Multicampeão Daniel Alves pode ampliar recorde de títulos e ter o ano mais feliz da carreira

Rodrigo Bueno
Rodrigo Bueno

Messi, enfim campeão com a seleção principal da Argentina, é a maior ameaça em atividade ao recorde de títulos de Daniel Alves, o jogador mais vezes campeão de torneios oficiais no futebol. Os dois são amigos e ostentam um título mundial sub-20, que entram em algumas contas e ficam fora de outras listas de taças dos dois grandes parceiros na época de Barcelona. Messi possui também uma medalha de ouro olímpica, algo que Daniel Alves poderá conquistar neste sábado na final contra a Espanha no Japão.

Há quem diga que o título olímpico não deveria contar na lista de títulos profissionais, assim como as disputas sub-20, pois são competições com restrição de idade. Eu entendo que devem sim entrar na conta, sobretudo o ouro olímpico, que acertadamente está sendo a prioridade de Daniel Alves no momento. E não é porque ele disse, em entrevista à Fifa, que planeja chegar a 50 títulos na carreira, apontando para a Copa do Mundo de 2022.

Daniel Alves conquistou 23 títulos oficiais com o Barcelona, incluindo três Mundiais de Clubes da Fifa
Daniel Alves conquistou 23 títulos oficiais com o Barcelona, incluindo três Mundiais de Clubes da Fifa Shaun Botterill/FIFA via Getty Images

Uma medalha de ouro olímpica vale muito mais do que muitos dos títulos que o lateral-direito e meio-campista do São Paulo já faturou em sua carreira. Ele tem cinco Supercopas da Espanha e uma Supercopa da França. São taças oficiais, mas torneios de menor importância, disputas que servem simbolicamente mais para abrir a temporada de um país. O primeiro e o último título de Daniel Alves nem são nacionais, mas certamente valem mais do que Supercopas para o folclórico ala baiano. Ele ganhou a Copa do Nordeste com seu querido Bahia em 2002 e conquistou o Paulista com seu amado São Paulo em maio deste ano, ajudando a tirar o time do coração da fila e realizando um sonho de criança.

Registros frios indicam 33 títulos para Cristiano Ronaldo e Xavi, 34 taças para Piqué e Vítor Baía, 35 troféus para Kenny Dalglish e 36 conquistas para Giggs. Messi tem 37 títulos, assim como Iniesta e Maxwell, se não contarmos seu Mundial sub-20. Mas, se usarmos esse critério, Daniel Alves teria 41 títulos, e não 42, como muitos divulgam. O gênio argentino ganhou 35 de seus troféus oficiais com o Barcelona. O lateral brasileiro, decisivo na semifinal olímpica contra o México, experimentou sucesso em várias frentes e pode ser capitão de mais uma conquista do Brasil. São duas taças da Copa América para ele (a de 2019 como capitão e melhor do torneio) e duas edições da Copa das Confederações.


'A vitalidade do Daniel Alves é impressionante', diz Eugênio Leal após classificação do Brasil à final olímpica


  


         
 


    

 

Com a esperada permanência de Messi no Barcelona, o argentino tem boa chance de chegar aos 40 títulos oficiais na carreira. Aos 38 anos, Daniel Alves tem menos tempo e menos chance de empilhar mais troféus. Ele voltará ao São Paulo para tentar uma Libertadores e talvez uma Copa do Brasil (o Brasileiro está fora de cogitação nesta temporada). Qualquer título pelo time de seu coração será muito festejado, seja pela importância, seja pelo sentimento, seja pelas estatísticas pessoais. No melhor dos mundos para Daniel Alves, ele ganharia o ouro no sábado, a Libertadores neste ou no próximo ano e fecharia a conta dos principais títulos do futebol mundial com a Copa de 2022.

Daniel Alves, que já tem títulos da Copa América e da Copa das Confederações pela seleção, tenta agora o ouro olímpico
Daniel Alves, que já tem títulos da Copa América e da Copa das Confederações pela seleção, tenta agora o ouro olímpico Lucas Figueiredo/CBF

Listas de títulos às vezes têm mais quantidade do que qualidade. Mas cada um sabe melhor do que ninguém o real valor de cada troféu conquistado. Daniel Alves, que tem se comportado como um garoto faminto na primeira Olimpíada, sabe aproveitar a vida e seus troféus. Mesmo que não vença mais nada na carreira, seu currículo já é histórico. Resta saber agora aonde ele vai acabar?

 

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A eternidade do gol de Alisson, a celebração do narrador e a penitência do comentarista

Rodrigo Bueno
Rodrigo Bueno

“É o momento final, é o último momento, lá vai o Alisson. O relógio já passou dos 49 prometidos pelo árbitro, cai a chuva. Que tensão! Cobrança de escanteio... Alissoooooooooooon, Alissoooooooooooon. Gooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooool! Alisson! É do Liverpool. Histórico, heroico, o goleiro brasileiro vai para dentro da área e resolve como atacante. Que momento! Que coisa sensacional acontece no estádio The Hawthorns. Alisson de cabeça! Pro pai, né? Pro pai, né, Alisson? É pro pai. É pro pai! É pra toda a torcida do Liverpool, é pra arrepiar o amante do futebol! Alisson subiu e escorou copiando Salah, copiando os grandes atacantes da história! Um gol assinado por Kenny Dalglish, Ian Rush, por tantos e tantos, Robbie Fowler, por tantos e tantos que já vestiram essa camisa sagrada! Alisson neles, Mário Marra! Que é isso? Dois para o Liverpool, um para o West Bromwich!"

Não sei se o gol de Alisson no último lance dos 2 a 1 do Liverpool sobre o West Brom vai ser colocado no Louvre, como sugeriu o seu clube, ou se vai ser indicado para o prêmio Puskás, como eu sugiro. Acredito sim que esse gol, no final das contas, vai levar os Reds para o quarto lugar da Premier League e, assim, para a Champions League. Mas tudo isso pouco importa, é quase nada perto desse momento épico que o futebol proporcionou.

 

Veja o gol salvador do Alisson!

Para quem não viu, veja. Para quem não ouviu, ouça. A narração de Paulo Andrade, narrada por mim no começo deste post, está na eternidade, assim como o gol agônico de Alisson, um sujeito normalmente discreto, que viveu um grande drama na temporada e que acaba de entrar para a história como o primeiro goleiro a fazer um gol que clube que parece ser o mais talhado para milagres.

Não é de hoje que eu exalto o Paulo Andrade, faço isso há quase 20 anos, desde os primórdios da Premier League no Brasil. E tive a chance de dizer isso para ele pessoalmente há alguns dias quando transmitimos um jogo lado a lado depois de mais de uma década. E essa narração dele no domingo resume bem todas as virtudes de um profissional de sua área: além do vozeirão, leitura precisa do lance, percepção da importância do momento, sensibilidade e ligação com o Alisson, estudo e conhecimento do passado e do presente e, claro, dose perfeita de emoção para o torcedor do Liverpool e para os fãs de esporte.

Goleiro Alisson
Goleiro Alisson Getty Images

Não à toa, a narração de Paulo Andrade foi exibida no SportsCenter da ESPN matriz nos Estados Unidos, um país que, sabemos, ama muito esporte mas não sente o futebol da mesma maneira que quase todo o resto do planeta. Não foi “só um gol decisivo de goleiro no último lance do jogo”, foi muito mais do que isso, “não é só futebol”. Aliás, volto a citar obrigatoriamente Bill Shankly, lendário técnico do Liverpool: “O futebol não é uma questão de vida ou morte. É muito mais que isso.”

Paulo Andrade narra e conhece bastante de futebol, jogava muito bem como zagueiro (não sei se ainda joga), tinha em campo a mesma seriedade que mostra como narrador e é de uma família muito envolvida com o esporte (seu irmão mais novo, Luiz Andrade, jogou na base da Portuguesa e do Corinthians e hoje é preparador físico do Bahia). Esse conhecimento prático também ajuda o narrador dos canais ESPN e FOX Sports em seu trabalho, na minha opinião.

Mas e o comentarista, que aparece no título deste post? Não se trata do Mário Marra (estou com invejinha Red dele), que teve a sorte e a competência de estar ao lado de Paulo Andrade nesse jogo de domingo que jamais acabará. O Marra até agradeceu o Paulo Andrade por estar nessa partida épica e fez muito bem, pois seu nome entrou no fim da narração do gol junto com Salah, Dalglish, Rush, Fowler. Não sei se o Marra chorou, eu choraria e gravaria essa narração para sempre (fica a dica, Marra).

Só que eu sou mascarado e egocêntrico, o comentarista citado no título sou eu mesmo. Uma ou outra voz criticou o Alisson nesta temporada, mas ninguém mais do que eu. Antes da tragédia com o pai dele, eu cobrava de Tite que não colocasse mais o Alisson como titular da seleção brasileira, apontando que outros estão em melhor forma, sobretudo Weverton, do Palmeiras, e Ederson, do Manchester City. Alisson teve falhas seguidas e mostrava mesmo estar em momento difícil, levando gols que não levaria e pecando na saída de jogo também.

Alisson voa para operar um milagre em chute de Biglia no clássico entre Brasil e Argentina no Mineirão
Alisson voa para operar um milagre em chute de Biglia no clássico entre Brasil e Argentina no Mineirão Getty

Como sou marrento mas tenho um bom coração, eu aliviei nas críticas depois da morte do pai do Alisson, fiquei de fato tocado com o triste episódio. Curti e enviei uma ou outra mensagem para o Alisson depois disso em suas mídias sociais. Não tive nenhuma resposta, ele nem deve ter visto o que postei e talvez nem deva saber que eu fui quem mais o critiquei. E agora eu faço de novo um mea-culpa. Será que eu fui muito duro e injusto com o Alisson? Depois dessa volta por cima com esse gol antológico, ele não merece ainda mais ser o goleiro titular da seleção? Confesso estar envolvido emocionalmente agora com o goleiro que sofre do mesmo mal que eu (rosácea), e não por ser torcedor assumido dos Reds. É que todo mundo que sabia do drama de Alisson cabececou aquela bola com ele. Paulo Andrade, que não é Liverpool, fez isso.

Estou com uma sensação parecida com a de muitos colegas comentaristas que criticaram Bruno Covas por ter ido ao Maracanã com o filho na final da Libertadores torcer para o Santos em meio à pandemia. A emocionante foto dele de mão dada com o filho quando estava perto do fim na cama do hospital tocou o coração de todos. Ali não teve política nem nada. É uma questão humana mesmo. Muitos pediram desculpas públicas pelas críticas ao então prefeito de São Paulo, que quis curtir um momento especial com seu garoto santista pouco antes de partir.

Alisson e o pai
Alisson e o pai Reprodução

O narrador passa emoção, o trabalho dele vive muito disso, ele toca o coração das pessoas dando ainda mais vida a um gol, a um momento. O comentarista muitas vezes é chato, critica, fere, julga, cobra, incomoda, erra e afeta às vezes a vida de um atleta ou de milhares de fãs. Faz parte do trabalho do comentarista, felizmente ou infelizmente. Eu sou um comentarista, não vou deixar de analisar e opinar, sou pago para isso. Mas sou tão humano e sensível como um excelente narrador.

Peço que compreendam e perdoem as minhas críticas pontuais ao Alisson, ao Bruno Covas e a tanta gente. Não tenho nada contra ninguém. Quero a felicidade geral. No caso do Alisson então, torço muito por ele por clubismo e por entender seu drama e sua dor na pele. Torcerei sempre por você, Alisson. Foi assim no seu gol, mas vou te criticar sim quando você falhar. Afinal, quem não falha na vida? Todos falham. Mas poucos fazem o gol que você fez.  

You’ll Never Walk Alone!

 

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Guardiola valoriza 'Estaduais' e dá lição para quem se acha soberano

Rodrigo Bueno
Rodrigo Bueno

Com a conquista de mais uma Premier League, o badalado técnico Guardiola chegou a 31 títulos na carreira. Isso desde que virou treinador de time principal, pois o seu primeiro troféu mesmo como técnico foi a terceira divisão espanhola com o Barcelona B na temporada 2007/2008. São três campeonatos nacionais na Espanha, três na Alemanha e, agora, três na Inglaterra. Mas Guardiola tem um tetracampeonato genuíno: venceu a Copa da Liga da Inglaterra nas últimas quatro edições (2018/19/20/21).

Como eu e muitos outros comparam a Copa da Liga da Inglaterra com os Estaduais no Brasil, é possível dizer que o técnico mais admirado do planeta valoriza sim a competição que tem a menor importância no calendário que ele enfrenta. “Nós levamos a sério todos os jogos, caso contrário seria impossível vencer quatro Carabao Cups (Copas da Liga da Inglaterra) em sequência”, sentenciou a maior referência atual como treinador.

Guardiola venceu 10 dos últimos 15 troféus nacionais na Inglaterra e não ganha a Champions há uma década
Guardiola venceu 10 dos últimos 15 troféus nacionais na Inglaterra e não ganha a Champions há uma década EFE/EPA/JAMES BOARDMAN


Recentemente, Guardiola deu uma declaração estranha dizendo que o mais importante é a Premier League, depois vem a vaga para a Champions League (ficar entre os quatro primeiros do Campeonato Inglês) e depois vem a Champions League. Essa hierarquia de torneios está errada, claro. Talvez o treinador espanhol tenha tentado tirar a pressão que sofre pelo título da Champions, talvez tenha se referido à questão financeira, à necessidade de simplesmente disputar a Champions pela grana que ela gera.  

Será que na Inglaterra alguém cobra Guardiola por estar priorizando torneios domésticos? Ele venceu 10 dos últimos 15 troféus nacionais na Inglaterra e faz uma década que não conquista o mais nobre torneio europeu. Pode sair da fila no próximo dia 29 em Portugal na decisão continental contra o Chelsea. Mas e se perder outra vez de Thomas Tuchel, que o eliminou na Copa da Inglaterra e recentemente o venceu fora de casa na Premier League no que seria o jogo do título do City? 


 

Veja festa do título do City!


Guardiola já é o terceiro técnico com mais títulos na elite do futebol em toda a história (deve ultrapassar em pouco tempo o romeno Mircea Lucescu, mas talvez não alcance o escocês Alex Ferguson). O treinador do City é muito lembrado pela qualidade de jogo de suas equipes, mas ele é uma máquina de vencer também. Ele valoriza todos os torneios, todas as copas, supercopas e até mesmo o Mundial de Clubes que alguns na Inglaterra desdenham.

Sir Alex Ferguson é o técnico com mais títulos na elite do futebol em toda a história, com 49 troféus
Sir Alex Ferguson é o técnico com mais títulos na elite do futebol em toda a história, com 49 troféus Getty


Veja como Guardiola encarou o Santos em 2011 no Mundial de Clubes com seu supertime do Barcelona. Ele tratou a disputa da Fifa no Japão como se fosse um técnico brasileiro em um clube brasileiro. Lembrou com detalhes (e com admiração) da derrota que o Barça de Cruyff (Guardiola diz que não sabia nada de futebol até conhecer Cruyff) sofreu para o São Paulo de Telê em 1992.

Tele marcou época no São Paulo ganhando dois Mundiais, duas Libertadores, uma Supercopa, um Brasileiro, duas Recopas, uma Copa Conmebol com o “Expressinho” (Muricy dirigia o time na prática), mas ganhou o Paulista em 1991 vindo do humilde grupo amarelo do torneio e o bi do Paulista em 1992 tendo o Mundial no meio das finais com o Palmeiras. Telê até poupou titulares na estreia da Libertadores em 1992 (levou 3 a 0 do Criciúma) focando em um clássico contra o Palmeiras pelo Brasileiro.

