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Será possível escolher o melhor arqueiro da história do "Timão"?

Difícil. Tempos e estilos muito diferentes separam Gylmar, Ronaldo, Dida e Cássio. De todo modo, segue uma análise das características dos quatro.

Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti

Cássio, no topo da lista até para Ronaldo Giovanelli. Será?
Cássio, no topo da lista até para Ronaldo Giovanelli. Será? Cássio, no topo da lista até para Ronaldo Giovanelli. Será?

Convenhamos, a mim parece absolutamente ilógica qualquer pesquisa destinada à escolha da melhor qualquer coisa de cada coisa em todos os tempos. Melhor atriz, melhor ator, o melhor filme, tudo bem, vá lá, estão por aí as películas à disposição de quem deseje analisar. Idem em relação ao melhor cantor, ou à melhor atriz, melhor canção, estão aí os fonogramas, ainda que os tempos e os seus costumes respectivos produzam distorções de julgamento. Todavia, optar pelo melhor arqueiro da história do Corinthians é uma tarefona para um humano onisciente e/ou onipotente.

Um dos pênaltis que Cássio catou em Avellaneda
Um dos pênaltis que Cássio catou em Avellaneda Um dos pênaltis que Cássio catou em Avellaneda

Catalisou a discussão o fato de Cássio ter fulgurado na peleja de quarta-feira, dia 27 de Fevereiro, ao defender os dois penais que redundaram no dramático sucesso do “Timão” sobre o Racing da Argentina, na Copa Sul-Americana. Num primeiro ato, porque o gaúcho de Veranópolis cumpriu, em tal porfia, a sua exibição de número 395 na meta do clube e se igualou a Gylmar dos Santos Neves, um superastro no decurso da década inteirinha de 50.

Cássio e Ronaldo Giovanelli, em 2019
Cássio e Ronaldo Giovanelli, em 2019 Cássio e Ronaldo Giovanelli, em 2019

Daí, num ato subseqüente, porque apareceu em cena Ronaldo Giovanelli, o recordista na posição, 602 pelejas entre 1988 e 1998, um justo candidato ao galardão. Pois Ronaldo ampliou o debate ao dizer que, apesar dos seus números, caberia a Cássio ocupar o topo da classificação. Mais: no percurso da discussão, alguém se lembrou do baiano Dida, “Mosqueteiro” de 1999 a 2002 e um dos responsáveis pelo título do Mundial de Clubes da Fifa de 2000 ao catar um pênalti na final contra o Vasco da Gama no Maracanã.

Dida contra o Vasco, em 2000
Dida contra o Vasco, em 2000 Dida contra o Vasco, em 2000

Repito o “convenhamos” da abertura deste artigo. Ora, de que maneira comparar atletas em ação durante épocas tão distantes e por elencos e contra adversários tão diferentes? Admito que não ousaria mergulhar em águas tão traiçoeiras. Mas, porém, todavia, contudo, no entanto, eu testemunhei todos os quatro ao vivo e em cores, nos gramados e não apenas pela TV. E por isso acredito que consiga analisar o básico das suas características. Não importa se naqueles idos de Gylmar eu não passava de um adolescente e agora, diante de Cássio, já entrei na veteranice. Confio nas sensações que se agregaram à minha memória. A decisão sobre o melhor fica para quem me lê.

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Observação:

Na contagem das partidas pela seleção aparecem aquelas que cada um disputou enquanto integrava o “Mosqueteiro” e, daí, entre parênteses, o seu total pela CBF. Quanto aos títulos pela seleção, se referem exclusivamente aos abiscoitados quando recebeu a convocação como atleta do Corínthians.

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Gylmar, em 1954, sem medo das munhecadas
Gylmar, em 1954, sem medo das munhecadas Gylmar, em 1954, sem medo das munhecadas

GYLMAR DOS SANTOS NEVES

Santos/SP, 22/8/1930 – 25/8/2013

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Altura: 1m81.

Partidas pelo clube, de 1951 a 1961: 395

Campeonato Paulista – 1951, 1952, 1954

Torneio Rio São Paulo – 1953, 1954

Partidas pela seleção, de 1953 a 1961: 55 (93)

Copa do Mundo – 1958

Em 25/11/1951, acusado de fracassar num cotejo do Paulista, contra a Portuguesa, então uma esquadra poderosa, derrota por 3 X 7, acabou encostado por quatro meses e, depois, se tornou um ídolo indebatível. Embora econômico nas acrobacias, se destacava pela elasticidade e pelas intervenções nas bolas altas, as chamadas “pontes”. Sóbrio, frio, seguríssimo, não hesitava em sair da área pequena e, com munhecadas potentes, desviar os escanteios e os chuveirinhos. Gylmar foi um dos pioneiros na sua posição a abdicar das velhas joelheiras de proteção. E não recorria às luvas.

