Depois de faturar dois Oscars e detonar a febre verde em
Hollywood, o documentário “Uma verdade inconveniente” desembarca
em DVD nas lojas e locadoras brasileiras nesta semana,
engrossando as comemorações da Semana do Meio Ambiente.
Apesar de dirigido por Davis Guggenheim, a grande
estrela do filme é o ex-vice-presidente americano Al Gore, que
apresenta uma verdadeira aula sobre o aquecimento global, seus
motivos e seus perigos para o futuro da humanidade.
Com a ajuda de gráficos e fotos, Gore vai
empilhando argumento sobre argumento e, aos poucos, construindo
no público a certeza de que a Terra está à beira de um colapso
ecológico, a tal verdade inconveniente do título. Ao fim do
documentário, temos a sensação de que o aquecimento global já
está aí, na nossa cara, e de que precisamos reverter esse
processo com a máxima urgência se quisermos salvar nosso
planeta.
Apesar do formato filme-palestra, que poderia entediar por seu
didatismo e imobilidade, o documentário revela-se uma obra
sedutora, capaz de converter multidões ao time dos defensores do
meio ambiente. Só isso já justifica a existência de “Uma verdade
inconveniente”, mesmo que o fator cinema tenha passado longe,
muito longe do que está na tela.
A sedução do filme se deve não só à argumentação
bem-arquitetada, mas também ao carisma de Al Gore, que aproveita
a carona para dar asas à sua “ego-trip” e às suas lamentações. A
palestra do político, espinha-dorsal da produção, é entrecortada
por cenas em preto e branco sobre os bastidores do dia-a-dia de
Gore, que se revela um homem sensível e inteligente.
Num dos momentos mais emotivos desse retrato, o
político expõe seu ressentimento por ter perdido as eleições
presidenciais para George W. Bush em 2000, num impasse eleitoral
que até hoje não desceu pela goela de muita gente. A pergunta
torna-se inevitável: o que teria sido do mundo se Al Gore, e não
Bush, fosse hoje o presidente dos EUA?
Seria ingenuidade ou pura especulação afirmar que
o mundo seria melhor, ou mesmo que a Guerra do Iraque teria sido
evitada. Mas uma coisa é certa, se Gore tivesse sido eleito, o
planeta estaria bem menos poluído.
Como não poderia ser diferente, o DVD de “Uma
verdade inconveniente” sai em edição ecologicamente correta,
feita com material reciclado, o primeiro do tipo no Brasil e uma
novidade também lá fora.
A edição inclui entrevista com Al Gore, making of
do documentário, comentários dos produtores e clipe da música “I
need to wake up”, da cantora pop Melissa Etheridge, que rendeu o
Oscar de Melhor Canção ao filme.
Além disso, o DVD vem acompanhado de um disco
extra com outro documentário sobre o aquecimento global,
“Mudanças no clima, mudanças de vida”, produzido pela ONG
Greenpeace. O box duplo chega às lojas com preço médio de R$
39,90.