Telê Santana conquistou com o São Paulo o Mundial de 1992 contra o Barcelona de Cruyff e Guardiola
Telê Santana conquistou com o São Paulo o Mundial de 1992 contra o Barcelona de Cruyff e Guardiola Reprodução TV


O São Paulo voltaria a ganharia títulos muito
importantes em série entre 2005 e 2008, quando então se proclamou “Soberano”. A
partir daí, parecia que o Estadual era uma praga e um estorvo para muitos são-paulinos.
Essa soberba explica muito da fila atual do clube tricolor, que não vence há 16
anos o Paulista (a maior fila estadual dentre os grandes clubes brasileiros). Isso
foi um grande erro a meu ver. Os grandes clubes europeus tentam ganhar tudo e
muitas vezes conseguem. Veja o Bayern na Alemanha, o Paris Saint-Germain na
França e o City do Guardiola.

Como seria se Guardiola fosse o treinador do São Paulo? Ele abriria mão do Estadual e o desprezaria ou ele tentaria igualar o Paulistano e ser tetracampeão paulista, assim como ele foi tetra na Copa da Liga da Inglaterra? Ele ganhou esse torneio de terceiro nível na Inglaterra em meio ao mata-mata da Champions, de olho em um duelo muito aguardado contra o PSG, rival do City em termos financeiros e políticos também. Guardiola não tem olhos só para a elite da bola e para os jogos mais midiáticos. Ele outro dia mostrava conhecer o drama do Figueirense!

Tem gente que usa o Guardiola como exemplo para tudo. O que ele pensa, diz ou publica vira lei, regra e verdade para muita gente. Que o enorme fã-clube de Guardiola reflita sobre essa fome resultadista do espetacular treinador que não abre mão dos torneios domésticos. Ou então tire do currículo do Guardiola todas essas dezenas de taças menos importantes e conte só as duas Champions que ele ganhou com o Barça de Messi, Xavi e Iniesta.

Troféu da Copa da Liga da Inglaterra, conquistado pelo City de Guardiola em 2018, 2019, 2020 e 2021
Troféu da Copa da Liga da Inglaterra, conquistado pelo City de Guardiola em 2018, 2019, 2020 e 2021 Divulgação

 

 

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Os não-rebaixamentos de Flamengo, Santos e São Paulo inspiram chuva de fake news

Rodrigo Bueno
Rodrigo Bueno

Basta você dizer ou postar que Flamengo, Santos e São Paulo são os únicos no futebol brasileiro que nunca foram rebaixados na história para chover relatos, asteriscos, prints, fotos, artes e teorias para dizer que a verdade não é bem essa e que esses três “incaíveis” já tiveram queda.

Com a possibilidade de rebaixamento do Santos na última rodada do Paulista, algo que foi evitado com a vitória sobre o São Bento, todo o passado de campanhas sofríveis do Peixe, do Mengo e do Tricolor pipocaram nas redes e em programas. Seria esse rebaixamento santista que não se consumou a maior vergonha de um time grande brasileiro? Foi o tema do BB Debate na sexta-feira, por exemplo.  

O Santos, diferentemente de outros grandes que jogaram a Taça de Prata, deveria ter atuado nessa disputa que tinha cara de segunda divisão do Campeonato Brasileiro mas que na verdade não era. A Taça de Ouro, entre 1980 e 1985, reunia no Brasileiro os melhores times com base na classificação dos Estaduais. O Santos foi o nono colocado no Paulista de 1982 e deveria assim jogar a Taça de Prata, só que foi convidado para disputar a Taça de Ouro e até terminou vice do Brasileiro em 1983. Mesmo se tivesse jogado a Taça de Prata, não seria um rebaixamento.

A Taça de Prata era ligada à Taça de Ouro, os melhores do torneio de menor peso se classificavam diretamente para a competição mais nobre. O Corinthians jogou a Taça de Prata em 1982 e “subiu” no mesmo ano. O Palmeiras já tinha feito o mesmo em 1981 e não conseguiu “ascender” para a Taça de Ouro em 1982. Os grandes rivais paulistas não foram rebaixados, eles apenas entraram em uma disputa nacional com dois módulos, simples assim.

Era possível ser campeão brasileiro vindo da Taça de Prata, assim como o São Paulo pôde ser campeão paulista de 1991 mesmo tendo feito vexatória campanha no Paulista de 1990. O Tricolor foi o 15º colocado em um campeonato que tinha 24 times. Ele simplesmente não se classificou para a fase decisiva do complicado e inchado Estadual daquele ano (e de tantos outros). O regulamento do Paulista de 1990, que claramente afirma não haver rebaixamento, já apontava para o regulamento de 1991.

O São Paulo jogou em 1991 em um grupo mais fraco (Grupo Amarelo) na primeira fase, e os outros grandes disputaram o grupo (Grupo Verde) com os mais bem classificados do ano anterior. Como já indicava o regulamento do Paulista de 1990, o São Paulo e os demais nove times que foram mal no ano anterior podiam avançar à fase final de 1991 e ser campeão. Foi uma espécie de Taça de Prata do Estadual, que se repetiu em outros anos. O São Paulo não foi rebaixado. O regulamento foi cumprido.     

Telê Santana já deu entrevista falando de rebaixamento do São Paulo, mas ele disputou o Grupo Amarelo da primeira divisão em 1991
Telê Santana já deu entrevista falando de rebaixamento do São Paulo, mas ele disputou o Grupo Amarelo da primeira divisão em 1991 Site Oficial São Paulo

O Flamengo, talvez por ser o clube mais popular do país e por ter assim um grande número de desafetos, rivais, antis e haters, é acusado de ter caído ou de merecer a queda em 1933, em 1987, em 1995, em 2002, em 2013, em 2014... Muita teoria da conspiração para poucos fatos dignos de análise mais profunda. Lanterninha do Carioca de 1933, o Fla não caiu como ninguém caía durante décadas do Estadual do Rio. Simplesmente não havia rebaixamento. A campanha rubro-negra foi medonha, o clube demorou a entender o profissionalismo (que nasceu oficialmente no país em 1933) e penou. Penou, mas não caiu.   

Em 1987, acho que todo mundo já está cansado de saber o que aconteceu, gostem ou não. O Sport foi o campeão brasileiro oficialmente para a CBF, ficou com a Taça das Bolinhas e foi para a Libertadores. O Flamengo, assim como o Inter, não entrou em campo para disputar o cruzamento de módulos com Sport e Guarani. Perdeu assim o direito de ser campeão brasileiro de 1987 de forma oficial e podia ser punido até com o rebaixamento (por ter dado W.O.) pelo código disciplinar. Poderia, mas não foi.

Convenhamos que já foi punição demais para o Flamengo ter ficado sem o título nacional, sem a taça e sem a vaga na Libertadores. Qualquer time que fosse campeão do módulo verde da Copa União (o grupo com os 12 mais tradicionais do país) não faria o cruzamento, isso que foi acertado pelo Clube dos 13 (embora desde o início dessa “Superliga” tenha havido sacanagens e traições).

O que pipocou muito nos últimos dias foi o suposto rebaixamento do Flamengo no Brasileiro de 1995. Fake news da pior qualidade. Primeiro, sabemos que o Fla jogou o Brasileiro de 1996 e é um caso único de clube que disputou todas as edições do Campeonato Brasileiro desde que ele nasceu efetivamente em 1971 (Santos e São Paulo, como a maioria dos paulistas, não disputaram a edição de 1979 por conta do calendário maluco). O boato da vez diz que houve virada de mesa em 1995 para caírem só dois times e poupar o Flamengo, que ficou em 21º lugar em um campeonato de 24 equipes. Só que o regulamento da disputa previa mesmo a queda de apenas dois times.

“Caso Wendell” em 2002, “Caso Héverton” em 2013, caso sem nome e sem pé nem cabeça em 2014... até parece que há toda uma orquestração nacional para proteger sempre o Flamengo, uma tese que era muito defendida por Eurico Miranda, célebre líder vascaíno durante décadas. Tem muita dor de cotovelo envolvida. O Flamengo flertou com o rebaixamento durante muitos anos, viveu cenário bem diferente do atual por bastante tempo, mas de fato nunca experimentou um rebaixamento.

Escalação irregular de Héverton causou a queda da Portuguesa em 2013, o que impediu o que seria o rebaixamento do Flamengo
Escalação irregular de Héverton causou a queda da Portuguesa em 2013, o que impediu o que seria o rebaixamento do Flamengo Gazeta Press

É direito de qualquer um achar que tal time deveria ou merecia ter caído pelo que fez (ou não fez) dentro e fora de campo. Mas é feio ignorar os fatos e divulgar fake news, seja por clubismo, seja para ganhar audiência. Que as novas gerações e os mais antigos busquem as regras e os regulamentos das disputas para tirar qualquer dúvida.

 

 

 

 

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Gabigol tem tudo para ser o maior artilheiro brasileiro na Libertadores

Rodrigo Bueno
Rodrigo Bueno

Gabigol (ou Gabi ou Gabriel Barbosa) já deixou para trás seu técnico, Rogério Ceni, o maior ídolo rubro-negro, Zico, e o maior de todos os tempos, Pelé, em gols marcados na Conmebol Libertadores. Ele acumula agora 17 tentos na principal competição interclubes da América, 16 deles pelo Flamengo e um outro pelo Santos. Ele está a “só” 12 gols da marca de Luizão, o maior goleador do país na história do torneio e, creio, que não é difícil superá-lo.

Centroavante do melhor time da América (como ele mesmo reconhece), Gabigol tem apenas 24 anos e pode, ainda neste ano, fazer mais dez jogos na Libertadores. Se tiver uma performance espetacular, pode igualar Luizão ainda nesta temporada. Mas ele assinou contrato com o Flamengo até dezembro de 2024. Pelo poderio do clube rubro-negro, é muito fácil imaginar o time atuando em todas as próximas edições da disputa. E Gabigol terá tempo e time suficientes para atingir metas individuais.

Flamengo dá show no 1º tempo, sofre depois, mas vira sobre a LDU no fim em Quito; assista

Robinho, um dos mais famosos Meninos da Vila, tem 17 gols na Libertadores em 45 jogos. Gabigol, também revelado pelo Santos, precisou de apenas 26 partidas para empatar em gols com Robinho na competição continental. Pouco à frente do atacante flamenguista, estão alguns nomes que já se aposentaram, como Palhinha (Cruzeiro, Corinthians e Atlético), Jairzinho, Tita e Marcelinho Carioca. Todos esses fizeram 30 ou mais jogos em Libertadores. Luizão, entre Vasco, Corinthians, Grêmio e São Paulo, disputou 43 partidas do torneio para marcar seus 29 gols, o que dá uma média de 0,67 gol por jogo. A média de Gabigol na competição é muito similar (0,65).

Um rival de Gabigol ainda na ativa é Fred, do Fluminense. Ele começou muito bem a disputa deste ano também e chegou a 21 gols, já é o terceiro maior artilheiro nacional na história da competição. Porém Fred já tem 37 anos e não atua em um dos principais favoritos ao título da disputa. Para ele, claro, é mais difícil alcançar Luizão.

Gabigol, autor dos dois gols do Flamengo na final da Libertadores de 2019, já tem 17 gols na competição
Gabigol, autor dos dois gols do Flamengo na final da Libertadores de 2019, já tem 17 gols na competição Alexandre Vidal / Flamengo

Nas primeiras décadas da Libertadores, havia uma valorização menor da disputa por parte dos brasileiros. Também por isso o Brasil ficou longe, historicamente, das primeiras posições na artilharia geral da disputa. O lendário equatoriano Spencer, muito pelo Peñarol e um pouco pelo Barcelona, estabeleceu o recorde de 54 gols no torneio. O uruguaio Pedro Rocha, ídolo do São Paulo, é quem mais fez gols na competição dentre os que atuaram no futebol brasileiro. Foram 37 tentos, mas a maioria deles (26) pelo Peñarol.  

Com times mais fortes do que os dos vizinhos, até por razões econômicas, e com uma clara prioridade maior à Libertadores, a tendência é que o futebol brasileiro escale todos os rankings de estatísticas do torneio da Conmebol. E isso passa também pelos goleadores. O rústico Rony, do Palmeiras, entre gols e assistências, já vai sendo mais um do país a ser visto como “Mister Libertadores”.  

Luizão é a meta para Gabigol. Spencer é o limite. 

 

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Ignorar torcedor é erro de dono de clube e de técnico que poupa em clássico

Rodrigo Bueno
Rodrigo Bueno

A peça mais importante do futebol é o torcedor. O final de semana deixou isso ainda mais claro, de várias formas. Ignorar ou minimizar a paixão dos torcedores é um erro de quem está no comando de um clube, seja um dono estrangeiro que tem pouca ligação sentimental com o time, seja um treinador que pensa apenas no frio planejamento na hora de escalar uma equipe menos forte em um clássico.

A manifestação da torcida do Manchester United antes do clássico contra o Liverpool pode parecer modinha por conta da ideia da Superliga, mas ela já vem de longa data, apenas foi mais forte do que nunca no último domingo. A briga com a família Glazer é simbolizada há vários anos com as cores verde e amarela em bandeiras e cachecóis que remetem aos primórdios dos Red Devils.

Torcida do United invadiu Old Trafford no domingo; assista


O clamor de inúmeros torcedores ingleses agora não é personalizado, não há uma revolta apenas contra um magnata estrangeiro específico que controla o clube. O desejo não é trocar Glazer por Bill Gates, por exemplo. A mensagem “50+1” indica que os torcedores querem ser os donos do time de fato, não desejam ver um mecenas ou um grupo qualquer ter a maior parte das ações do clube. A Alemanha adota um modelo assim, embora haja algumas empresas controlando certos clubes (precisam investir e se envolver por 20 anos com o time para ter voz e nome).

A Premier League se transformou nesse fenômeno global e exemplo de sucesso de liga muito porque escancarou suas portas para estrangeiros: jogadores, treinadores, dirigentes e donos bilionários. Se o governo britânico fosse mais rigoroso no controle do dinheiro que entra nos clubes do país, muitos não teriam hoje a estrutura e as equipes de alto nível que ostentam. Quando pouco se liga para a origem e a quantidade do dinheiro, o amor pelos clubes acaba em segundo plano.

Os “torcedores raiz” do Manchester United, assim como os de outros times, foram excluídos dos estádios por conta da elitização do futebol. Imagino que muitos dos que foram protestar em Old Trafford estão apontando de certa forma para o velho Campeonato Inglês, quando havia menos grana, menos glamour, menos paraquedistas no controle dos clubes do país que é, de fato, “a casa do futebol”.

Neste fim de semana, vimos vários campeões nacionais na Europa, com destaque para a Inter de Milão na Itália, que quebrou enfim a hegemonia da Juventus, e para o Ajax, que festejou o título holandês como não pôde na temporada passada por conta da pandemia e da paralisação do campeonato nacional. Imagens e relatos mostram aglomerações de torcedores para festejar os títulos mesmo contra as recomendações de saúde. É a paixão pura pelo futebol, algo que muitos não entendem ou não respeitam.

Torcida do Ajax celebra o 35º título do Campeonato Holandês
Torcida do Ajax celebra o 35º título do Campeonato Holandês Robin van LonkhuijsenGetty Images

Não foram permitidos torcedores do Ajax no jogo do título na Johan Cruyff Arena no domingo (2), então milhares foram comemorar a conquista do lado de fora do estádio (não é seguro nenhum tipo de aglomeração ainda). Postei nas minhas mídias sociais uma foto absurda da multidão em festa em Amsterdã, e um amigo escreveu no post que “os ianques nunca vão entender isso”, uma observação que nos faz pensar sobre a relação dos estadunidenses com suas franquias e o amor dos torcedores de futebol.

No Brasil, um técnico estrangeiro que acabou de chegar ao país e que vem fazendo um trabalho elogiável recebeu críticas de torcedores por poupar jogadores em um clássico. Falo, claro, de Hernán Crespo, treinador do São Paulo. A Independente, principal organizada do time, fez um manifesto dizendo que “clássico é guerra” e que jogo contra o rival “vale mais que um título”. Concorde ou não com isso, esse sentimento deve, sim, ser respeitado.

