Por Renato Menezes, g1 AC — Rio Branco


Pela primeira vez em 10 dias de enchente, Rio Acre apresentou sinal de vazante e marcou 17,69 metros em medição das 9h deste domingo (2) — Foto: Dayane Leite/Rede Amazônica

O nível do Rio Acre apresentou o primeiro sinal de queda desde que transbordou, há 10 dias, e marcou 17,69 metros na medição feita pela Defesa Civil de Rio Branco às 9h deste domingo (2). Às 6h, o nível registrado era de 17,70 metros. Ou seja, houve redução de 1 centímetro em três horas.

Contudo, são 14 centímetros a mais do que foi registrado nas últimas 24h, quando o manancial marcava 17,55 metros às 9h de sábado (1).

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A enchente, que já atinge mais de 69 mil pessoas, é a maior dos últimos oito anos e já entra nas cinco maiores da história, desde quando o rio começou a ser monitorado, em 1971.

O rio passou da cota de transbordo na quinta-feira (23). Já são 10 dias que está acima da marca de 14 metros.

São cerca de 945 famílias com 3.041 pessoas desabrigadas. Ainda segundo a Defesa Civil de Rio Branco, 3.386 famílias com, aproximadamente, 11.174 pessoas estão desalojadas por conta da enchente, ou seja, foram levadas para casas de parentes ou amigos.

Ao g1, o coordenador da Defesa Civil de Rio Branco, tenente-coronel Cláudio Falcão, disse que a expectativa é de que o manancial estabilize neste domingo. Contudo, destacou que a anormalidade desta situação fez com que, até o momento, as previsões de baixa ou estabilidade não se concretizassem.

"Todos os nossos estudos, diagnósticos, prognósticos, tudo está 'furando'. Havia sim uma perspectiva de estabilidade durante a noite, o que não aconteceu, e nesse moento existe uma perspectiva de que possa aumentar um pouquinho, mas que não ultrapasse 17,80 metros e estabilize. É isso que esperamos", afirmou o coordenador da Defesa Civil de Rio Branco, tenente-coronel Cláudio Falcão.

Medição feita às 9h de domingo (2) mostra que Rio Acre diminuiu 1 centímetro — Foto: Defesa Civil de Rio Branco

Subiu para 41 o número de bairros da zona urbana de Rio Branco atingidos pela enchente do Rio Acre. Além disso, 27 comunidades rurais estão atingidas, com 6,5 mil pessoas de mais de 1,6 mil famílias.

No sábado (1), o prefeito Tião Bocalom e equipe da Defesa Civil do município percorreu de barco alguns dos bairros atingidos pela enchente do Rio Acre para verificar a situação das famílias. Ele comentou ainda que a prefeitura destinou, até agora, R$20 milhões para o atendimento às famílias atingidas.

Além do esperado

Março encerrou o mês com um acumulado de 585,9 milímetros de chuva. Esse número é mais que o dobro da média esperada, que era de 270,1 mm. Os dias mais chuvosos de março foram 23 e 24, quando o acumulado de chuva chegou a 187,2 milímetros em 48 horas. Estes dias foram, justamente, os que houve transbordo de igarapés e do Rio Acre.

Volume de chuva no mês de março de 2023 por dia
Fonte: Defesa Civil Municipal

Unidades de saúde fechadas

A Secretaria Municipal de Saúde de Rio Branco precisou fechar entre essa sexta-feira (31) e este sábado (1) cinco unidades de referência em atenção primária e unidades de saúde da família por conta da cheia do Rio Acre na capital.

Entre as unidades estão a Urap Augusto Hidalgo de Lima, no bairro Palheiral, a Urap Eduardo Assmar, no bairro Quinze, além da USF Triângulo Novo, USF Belo Jardim 3 e USF Aeroporto Velho.

Conforme comunicado postado nas redes sociais da prefeitura, a medida foi tomada por questão de segurança, uma vez que as águas do manancial já atingem as unidades, e deve perdurar até que a situação seja controlada.

Nível do Rio Acre atinge 17,34 metros e mais de 2,8 mil pessoas estão desabrigadas em Rio Branco — Foto: Eldérico Silva/Rede Amazônica

Com a subida do Rio Acre e o acúmulo de balseiros, a Ponte Juscelino Kubitschek, conhecida como Ponte Metálica, foi interditada na noite dessa segunda-feira (27), em Rio Branco por medida de segurança. Enquanto isso, o tráfego na Ponte Coronel Sebastião Dantas está em mão dupla, assim como na Epaminondas Jácome.

Seis municípios acreanos decretaram situação de emergência: Rio Branco, Assis Brasil, Brasiléia, Epitaciolândia, Xapuri e Sena Madureira. No sábado (25), o governo federal reconheceu a situação de emergência em Rio Branco por causa dos estragos causados pelas chuvas e nessa quarta (29) fez o reconhecimento da situação de emergência de Brasiléia, Assis Brasil e Xapuri.

No domingo (26), os ministros da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, a ministra do Meio Ambiente Marina Silva e o secretário nacional da Defesa Civil, Wolnei Wolff, chegaram ao Acre para um sobrevoo pelas áreas alagadas. Eles percorreram os bairros, conversaram com moradores e garantiram a liberação imediata de R$ 1,4 milhão para ajuda humanitária.

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