Por Juliana Netto, g1 Zona da Mata — Rio Pomba


Floripes Dornelas de Jesus, a Lola — Foto: Redes Sociais/Reprodução

No dia 9 de abril de 1999, milhares de fiéis se reuniam na Igreja Matriz de São Manoel e depois ao redor do caminhão do Corpo de Bombeiros até o Cemitério Municipal de Rio Pomba para a despedida à Floripes Dornelas de Jesus.

Nascida em Mercês, em 27 de junho de 1911, Lola, como é popularmente conhecida, mudou-se para Rio Pomba ainda criança. Na juventude, caiu de um pé de jabuticaba, perfurando o baço e lesionando a coluna.

Paraplégica e acamada, não mais deixou o sítio da família, recebendo poucas visitas. Anos depois, passou a alimentar-se somente de hóstia, permanecendo assim por mais de 60 anos. Seu outro modo de vida, que não incluía sono, também começou a intrigar a Ciência.

Diante de milagres a ela atribuídos, as peregrinações até a casa de Lola foram aumentando com os anos. Ela, no entanto, foi limitando suas aparições até que o contato com o mundo externo passou a ser somente com padres que iam levar a comunhão diária até ela, médicos e outras poucas pessoas.

Os pedidos de fieis, que intercediam a ela clamando por graças, milagres e auxílio em causas impossíveis, eram feitos por cartas.

A morte reuniu milhares de pessoas, e a TV Integração acompanhou à época. Relembre dois vídeos abaixo:

Enterro de Lola reuniu multidão de fiéis em Rio Pomba, no ano de 1999; relembre

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Morte de Floripes Dornelas de Jesus, a Lola, completa 25 anos; remembre como foi o enterro

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Vinte e cinco anos depois da data de morte o sítio onde a religiosa viveu ainda é muito visitado, com casa, móveis e quarto preservados. Alguns dos eventos, em honra ao Sagrado Coração de Jesus, chegam a reunir mais de 5 mil pessoas.

O 9 de abril passou, então, a ser considerado feriado municipal e, em 2005, Lola foi nomeada ‘Serva de Deus’.

Também teve processo de beatificação autorizado pela Congregação para a Causa dos Santos e, por isso, até os dias de hoje, mantém-se como uma das figuras católicas mais importantes da Zona da Mata mineira.

Santa Viva que fez milagres

Diversos milagres são atribuídos à Lola, que, ainda nos primeiros anos após o acidente que sofreu, passou a receber alguns romeiros em seu sítio. Com o passar dos anos, o local passou a ser ponto de peregrinação, até que, em 1948, as visitas foram suspensas.

Pela relação dela com bispos e padres, seu modo de vida – sem andar, comer, fazer necessidades fisiológicas e dormir – foram a transformando a religiosa em santidade.

Recanto da Lola, em Rio Pomba

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Recanto da Lola, em Rio Pomba — Foto: Circuito Turístico Caminhos Verdes de Minas/Divulgação

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Recanto da Lola, em Rio Pomba — Foto: Circuito Turístico Caminhos Verdes de Minas/Divulgação

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Recanto da Lola, em Rio Pomba — Foto: Circuito Turístico Caminhos Verdes de Minas/Divulgação

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Recanto da Lola, em Rio Pomba — Foto: Circuito Turístico Caminhos Verdes de Minas/Divulgação

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Recanto da Lola, em Rio Pomba — Foto: Circuito Turístico Caminhos Verdes de Minas/Divulgação

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Recanto da Lola, em Rio Pomba — Foto: Circuito Turístico Caminhos Verdes de Minas/Divulgação

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Recanto da Lola, em Rio Pomba — Foto: Circuito Turístico Caminhos Verdes de Minas/Divulgação

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Recanto da Lola, em Rio Pomba — Foto: Circuito Turístico Caminhos Verdes de Minas/Divulgação

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Recanto da Lola, em Rio Pomba — Foto: Circuito Turístico Caminhos Verdes de Minas/Divulgação

Ela ficava muito deitada e, por isso, gastava menos energia, necessitando de pouca alimentação. Mas ficar sem dormir é um grande mistério. Amigas que conviveram com ela diziam que ela ficava rezando pela madrugada, que ficava conversando com o Santíssimo instalado no seu quarto”, conta Jamilson Inácio da Silva, pároco da Paróquia Nossa do Rosário, em Rio Pomba.

“A dona Lola tinha uma preocupação de levar as pessoas ao encontro do Coração de Jesus, a quem tinha grande devoção. Ela pediu em testamento que o sítio fosse um local para divulgar o Sagrado Coração de Jesus. Nossa missão é dar continuidade ao desejo dela”.

Ainda conforme ele, o grande encantamento também está na vida simples e humilde da religiosa:

“Era uma pessoa de muita oração e espiritualidade. Isso que encanta as pessoas. Elas vão até o sítio, visitam, fazem orações. Mas também querem conhecer a casa, visitar o quarto, ver a cama onde Dona Lola viveu. A casa recentemente foi reformada, mas o quarto está do jeito que sempre foi. Até uma varinha que ela usava para tocar os gatos, pois gostava deles e tinha muitos em casa, ainda está lá”.

Floripes Dornelas de Jesus, a Lola — Foto: Redes Sociais/Redes Sociais

Neste ano, duas missas serão celebradas em homenagem à Lola: uma às 9h, na Igreja Matriz de São Manoel, onde ela foi velada, e outra 15h, no Recanto da Lola, nome do sítio onde ela viveu.

Títulos e beatificação

Em 2005, Lola recebeu o título de “A serva de Deus” pela Santa Sé Apostólica.

Pelo modo de vida, pela fé e pelos milagres, foi aberto na Congregação para a Causa dos Santos, em Roma, o processo de beatificação da religiosa.

Floripes Dornelas de Jesus, a Lola — Foto: Redes Sociais/Reprodução

Em resposta ao g1, a Arquidiocese de Mariana informou que o trâmite encontra-se paralisado atualmente:

“Dom Luciano Mendes de Almeida fez um pedido a Roma, conforme a legislação em vigor, para que o processo fosse aberto na diocese. A Congregação para a Causa dos Santos deu a autorização, se chama em latim nihil obstat, ou seja, nada contra a abertura do processo. Dom Luciano então, na cidade de Rio Pomba, celebrou uma missa e com os fiéis em peregrinação ele declarou aberta a causa na diocese. Passou o tempo e então veio o sucessor de Dom Luciano na diocese, Dom Geraldo Lyrio Rocha. Pela legislação, quando um bispo sai da diocese, por morte ou por outras razões, o sucessor tem que confirmar aquela causa para que ela seja novamente encaminhada. Com Dom Geraldo, essa causa não foi encaminhada por razões especiais e se encontra assim desde aquela época”, informou o Vigário Judicial do Tribunal Eclesiástico da Arquidiocese de Mariana, Mons. Roberto Natali Starlino.

PELA REGIÃO

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