Faixa da torcida do Manchester United declarando amar o clube e odiar Glazer em jogo em 2010
Faixa da torcida do Manchester United declarando amar o clube e odiar Glazer em jogo em 2010 Getty Images

Crespo, dentro do “planejamento ideal”, poupou jogadores priorizando a Conmebol Libertadores, mas não dá para ignorar o fato de o São Paulo nunca ter vencido na casa do Corinthians e o que a quebra do tabu significaria para os torcedores de seu time. Vagner Mancini, o técnico do Corinthians, entrou pressionado e mexeu taticamente em seu time, entendeu melhor o tamanho do clássico, respeitou mais o desejo dos torcedores (corintianos também protestaram antes do duelo com o Santos com o clássico “clássico é guerra”).

O São Paulo não vence em uma casa efetivamente corintiana desde 24 de maio de 1935, último jogo de Friedenreich pelo Tricolor (ele fez um dos gols nos 3 a 1 no Parque São Jorge). Poucos são-paulinos e corintianos vivos viram esse duelo. Considerando sempre que o Corinthians viveu muitas décadas sem uma casa de verdade para mandar jogos grandes, são 86 anos de tabu. Uma hora essa escrita será quebrada, mas os são-paulinos queriam isso para ontem. Crespo não entendeu bem.

Na imprensa, houve uma grande compreensão pelo time escolhido por Crespo para o Majestoso. Tudo por conta da lógica, da racionalidade, do planejamento, da prioridade que parece ser a correta. Mas a prioridade correta para um time é fazer a sua torcida feliz, tentar ao máximo atender os maiores desejos dela. Houve sim esforço de quem entrou em campo para vencer, mas o técnico, ao poupar atletas, sinaliza que aquele jogo vale menos que outro.

E é preciso avaliar bem qual jogo é mais importante para o torcedor. Clássicos são sempre importantes demais, em todo mundo (ainda mais quando há um longo tabu que é saboroso para quem não perde e é sofrido para quem não vence). Eu entendo a manifestação da Independente, não teve nada de violento e injusto nela, assim como entendo o protesto dos torcedores do Manchester United e a festa dos amantes do Ajax após o título em meio à pandemia.

Futebol é paixão. Nunca deixará de ser. Nem sempre o torcedor vai se manifestar da forma mais inteligente e recomendável, mas seu sentimento precisa ser respeitado.

Hernán Crespo, que faz elogiável trabalho no São Paulo, poupou jogadores contra o Corinthians e foi criticado por torcedores
Hernán Crespo, que faz elogiável trabalho no São Paulo, poupou jogadores contra o Corinthians e foi criticado por torcedores Twitter Oficial do São Paulo

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Ignorar torcedor é erro de dono de clube e de técnico que poupa em clássico

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Entre Guardiola e Liam, Neymar é dos craques mais amados e odiados da história

Rodrigo Bueno
Rodrigo Bueno

Antes de explicar o título do post, preciso dizer que eu não amo nem odeio o Neymar. O que vou escrever aqui não passa pelo meu juízo de valor do craque brasileiro, que voltou a atrair muitos holofotes por conta de uma rara entrevista recente e da semifinal da Champions League entre o Paris Saint-Germain e o Manchester City.

Pense em jogadores odiados ao longo da história do futebol. Há uma lista enorme de grandes atletas que são admirados pelo talento ou pelo sucesso esportivo mas que são execrados por grande parte do público. Neymar certamente está em um posto nobre nessa lista. Mas quais são os motivos que levam as pessoas a detestar essas figuras?

Fiz uma breve pesquisa na internet sobre os “most hated players” (os jogadores mais odiados). Peguei uns 60 nomes apenas da história mais recente do futebol. Os mais antigos dessa lista são João Morais, defensor que caçou Pelé na Copa de 1966, Schumacher, goleiro da Alemanha que quase matou o francês Battiston na semifinal da Copa de 1982, e Maradona, um gênio da bola que se envolveu em inúmeras polêmicas dentro e fora de campo.

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Violentos

Destaco então uma primeira categoria para odiar jogadores: a violência. João Morais e Schumacher claramente se enquadram nesse quesito. Hoje, um grande símbolo de jogador detestado por ser violento é Sergio Ramos, capitão do Real Madrid. Minha irmã mais velha, torcedora do Liverpool, nunca vai perdoá-lo pelo que ele fez com Salah. De Jong, Effenberg, Gentile, Materazzi, Pepe, Simeone e vários outros marcadores viris ganharam antipatia de muitos por esse estilo mais bruto.  

Neymar, óbvio, não está no grupo dos jogadores violentos. No Brasil, alguns atletas marcados por entradas muito duras são Chicão, Cocito, Darci, Dinho, Pablo Forlán (uruguaio) e até Pelé, que causou algumas fraturas em adversários, como Procópio e Willi Giesemann. Tive contato com essas duas vítimas do Rei, e as marcas vão muito além das cicatrizes. Como comentarista, eu lembro bem do ódio que o tosco Shawcross, ex-jogador do Stoke (“Stosko City”), gerou ao fraturar Ramsey.

Maradona deu algumas entradas duras também, mas o ódio que ela desperta tem várias motivações. Tem gente que o abomina porque ele é ídolo argentino (brasileiros o enxergam naturalmente como rival), porque ele é comparado com Pelé (adoradores fervorosos do Rei não admitem isso e tentam rebaixar o 'concorrente') e porque ele tomava posições muito claras sobre vários assuntos, incluindo a política (quem é de direita não o curte).

Schumacher, ex-goleiro da Alemanha, dá voadora em Battiston na semifinal da Copa de 1982
Schumacher, ex-goleiro da Alemanha, dá voadora em Battiston na semifinal da Copa de 1982 Getty Images

Questões políticas, marrentos, traíras...

Neymar já desperta antipatia de muitos por questões políticas. Ele é o único craque de um país que ficou muito polarizado nos últimos anos. Alinhado com Bolsonaro, o jogador do PSG passou imediatamente a ser visto de forma torta por muitos esquerdistas, inclusive na mídia. Um outro exemplo que posso citar dessa categoria de atleta detestado por seu posicionamento é Piqué (não confundir com Piquet, também próximo de Bolsonaro). O defensor do Barcelona defende a independência da Catalunha e leva vaia em vários cantos da Espanha.  

Uma outra categoria de odiados é a dos marrentos. Ibrahimovic talvez seja o exemplo mais clássico de atleta egocêntrico, que se acha. Mas Cristiano Ronaldo incomoda bastante gente há tempos, segundo ele mesmo, por ser “rico e bonito”. Balotelli é visto também como uma figura nessa linha estilosa e provocadora. Beckham sempre foi humilde, mas tinha gente que não gostava dele por supostamente ser “mais marketing do que bola”. Curto todos esses caras e acho que são vítimas de um certo preconceito (por serem belos ou politicamente incorretos).

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Neymar também é um pouco malvisto por ser marrento. Boa parte dos adversários que o caçam é porque veem nele, além de um jogador extremamente habilidoso, um tom debochado, provocador, superior. O jeito moleque com “ousadia e alegria” algumas vezes humilha o oponente. Já na época do Santos o craque brasileiro mostrava essa faceta de “monstro” que encanta por um lado mas que causa ojeriza por outro.

Há uma outra famosa categoria de jogadores odiados: a dos traíras. Torcedores, em especial, abominam essa turma. É o caso de Figo, que trocou o Barça pelo Real Madrid, o de Ashley Cole, que virou Chelsea depois de ser Arsenal, ou mesmo de Tevez, que pulou do Manchester United para o Manchester City. Quem chifra companheiro fica ainda mais queimado como traidor. Podemos citar aqui Icardi e Terry, por exemplo.

O sueco Ibrahimovic, símbolo de jogador mascarado, é amado e odiado por muitos mundo afora
O sueco Ibrahimovic, símbolo de jogador mascarado, é amado e odiado por muitos mundo afora Reprodução


Neymar saiu de forma meio torta do Santos, ele se acertou com o Barcelona antes mesmo da decisão do Mundial de 2011. Imagino que muitos santistas não o perdoam por isso, mas ele não foi para o Corinthians, para um rival. Talvez jogue no Palmeiras ou no Flamengo no futuro, mas a pecha de traidor não cola em Neymar (não sei se ele já traiu algum companheiro). No Brasil, Bebeto virou um exemplo de atleta que gerou desgosto por ir diretamente para um rival (do Flamengo para o Vasco).

Simuladores

Na categoria de simulação, algo que desperta colossal raiva na Europa, Neymar é top. A Copa do Mundo de 2018 globalizou demais a imagem de cai-cai do brasileiro. Desde muito cedo, o Reino Unido contestava a figura de Neymar por suas quedas frequentes e cinematográficas. Isso foi resgatado agora por Liam Gallagher, vocalista emblemático do Oasis e torcedor do Manchester City. “Expulsa esse cai-cai”, bradou Liam em suas mídias.

Muitos sul-americanos carregam fama de simuladores para o futebol europeu. Luis Suárez é um bom concorrente para Neymar. E o uruguaio, além desse lado ator bastante aguçado, ainda é odiado pela violência, sobretudo com suas mordidas. Mas até o espanhol Busquets, com sua discrição, também ganhou fama de simular por rivais do Barcelona.

No Brasil, ainda mais antes do VAR, simulação é muito parte do jogo. Então eu poderia citar aqui dezenas de exemplos de 'cai-cai'. Melhor não perder tempo com isso. Você certamente tem sua lista favorita de simuladores, para o bem e para o mal. O fato é que um dos maiores erros de Neymar foi não entender que em outros países isso é quase um crime mortal. O dano à sua imagem com simulação foi enorme. Difícil desassociar isso dele agora, mesmo nesta fase de 'Adulto Ney' (que eu não acredito).    

O argentino Icardi ficou com fama de traidor por se envolver com Wanda Nara, ex-mulher de Maxi López
O argentino Icardi ficou com fama de traidor por se envolver com Wanda Nara, ex-mulher de Maxi López Reprodução/Instagram

Neymar em três categorias

Se minhas contas não estão erradas, eu citei cinco categorias de jogadores odiados neste post: violentos, politicamente incorretos, marrentos, traidores e simuladores. Imagino que Neymar só não seja visto como violento e traidor, embora colecione algumas expulsões e até soco em torcedor, coisas que poderiam entrar na área do descontrole emocional e violência mesmo. Certamente tem gente ganhando dinheiro para trabalhar a imagem de Neymar e vendê-la. Será que estão fazendo bom papel?

Neymar, que ganhou rejeição global muito pela fama de simulador, cai em um jogo do Paris Saint-Germain
Neymar, que ganhou rejeição global muito pela fama de simulador, cai em um jogo do Paris Saint-Germain Getty Images


A melhor propaganda de Neymar sempre foi seu descomunal e inegável talento. A coletiva de Guardiola falando sobre ele merece ser gravada por todos os 'Neymarzetes'. “É uma alegria ver Neymar jogar. Como espectador, me divirto muito toda vez que o vejo. É legal ver a plasticidade do estilo dele e sua personalidade. Ele tem o Brasil nas costas. Não é fácil vestir a camisa 10 da seleção brasileira. Desejo que Neymar tenha estabilidade, não tenha mais lesões, que possa jogar com uma regularidade que não foi possível por diversos motivos.”

Ouvindo isso de Guardiola, voltei a imaginar o que seria de Neymar e da seleção brasileira se a CBF tivesse feito a coisa mais óbvia desde antes da Copa de 2014: contratar o espanhol para ser seu treinador. “Antes daquela partida (Barcelona x Santos em 2011), lembro de mostrar 15 vídeos de Neymar e disse aos jogadores: ‘É o rei do Santos’. E todos ficaram assim, boquiabertos e disseram: ‘meu Deus, que jogador’. Eu sou um grande admirador dele. Acho que ele faz o nosso futebol ser melhor.”

Tirando a afirmação de que Neymar é o rei do Santos (Rei é o Pelé), concordo totalmente com Guardiola. Eu não tenho nem 1% do talento de Neymar para jogar futebol, mas me identifico um pouco com ele. Nas minhas peladas, eu era marrento, fominha, mascarado. Despertei sim a admiração de alguns com a minha bolinha, mas sei que muitos dos caras que enfrentei me detestavam, inclusive alguns colegas de equipe devem ter raiva porque não receberam um passe ou porque eu pensei às vezes mais nos meus gols, na artilharia, em termos individuais.

Assim como Neymar, eu não sou bom em amadurecer. Casei, tive filhos, virei um profissional experiente, mas continuo fazendo as mesmas coisas que fazia quando era adolescente. E sou muito feliz assim. Poderia ter sido um jornalista melhor, um jogador melhor, uma pessoa melhor. E eu ainda posso ser, basta efetivamente desejar isso (exceção feita à parte de jogador, não dá mais). 

Neymar não deve ter sido sincero quando disse que não pensa em ser Bola de Ouro, mas ele pode sim ser o melhor do mundo. Todo mundo sabe disso, inclusive o Guardiola.

Seria bom o Neymar ouvir tanto o Guardiola quanto o Liam Gallagher. Assim, ele poderá entender os diferentes sentimentos que ele desperta nas pessoas, a razão para que tantos o amem e para que outros tantos o odeiem. Assim, ele poderá ser um jogador melhor, uma pessoa melhor.

Neymar recebeu 15 votos como melhor do mundo em 2017 e ficou em terceiro lugar no prêmio The Best, da Fifa
Neymar recebeu 15 votos como melhor do mundo em 2017 e ficou em terceiro lugar no prêmio The Best, da Fifa Getty

 

 

 

 

 

 

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A burrice de demitir Mourinho antes da final e a tola comparação com Luxemburgo

Rodrigo Bueno
Rodrigo Bueno

Manchester City vence Tottenham por 1 a 0 e é campeão da Copa da Liga Inglesa; veja os melhores momentos


José Mourinho é um dos grandes treinadores da história do futebol. Quer você goste ou odeie o marrento português, é inegável a sua capacidade, muito bem comprovada em quatro países diferentes por muitos anos. Ele foi demitido há pouco mais de uma semana pelo Tottenham e não pôde disputar assim a final da Copa da Liga da Inglaterra, uma decisão absolutamente burra da diretoria.

O Manchester City de Guardiola é o melhor time da Inglaterra, virtual campeão nacional e forte candidato a ganhar a Champions League. Seria favorito na decisão com ou sem Mourinho no banco. Mas Daniel Levy, o manda-chuva do Tottenham, facilitou o trabalho para seu poderoso adversário. Deixou o estagiário Ryan Mason comandar os Spurs na final que poderia quebrar o longo jejum de títulos do clube.

De forma feia ou não, Mourinho bateu duas vezes o City de Guardiola com seu Tottenham. Ninguém enfrentou mais o genial técnico espanhol do que o Special One, que em algumas partidas decisivas conseguiu travar o jogo vistoso do rival. Em uma final contra Guardiola, abrir mão da experiência e da capacidade de Mourinho foi uma tolice, uma estupidez, um tiro no pé.

Mourinho venceu duas vezes o City de Guardiola com o Tottenham, mas ficou fora da decisão da Copa da Liga
Mourinho venceu duas vezes o City de Guardiola com o Tottenham, mas ficou fora da decisão da Copa da Liga Getty

Falou-se muito de que o português teria perdido o vestiário, essa seria a grande razão para a sua demissão. Mas, após a saída dele, vimos várias mensagens de apoio e declarações de idolatria até de alguns jogadores com Mourinho. Kane, Son, Lucas Moura e até Dier, que teve sim diferenças com o treinador sincerão, lamentaram seu desligamento do clube, ainda mais da forma surpreendente como ela aconteceu, a poucos dias de uma final.

“Todos ficaram magoados ao saber que Mourinho não era mais nosso técnico. Foi uma surpresa para nós e para todos os outros. Temos que respeitar a sua carreira e temos que respeitar a sua qualidade. Infelizmente, não conseguimos juntos os resultados que queríamos. Mais uma vez, muito respeito, até um obrigado”, declarou o defensor Alderweireld ao “The Guardian”.

A lista de jogadores que trabalharam com Mourinho e o adoram é vasta, reunindo gente como Sneijder, Drogba, Xabi Alonso, Essien e Ibrahimovic, que já disse que daria a vida por ele. Teve jogador que chorou em público por ele (Materazzi) e jogador de frente que é eternamente grato ao mestre do sistema defensivo (Carlos Alberto).

