Usar um vestido como o exibido pela atriz Ana Paula Arósio em “Ciranda de Pedra” não é só para personagem de novela de época. Em São Paulo, um brechó localizado em Perdizes, na Zona Oeste de São Paulo, reúne roupas, sapatos, móveis e acessórios de décadas passadas e serve de inspiração para figurinistas de TV, de cinema e de teatro.
Vasculhando as araras do local é possível
encontrar alguma blusa ou saia que já foi usada por atrizes como
Marília Pêra, Débora Bloch e Letícia Sabatella em novela ou
minissérie. Também é possível descobrir um figurino igual
ao dos folhetins "Terra Nostra" e "Éramos
seis". Mais fácil ainda é sair vestido como Shakespeare ou
como a prostituta vivida pela atriz Julia Roberts no filme
"Uma Linda Mulher".
Algumas roupas estão disponíveis apenas para aluguel, outras
podem ser compradas. Mas não é porque é peça de brechó ou
antiga que preço baixo é garantido. Algumas roupas podem sair
pelo mesmo preço de uma novinha em folha. Os vestidos, por
exemplo, custam entre R$ 80 e R$ 120. Já os paletós, saem na
faixa dos R$ 200. “A gente sabe que não pode ter o preço de uma
peça nova, mas podemos ter o de uma peça única”, compara um dos
proprietários da casa, Franz Ambrósio.
Quem costuma comprar em brechó sabe bem que não
vai encontrar o último lançamento da moda, mas isso não importa.
Os clientes querem mesmo é usar a criatividade e encontrar inspiração.
O universitário Felipe Tomasi, de 26 anos, compra a maior parte das roupas em lojas do tipo e não se importa em pagar R$ 40 em uma gravata que deixou de ser nova há muito tempo e já passou por vários pescoços anteriormente.
“As únicas roupas novas que tenho são as que eu ganho”, diz o jovem, que costuma comprar até presentes para os amigos em brechó. “Mas só compro para aqueles que eu tenho certeza de que não vão se importar de ganhar alguma coisa usada”, conta.
De tão acostumado a freqüentar essas lojas, Tomasi está escaldado. "Eu primeiro vejo quem está atendendo. Vendedor de brechó geralmente tem mais noção de moda do que vendedor de loja comum. Também não deixo de olhar bem a peça para ter certeza do seu estado de conservação", orienta.
Os donos do brechó, batizado de Minha Avó Tinha, não têm formação em produção de moda nem são estilistas, mas não hesitam em prestar consultoria aos clientes, alguns ávidos por sugestões. "Eu busco referência em revistas, livros e filmes", conta Ambrósio.
A loja existe há 16 anos e pertence aos sócios Sergio Sagerato e Franz Ambrósio. A dupla começou trabalhando com antiguidades em feirinhas de fim de semana até que decidiu se profissionalizar. "Hoje, eu só sei fazer isso", revela o dono, que antes de montar a loja trabalhava como engenheiro de metalurgia.
Serviço:
O brechó fica na Rua Franco da Rocha, 74, em Perdizes, na Zona
Oeste de SP. Telefone: 11- 3865-1759. Horário de funcionamento:
de segunda a sexta-feira, das 8 as 18h, e sábado das 8 às 16h.
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