtivo do que um funcionário satisfeito. Um empregado que se sente inspirado no trabalho é quase 125% mais produtivo do que um satisfeito, diz Mankins. Por isso as empresas inspiradoras apresentam um desempenho melhor.

“Aprendemos que você tem a capacidade de inspirar os outros ou não tem, mas isso não é verdade”, diz ele. “Ser um líder inspirador é algo que pode ser aprendido. As empresas que reconhecem isso e que investem nesse ponto têm um grande impacto na produtividade”.

A Dell é uma empresa que reconheceu a diferença entre equipes inspiradas e equipes satisfeitas, segundo Mankins. “Os times de vendas que tinham um líder inspirador eram 6% mais produtivas do que as que tinham um líder médio. Fazendo as contas, você estima que 6% representa uma receita extra de US$ 1 bilhão por ano". Seu conselho? "Considere o que a má liderança custa à sua empresa”.

Talento individual é ótimo, mas isso não é suficiente para salvar uma empresa. “Podemos tentar de tudo para imitar os hábitos de indivíduos muito produtivos, mas se a prática na empresa não se organiza de uma forma a estimular a produtividade, você pode fazer o que quiser com os funcionários que não terá o mesmo efeito”, afirma. “As empresas deveriam focar no coletivo, e não no individual”.