Ibrahimovic, um dos jogadores que adoram Mourinho, disse que daria a vida pelo técnico português
Ibrahimovic, um dos jogadores que adoram Mourinho, disse que daria a vida pelo técnico português Getty Images

“Talvez os resultados não tenham sido o que queríamos, mas ele fez todos ficarem melhores. Entendo que as pessoas querem saber se as coisas não estavam bem no vestiário, mas não foi isso. Novamente, cada jogador deu 100% para mudar as coisas”, contou Alderweireld.

Surgiram outras versões para a demissão de Mourinho. Uma diz respeito sobre a Super League. Mourinho, que já venceu Champions League com um Porto sem tanto investimento, é contra a ideia que foi abraçada pelo Tottenham inicialmente. Levy conversava muito com Mourinho e sabia de seu pensamento sobre esse projeto, porém não foi isso que custou seu pescoço. A relação entre eles teria estremecido mesmo após interferência recente da direção no trabalho de Mourinho.

O português foi contratado, basicamente, para dar alguma taça para o Tottenham, que não vence nada desde o título da Copa da Liga de 2008. E as copas nacionais eram desde sempre o caminho mais fácil para isso. Mourinho chegou a liderar a Premier League com os Spurs, mas todos tinham a noção de que o título era para os favoritos Manchester City, Liverpool e Chelsea, que investiu mais de R$ 1,5 bilhão em reforços.

Muito focado na decisão da Copa da Liga, o Special One iria poupar titulares contra o Southampton na quarta-feira anterior à final. Son e Hojbjerg ficariam de fora, por exemplo, o que não agradou a Levy. O dirigente entendia que não dava para poupar na Premier League porque a briga por vagas europeias está intensa. O interino Mason venceu o Southampton com Son e Hojbjerg no time. E foi para o seu segundo jogo à frente dos Spurs na final de domingo tendo Kane como dúvida por lesão.

Daniel Levy, presidente do Tottenham, demitiu José Mourinho uma semana antes da final da Copa da Liga e continua na fila
Daniel Levy, presidente do Tottenham, demitiu José Mourinho uma semana antes da final da Copa da Liga e continua na fila Getty

Mason não fez nenhuma alteração substancial na equipe nas partidas, embora diga que gosta de um jogo mais ofensivo e vistoso, discurso que agrada a torcida, a diretoria e grande parte da mídia. Dele Alli, o grande desafeto de Mourinho nos Spurs, continuou na reserva. Quem viu o documentário do Tottenham na série “All or Nothing”, viu que desde o começo Mourinho cobrou mais empenho de Dele Alli, jogador talentoso e preguiçoso.

Na grande derrota de Mourinho à frente dos Spurs, o 0 a 3 diante do Dinamo de Zagreb, o técnico deu uma chance a Dele Alli como titular. A equipe foi indolente, sem alma, andou em campo. Foi a primeira vez que Mourinho foi eliminado na disputa (havia vencido a Copa da Uefa com o Porto em 2003 e a Liga Europa com o Manchester United em 2017). O técnico tem parcela de culpa quando o time está apático, mas a culpa maior foi dos atletas.

Outro jogador que teve problemas com Mourinho no grupo foi Danny Rose, que está desde 2008 no clube (com algumas curtas experiências fora dos Spurs). Ele questionou decisões do português, mas sejamos sinceros: quando foi a última vez que Rose esteve em grande fase? Ele faz parte de quase toda a fila do Tottenham: são 17 temporadas para ele no clube sem provar ser um vencedor.

Mourinho, que sofreu muito com contusões de jogadores importantes no Tottenham (sobretudo Kane e Son), de fato não vinha fazendo um grande trabalho. Foram 86 jogos nos Spurs, com 44 vitórias, 19 empates e 23 derrotas, mas o fato é que ele estava muito perto de alcançar o objetivo maior: dar um troféu para o clube!

Demitiram o Special One por causa de Dele Alli e Rose? Dispensaram o vitorioso treinador porque ele queria poupar atletas contra o Southampton? Romperam com o Mourinho porque ele não defende uma Superliga? Seja qual for a razão, foi uma atrocidade fazer isso naquele momento. Talvez a diretoria tivesse medo de que ele fosse campeão e aí seria difícil demiti-lo depois. Absurdo!

O badalado técnico português acumula incríveis 25 títulos na carreira, poucos teriam mais condição do que ele de tirar o Tottenham da fila. Mas tem quem o veja como ultrapassado porque não vence nada desde 2017, quando ganhou a Liga Europa e a Copa da Liga com o Manchester United (o que ganhou Solskjaer depois nos Red Devils?). No Brasil, estão comparando Mourinho com Luxemburgo, o que acho uma tremenda forçada de barra.  

O Special One tem grande cultura geral, fala diversos idiomas e vinha aprendendo alemão. Indagado se era para treinar o Bayern, como fez Guardiola, ele disse que era simplesmente para se comunicar melhor com jogadores que usam esse idioma. Essa é uma boa prova de que ele não está parado, acomodado com as glórias do passado e com seu conhecimento atual.

Em campo, Mourinho ajudou na evolução até do excelente Kane. Ele o recuou um pouco, e o centroavante virou tão garçom quanto artilheiro. Foi com ele assim que os Spurs derrotaram duas vezes o City de Guardiola. Poderia ter vencido uma terceira vez no domingo e conquistado o tão esperado título pelo clube do norte de Londres.  

O Special One ficou até simpático recentemente por conta de suas mídias sociais e do documentário do Tottenham. Fora de campo, também está antenado com o que está acontecendo. Dizer que ele está acabado me parece perseguição contra sua polêmica figura. Decretar o fim de qualquer profissional é sempre um risco de cometer injustiça e crueldade. E isso vale para o Luxemburgo.

O Luxa montou times mais ofensivos do que Mourinho, mas não alcançou o patamar do técnico luso na história. O futebol não tem apenas um jeito de ser jogado. Dentro das regras, cada um monta sua equipe da forma que quiser para obter resultados. A estratégia é parte importante do esporte. Acho que é mais fácil vencer com talento, mas tática também decide jogos e campeonatos.    

No Brasil, quase todos os jogadores que trabalharam com Luxemburgo dizem que ele foi o melhor na parte tática. E, no mundo, poucos foram mais elogiados do que Mourinho nesse quesito. Acredito que Luxa deva se reciclar sim, mas ainda pode contribuir de alguma forma no futebol brasileiro. E acho que Mourinho, dentro do seu estilo, ainda pode ganhar muita coisa. Não sei se será no Celtic, onde ele é especulado, mas ele será atração onde for. O Special One ainda tem meu respeito e admiração.

A bola pune quem demite Mourinho antes de uma final.

 

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Conmebol e cartolas opositores colocam suas Superligas na gaveta

Rodrigo Bueno
Rodrigo Bueno

Superliga? O dia em que os torcedores conseguiram mudar o rumo dos gigantes europeus


A Europa viveu dias quentes com o projeto da Superliga de clubes que mal durou 48 horas, mas a América do Sul convive com torneios do tipo desde os anos 80. Alguns saíram sim do papel e outros estão neste momento na gaveta, seja na da própria Conmebol, seja na mesa de alguns dos dirigentes mais famosos do continente.

Para quem não lembra, a primeira Superliga sul-americana foi a Supercopa criada em 1988. Ela tinha um critério técnico simples e discutível: só a disputava quem tinha título da Libertadores. Por isso, ela nasceu com apenas 13 clubes. Só seis brasileiros a jogaram: Cruzeiro, Flamengo, Grêmio, Santos, São Paulo e Vasco, que atuou na edição de 1997 após Eurico Miranda convencer a Conmebol a aceitá-lo por ter vencido o Sul-Americano de 1948.

A chamada Supercopa dos campeões da Libertadores foi disputada até 1997 e, durante o período em que existiu, foi o segundo grande interclubes da Conmebol. A Europa tinha três torneios: Copa dos Campeões, Recopa e Copa da Uefa. A Supercopa, mesmo sendo bastante exclusiva, funcionava como se fosse a Recopa (que reunia os campeões de copas nacionais europeias). A Copa Conmebol, criada em 1992 com critérios técnicos mais justos (era atrelada aos campeonatos nacionais), virou o 3º interclubes em importância na América do Sul.

Alejandro Dominguez, presidente da Conmebol, estuda retomar a Supercopa apenas com os campeões da Libertadores
Alejandro Dominguez, presidente da Conmebol, estuda retomar a Supercopa apenas com os campeões da Libertadores Getty Images

O Palmeiras, mesmo sendo um dos clubes mais populares do Brasil e tendo o forte patrocínio da Parmalat na década de 90, nunca disputou a Supercopa, pois só foi vencer sua primeira Libertadores após o final da disputa. Estudiantes e Grêmio chegaram a jogar a Supercopa mesmo estando na 2ª divisão, prova de que a competição não se preocupava muito com a qualidade técnica.

Em 1998, em busca de mais dinheiro, os clubes mais poderosos do continente resolveram lançar a Copa Mercosul, uma competição que funcionava na base de convites e que seria financeiramente mais forte do que a Supercopa e tecnicamente muito superior à Copa Conmebol. Paralelamente à Mercosul, foi disputada a Copa Merconorte, também oficializada pela Conmebol.

A Copa Mercosul foi na prática uma Superliga na América do Sul. A Traffic, agência de marketing esportivo que era grande parceira da Conmebol, criou a competição, assim como foi fundamental para a realização do primeiro Mundial de Clubes da Fifa em 2000, no Brasil. Foram quatro edições da Mercosul, sempre com 20 clubes, em tese os que teriam mais apelo e retorno financeiro.

O Corinthians, que era parceiro da Traffic no final da década de 90, jogou todas as edições da Copa Mercosul, assim como Cruzeiro, Flamengo, Palmeiras, São Paulo e Vasco. O Grêmio atuou em três edições, mas, em 2000, perdeu a vaga para o Atlético-MG, que tinha sido vice do Brasileiro em 1999. Kléber Leite, então presidente do Flamengo e influente na CBF por também ter empresa de marketing esportivo, dizia que o campeão brasileiro estaria sempre na Mercosul, talvez "na vaga de Grêmio ou Cruzeiro, depende de qual for a pior performance".

O Santos, apesar de seu rico histórico internacional, ficou à margem da Copa Mercosul. Os clubes fundadores da competição eram os times de maior torcida. Na Argentina, Boca Juniors, Independiente, River Plate, San Lorenzo e Vélez Sarsfield jogaram sempre a disputa. O Racing, outro grande, jogou as primeiras edições, mas entrou em grave crise financeira (chegou a quebrar) e deu espaço para o Rosario Central em 2000 e para o Talleres em 2001.

[image src="//cdn.espn.com.br/image/wide/622_9dcfcd26-34a7-35dd-8e06-3a7544700bb1.jpg" credit="Gazeta Press" caption="Vasco e Palmeiras decidem a Copa Mercosul de 2000, cuja final é chamada de "Virada do Século"" alignment=""]

Em 2002, nasceu um outro projeto ainda mais ambicioso de Superliga na América. A Copa Pan-Americana reuniria os grandes clubes da Conmebol e da Concafaf. A ideia era, claro, multiplicar o dinheiro. Times mexicanos já jogavam a Libertadores, inclusive o Cruz Azul havia sido vice em 2001. O plano da integração total, no entanto, não vingou. E a Copa Pan-Americana virou Copa Sul-Americana.

Entre 2005 e 2008, times de México, Estados Unidos, Costa Rica e Honduras jogaram a Copa Sul-Americana (o mexicano Pachuca até conquistou a competição em 2006), mas a competição acabou avançando como a Liga Europa, atendendo a critérios cada vez mais técnicos com base nos campeonatos nacionais. Os clubes brasileiros não jogaram a primeira edição em 2002, mas depois encorparam a disputa, que hoje está bem consolidada no calendário.

Um novo projeto de Supercopa surgiu recentemente na Conmebol. Alejandro Domínguez, presidente da entidade, arquitetou uma competição com os 25 clubes campeões da Libertadores para definir duas vagas para a disputa do novo Mundial de Clubes da Fifa, que seria disputado neste ano com 24 equipes. A América do Sul deve ter seis times no novo Mundial, caso ele venha mesmo a ocorrer. A nova Supercopa atenderia aos interesses dos mais poderosos, que teriam uma nova fonte de renda e uma forma bastante exclusiva de alcançar o Mundial.

Como se vê, há um grande histórico na América do Sul de Superligas de clubes com aval da Conmebol. Mas também há projetos de um torneio independente com os times mais ricos. Em 2015, após a Fifa e o Governo norte-americano caçarem vários dirigentes corruptos da entidade que rege o futebol sul-americano, cresceu o desejo de vários clubes de assumir a organização do futebol aqui na região.

No dia 12 de janeiro de 2016, em Montevidéu, foi criada a tal Superliga de clubes sul-americanos. Boca Juniors, Colo-Colo, LDU, Nacional, Peñarol, Racing, River Plate, San Lorenzo, Universidad Católica e Universidad de Chile estavam na primeira reunião. Depois, em um segundo encontro em Buenos Aires, Cerro Porteño, Olimpia e representantes de Colômbia, Peru e Venezuela abraçaram a ideia. A ameaça à Conmebol ficou séria quando clubes brasileiros entraram nas conversas.  

Corinthians, Grêmio, Internacional e São Paulo foram os primeiros times do país a cogitar a ruptura. Andrés Sanchez, ex-presidente corintiano que colaborou para o fim do Clube dos 13 no Brasil, foi uma voz ativa contra a Conmebol, reclamando por mais mais dinheiro nos torneios continentais. Chegou a ameaçar um boicote à Libertadores, algo que nunca ocorreu na prática.   

Romildo Bolzan, ainda presidente gremista, foi colocado como vice-presidente da Superliga sul-americana. O grande líder do projeto, o "Florentino Pérez do torneio", foi Daniel Angelici, ex-presidente do Boca Juniors que virou vice da federação argentina de futebol. Aliado de Mauricio Macri, Angelici é um político influente na Argentina e foi apontado como o primeiro presidente da Superliga sul-americana.

Rodolfo D'Onofrio (esq.), presidente do River Plate, senta ao lado do rival Daniel Angelici, ex-presidente do Boca que liderou a Superliga de clubes da América do Sul
Rodolfo D'Onofrio (esq.), presidente do River Plate, senta ao lado do rival Daniel Angelici, ex-presidente do Boca que liderou a Superliga de clubes da América do Sul Getty


Diante desse cenário, a Conmebol triplicou os prêmios dados aos participantes de seus torneios desde então. Alejandro Domínguez abriu os cofres da entidade para preservar ser cargo e a Libertadores, trabalhando mais o marketing do torneio e criando a final única em busca de mais patrocinadores e dinheiro, tentando ao máximo copiar o modelo adotado pela Champions League na Europa. A Libertadores virou Conmebol Libertadores, assim como a Champions é Uefa Champions League.

A Superliga sul-americana, que tinha também como vice-presidentes representantes de Deportivo Cali e The Strongest, começou a ruir por conta da rivalidade clubística. O River Plate votou contra Angelici e se reaproximou da Conmebol. A rivalidade foi muito vista na final da Libertadores em 2018, o maior "Superclásico". No Brasil, Andrés contribuiu sempre para a desunião clubes do país, alimentando rivalidades e lutando muito mais pela causa de seu time do que pelo futebol.

Andrés Sanchez, uma voz ativa contra a Conmebol, ajudou a acabar com o Clube dos 13
Andrés Sanchez, uma voz ativa contra a Conmebol, ajudou a acabar com o Clube dos 13 Gazeta Press

O blog indagou Andrés sobre as razões para a Superliga sul-americana não ter dado certo. Ele respondeu de forma muito breve e direta, bem ao seu estilo: "Porque não deu." Hoje, Andrés está oficialmente fora do Corinthians e diz querer distanciamento do futebol. Angelici, por sua vez, foi reprovado em exame de idoneidade, algo explorado pela Conmebol e também pela Fifa, ficou isolado e perdeu as eleições no Boca. A Superliga ficou em sua gaveta.

