Por g1 AC — Rio Branco


Capital Rio Branco enfrenta a segunda maior enchente da história — Foto: Richard Lauriano/Rede Amazônica Acre

O nível do Rio Acre chegou à marca de 17,81 metros na medição das 18h desta segunda-feira (4), segundo a Defesa Civil de Rio Branco. Com isso, a capital, está a menos de 60 centímetros da maior cota histórica já registrada, 18,40 metros em 2015.

Essa já é a segunda maior cheia da história, desde que a medição começou a ser feita, em 1971.

Maior enchente da história

O Rio Acre alcançou a maior marca de todos os tempos em 4 de março de 2015. À época, mais de 100 mil pessoas foram atingidas pelo avanço das águas. O Governo Estadual decretou situação de emergência e estado de calamidade pública, que foram reconhecidos pelo Governo Federal. O manancial ficou 32 dias acima da cota de alerta, que é de 13,50 metros.

No total, mais de 10 mil pessoas ficaram desabrigadas, mais de 25 mil famílias foram atingidas e 53 bairros invadidos. O prejuízo estimado é de R$200 milhões a R$600 milhões. Uma operação de guerra foi montada pelo governo estadual para dar suporte às milhares de famílias atingidas pela cheia, dada como o maior desastre ambiental da história do estado. Quase 30 abrigos, entre públicos e comunitários, foram preparados para receber as vítimas.

Comitiva do Governo Federal visita cidades afetadas pela cheia no Acre

Comitiva do Governo Federal visita cidades afetadas pela cheia no Acre

Mais de 4 mil fora de casa na capital em 2024

Em 2024, já são 45 bairros e 18 comunidades rurais atingidos pela cheia em Rio Branco, e mais de 4 mil pessoas precisaram deixar suas casas segundo a prefeitura da capital, com dados desta segunda (4).

Somente nos abrigos mantidos pela prefeitura de Rio Branco, no Parque de Exposições e escolas, são 4.063 pessoas desabrigadas, segundo a Defesa Civil Municipal:

Parque de Exposições Wildy Viana: 790 famílias, um total de 3.500 pessoas

Em 10 Escolas da capital: 184 famílias, um total de 563 pessoas

Em todo o estado, pelo menos 26.449 pessoas estão fora de casa em todo o estado, dentre desabrigados e desalojados, segundo a última atualização feita pelo governo do estado nesta segunda (4). Além disso, 19 das 22 cidades acreanas estão em situação de emergência por conta do transbordo de rios e igarapés. Ao menos 23 comunidades indígenas no interior do Acre também sofrem com os efeitos das enchentes e quatro pessoas já morreram em decorrência da cheia.

Com a marca alcançada nesta segunda, o rio está há 65 centímetros da maior cota já registrada na capital, de 18,40 metros, há exatos nove anos.

O índice atual também equivale a seis centímetros a mais que o registrado em 2 de abril de 2023. Naquela ocasião, o manancial detinha a segunda maior cota registrada na capital, de 17,72 metros. Eram cerca de 945 famílias com 3.041 pessoas desabrigadas.

Cotas históricas do Rio Acre
Medições na capital do estado
Fonte: Defesa Civil do Acre

Somente nos abrigos mantidos pela prefeitura de Rio Branco, no Parque de Exposições e escolas, são mais de 4,3 mil pessoas desabrigadas, segundo a Defesa Civil Municipal com dados de domingo.

  • Parque de Exposições Wildy Viana: 469 famílias e 1.876 pessoas
  • Escolas: 610 famílias e 2.431 pessoas

Oscilação

Na tarde de sábado (2), o nível do rio começou a apresentar oscilação. Depois de alcançar os 17,54 metros às 12h, o rio Acre baixou 2 centímetros às 15h e marcou 17,52 metros. Às 18h, o manancial retornou à marca de 17,54 metros (veja gráfico detalhado abaixo).

Veja evolução do nível do Rio Acre nesta segunda-feira (04) na capital
Manancial alcançou 17 metros pela 7ª vez na história, desde 1971
Fonte: Defesa Civil Municipal

Nesta segunda-feira (4), uma comitiva do governo federal chegou ao Acre para dar assistência aos atingidos pela cheia. Vieram, entre outros, o ministro de Desenvolvimento Regional, Waldez Góes e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

"Quantas ações forem necessárias na transversalidade, a gente vai realizar no Acre como fizemos ano passado que só de ajuda humanitária foram mais de R$ 30 milhões e este ano serão volumes infinitamente maiores e não estamos falando só de respostas, porque quando somar esses valores da saúde, do desenvolvimento social, do FGTS, temos que considerar depois o restabelecimento, reconstrução de muitos ambientes que estão sendo perdidos e trabalhar a questão da adaptação, que a ministra Marina conduz esse projeto que é muito importante, tem o Fundo Clima que ela vai se referir, tem valores da adaptação climática", destacou o ministro Waldez Góes.

A ministra Marina Silva destacou novamente eventos como as enchentes são agravadas por alguns fatores: desmatamento, assoreamento de rios e a mudança do clima.

"Por isso estamos trabalhando um plano estruturante, são nove ministérios trabalhando para que a gente possa dar uma resposta junto com os estados mais ponderáveis e os municípios mais ponderáveis. E, obviamente, a principal ação é enfrentar a causa do problema: desmatamento, que aumenta a temperatura da terra, faz com que a haja o assoreamento dos rios e também faz com a gente tenha cada vez mais esses eventos", confirmou.

O Governo Federal liberou ainda mais de R$ 20 milhões para as ações de assistência aos atingidos pelas enchentes no Acre, na capital e no interior do estado. As portarias foram publicadas nas edições dos dias 29 de fevereiro e esta segunda-feira (4) no Diário Oficial da União (DOU). Para capital Rio Branco foram destinados mais de R$ 4 milhões.

Em edição extra do Diário Oficial do Estado (DOE) de sexta-feira (1º), o governo do Acre declarou emergência em saúde pública no estado em razão da cheia dos rios e o volume das chuvas que atingem 19 municípios do estado, desde o dia 21 de fevereiro. O decreto tem vigência de 180 dias.

Acre está em situação de emergência por causa das enchentes

Acre está em situação de emergência por causa das enchentes

Previsão do tempo

E o tempo deve continuar instável em todo o Acre nesta terça-feira (5), de acordo com o Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam).

Um fluxo de umidade continua a atuar de forma intensa sobre a região sul da Amazônia, mantendo as condições propícias para a ocorrência de chuvas. A previsão é que no oeste do estado o dia seja de céu nublado a encoberto com chuvas a qualquer hora do dia.

Para os demais locais, incluindo a capital, o céu deve permanecer nublado, com sol entre muitas nuvens, mormaço e pancadas de chuva com trovoadas entre a tarde e a noite.

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