Ronaldo, final dos anos 80, cabeludíssimo
Ronaldo, final dos anos 80, cabeludíssimo Ronaldo, final dos anos 80, cabeludíssimo

RONALDO SOARES GIOVANELLI

São Paulo/SP, 20/11/1967, ambidestro

Altura: 1m88

Partidas pelo clube, de 1988 a 1998: 602

Campeonato Brasileiro: 1990

Campeonato Paulista: 1988, 1995, 1997

Partidas pela seleção, de 1991 a 1993: 2 (2)

Copa do Brasil: 1995

Reserva de dois egressos da seleção, Carlos e Valdir Peres, o treinador Jair Pereira o promoveu como titular exatamente num clássico diante do São Paulo, em 28 de Fevereiro. E o Corinthians venceu por 2 X 1 graças a Ronaldo, que pegou um pênalti batido por Darío Pereyra. Essencialmente um torcedor em campo, agitado, falador, espetaculoso, um milagreiro mas, também, às vezes exagerado nas reclamações, na indisciplina e em atritos bobocas com os colegas. Pegou 24 penais em sua carreira no “Timão”. Embora idolatrado pela torcida, e contra a sua vontade, acabou negociado com o Fluminense, por um mero capricho do recém-contratado Vanderlei Luxemburgo.

Dida, com uma rara expressão no rosto
Dida, com uma rara expressão no rosto Dida, com uma rara expressão no rosto

NÉLSON DE JESUS DA SILVA - DIDA

Irará/BA, 7/10/1973, canhoto

Altura: 1m95

Partidas pelo clube, de 1999 a 2002: 100

Mundial da FIFA: 2000

Campeonato Brasileiro: 1999

Copa do Brasil: 2002

Torneio Rio-São Paulo: 2002

Partidas pela seleção, de 1999 a 2002: 35 (91)

Copa do Mundo: 2002

Adjetivar Gylmar como sóbrio e frio significa determinar Dida como gélido e inabalável. Por seu desempenho marcante, no Cruzeiro de Belo Horizonte, ganhou um contrato com o Milan da Itália. Mas, satisfeito com Sebino Rossi, Christian Abbiati e Valerio Fiori, o treinador Alberto Zaccheroni o estacionou no Lugano da Suíça e em seguida o emprestou ao “Timão”. Por alguns meses, em 2000, retornou à Bota, ainda sem se fixar. E o Milan o re-emprestou.

Apesar dessa intermitência, a sua estada no “Mosqueteiro” se definiu pela categoria com que enfrentava os penais. No desenrolar da sua carreira, evitou dois de Rogério Ceni. Aliás, formidavelmente, num curto período, evitou quatro em série. Em 24/11/1999, o batido por Marcelo Souza no Brasileiro, 1 X 1 diante do Guarani. Na pugna imediatamente seguinte, 29/11, dois penais cobrados por Raí, do São Paulo, placar de 3 X 2, que levaria o Corinthians à final contra o Atlético Mineiro e ao troféu da temporada. E, em 14/1/2002, o chutado por Gilberto na decisão por penalidades do primeiro Mundial da FIFA, o oficial. Impressionante: Dida praticamente não celebrou.

Cássio, com Tite ao fundo, no Mundial da FIFA, 2012
Cássio, com Tite ao fundo, no Mundial da FIFA, 2012 Cássio, com Tite ao fundo, no Mundial da FIFA, 2012

CÁSSIO RAMOS

Veranópolis/RS, 6/6/1987, canhoto

Altura: 1m96

Partidas pelo clube, desde 2012: 395

Mundial da FIFA: 2012

Copa Libertadores: 2012

Recopa Sul-Americana: 2013

Campeonato Brasileiro: 2015, 2017

Campeonato Paulista: 2013, 2017, 2018

Partidas pela seleção, desde 2012: 1 (12)

Um acumulador de performances extraordinárias. Logo na sua estréia numa porfia pela Libertadores, em 2/12/2012, fase das oitavas-de-final, na rota da inédita conquista daquela taça pelo “Timão”, garantiu a igualdade de 0 X 0, no Equador, diante do Emelec. Na etapa das quartas, aos 87’ do jogo contra o Vasco, assegurou o resultado de 1 X 0 ao realizar uma intervenção de fato exponencial, cara-a-cara com Diego Souza. O Corinthians arrebatou invicto aquela edição da Copa, 22 tentos a favor e 4 sofridos, em 14 combates. E Cássio amealhou o precioso laurel de arqueiro da competição.

Em 16 de Dezembro, num outro desempenho fenomenal, liderou o alvinegro na decisão, contra o Chelsea da Inglaterra, de outro Mundial da FIFA, 1 X 0. E ganhou o prêmio duplo de melhor do cotejo e do certame. Porque é o único dos quatro a somar todos os títulos possíveis, do Paulista ao Mundial, reúne todos os atributos cruciais para justificar um posto superlativo no panteão dos heróis do “Mosqueteiro”. No entanto, e sempre existe um senão, há quem o acuse de fraquejar infantilmente em lances simples e de sempre sair muito mal da meta. De fato, conforme prega o ditado, “ninguém é perfeito”.

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