Com o fracasso retumbante da Super League na Europa, a Champions League continua firme, embora modificada. E, na esteira disso, a Libertadores também vive e lucra.

 

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Revolta de torcidas e ídolos contra a Superliga é o melhor de tudo

Rodrigo Bueno
Rodrigo Bueno

A Superliga anunciada por 12 poderosos clubes europeus encontrou logo muita resistência no futebol. Claro que as principais federações do planeta e as ligas dos países desses clubes se colocariam contra esse projeto, afinal é a disputa pelo controle e pelo dinheiro do esporte que está em jogo. Mas eu vejo algo de muito positivo e belo neste momento: a manifestação de uma série de torcedores e de grandes figuras em nome da essência do futebol.

 Uma das razões do sucesso do esporte mais popular do mundo é que ele é democrático demais. Nasceu como um hobby da elite, mas alcançou rapidamente as classes mais humildes, os operários, a periferia das cidades e do planeta. Um raro exemplo de sucesso e de união no mundo, um exemplo de algo que se globalizou antes mesmo da globalização. Pense em coisas que são amadas em praticamente todos os países e em todas as culturas. Difícil pensar em algo além do futebol, não?

Poderia citar uma dezena de livros aqui contando como a história de muitos clubes, de grandes torneios, o trabalho de alguns dirigentes, a arte de tantos craques e a influência de alguns treinadores transformaram o futebol em uma verdadeira paixão. A relação de milhões de pessoas com seus times é de puro amor mesmo. E isso, ainda bem, está sendo colocado em discussão agora com a Superliga. Creio que só protestos e manifestações dos amantes do futebol podem barrar a Superliga, mais do que Fifa e Uefa juntas.

Florentino Pérez, presidente do galáctico Real Madrid, lidera o projeto da Superliga
Florentino Pérez, presidente do galáctico Real Madrid, lidera o projeto da Superliga Getty

Todo mundo quer ver seu time bem e vencedor. E virar milionário é a forma mais fácil de realizar esse desejo. Nas últimas décadas, com o futebol sendo cada vez mais mercantilista, virou normal abraçar a grana de qualquer forma. Nem sempre há preocupação com a origem ou com a quantidade do dinheiro injetado no futebol ou com as intenções dos investidores. Por isso nasceu o Fair Play Financeiro, uma forma de tentar controlar esse doping econômico e preservar uma certa competitividade.

Há muitos anos, as principais competições já são dominadas pelos times mais poderosos. A Champions League nasceu em 1992/1993 e praticamente impediu a chance de sucesso de equipes do leste europeu, de times do segundo escalão do continente, de clubes que não estejam nos países das principais ligas nacionais, que também estão cada vez mais bilionárias.

Quando Celtic, Estrela Vermelha, Feyenoord, Nottingham Forest, Aston Villa, Hamburgo, Steaua e PSV poderão ganhar de novo a Europa? Quando forem turbinados financeiramente por algum magnata ou mecenas. Não há outro jeito. O que era uma questão de mérito esportivo passou a ser mais uma disputa econômica. Isso é triste e um tanto quanto injusto para a imensa maioria da família do futebol.

Nottingham Forest, símbolo de time humilde que surpreendeu os grandes, conquista o troféu da Europa em 1979
Nottingham Forest, símbolo de time humilde que surpreendeu os grandes, conquista o troféu da Europa em 1979 Getty

O Ajax conseguiu ganhar uma Champions League quando ainda não havia a Lei Bosman, ainda tinha um limite feroz no uso de estrangeiros nos clubes na Europa em 1995. Como o gigante holandês pode competir com os mais ricos do continente hoje em dia? Talvez aderindo à Superliga desenhada pelos 12 poderosos, onde o Ajax brigaria sempre para não cair, seria o pequeno da disputa por seu orçamento.

Não creio que abraçar a Beneleague, a possível “Superliga dos Países Baixos”, seria o suficiente para o Ajax brigar com os bilionários da Europa. A diferença ainda seria substancial. Da mesma forma, não sei quantas excelentes vendas de atletas por ano o Porto teria que fazer para competir em alto nível na elite do velho continente. O Porto é grande, mas foi o último clube “mortal” a ganhar a Champions League. Muito por conta de um técnico (José Mourinho) e seu excepcional sistema defensivo.

Mourinho, demitido nas últimas horas pelo Tottenham (sério candidato a saco de pancadas na Superliga dos poderosos), é uma das muitas vozes contrárias a esse modelo elitista que vai contra a pirâmide do futebol. Há quem diga que a decisão de demitir o Special One passe um pouco pela sua rejeição à Superliga. Essa oposição é encontrada em falas de Arsène Wenger, Marcelo Bielsa, Jürgen Klopp, dentre outros “treinadores raiz”.

Vários ex-jogadores (destaco em especial os discursos de Gary Neville e Rio Ferdinand) e alguns atletas da ativa (Ander Herrera, do PSG, mandou muito bem) também estão se posicionando radicalmente contra esse movimento dos clubes mais poderosos, chamado de “projeto cínico” pela Uefa, entidade que tentará fazer algumas alterações na Champions League para manter a sua maior galinha dos ovos de ouro com boa saúde.

A primeira vez que eu ouvi falar sobre Superliga de clubes na Europa foi quando Silvio Berlusconi montou o supertime do Milan no final da década de 80 e começo dos 90. Magnata e influente, ele preconizou a criação de um campeonato milionário destacando os grandes clubes, algo que faria concorrência com a Copa do Mundo. Pouco depois, nasceu a Champions League. A Uefa teve que lançar sua Superliga de clubes para não ver esses times mais poderosos criarem uma disputa independente.



E o que virou na prática a Champions League? Uma Copa do Mundo anual que premia muito mais os poderosos do que os mais humildes mas que não os exclui totalmente do cenário. É possível ver uma ou outra surpresa na Champions, embora ela seja dominada basicamente pelos 12 mais poderosos. Uma grande exceção é o Bayern, que olimpicamente não assinou o documento dos clubes mais endinheirados. O mesmo fez o turbinado Paris Saint-Germain, para a minha surpresa e para a minha satisfação.

A Superliga europeia já existe, na minha humilde opinião. Ela se chama Champions League e virou modelo de sucesso para várias gerações, mesmo sendo um torneio elitista (a semifinal deste ano não me deixa mentir e me inspirou no último post). A ganância dos mais poderosos, ainda mais em época de pandemia, é algo condenável. Driblam o fair play financeiro, dominam as competições com base nas suas polpudas contas bancárias e ainda querem agora um clubinho de portas fechadas.

Que esse projeto da Superliga, que tem sido discutido em outros continentes, notadamente na América do Sul, encontre sempre vozes em defesa dos mais humildes e da essência do futebol. Guardiola, o influente técnico do Manchester City (um dos fundadores da Superliga), disse recentemente, em uma entrevista para a Natalie Gedra, que “o futebol é business”, falando mais especificamente da relação profissional com os atletas. Eu acho que o futebol é muito mais do que business. Por isso, eu fecho este post com a célebre frase de um outro lendário treinador.

“O futebol não é uma questão de vida ou morte. É muito mais importante do que isso.” (Bill Shankly)

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Revolta de torcidas e ídolos contra a Superliga é o melhor de tudo

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Semifinal da Champions dá aula de drible no fair play financeiro

Rodrigo Bueno
Rodrigo Bueno

A semifinal da Champions League nesta temporada tem uma disputa monetária e bastante discutível entre o City Football Group, o Qatar Sports Investments e Roman Abramovich, o que desperta boas questões extracampo. Existe mesmo fair play financeiro na Europa? Não é fácil demais para esses poderosos driblar as regras da Uefa?

O Manchester City, presidido pelo emiradense Khaldoon Al Mubarak, chegou a ser punido por desrespeito ao fair play financeiro. Deveria ficar dois anos sem jogar a Champions League, inclusive a atual edição da disputa. Mas pagou uma multa de “só” 10 milhões de euros e se livrou da suspensão. A Corte Arbitral do Esporte deu carta branca para o time de Guardiola, que recebeu pesado dinheiro de seus investidores com um patrocínio disfarçado.

Mansour bin Zayed e Khaldoon Al Mubarak, que injetaram uma fortuna no Manchester City
Mansour bin Zayed e Khaldoon Al Mubarak, que injetaram uma fortuna no Manchester City Getty Images

Pode parecer irônico, mas o Manchester City driblou as regras do fair play pagando uma grana para não ser suspenso. Guardiola, badalado treinador que abraçou esse projeto bilionário e que se mostra bastante ativo no mercado de atletas, defendeu publicamente a instituição, negando que houvesse quebra do fair play financeiro.

O empresário catariano Nasser Al-Khelaifi, presidente do Paris Saint-Germain, assumiu o clube em 2011 e desde então despeja dinheiro na equipe que domina o futebol francês. Quebrou o recorde de histórico de transferência de jogadores ao pagar 222 milhões de euros ao Barcelona por Neymar. Poderoso e influente, Al-Khelaifi também é membro do Comitê Organizador da Copa-2022. O diminuto e endinheirado Qatar tem espalhado seus tentáculos no mundo da bola já faz alguns anos.
Nasser Al-Khelaifi, presidente catariano do Paris Saint-Germain que comprou Neymar
Nasser Al-Khelaifi, presidente catariano do Paris Saint-Germain que comprou Neymar Getty Images

Além de Neymar, o PSG investiu em Mbappé, fenômeno do futebol francês. Para driblar o fair play financeiro, o time francês o contratou por empréstimo com obrigação de compra na temporada seguinte. Agora, o time que tem Leonardo como dirigente cogita a contratação de Messi.

Revelações do Football Leaks apontaram irregularidades administrativas de City e PSG nos últimos anos. E essas teriam o conhecimento de dirigentes importantes, como Michel Platini, ex-presidente da Uefa, e Gianni Infantino, atual presidente da Fifa que negociou com o Manchester City em 2014 uma multa para resolver o problema (seria de 60 milhões de euros, mas o cartola sugeriu “só’ 20 milhões de euros).

Como se vê, por mais que a cúpula do futebol mundial tenha sofrido muito neste século com escândalos de corrupção e venha tentando passar uma imagem de limpeza, ainda pairam suspeitas sobre alguns acordos e a real influência do dinheiro em importantes decisões.

Roman Abramovich, russo que comprou o Chelsea em 2003, mudou a história do clube
Roman Abramovich, russo que comprou o Chelsea em 2003, mudou a história do clube Getty Images

O magnata russo Roman Abramovich está entre as pessoas mais ricas do mundo (figura na 113ª posição na lista da Forbes). Desde 2003, quando comprou o Chelsea, ele transformou o clube em uma potência. Além de títulos na Inglaterra, faturou a tão sonhada Champions League em 2012. Os Blues voltaram a investir pesado nesta temporada, gastando mais de R$ 1,5 bilhão em reforços.

O Chelsea ganhou o apelido de Chelski após a injeção de dinheiro de Abramovich e ajudou a inspirar o projeto de fair play financeiro da Uefa. O clube londrino passou a ter uma dívida grande com o próprio dono. Até 2010, a equipe não conseguia ser lucrativa e acumulava perdas. E justamente em 2010 nasceu o fair play financeiro da Uefa.

Veja os mais jovens a marcarem na Champions League!

O Chelsea já foi punido pela Fifa por violar regras para contratar jogadores antes dos 18 anos. Foi por isso que o clube ficou fora da janela de transferências entre 2019 e 2020. Neste momento, além de turbinar fortemente de novo seu time, Abramovich tem planos de um novo estádio para o Chelsea ou de ampliar o Stamford Bridge.

Chegamos agora ao ponto de ver uma semifinal de Champions em que o Real Madrid, um clube associativo 13 vezes campeão da Europa, parece ser o “primo pobre”. Seus rivais nessa fase são times de reduzida tradição em títulos internacionais que esbanjam grana terceirizada. Manchester City e PSG vão em busca de um troféu inédito, e o Chelsea tenta a segunda taça após 9 anos.

Dinheiro traz ou não felicidade? O “crime” contra o fair play financeiro compensa? Camisa ainda ganha jogo? Vamos ver as respostas que a Champions dará agora.

 

 

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Semifinal da Champions dá aula de drible no fair play financeiro

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O trio Casemiro/Kroos/Modric é comparável a Busquets/Xavi/Iniesta

Rodrigo Bueno
Rodrigo Bueno

Ao comentar o caliente Real Madrid 2 x 1 Barcelona no último sábado (10), no programa Futebol no Mundo (assista abaixo), eu fiz uma reflexão sobre dois trios de meio-campistas que estão na história do futebol: Busquets/Xavi/Iniesta e Casemiro/Kroos/Modric. E apontei que eles são sim comparáveis, tendo em conta mais especialmente o que fizeram pelos seus clubes, pois o trio espanhol ganhou muito também por seleção, coisa obviamente impossível para o tridente madridista.

O Real Madrid de Zidane, no auge, ficou muito famoso pelo trio BBC (Bale, Benzema e Cristiano Ronaldo), o que tirou holofote do poderoso e ajustado meio-campo da equipe. Esse continua atuante, levou o clube merengue ao título espanhol passado e pode faturar de novo agora Champions League e LaLiga. O Barcelona dos últimos anos é muito marcado pela 'era Messi', mas seu talentoso meio-campo sempre foi muito valorizado, com justiça.

Casemiro, Modric e Kroos no mesmo patamar de Busquets, Xavi e Iniesta? Rodrigo Bueno analisa e opina; assista


Olhando para o passado não tão distante, o trio madridista fez algo inédito: ganhou três edições da Champions League de forma seguida. Desde que o nobre torneio ganhou esse nome, a partir de 1992/1993, apenas o Real conseguiu isso. O Barça de Guardiola ganhou duas taças do tipo, em 2009 e 2011. O gigante catalão ainda faturou o título europeu em 2015, mas sem o famoso trio, pois nesse ano Xavi já era reserva (Rakitic jogava como titular).

Kroos, meio-campista alemão do Real Madrid, beija a taça da Champions em 2017
Kroos, meio-campista alemão do Real Madrid, beija a taça da Champions em 2017 VI Images via Getty Images

Em termos de Champions League, a principal competição que seus clubes disputam, o trio madridista leva vantagem (foram titulares nos três títulos consecutivos, sendo que Modric jogou também na final de 2014). E, antes que alguém venha dizer que o Real é ajudado pela arbitragem, o juiz de Chelsea x Barcelona em 2009, o norueguês Tom Ovrebo, deixou de marcar pelo menos dois pênaltis para os Blues. Foi decisivo para levar o Barça à final.

Falando de Mundial de Clubes, o delicioso trio do Barcelona só foi campeão mesmo em 2011 contra o Santos, pois em 2009 Iniesta não jogou e, em 2015, Xavi já tinha saído (Rakitic era o dono da posição). O tridente do Real foi tricampeão mundial genuíno (2016/2017/2018), embora Casemiro não tenha sido titular em 2018 (Llorente começou jogando e depois deu vez ao brasileiro).

Se partimos para a Supercopa da Europa, há um certo equilíbrio no sucesso dos dois trios. A turma do Barça ganhou mesmo em 2011 (2 a 0 no Porto), sendo que Busquets começou no banco e entrou na vaga de Keita. E o tridente madridista faturou a taça em 2017 (2 a 1 no Manchester United).

Como se vê, nos resultados em torneios internacionais por clubes, Casemiro, Kroos e Modric estão ligeiramente à frente de Busquets, Xavi e Iniesta. A questão se inverte nas disputas domésticas, pois o Barça ganhou mais vezes o Campeonato Espanhol e a Copa do Rei nos últimos anos.

Busquets e Xavi, companheiros em muitos títulos do Barcelona e da seleção espanhola
Busquets e Xavi, companheiros em muitos títulos do Barcelona e da seleção espanhola Getty Images

Há um entrosamento mais natural do tridente espanhol até porque jogaram juntos muitas vezes também pela seleção. Por reunir um brasileiro, um alemão e um croata, essa química do meio-campo madridista chega a ser até mais surpreendente. E é bom lembrar que Modric é o único dos seis jogadores que venceram a Bola de Ouro e que Kroos, assim como os espanhóis, também foi campeão mundial com sua seleção. Eles brilharam também por seus países.

