'Focinho' no meio do capô ficou mais pronunciado no novo SLK (Foto: Denis Freire de Almeida/G1)
As picapes pequenas têm a fama de serem carros de egoístas, pois só levam duas pessoas. Perto de um roadster como o Mercedes-Benz SLK 200 Kompressor, porém, são um poço de altruísmo. Afinal, apesar de levarem apenas duas pessoas, os modelos com caçamba sempre surgem como solução para o carreto de um amigo. O conversível, não. Leva duas pessoas, uma pequena mala de cada um e nada mais. Quer dizer, leva prazer de sobra... Um sentimento imensurável que tem um preço: R$ 204,1 mil (já com a redução do IPI sobre o valor “cheio” de R$ 218 mil), por essa que é a versão de entrada da SLK. O G1 andou no conversível alemão, que tem como principais concorrentes os compatriotas Porsche Boxter e BMW Z4.
Modelos que disputam com a Mercedes-Benz SLK 200 Kompressor (Foto: Editoria de Arte/G1)
Lanternas foram escurecidas e os escapamentos ganharam forma de trapézio (Foto: Divulgação)
Um dos conversíveis mais cobiçados do mundo, o SLK – sigla do alemão sportlich (esporte), leicht (leve) e kompakt (compacto) – está na segunda geração, lançada há cinco anos (a primeira é de 1996), mas acaba de passar por um face-lift. Inspirado no superesportivo SLR, o desenho do capô ficou ainda mais atraente com o aumento do “focinho” central que lembra (vagamente) um F-1, além da adoção de novos faróis e pára-choque frontal. Na traseira, as lanternas agora foram escurecidas e as saídas de escapamento ganharam forma de trapézio. Internamente, o painel de
Comando do ar-condicionado aboliu o visor digital (Foto: Denis Freire de Almeida/G1)
instrumentos ganhou filetes cromados e o console central foi
remodelado, ficando mais prático de ser usado.
No interior, além do excelente acabamento (não
poderia ser diferente em um Mercedes-Benz de mais de R$ 200
mil), o que chama a atenção é a praticidade. Sabe o mostrador
digital do ar-condicionado? Então, há algum tempo a montadora
alemã vem abolindo tal “tecnologia” na maioria dos modelos. Para
que um mostrador digital se botões giratórios com a escala
desenhada no console são mais práticos e duráveis? É a quebra do
paradigma que surgiu na
saiba mais
década de 90, no qual quanto mais mostradores digitais, mais
equipado e moderno o carro seria. Ainda bem, pois alguns modelos
chegavam a intimidar o motorista com tantos mostradores e
botões.
Paradigmas à parte, toda a parafernália
eletroeletrônica que se espera de um modelo esportivo de luxo
está embarcada, tais como regulagem dos bancos, do volante
(altura e profundidade), lavadores de faróis (bi-xenônio),
sensor de chuva, controle de tração, estabilidade, auxílio de
frenagem de emergência com ABS, airbags, piloto automático,
sistema de som com Bluetooth e conexão para MP3, entre outros.
Porta destravada pelo controle remoto. Ao puxar a
maçaneta a sensação de solidez é
O SLK 200 tem muita tecnologia embarcada, mas ela fica escondida (Foto: Divulgação)
logo transmitida. A porta grande e pesada é o cartão de visitas do esportivo e um aviso de que conforto passa longe do SLK. Mesmo sendo a versão “mais simples”, equipada com um motor 1.8 sobrealimentado por um compressor, o roadster alemão passa a sensação de ser um superesportivo. Nem tanto pelo desempenho, já que tem apenas 184 cavalos de potência e 25,5 mkgf de torque, mas pelas características de direção. Os comandos são pesados, tanto os pedais do acelerador e freio quanto o volante. É preciso fazer bem mais força para dirigi-lo se comparado a um modelo comum.
Motor quatro cilindros leva o SLK 200 de 0 a 100 km/h em apenas 8 segundos (Foto: Divulgação)
Mas toda essa indocilidade é proposital. Afinal,
quem procura um esportivo gosta de “sentir” o comportamento do
carro, sensação que fica anulada com os comandos excessivamente
confortáveis. E o SLK em ação proporciona muito prazer. Mesmo
sendo o mais modesto da linha, o SLK 200 Kompressor vai de 0 a
100 km/h em apenas 8 segundos e atinge os 232 km/h de velocidade
máxima, segundo o fabricante. Além do desempenho respeitável, o
ronco do novo escapamento é digno de nota e passa a impressão de
que o carro é equipado com um motor mais potente.
Volante multifuncional traz borboletas para trocas manuais (Foto: Denis Freire de Almeida/G1)
A suspensão firme aliada aos pneus largos em rodas
de 16 polegadas (205/55 R 16 na frente e 225/50 R 16 atrás)
deixam o carro colado ao chão e, em alguns momentos, faz lembrar
um kart de tão divertido. O câmbio automático de cinco marchas,
com opção de trocas manuais, assume três comportamentos: C
(Comfort), S (Sport) e M (Manual). Na primeira delas, o SLK 200
fica um tanto moroso para arrancar, sendo recomendável apenas
para economizar combustível. Aliás, o consumo comedido vale
destaque. Em uso misto, entre urbano e rodoviário,
Abaixo do câmbio, botões regulam os retrovisores e a capota (Foto: Denis Freire de Almeida/G1)
ficou com a boa média de 10 km/l.
Mas é no modo “S” que o SLK 200 fica divertido. As
arrancadas ganham dinamismo e o “carrinho” demonstra uma
agilidade invejável. Para assumir o controle das marchas, basta
um toque em uma das borboletas atrás do volante. Mas o ponto
alto de toda essa obra-prima da engenharia alemã é comandado por
um pequeno botão logo atrás da alavanca de câmbio.
Basta pressioná-lo para baixo que a capota rígida começa a se dobrar e, em 22 segundos, está totalmente guardada
Capota baixada multiplica o prazer ao volante do Mercedes-Benz SLK 200 (Foto: Divulgação)
no porta-malas – que fica com a capacidade ainda mais reduzida (de 300 litros para 208 litros). Aí a brincadeira fica completa: agilidade, segurança e sensação de liberdade que nem as motos proporcionam. Afinal, para andar no SLK 200 você não precisa de capacete. Só não vai esquecer o protetor solar...