Avião elétrico pode ser a saída para reduzir as emissões da aviação

A startup holandesa de aviação Elysian está reimaginando tudo que o setor pensava ser possível com aeronaves elétricas

Crédito: Elysian

Adele Peters 4 minutos de leitura

Quando um avião de passageiros totalmente elétrico fez um voo de teste em 2022, não tinha muito espaço a bordo – o projeto, de uma startup chamada Eviation, comporta apenas nove passageiros. 

Outros aviões elétricos a bateria que estão sendo desenvolvidos também são relativamente pequenos, e estudos sugerem que os aviões totalmente elétricos só poderiam transportar até 19 pessoas. 

No entanto, uma startup holandesa chamada Elysian está trabalhando em um avião de 90 assentos que será capaz de viajar quase 800 quilômetros com uma única recarga.

O pensamento convencional sobre aviões elétricos movidos a bateria é que eles não podem ser grandes nem percorrer distâncias muito longas por causa do peso das baterias. "Na verdade, essa crença se baseia em um conjunto de cálculos que as pessoas fizeram", diz Reynard de Vries, diretor de design e engenharia da Elysian. 

"Essas pessoas pensaram assim: 'vamos pegar a melhor aeronave de curto alcance possível e tentar eletrificá-la. O que aconteceria se, em vez de usar combustível, usasse baterias? Se qualquer um fizer as contas, vai perceber que será um avião com desempenho muito ruim. O alcance será limitado."

Se tudo correr como planejado, os primeiros voos poderão ser realizados em 2033.

Mas todo esse cálculo pode mudar se o projeto for repensado em vez de se tentar adaptar um avião moderno básico. Um dos cofundadores da Elysian, o engenheiro aeroespacial Rob Wolleswinkel, buscou inspiração em projetos de aviões mais antigos e começou a trabalhar com pesquisadores da Universidade de Tecnologia de Delft para calcular o potencial de uma nova concepção de aviões elétricos.

O projeto conceitual da startup é inspirado em aviões maiores e mais antigos, projetados para percorrer distâncias muito longas e transportar muito combustível. O projeto da nova aeronave tem asas largas e um corpo menor do que o de um avião comum, o que ajuda a melhorar a aerodinâmica.

Crédito: Elysian

As baterias são colocadas nas asas, aproveitando o espaço extra e tornando o corpo do avião mais leve. Ter as baterias pesadas nas asas "é muito benéfico do ponto de vista estrutural", explica de Vries. O peso é distribuído uniformemente pelas asas, em vez de sobrecarregar a fuselagem. 

Um sistema de reserva de gás pode ser usado se um voo atrasar ou for desviado inesperadamente. Mas em um voo padrão, com baterias que têm uma densidade de energia de 360 watts-hora por quilograma, o avião pode percorrer 800 quilômetros somente com as baterias.

A equipe agora está trabalhando em uma lista de desafios técnicos, desde o desenvolvimento dessa bateria até a forma como a energia seria transportada pelo avião. Eles planejam ter um projeto atualizado até o final do ano e, em seguida, mergulhar em um desenvolvimento mais detalhado. Se tudo correr como planejado, os primeiros voos poderão ser realizados em 2033.

Crédito: Elysian

Aviões elétricos desse porte poderiam substituir um grande número de voos. "Cerca de metade dos voos em todo o mundo tem menos de mil quilômetros", diz Daniel Jacobson, co-CEO e diretor de negócios da Elysian.

"Isso representa cerca de um quinto de todas as emissões de CO2 na aviação. Com uma aeronave como essa, que não tem emissões, é possível resolver uma parte significativa do problema total."

As companhias aéreas estão acelerando seus planos de transição para combustível de aviação sustentável (SAF, na sigla em inglês), embora algumas formas de combustível possam não ser muito sustentáveis. Também não há suprimento suficiente de SAF, portanto, se mais voos puderem ser elétricos, isso ajudará.

Crédito: Elysian

Para cada milha percorrida por passageiro, o avião elétrico também seria cinco vezes mais eficiente do que um movido a combustível de aviação sustentável.

O SAF também é mais caro do que o combustível de aviação padrão. Como governos como o da União Europeia exigem que as companhias aéreas comecem a usá-lo mais, os aviões elétricos poderiam começar a competir em termos de custo.

O novo avião da Elysian foi projetado para competir com outros aviões que viajam cerca de 500 milhas, como a série Boeing 737 MAX ou o Airbus A320. Se o custo do combustível aumentar o suficiente, isso vai ser possível.

"Acreditamos que podemos entregar um avião até 2033 que consiga competir em termos de custos para ser realmente uma boa decisão econômica para as companhias aéreas, e não apenas uma decisão sustentável", diz Jacobson.


SOBRE A AUTORA

Adele Peters é redatora da Fast Company. Ela se concentra em fazer reportagens para solucionar alguns dos maiores problemas do mundo, ... saiba mais