Casemiro e Busquets, os volantes de contenção dos trios, têm características diferentes, como o brasileiro explicou no Bola da Vez exibido nos últimos dias. O ex-são-paulino tem mais pegada, faz mais gols, é mais ativo. Busquets figura como um jogador mais clássico, excelente passador. Os dois cadenciam bem seus times e possuem ótimo entendimento com os outros dois colegas do meio.

O domínio recente do Real Madrid em El Clásico passa muito por seu atual tridente de meio-campo. E algo similar acontecia no auge de Busquets, Xavi e Iniesta. Podemos discutir estilos e preferências pela forma de jogar e dominar o rival, mas é inegável que os dois trios marcaram época no futebol e no maior clássico do planeta.

Xavi e Iniesta já se despediram do Barcelona. Não vejo futuro longo para Busquets, que não rende mais em alto nível. Casemiro, Kroos e Modric, no entanto, ainda são pilares fundamentais do time de Zidane. Podem ganhar mais taças e mais pontos nessa comparação entre dois dos maiores trios da história do futebol espanhol e mundial.

Fomos privilegiados por acompanhar o tridente do Barça. E somos sortudos por ainda ver o trio merengue. Quem ama o futebol supera o clubismo e aprecia os dois times e esses seis vitoriosos meio-campistas. É o meu caso.

Benzema faz golaço, e Real Madrid vence Barcelona no possível último El Clásico de Messi; assista aos melhores momentos


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Favoritos têm pedreiras, e Libertadores se abre para surpresas

Rodrigo Bueno
Rodrigo Bueno

Quem são os grandes favoritos da Conmebol Libertadores? Talvez Flamengo, Palmeiras, Boca Juniors e River Plate. Todos pegaram grupos encardidos no torneio. Claro que a lógica aponta a classificação de todos, mas não será moleza, o quarteto caiu em chaves desafiadoras, cascudas.

O bicampeão brasileiro pegará a sempre perigosa LDU-EQU de Pablo Repetto, possivelmente na altitude de Quito (se não mudarem o local do confronto), e o Vélez Sarsfield-ARG, campeão de 1994 e talvez o time mais forte que estava no pote 3. Unión La Calera-CHI deve ser o saco de pancadas.

O atual detentor do título vai encarar de novo o Defensa y Justicia, equipe que deu muito trabalho na partida de ida da Recopa. Atual campeão da Sul-Americana, a equipe de Beccacece é bastante competitiva. E entrará nessa chave o copeiro Grêmio ou o emergente Independiente del Valle, que também ganhou recentemente a Copa Sul-Americana. O Universitario, de enorme tradição no Peru, é um sério candidato à lanterninha desse grupo pesado.

Assista e conheça os adversários do Flamengo na Libertadores-2021


O Boca Juniors, mais uma vez em busca do hepta e de empatar em títulos com o Independiente-ARG, deve pegar de novo os Meninos da Vila. E o Santos, que está em boa vantagem contra o San Lorenzo após os 3 a 1 na Argentina, foi o algoz do Boca na edição passada. Nessa chave parelha, ainda tem The Strongest-BOL, acostumado com a competição e forte na altitude de La Paz, e o Barcelona de Guayaquil-EQU, equipe que já foi finalista do continente e que costuma complicar para muitos com sua velocidade.

Gabigol com a taça da Libertadores, que o Flamengo ganhou em 2019
Gabigol com a taça da Libertadores, que o Flamengo ganhou em 2019 Alexandre Vidal / Flamengo

O River Plate, mais enfraquecido após a perda de jogadores importantes, está no caminho do Fluminense, que volta à Libertadores com fome. O grupo pode ter dois colombianos. O Independiente Santa Fé-COL, que já foi campeão da Sul-Americana, está garantido, e o Junior Barranquilla-COL, que está em desvantagem diante do Bolívar na terceira fase da disputa. Os times colombianos são das maiores ameaças ao domínio de brasileiros e argentinos.

Abel Ferreira e presidente do Palmeiras com taça da Libertadores
Abel Ferreira e presidente do Palmeiras com taça da Libertadores Cesar Greco / Palmeiras

Os brasileiros que correm por fora em busca do título pegaram bons grupos. É o caso do São Paulo, tricampeão sul-americano e mundial, que enfrenta o tradicional Racing, carrasco do Flamengo na Libertadores passada, mas encara Sporting Cristal e Rentistas. O campeão peruano tem tradição, mas o futebol de seu país não tem assustado na Libertadores faz tempo. Já o Rentista, que fez o São Paulo ser cabeça de chave este ano, é só figurante.

Assista e conheça os adversários do Palmeiras na Libertadores-2021


Atlético-MG e Internacional, ambos no pote 2, caíram nos grupos dos paraguaios. O Galo, com muito investimento, tenta o bi na chave do Cerro Porteño-PAR, enquanto o Colorado, sonhando com o tri, encara o Olimpia-PAR, com quem tem certa rivalidade desde 1989. O clube do técnico Cuca tem um venezuelano em sua chave (Deportivo La Guaira-VEN) e o América de Cali-COL, time mais azarado da história da Libertadores e que esteve há pouco tempo na segunda divisão de seu país. O Inter também pega venezuelano (Deportivo Táchira) e a novidade Always Ready, que aposta basicamente na altitude boliviana.  

Todos os brasileiros têm boas chances de classificação. O Fluminense é o que parece em situação mais indefinida, seja pela dificuldade do grupo ou pela inexperiência de boa parte de seu elenco na competição. O grupo F, sem brasileiros, talvez seja o mais aberto, mais imprevisível.

Aliás, a Libertadores-2021, em meio à pandemia e com a situação fora de controle no Brasil, será bem imprevisível. O nobre torneio da Conmebol, que tradicionalmente já é bem desafiador, agora vai ser ainda mais surpreendente.

Assista e conheça os adversários do São paulo na Libertadores-2021


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Não odeio nem torço contra Vinícius Jr., as críticas fazem parte do jornalismo

Rodrigo Bueno
Rodrigo Bueno

Por que eu odiaria Vinícius Júnior? Garoto do bem, talentoso, esportista, simpático, humilde e sem histórico de problemas ou confusões. Eu nunca tive contato direto com ele até hoje, não tenho nenhuma frustração por isso, mas acho que poderíamos sim nos dar bem em alguma resenha.   

Por que eu torceria contra o Vini? Ele joga no time espanhol da minha família, afinal meu saudoso avô galego tinha simpatia pelo Celta, mas gostava mesmo do Real Madrid por representar muito bem a Espanha. Não sou “pacheco” para defender jogadores brasileiros só pela nacionalidade, é verdade, só que igualmente não torço contra os meus conterrâneos no exterior.   

Vinicius Jr. comemora após marcar para o Real Madrid sobre o Liverpool
Vinicius Jr. comemora após marcar para o Real Madrid sobre o Liverpool EFE/JuanJo Martín

Neste 7 de abril, Dia do Jornalista, é bom lembrar que o espírito crítico faz parte da minha profissão. Apontar as deficiências de jogadores está no meu pacote, não estou na mídia para passar pano para ninguém. E, sabidamente, Vinícius Júnior vinha sendo criticado por mim (e por boa parte da imprensa mundial) pela sua dificuldade em finalizar bem as jogadas. Não porque quero seu mal.

Da mesma forma, destaco e elogio as boas atuações dele e dos demais atletas. Contra o Liverpool, jogo de ida das quartas de final da Champions League, Vinícius Júnior foi decisivo, inclusive no seu ponto fraco: a conclusão. Em 85 minutos, deu quatro finalizações e fez dois gols, coisa que não conseguia fazer na carreira desde abril de 2018, quando ainda defendia o Flamengo (pode ter gente que, por clubismo, torça contra Vini, mas não é meu caso).

Rodrigo Bueno esclarece que não torce contra Vinicius Jr., elogia 'jogo emblemático' e se defende: 'O tempo me deu razão'

Não dá para alguém imaginar que vai ser atacante do Real Madrid, a excelência do futebol mundial, e não vai ser cobrado na mesma medida. Não é nem pelo preço que ele custou (€45 milhões) quando era adolescente. A questão é que ele está inserido hoje na elite do esporte. O Real não é historicamente um lugar para jogadores evoluírem, o maior clube do mundo costuma exibir para o mundo craques já prontos.

Vinícius Júnior tem apenas 20 anos, muita gente lembra isso com certa razão. Mas Haaland e Mbappé, para ficar em outros destaques da atualidade, também são jovens. Grandes craques, de hoje e do passado, mostraram valor e talento ainda cedo. O Real Madrid tem sido até muito paciente com Vini, até porque muito dinheiro está sendo investido na reforma do Santiago Bernabéu e poucos caras consagrados foram contratados recentemente (Hazard foi uma exceção e quase não sai do departamento médico).

Zidane conhece muito de bola e gerencia bem o vestiário merengue. Ele acertou em cheio na escalação de Vini como titular contra o Liverpool. Havia a possibilidade de fazer linha de cinco na defesa, usando Marcelo, até pelos muitos desfalques na retaguarda. O técnico francês, o mais bem-sucedido na Champions após 50 jogos (são 31 vitórias, além dos três títulos), alterna bastante sua equipe titular e muitas vezes deixa o Garoto do Ninho no banco. Sinal de que o brasileiro precisa mesmo se firmar.

Em 106 partidas no Real Madrid, Vinícius Júnior tem 14 gols e 22 assistências. Nesta temporada, ele está mais artilheiro, embora ainda com números relativamente discretos. Na temporada de estreia, foi mais assistente, algo compreensível. Assim como ele foi eficiente contra o Liverpool, deve ser muito útil ao gigante espanhol em todas as competições, pois tem muita habilidade e velocidade, pode quebrar linhas, definir jogos. Foi para isso que ele foi contratado, é por isso que ele é cobrado.

Quando Vini foi negociado com o Real Madrid, com poucos jogos como profissional, eu destaquei a incrível qualidade técnica dele e sua capacidade de driblar, mas alertei que ele precisava evoluir bastante taticamente e na conclusão das jogadas. Eu o chamei, assim como outros craques brasileiros (Garrincha e Ronaldinho Gaúcho inclusive), de “peladeiro”, algo que repercutiu logo na Espanha. Não quis usar o termo de forma pejorativa, apenas mostrar que ele precisava melhorar.

No dia em que foi, sem dúvida, o melhor jogador da Champions League, Vinícius Júnior fez breve desabafo. “Trabalho muito aqui. Sonhava em jogar no Real Madrid e com os melhores jogadores, é por isso que trabalho tanto no treino e em casa. As pessoas de fora podem falar o quanto quiserem, mas eu sempre me dediquei”.

Pois bem, eu estou de fora, reconheço a dedicação do Vini, curto vê-lo realizar seus sonhos, mas continuarei falando o que eu quiser, criticando e elogiando quando eu achar necessário, pois esse é o meu trabalho. Que ele e outros entendam isso. Com muito orgulho, eu sou um jornalista independente, não puxo o saco de ninguém para ter algum tipo de vantagem (uma entrevista, uma camisa, um autógrafo, mais seguidores ou seja lá o que for). E, de boa, também não odeio nenhum jogador de futebol.

Parabéns, Vini! Hala Madrid!

 

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Expulsões de Neymar e Thiago Silva mostram fragilidade dos capitães de Tite

Rodrigo Bueno
Rodrigo Bueno

Dentre os jogadores que mais vezes usaram a faixa de capitão da seleção brasileira sob o comando de Tite, estão Neymar e Thiago Silva, justamente os dois atletas do país que foram expulsos no fim de semana e comprometeram a situação de seus clubes, derrotados de forma impactante. 

Neymar recebeu o segundo cartão amarelo no final do jogo decisivo do Francês entre o Paris Saint-Germain e o Lille, que lidera a disputa após a vitória por 1 a 0 fora de casa. Na 'final antecipada' do campeonato, o jogador mais caro da história do futebol foi expulso depois de um entrevero com Djaló, que também foi expulso. A confusão entre eles continuou no túnel até os vestiários.   

Neymar reclama de pancada, começa confusão e é expulso; veja


A imprensa francesa voltou a destacar a imaturidade de Neymar, sua falta de controle em determinadas situações. Ele postou nas mídias sociais uma mensagem com teor religioso como se fosse vítima e ganhou mais uma vez o apoio de seus fãs, que promovem sistematicamente um 'NeyDay', normalmente quando tem jogo decisivo dele.

Giuly, ex-jogador de PSG e Barcelona, o comparou a Ronaldinho Gaúcho por ter talento demais e não saber aproveitá-lo devidamente. “Creio que Neymar e Ronaldinho têm trajetórias parecidas. Ambos são jogadores que possuem tudo, mas que não se doam o suficiente para chegar ao nível mais alto. Poderiam ser os melhores do mundo por uma década, e não só por dois anos”, disse o francês. Detalhe: Ronaldinho foi eleito duas vezes o melhor do mundo. Neymar ainda não foi nenhuma vez.

Neymar, expulso no fim de semana contra o Lille, chora no banco de reservas após a derrota do PSG na final da Champions
Neymar, expulso no fim de semana contra o Lille, chora no banco de reservas após a derrota do PSG na final da Champions Getty

Outro país, outro capitão, outra expulsão

Mudando de país e de capitão, hora de falar de Thiago Silva, criticado por uma atuação desastrosa na goleada sofrida pelo Chelsea diante do West Brom por 5 a 2. O The Sun deu nota 3 para o desempenho do experiente zagueiro e lembrou sua outra partida ruim contra o West Brom, que está na zona da degola na Premier League.

Thiago Silva dá tesoura, acerta rival e é expulso; assista

“Mais uma vez teve uma atuação que foi um pesadelo, depois do horror de setembro de 2020, quando entregou a bola e deu o primeiro gol para o adversário”, descreveu o jornal inglês. Thiago Silva, assim como Neymar, fez uma postagem em suas mídias como se fosse vítima de uma injustiça, embora tenha assumido a responsabilidade.

“Acredito que não era um lance para expulsão. Ainda não vi o vídeo, mas o árbitro tomou a decisão dele, e nós não podemos mudar o que passou. Assumo a responsabilidade pela expulsão, que infelizmente afetou diretamente no resultado do jogo”, escreveu o defensor, que foi o capitão da seleção brasileira nos jogos mais recentes da seleção brasileira nas eliminatórias da Copa.

Neymar era o capitão mais frequente de Tite até à Copa América de 2019. O técnico passou essa responsabilidade para Daniel Alves especialmente após o episódio em que Neymar deu um soco em um torcedor após perder a final da Copa da França. No Mundial da Rússia, Tite apostou em Neymar como líder da seleção, mas ele virou piada mundial por conta de simulações.

Thiago Silva, expulso no fim de semana contra o West Brom, dá coletiva como capitão da seleção brasileira contra a Argentina
Thiago Silva, expulso no fim de semana contra o West Brom, dá coletiva como capitão da seleção brasileira contra a Argentina Getty

Quatro anos antes, na Copa do Brasil, a liderança de Thiago Silva foi muito questionada quando ele foi flagrado chorando sozinho, sentado em cima da bola, antes da disputa de pênaltis contra o Chile nas oitavas de final. Tite resgatou Thiago Silva na seleção e também lhe deu a faixa de capitão durante o Mundial de 2018 em meio ao seu rodízio de líderes na equipe nacional.

Nesse rodízio de Tite, vários jogadores foram capitães do Brasil: Miranda, Casemiro, Marcelo, Alisson, Philippe Coutinho, Fernandinho, Filipe Luís, Gabriel Jesus, Marquinhos, Paulinho, Renato Augusto, Willian e até Robinho, que teve sentença por estupro confirmada na Justiça italiana. Neymar e Thiago Silva, no entanto, foram as grandes apostas de Tite para capitão do time.

 Será que não tem na seleção brasileira um jogador com perfil de verdade de capitão? Será que Tite não errou demais também ao distribuir a liderança na equipe? Será que não falta comando dentro e fora de campo na seleção?

