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15/06/07 - 08h25 - Atualizado em 15/06/07 - 10h28

‘Cão sem dono’ retrata o vazio de uma geração

Novo filme de Beto Brant revela a intimidade de um jovem casal.
Trama adapta livro de Daniel Galera, da nova safra literária, vinda da internet.

Carla Meneghini Do G1, no Rio

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Foto: Divulgação
Os gaúchos Júlio Andrade e Tainá Müller vivem Ciro e Marcela em "Cão sem dono" (Foto: Divulgação)

“Cão sem dono” abre logo com uma cena de sexo quase explícito, seguida do típico “day after”. Café e silêncio preenchem o vazio entre Marcela e o apático Ciro, na cozinha do apartamento dele.

O filme é adaptação do romance “Até o dia em que o cão morreu”, o primeiro do gaúcho Daniel Galera, destaque na novíssima geração da literatura brasileira, nascida e criada na internet.

A trama mostra a trajetória íntima da relação amorosa de um jovem casal, desde seu nascimento, discreto e cheio de jogos, até seu momento de revelação, em que eles perdem o controle da situação.

 

Leia entrevista com os diretores Beto Brant e Renato Ciasca

 

  Adaptação

 

Nas mãos da dupla de cineastas Beto Brant, de “O invasor” e “Ação entre amigos”, e Renato Ciasca, seu parceiro habitual com quem agora divide a direção, o livro de Galera ganha tintas naturalistas e delicadas, que fazem com que os protagonistas “saltem” vivos da tela e permaneçam na mente do espectador mesmo depois do fim da sessão.

Foto: Divulgação
Cena de "Cão sem dono", dirigido pela dupla Beto Brant e Renato Ciasca (Foto: Divulgação)

Recém-formado em Letras, Ciro é um cara ranzinza e perdido, sem planos, que não sabe o que fazer com seu diploma nem com sua vida. Ele divide seu apartamento com um cachorro de rua, que vem e vai quando quer. “Eu não sou dono dele, sou só um amigo”, diz Ciro a certo ponto.

 

Já Marcela é uma modelo vinda do interior que sonha rodar o mundo, conhecer pessoas e colecionar experiências. Para ela, esse objetivo é algo tão claro que a impede de entregar seu coração a outros desejos que apareçam no caminho.

Filmado quase todo dentro de um apartamento, o longa tranca o público com o casal entre quatro paredes. Somos cúmplices do conflito que aos poucos nasce entre os protagonistas e dentro de cada um deles. A direção acerta no tom e no ritmo desse desenvolvimento, sem apelar para narrações em off ou recursos fáceis para transmitir os pensamentos dos personagens.

Foto: Divulgação
A estreante Tainá Müller venceu o prêmio de melhor atriz do Festival de Recife (Foto: Divulgação)

 

  Elenco

 

Brant e Ciasca acertam também na escolha do par principal, o excelente Júlio Andrade e a bela Tainá Muller (casada com o autor do original), que começa numa atuação tímida e cresce surpreendentemente na tela do meio para o fim do filme. 

 

O carisma da estreante acabou rendendo o prêmio de melhor atriz do Festival de Recife já em seu primeiríssimo trabalho. Além disso, a opção por dois rostos desconhecidos do grande público traz aquele frescor que tanto faz falta ao cinema brasileiro de hoje.

“Cão sem dono” não foge da marca do cinema de Beto Brant, que tem como fio condutor a violência, em suas mais diversas formas. Entretanto, aqui ela chega disfarçada pelo ceticismo e o vazio que escondem o mal-estar de uma geração, a que o filme retrata com a complexidade merecida e faz bonito.

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