Antes do início da Copa do Mundo, muita gente o colocaria como provável goleiro mais vazado do torneio. Não era por menos: responsável pela meta da humilde Costa Rica, Keylor Navas terá que encarar nada menos que três campeões mundiais na primeira fase: Uruguai, Itália e Inglaterra. Mas o arqueiro pode deixar o Brasil consagrado...
Ao menos essa é a opinião do preparador de goleiros da seleção centro-americana, Luis Gabelo Conejo. Aos 54 anos, ele fala com a experiência de quem foi um dos destaques da equipe na campanha da Copa de 1990, quando a Costa Rica conquistou sua melhor classificação na história da disputa ao chegar às oitavas de final:
— O Keylor se desenvolve muito bem, sabe ler uma partida, tem bons conceitos técnicos e explosão. É um dos melhores do mundo
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Para aqueles que pensam que Conejo está apenas exaltando um compatriota para "puxar saco", a resposta vem através das estatísticas do Campeonato Espanhol: mesmo defendendo o humilde Levante, Keylor Navas foi considerado o melhor de sua posição, com 160 defesas e 39 gols sofridos, superando nomes bem mais badalados, como Victor Valdés, do Barcelona, e Thibaut Courtois, da seleção belga e do campeão Atlético de Madrid.
Tal desempenho o fez ser especulado em vários clubes pela imprensa europeia, tais como o próprio Atlético, o Sevilha, o Porto e até o Barcelona. Ir para o time de Neymar pode parecer um passo grande demais para o goleiro, mas Conejo garante que ele tem condições para isso:
— Eu o vejo em uma equipe grande da Espanha porque ele é rápido, potente e tecnicamente completo. No futebol de hoje, se requer que os goleiros joguem bem com os pés e Navas se encaixaria em qualquer time
Curiosamente, o próprio Conejo já negou uma chance a Navas no passado. Na primeira vez que os dois se encontraram, quando o titular da seleção ainda era um garoto e defendia uma seleção regional do sul da Costa Rica, o ex-jogador o achou pequeno demais:
— Mas ele se incorporou a um time seis meses depois e aí passou a se desenvolver, passando por todas as seleções de base, o time olímpico...
Na única partida que disputou até agora no Mundial do Brasil, na vitória por 3 a 1 sobre o Uruguai, Keylor tomou um gol de pênalti convertido por Edison Cavani, mas esteve perto de defender a cobrança. Quando o placar ainda marcava 1 a 0 para os sul-americanos, Navas conseguiu uma bela defesa em chute por cobertura de Diego Forlán, que desviou na zaga. O próximo desafio é nesta sexta (20), contra a poderosa Itália, às 13 horas (horário de Brasília), na Arena Pernambuco, mas Conejo resume o espírito que faz questão de passar para o pupilo:
— É importante estarmos em um grupo com três campeões mundiais, pois temos quase nada a perder e muito a ganhar. Ao contrário do que acontece quando jogamos contra times do nosso nível, onde há um relaxamento, contra rivais de altos quilates damos um passo a mais, fazemos um esforço. É uma benção e um orgulho estar neste grupo.