Tite, que fez rodízio de capitães na seleção brasileira, abraça Neymar, um de seus líderes favoritos no time
Tite, que fez rodízio de capitães na seleção brasileira, abraça Neymar, um de seus líderes favoritos no time Alexandre Schneider/Getty Images

 

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Com o leste europeu em alta, eu convoquei a poderosa seleção da Iugoslávia

Rodrigo Bueno
Rodrigo Bueno

Já são quase 30 anos da dissolução da Iugoslávia, país que tinha muita tradição no futebol e no basquete. Na última Data Fifa, algumas das principais histórias e façanhas envolveram pedaços da antiga nação do leste europeu. Resolvi então montar uma seleção iugoslava da atualidade para deixar mais claro como seria forte esse time. 

Os 23 jogadores convocados atuam quase todos nas principais ligas da Europa. Um deles ganhou a Bola de Ouro em 2018. Os sete países que integravam a Iugoslávia e que disputam as atuais eliminatórias da Copa do Mundo (Bósnia e Hergovina, Croácia, Eslovênia, Kosovo, Macedônia do Norte, Montenegro e Sérvia) têm representantes no poderoso grupo que montei.   

Sem mais rodeios, vamos aos convocados!

O esloveno Oblak, um dos melhores goleiros do mundo, brilha no Atlético de Madri
O esloveno Oblak, um dos melhores goleiros do mundo, brilha no Atlético de Madri Manuel Queimadelos Alonso/Getty Images
 

Goleiros: Oblak (Atlético de Madrid), Livakovic (Dinamo Zagreb) e Begovic (Bournemouth).

 

Defensores: Vrsaljko (Atlético de Madrid), Lovren (Zenit), Savic (Atlético de Madrid), Maksimovic (Napoli), Vida (Besiktas), Kolasinac (Schalke) e Alioski (Leeds).

 

Meio-campistas: Kovacic (Chelsea), Brozovic (Inter), Matic (Manchester United), Modric (Real Madrid), Milinkovic-Savic (Lazio), Pjanic (Barcelona) e Rashica (Werder Bremen).

 

Atacantes: Perisic (Inter), Tadic (Ajax), Mitrovic (Fulham), Jovic (Eintracht Frankfurt), Dzeko (Roma) e Pandev (Genoa).

O croata Modric, que ganhou a Bola de Ouro em 2018, é uma das estrelas do Real Madrid
O croata Modric, que ganhou a Bola de Ouro em 2018, é uma das estrelas do Real Madrid Reprodução/ESPN

A base da equipe é a seleção da Croácia, vice-campeã mundial, com oito convocados. A Sérvia conta com seis atletas. A Bósnia e Herzegovina tem quatro no grupo. Dois são da Macedônia do Norte, que fez história ao bater a Alemanha por 2 a 1 quebrando a série de 18 vitórias nas eliminatórias do time de Joachim Löw. Eslovênia (terra de um dos melhores goleiros do planeta na atualidade), Montenegro e Kosovo possuem um jogador na lista.

O time titular da Iugoslávia atual poderia ter a seguinte formação: Oblak; Vrsaljko, Savic, Lovren e Kolasinac; Kovacic, Milinkovic-Savic e Modric; Tadic, Dzeko e Perisic. Os reservas, montados no 3-4-3: Livakovic; Maksimovic, Vida e Alioski; Matic, Brozovic, Rashica e Pjanic; Jovic, Mitrovic e Pandev.

O veterano Pandev, hoje no Genoa, fez um dos gols da Macedônia do Norte na histórica vitória contra a Alemanha
O veterano Pandev, hoje no Genoa, fez um dos gols da Macedônia do Norte na histórica vitória contra a Alemanha Getty

Nesta temporada, os times do leste europeu têm aprontado algumas boas surpresas. O Dinamo Zagreb conseguiu a maior vitória de sua história ao vencer o Tottenham por 3 a 0 na partida de volta da Liga Europa, eliminando pela primeira vez um time de José Mourinho da competição.

O Slavia Praga, por sua vez, despachou dois badalados times britânicos na Liga Europa: Leicester e Rangers, que acaba de ser campeão da Escócia com Gerrard no comando. Dinamo Zagreb e Slavia Praga podem fazer uma semifinal da Liga Europa, cuja decisão será em Gdansk, na Polônia, o país do melhor jogador do mundo na atualidade: Robert Lewandowski.   

No meio do ano, a Eurocopa terá oito países do leste europeu na luta: Croácia, Eslováquia, Hungria, Macedônia do Norte, Polônia, República Tcheca, Rússia e Ucrânia. O nobre torneio de seleções da Uefa terá partidas em Baku, Bucareste, Budapeste e São Petersburgo.

O lado direito da Europa, tão adorado pela turma da esquerda, está de novo na moda.

 

 


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Com o leste europeu em alta, eu convoquei a poderosa seleção da Iugoslávia

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Em duelo diplomático, Espanha recebe Kosovo sem reconhecer hino e bandeira do adversário

Rodrigo Bueno
Rodrigo Bueno

Alguns confrontos foram evitados no sorteio dos grupos das eliminatórias europeias para a Copa do Mundo de 2022, notadamente os que envolvem a seleção do Kosovo, mas, a partir desta quarta-feira (31), quando encara a poderosa Espanha, essa seleção do leste europeu disputará um campeonato à parte contra adversários que não a reconhecem como nação.  

Kosovo está no grupo B do qualificatório para o Mundial ao lado de Espanha, Suécia, Grécia e Geórgia. Apenas os suecos na chave reconhecem como país o Kosovo, que proclamou sua independência da Sérvia unilateralmente em 2008. Curiosamente, Kosovo foi sorteado para o grupo da Sérvia, mas, por razões políticas, foi jogado para a chave onde agora enfrenta questões diplomáticas.  

Em um comunicado sobre a mais recente lista de atletas convocados pelo técnico Luis Enrique, a federação espanhola citou os duelos “contra a Grécia, a Geórgia e o território do Kosovo”. Esse termo “território” revoltou a federação do Kosovo, que ameaçou não disputar a partida caso sua condição de nação independente não fosse respeitada. A Fifa e a Uefa reconhecem o Kosovo como membro associado de pleno direito desde 2016.

Sérvia vence Azerbaijão pelas eliminatórias para a Copa; veja


"O Kosovo não fará quaisquer concessões: apenas jogaremos de acordo com os critérios e regras estritos da Uefa, com o hino nacional e a bandeira, caso contrário o jogo não será disputado", alertou a federação do Kosovo.

Não é possível entrar na Espanha com passaporte do Kosovo, por exemplo. O governo espanhol não reconhece nada do adversário esportivo desta quarta-feira, inclusive bandeira e hino. Pelo protocolo da Uefa, pelo menos isso deveria ser respeitado antes da partida.

Arber Zeneli (de camisa azul), de Kosovo, em lance contra Kristoffer Olsson, da Suécia, em jogo das eliminatórias para a Copa de 2022
Arber Zeneli (de camisa azul), de Kosovo, em lance contra Kristoffer Olsson, da Suécia, em jogo das eliminatórias para a Copa de 2022 Armend Nimani/Getty Images

Esse conflito diplomático que o Kosovo enfrenta deve se repetir contra outros países, mas a Espanha é um caso bastante singular. Ela é um raro país na parte ocidental da Europa que não reconhece o Kosovo. Uma das razões para isso é o temor de que isso possa estimular ainda mais o separatismo de regiões como a Catalunha e o País Basco.

A Uefa determinou antes do sorteio das eliminatórias que o Kosovo não poderia jogar de forma nenhuma contra a Sérvia, a Rússia e a Bósnia e Herzegovina por conta da tensão política. Mas muitos outros países mundo afora, incluindo o Brasil, não reconhecem o Kosovo como nação (113 países reconhecem a independência kosovar).

O Kosovo estreou em casa contra a Suécia e perdeu por 3 a 0. Agora chegou a vez de jogar fora e contra nações que não a reconhecem. A seleção do Kosovo já disputou as eliminatórias para a Copa de 2018. Em 10 jogos, obteve um empate (1 a 1 contra a Finlândia) e nove derrotas. E o grupo não tinha rivais “hostis” para Kosovo (só a Ucrânia de adversário não tinha reconhecido sua independência).  

Todos os jogadores da seleção do Kosovo são mais velhos do que o próprio país, que tem pouco menos de 2 milhões de habitantes. Os atletas kosovares, mais do que brigar pela vitória em campo, lutam pela honra de sua nação.

Shaqiri joga pela seleção suíça, mas é nascido no Kosovo
Shaqiri joga pela seleção suíça, mas é nascido no Kosovo EFE
 

O atacante Muriqi, da Lazio, passou fome e enfrentou bombas na infância com a família perto da fronteira com a Albânia. O meio-campista Rashica, do Werder Bremen, sobreviveu a bombardeios no Kosovo. Milhares de kosovares tiveram que mudar de país para continuar com vida. Foi assim com o goleiro e capitão Ujkani, do Torino, e com o meio-campista Berisha, do Reims.

A causa kosovar esteve em campo na Copa do Mundo da Rússia em 2018. No duelo entre Suíça e Sérvia, Xhaka (filho de kosovares) e Shaqiri (nascido no Kosovo) celebraram seus gols fazendo gesto de águia, um símbolo da Albânia. Foi uma clara provocação aos sérvios. A maioria dos kosovares é de origem albanesa.

A Fifa permitiu que alguns kosovares que já tinham defendido outras seleções jogassem pelo Kosovo. São os casos de Rrahmani, Berisha, Meha, Shala, Rashica e Ujkani. A federação kosovar tenta cada vez mais repatriar atletas, mas esbarra agora em limites e proibições da própria Fifa e de outras federações (a seleção suíça não quer abrir mão de jogadores como Xhaka e Shaqiri, por exemplo) ou decisões pessoais (Januzaj tem mãe kosovar, mas optou por defender a Bélgica, onde nasceu) - o ESPN.com.br contou a forte história dos irmãos Xhaka em 2014, antes da Copa do Mundo no Brasil e de a Fifa reconhecer Kosovo como país.

Não há dúvida de que a Espanha, que não vem fazendo bons jogos nas atuais eliminatórias, é favorita e deve vencer o duelo de hoje. A questão maior para os kosovares é se a rival vai tocar o hino e exibir a bandeira de seu país. 


Luis Enrique é o comandante da seleção espanhola
Luis Enrique é o comandante da seleção espanhola Josep Lago/AFP/Getty Images

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Em duelo diplomático, Espanha recebe Kosovo sem reconhecer hino e bandeira do adversário

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Grêmio tem acerto com Douglas Costa e Rafael Carioca e quer se livrar de Jean Pyerre

Rodrigo Bueno
Rodrigo Bueno

Repercutiu bastante a minha presença nesta segunda-feira no SportsCenter das 10h falando sobre as negociações do Grêmio em andamento. São muitas as informações, então resolvi fazer aqui um pacote explicando melhor as coisas.

Há um acerto entre Grêmio e Douglas Costa, assim como há um acerto entre o tricolor gaúcho e Rafael Carioca. Mas não há acerto ainda do time de Renato com os clubes dos dois jogadores: Juventus e Tigres, respectivamente.  

Sobre Douglas Costa, há uma confiança de que o atleta possa se desligar da Juventus, só assim pode dar negócio. Na Europa, já falam abertamente do interesse do Grêmio na contratação do jogador, que também se mostra disposto a voltar para o futebol brasileiro.

 

Douglas Costa, Seleção brasileira
Douglas Costa, Seleção brasileira Rafael Ribeiro/ CBF

A proposta do Grêmio para Douglas Costa, entre salário, direito de imagem e luvas diluídas, renderia R$ 2,5 milhões por mês ao atleta da Juventus que foi formado pelo clube gaúcho. Se for assim, será o jogador mais bem pago no Brasil, superando Gabigol e Daniel Alves.

O Grêmio, no entanto, tem muita preocupação com a questão física de Douglas Costa, que perdeu espaço na seleção brasileira justamente por contusões. Além de uma avaliação minuciosa da parte clínica do jogador, o Grêmio colocaria no contrato de três anos com ele uma cláusula que trata de lesões.

Todo esse cenário depende do desligamento de Douglas Costa da Juventus primeiro. Com Rafael Carioca, a situação é semelhante. O Grêmio chegou a oferecer US$ 3,5 milhões ao Tigres para ter o volante, um dos destaques do time mexicano. O clube vice-campeão mundial não concordou com os valores e, aparentemente, só liberaria o jogador pelo valor da multa, o dobro do que o Grêmio ofereceu. Por isso não houve acerto ainda.   

Caso Rafael Carioca não seja contratado, a direção gremista não pretende ir atrás de outro nome. A ordem seria para aproveitar mais os volantes da base: Fernando Henrique, muito elogiado dentro do clube, e Victor Bobsin, atleta que já foi sondado pelo Barcelona.  

Gabriel Jesus, Lucas Lima e Rafael Carioca no primeiro treino da seleção com Tite como técnico
Gabriel Jesus, Lucas Lima e Rafael Carioca no primeiro treino da seleção com Tite como técnico Mowa Press

O Grêmio tem dado exemplo de administração no país nos últimos tempos. Mesmo em época de pandemia, o clube teve superávit de R$ 37,5 milhões em 2020. A venda de atletas da base e de alguns dos destaques do time ajudaram nesse cenário positivo. A ótima sintonia entre o presidente Romildo Bolzan e o técnico Renato também contribui para esse momento sólido da instituição. A Arena do Grêmio inclusive já poderia ter sido adquirida de vez pelo clube não fossem algumas questões burocráticas e políticas.

Para voltar ao mercado gremista, outras informações que obtive dão conta da procura de um goleiro experiente para ser parceiro do jovem Brenno. Vanderlei e Paulo Victor estão em uma lista de negociáveis, assim como Victor Ferraz, Everton, David Braz, Paulo Miranda e Churín. Se o Grêmio negociar todos esses atletas, vai economizar em torno de R$ 2,5 milhões por mês em salários (justamente o valor que caberia a Douglas Costa).   

O Grêmio já economizou quase R$ 1 milhão em sua folha recentemente com outros atletas (Orejuela, Júlio César, Robinho, Lima, Capixaba e Kaio). Há interesse da diretoria em negociar o valorizado meia Jean Pyerre ainda.

O que recebi de informação sobre Jean Pyerre é que ele esteve perto do Bragantino. Foi discutida a possibilidade de um empréstimo com o clube da Red Bull arcando com todo o salário dele. Porém o atleta, que tem decepcionado o Grêmio em questões extracampo, não mostrou interesse em jogar no time paulista. Quem chegar com alguma proposta razoável para o tricolor gaúcho, leva Jean Pyerre. 

Jean Pyerre
Jean Pyerre Getty


Sobre Borré, ele jogaria no Grêmio apenas em junho, quando estiver livre do River Plate. O empresário dele já procura residência em Porto Alegre para o jogador, que deve fazer exames médicos na quinta-feira em Buenos Aires mesmo. Contrato de uma temporada com cláusula automática para mais uma.

Quanto ao Rafinha, o lateral-direito pediu ao Grêmio para jogar no clube. Havia resistência ao nome dele dentro do conselho, até porque o jovem Vanderson promete muito, mas Renato o queria há tempos. E o técnico trabalhou desde a semana retrasada, quando se reuniu com o atleta, para o acerto. Rafinha ganhará R$ 500 mil no Grêmio. Há quem brinque no tricolor gaúcho que Rodinei custou o dobro para jogar 45 minutos apenas contra o Flamengo. O salário de Orejuela no Grêmio era R$ 400 mil, pouco abaixo do de Rafinha agora.


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Limite de troca de técnico é ótimo teste contra mimimi e hipocrisia

Rodrigo Bueno
Rodrigo Bueno

Como alguém que passou a vida toda reclamando da troca em massa de técnicos, criticando duramente a dança das cadeiras no futebol, pode contestar agora o limite de treinadores no Brasileiro porque essa medida impede o direito de demitir e de pedir demissão indefinidamente?

 O discurso padrão diz que é um absurdo trocar seguidamente de treinadores. Crescemos ouvindo que um dos problemas do futebol brasileiro é essa mudança constante na prancheta dos clubes. Isso seria um retrato da administração ruim dos times. Mas, quando vem uma norma para conter isso, surgem críticas a essa imposição.

 Eu sempre entendi e respeitei a liberdade do mercado. Demite quem quer e quando quer. Pede demissão quem quiser e quando quiser. Os contratos profissionais têm normalmente itens sobre a rescisão, com multa e tudo. Esse contrato de trabalho é cumprido mesmo quando é interrompido, se a cláusula de rescisão é respeitada.

CBF tem seu curso para treinadores de futebol no Brasil
CBF tem seu curso para treinadores de futebol no Brasil CBF

Muitas vezes a troca da comissão técnica é positiva, até necessária. O Bayern de Munique, melhor time do mundo hoje, dispensou Niko Kovac já com a temporada passada em andamento e apostou em Hansi Flick, que recuperou a equipe, fez um excelente trabalho e ganhou tudo. Vamos criticar a direção do Bayern por ter demitido Kovac?

Os últimos três técnicos campeões do Campeonato Brasileiro não começaram a competição nas suas equipes vitoriosas: Felipão, Jorge Jesus e Rogério Ceni chegaram ao Palmeiras (2018) e ao Flamengo (2019 e 2020) já com a disputa rolando. Não valeu a pena a troca de treinador nesses casos? Normalmente pegam de exemplo na mídia apenas as trocas de técnicos dos times rebaixados para “provar” que essa prática não dá resultado. E sabemos que muitas vezes a troca de treinador dá sim resultado.

A CBF já vinha colocando em debate e votação nos últimos anos essa proposta do limite de treinadores. A maioria dos clubes era contra, isso para manter a liberdade de demitir e para seguir com o sistema vigente. Nos bastidores, há empresários que colocam técnicos nos times. Essa ciranda tão criticada era benéfica para alguns agentes e treinadores, que ganham multas altas com demissões e pouco depois acham outro time para dirigir.

E a troca voraz de técnicos também servia invariavelmente de escudo para os dirigentes, que, pressionados por torcedores e conselheiros, consagravam como culpado o treinador. Como não dá para mandar um elenco inteiro de jogadores embora, dispensam o chefe da comissão técnica.

Jogo às 22h na pandemia? Rodrigo Bueno analisa influência da TV e 'morde e assopra' do Palmeiras

Todo mundo era feliz nesse círculo vicioso. O dirigente incompetente demite o técnico incapaz que tem um empresário poderoso. Depois, o empresário poderoso enfia o técnico incapaz no time de outro dirigente incompetente. Diante das câmeras e dos microfones, todos criticam essa ciranda, claro. O cartola incompetente diz que não gosta de trocar técnico, o treinador incapaz diz que não teve tempo ideal para trabalhar, e o empresário poderoso tem o dirigente e o treinador no bolso e adora troca e comissão.

Na mídia brasileira (e nos bares e arquibancadas do país), as cornetas soam rapidamente quando o trabalho de um técnico não oferece resultados e desempenho. Ao mesmo tempo, o discurso de que é um erro demitir o técnico antes de ele completar ao menos uma temporada inteira costuma ser repetido à exaustão. Na imprensa, não é raro achar quem cornete o trabalho de um técnico, cobre sua demissão e depois cornete o dirigente que o demitiu.

O resultadismo impera por aqui, sabemos bem. Com o limite na troca de treinadores, uma medida aprovada pela maioria dos clubes da primeira divisão agora (11 x 9) e pela imensa maioria dos times da segunda divisão (18 x 2), esse círculo vicioso que citei, essa ciranda de que tanto falam de forma negativa, encontra a sua primeira barreira, o seu primeiro freio. E, convenhamos, não é difícil cumprir essa regra (na prática, duas trocas são aceitas).

Domínio de técnicos estrangeiros no Brasileirão
Domínio de técnicos estrangeiros no Brasileirão []
 

Há quem conteste a imposição do limite por parte da CBF, mas não houve uma ordem, ninguém colocou arma na cabeça de ninguém para aprovar isso. Houve votação democrática para aplicar essa norma no campeonato nacional. E outra coisa: nem todas as imposições são ruins ou nocivas. Eu cresci vendo cinto de segurança ser um acessório inútil nos carros, pois quase ninguém usava. Quando passaram a multar quem não utilizasse o cinto, virou comum o seu uso. No Brasil, infelizmente, às vezes só se muda uma cultura com imposição. 

Eu vejo essa experiência do limite de treinadores no Campeonato Brasileiro como algo positivo neste momento. Curto algumas rupturas, e essa deverá fazer cartolas e técnicos pensarem mais vezes agora antes de assinar um compromisso. Odeio o mimimi de treinador incompetente que reclama por não ter tido mais tempo de trabalho. Eles terão que melhorar agora para ficar na ativa, as desculpas e muletas que abomino diminuirão um pouco.

Também não gosto da hipocrisia em torno do tema. Essa também estará mais exposta com o limite “imposto”. O que tem de gente que condena troca de técnico diante das câmeras e microfones e que, em off, comemora...


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Presidente da CBF troca fama de banana pela de autoritário

Rodrigo Bueno
Rodrigo Bueno

'Vocês estão f... se não tiver competição': Presidente da CBF diz que TV não quer paralisação do futebol e alerta


Não estou aqui para destacar cartola, ainda mais em época de pandemia, mas acho justo neste momento analisar o perfil de Rogério Caboclo, o atual presidente da CBF, relativamente ainda com pouco tempo no cargo (Ricardo Teixeira ficou mais de duas décadas à frente da entidade).

 Caboclo assumiu a CBF com o apoio de Federações estaduais e clubes, assim como os seus antecessores que acumularam variados problemas na Justiça por conta, sobretudo, de corrupção no esporte. Aliás ele é muito próximo de Marco Polo Del Nero, que o apoiou.

O estatuto da máxima entidade do futebol brasileiro é tão simples quanto antidemocrático: para ser candidato à presidência, só é possível fazendo o jogo das arcaicas Federações estaduais e dos principais clubes do país. E é o que Caboclo está fazendo agora ao prometer lutar contra tudo e contra todos pela continuidade do futebol no país.

O que tem chamado muito a atenção de quem conheceu Caboclo antes de chegar à CBF é sua postura firme, seu discurso forte. Foi assim na defesa do futebol feminino, foi assim protegendo a arbitragem tenebrosa do último Campeonato Brasileiro mesmo com VAR e está sendo assim neste momento em que luta pela bola rolando quando o país é o foco maior do coronavírus no planeta.

Na premiação da CBF para os melhores do Brasileiro, Caboclo não estava muito para cerimônia. Com jeito pausado (e meio chato) de falar, pegou o microfone e gastou vário minutos para marcar território. Para a surpresa de muitos, meteu o dedo em feridas, como o criticado calendário do futebol nacional. Não concordei quando ele afirmou que "não existe calendário irracional feito pela CBF". O que vemos agora então no país? Ninguém sabe mais quando e onde se joga bola.

Após posicionamento de Caboclo sobre paralisação do futebol, Facincani detona CBF e rasga papel ao vivo: 'Acha que é a dona do universo'


Filho de um famoso dirigente são-paulino, Rogério Caboclo é a favor do sistema. Ele ressaltou nas últimas horas, em reunião virtual com os presidentes dos clubes, que a Globo e os patrocinadores querem continuar com o futebol. E lembrou que os clubes estarão fudidos se pararem jogar. Segundo Caboclo, são os clubes os culpados pelo calendário irracional, pois esses querem mais jogos e campeonatos para ganhar mais dinheiro.

A CBF, em boa condição financeira, tem distribuído mais verbas aos clubes, aumentando premiações dos torneios especialmente. Acho que seria mais lucrativo deixar o principal campeonato do país nas mãos dos clubes, algo que seria o mais lógico com base no que vemos na Europa.

Caboclo está ganhando a fama de autoritário por seu posicionamento firme e sua postura em algumas reuniões. No ano passado, houve áspera discussão com o mandatário da Federação do Rio de Janeiro, Rubens Lopes, por conta da volta do público aos estádios. Lopes chegou a apontar para uma "ditadura velada" do presidente da CBF, que aproveitou reunião informal de dirigentes para brecar a vontade do dirigente carioca e do Flamengo de receber público no Rio de Janeiro de forma isolada (Caboclo queria a volta do público mas de forma conjunta).

O presidente da CBF, Rogério Caboclo
O presidente da CBF, Rogério Caboclo Lucas Figueiredo/CBF

O presidente da CBF era visto por muita gente no futebol como um cara inteligente e bem-intencionado, mas acima de tudo pacífico. Não incomodava ninguém, era tranquilo, sensato. Agora, no poder, ele está desafiando até Governos e outras autoridades. Essa veia enérgica de Caboclo foi vista em reunião privada e em cerimônia pública também.  

Há um ditado que diz: se você quiser saber o caráter de alguém, dê poder para essa pessoa. Concorda, Caboclo? 

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Pílulas e palpites das quartas de Champions e Europa League

Rodrigo Bueno
Rodrigo Bueno

As finais da Champions League de 2019/2020 e de 2017/2018 vão acontecer nas quartas desta temporada: Bayern de Munique x Paris Saint-Germain e  Real Madrid x Liverpool. Será que Salah vai se vingar de Sergio Ramos? Será que Neymar aprendeu que o Bayern tem um 'n' no fim, para alívio do Bayer Leverkusen?

São quatro técnicos alemães nesta fase, recorde para uma nacionalidade neste momento da competição. E os quatro (Edin Terzic, Hansi Flick, Jürgen Klopp e Thomas Tuchel) podem estar na semifinal, pois não se enfrentam agora. Meu palpite é que isto não acontecerá - veja mais sobre isto abaixo.

Na Europa League , Clichy, ex-atleta dos Gunners que participou do sorteio, deu sorte para o Arsenal, que pegou o lado mais fácil da chave e pode ir à decisão na Polônia em outra final inglesa: perdeu do Chelsea em 2018/2019 e pode encarar o favorito Manchester United desta vez na final.

Veja como Neymar reagiu à derrota do PSG para o Bayern de Munique na decisão da última Champions


Vamos aos duelos dos dois torneios e, entre parênteses, à porcentagem que este humilde blogueiro mascarado dá para cada time avançar de fase

Champions League
Bayern de Munique (60%) x (40%) Paris Saint-Germain

O Bayern, o time a ser batido atualmente, enfrentou quatro vezes clubes franceses em mata-matas da Champions. Eliminou todos eles: Lyon na semifinal em 2009/2010, Olympique de Marselha nas quartas em 2011/2012, Lyon na semifinal em 2019/2020 e PSG na decisão (logo, jogo único) de 2019/2020.

Mas o time alemão é o que o Paris Saint-Germain mais derrotou em competições europeias. Foram cinco vitórias contra os bávaros. Porém, o PSG ganhou apenas um dos últimos quatro duelos contra eles (3 a 0 em 2017).

Manchester City (70%) x (30%) Borussia Dortmund 

 Haaland nasceu na Inglaterra e torce pelo Leeds, mas tem carinho pelo Manchester City, time no qual seu pai jogou também e que será adversário do craque do Borussia Dortmund agora nas quartas. Haaland tem 35 jogos na Bundesliga e fez 32 gols. Seu pai disputou 35 partidas da Premier League pelo City e anotou 3 gols.

Guardiola foi eliminado em três das cinco vezes em que encontrou o Borussia Dortmund em algum mata-mata na Alemanha quando dirigia o Bayern: Supercopas de 2013 e 2014 e semifinal da Copa da Alemanha em 2014/2015.

O Manchester City perdeu apenas um de seus últimos 12 jogos em casa contra times alemães em competições europeias. A única derrota aconteceu justamente contra o Bayern de Munique treinado por Guardiola em 2012/2013.

Erling Haaland comemora após marcar pelo Borussia Dortmund
Erling Haaland comemora após marcar pelo Borussia Dortmund Getty Images

Real Madrid x (55%) x (45%) Liverpool 

O Real Madrid venceu os últimos três jogos que fez contra o Liverpool na Champions, incluindo a final de 2017/2018. Nessa série, os merengues fizeram 7 gols e levaram só 1.

Na história da Copa dos Campeões da Europa/Champions League, ninguém fez mais gols no Liverpool do que Benzema. O atacante francês do Real Madrid anotou quatro gols nos Reds, o mesmo número que Drogba.

Jürgen Klopp enfrentou sete vezes o Real Madrid na Champions League, mais do que qualquer outro adversário: 3 vitórias, um empate e 3 derrotas. Só Ottmar Hitzfeld, dentre os treinadores, enfrentou mais vezes o Real Madrid pela nobre competição europeia: 12 jogos.

Na única vez em que Liverpool e Real Madrid se enfrentaram em um mata-mata com dois jogos na Champions League, os Reds aplicaram o maior placar agregado que o gigante espanhol já sofreu: 5 a 0 para o time inglês na soma dos dois jogos nas oitavas de 2008/2009.

Benzema, a grand estrela do Real Madrid na atualidade
Benzema, a grand estrela do Real Madrid na atualidade Getty Inages

Porto (30%) X (70%) Chelsea

O Chelsea venceu os quatro jogos que fez em casa contra o Porto na Champions. É a melhor performance caseira dos Blues no torneio contando todos os adversários.

A equipe portuguesa é a última campeã Champions League que não disputa nenhuma das cinco principais ligas nacionais da Europa (Alemanha, Espanha, França, Inglaterra e Itália). Em 2004, o clube foi o campeão sendo treinado por José Mourinho, considerado o melhor treinador da história do Chelsea.

Europa League
Ajax (51%) x (49%) Roma

O Ajax é o único time com 100% de aproveitamento no torneio: quatro jogos e quatro vitórias. Veio da Champions League, por isso fez menos partidas do que a maioria. Ganhou duas vezes do Lille e duas vezes do Young Boys.

A Roma tem o artilheiro do torneio que continua na disputa. Borja Mayoral anotou sete gols, o mesmo que Pizzi, do Benfica, e Yazici, do Lille, que já não atuam mais na competição.

David Neres é alvo de gigantes da Europa e pode deixar o Ajax
David Neres é alvo de gigantes da Europa e pode deixar o Ajax ESPN

Granada (20%) x (80%) Manchester United

O Manchester United venceu apenas dois dos últimos oito jogos que fez na Espanha. Uma dessas vitórias aconteceu nesta temporada: 4 a 0 na Real Sociedad.

O Granada é o pior no ranking da Uefa dentre os times que ainda estão na Liga Europa e vai enfrentar o clube mais bem ranqueado ainda vivo na disputa. O time espanhol, estreante em competições europeias, é o de número 75 na lista da Uefa, enquanto os Red Devils são o oitavo.

Vinícius Jr. fez lance surreal na Champions League e quase anotou gol histórico pelo Real Madrid; assista


Arsenal (60%) x (40%) Slavia Praga

O Arsenal, vice-campeão da Liga Europa em 2000 e 2019, tem o melhor ataque desta edição da Liga Europa: 27 gols. Venceu todos os jogos da fase de grupos e teve sua primeira e única derrota na competição na partida que levou o time para as quartas: 0 a 1 diante do Olympiacos.

O Slavia Praga é o primeiro time a enfrentar três adversários britânicos (Leicester, Rangers e Arsenal) no mesmo mata-mata de um torneio europeu desde o Milan na temporada 2006/2007 (Celtic, Manchester United e Liverpool na Champions).

 Dínamo Zagreb (40%) x (60%) Villarreal

O Villarreal, que já foi à semifinal da Liga Europa em 2003/2004, 2010/2011 e 2015/2016, pode reencontrar o Arsenal na semifinal de uma competição europeia. O Submarino Amarelo foi eliminado pelos Gunners na semifinal da Champions League de 2005/2006.

O técnico Damir Krznar, que assumiu o Dínamo após a prisão de Zoran Mamic, ainda não perdeu dirigindo o clube. Contando todas as vezes em que o antigo interino dirigiu a equipe, são cinco vitórias e dois empates. Ele foi o primeiro técnico a eliminar José Mourinho da Copa da Uefa/Europa League na história.

 

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