Essas são apenas algumas características que fazem da araucária (Araucaria angustifolia) uma das plantas mais importantes para a flora e fauna brasileira.

Neste sábado, dia 24 de junho, é celebrado o Dia Nacional da Araucária. A data foi criada em 2005 por decreto presidencial.

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Também conhecida como pinheiro-do-paraná, a planta é nativa da região Sul do Brasil. A exploração indiscriminada fez com que, desde a segunda metade do século XX, a araucária esteja em risco crítico de extinção, conforme a lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais.

De planta "odiada" a opção rentável para a agricultura, a araucária é tema de estudos há mais 40 anos por pesquisadores do Paraná.

A seguir o g1 lista curiosidades, pesquisas e características da Araucária.

1. Características da planta
2. Salvar espécie pelo 'bolso'
3. Onde a planta está presente
4. Araucária em pinturas rupestres
5. Como diferenciar a planta feminina da masculina
6. Livro gratuito traz receitas à base de pinhão
7. Projeto 'Estradas com Araucária'

Com até 50 metros de altura, tronco reto e em forma de cilindro, com ramificações somente no topo, a araucária tem folhas pontiagudas.

As sementes ficam agrupadas nas pinhas que, quando maduras, podem pesar até cinco quilos. O tempo médio de vida dela é de 300 a 400 anos.

A gralha-azul - ave símbolo do Paraná, a maitaca, o papagaio-de-peito-roxo, e o papagaio-charão são exemplos de aves que se alimentam das sementes e que também podem habitar a planta.

O engenheiro agrônomo, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e pesquisador Flávio Zanette é considerado um dos maiores especialistas em araucária do país. Ele explica, por exemplo, que as chamadas grimpas são "subgalhos" que caem da árvore.

"O ramo dela não é uma ramificação como de outras plantas, parece um prego enfiado no tronco que vivem na horizontal, um detalhe. Outro, a gente estudou que a planta tem folha caule e raiz. A araucária tem raiz, caule e os galhos", afirma.

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O professor Flávio Zanette, através da Universidade Federal do Paraná, juntamente com o engenheiro florestal Ivar Wendling, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) desenvolveu uma das pesquisas mais inovadoras sobre a árvore: a enxertia.

A técnica faz com que a planta passe a produzir o pinhão a partir dos 6 anos de plantio, diferentemente das espécies comuns que demoram de 15 anos a 20 anos. O pesquisador tem um viveiro na área central de Curitiba onde cultiva a espécie. Veja plantas e viveiro no vídeo acima.

Zanette destaca que a pesquisa teve principalmente o objetivo usar o valor comercial da planta para salvá-la.

"Vieram leis com a melhor intenção de salvar araucária e proibiram o corte. Aí a população passou a odiar Araucária, porque ela era um grande bem econômico e agora não valia mais nada, só ocupava a terra. Nós achamos que poderíamos salvá-la onde ela valesse mais em pé que deitada. Por isso partimos para a enxertia."

Ele explica que a técnica de redução do tempo para início da produção tem levado agricultores, não só do Paraná, mas de outros estados, a procurar a planta.

Assim, a araucária passou a ser uma opção rentável para a agricultura e, consequentemente levando à recuperação de áreas e à preservação da espécie.

“Tem uma frase que diz: 'Estude a planta, mas não perca de vista floresta’. Então, eu sempre lembro disso, estudei a planta sempre olhando no horizonte a floresta", afirma Zanette.

A araucária é uma planta presente na América do Sul e na Oceania, de acordo com Zanette. Ele afirma que existem 19 diferentes espécies da planta no mundo.

Ele destaca que a existência de representantes nativos da espécie em outros continentes reafirma a tese de que a araucária pertence a um grupo de pinheiros que existe há milhões de ano.

"Ela no início, muito provavelmente, era uma só, do mesmo gênero Araucária. Tanto é verdade que ela, nativa, só existe no Hemisfério Sul. Lá atrás, quando nós tínhamos os continentes unidos, a araucária estava no Chile e estava também na Nova Zelândia, na Austrália", explica o especialista.

A referência do pesquisador sobre continentes unidos é a Pangeia, supercontinente existente a 200 milhões de anos.

"Ela é uma planta, mas ela é fóssil vivo, claramente fóssil vivo", diz.

Pinturas rupestres com representações inéditas de araucárias foram registradas pela primeira vez em Piraí do Sul, na região dos Campos Gerais do Paraná. A descoberta é considerada um marco para arqueólogos.

Os registros foram encontrados no interior de uma caverna, em setembro de 2021, pelo Grupo Universitário de Pesquisas Espeleológicas (Gupe), que inclui acadêmicos da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

O resultado do estudo foi publicado no início de fevereiro deste ano em artigo científico.

• ARQUEOLOGIA: Pinturas rupestres de cerca de 4 mil anos com representação inédita de araucárias são descobertas no Paraná

O engenheiro florestal Ivar Wendling, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), estuda a araucária desde a década de 1990.

Ele explica que, para a reprodução da árvore, é necessário a planta feminina (pinha) receber o pólen da planta masculina (estróbilo).

Veja abaixo a diferença entre a planta masculina e feminina.

O especialista explica, em vídeo, quais as diferenças entre as plantas femininas e masculinas e como funciona o período de reprodução:

Diferentemente do que muitos acreditam, o pinhão não é um fruto, mas a semente da araucária. Conforme a pesquisadora Cristiane Helm, da Embrapa Florestas, ele tem uma infinidade de nutrientes benéficos à saúde.

"O maior componente do pinhão é o amido, além de ser fonte de vários minerais essenciais para a saúde humana, como cálcio, ferro, fósforo, manganês, magnésio, como também ter baixo teor de sódio, baixo índice glicêmico e ser fonte de fibras", explica.

O pinhão é composto por 75% de amêndoa e 25% de casca. Uma das descobertas dos estudos feitos pela Embrapa é que a casca também tem um grande valor nutricional.

As pesquisas apontam também ser possível atender o mercado com a farinha de pinhão, um produto sem glúten, sem lactose, de baixos teores de sódio e gordura e ainda fonte de fibra alimentar.

Para os fãs da semente, a Embrapa informa que disponibiliza livro gratuito de receitas com pinhão.

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Para incentivar o plantio de araucárias e compensar emissões de gases de efeito estufa, o projeto “Estradas com Araucárias” surgiu como iniciativa de Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA), que incentiva o plantio da árvore em divisas de propriedades rurais com estradas.

O projeto é patrocinado atualmente por uma empresa de transportes e já plantou mais de 20 mil árvores no estado.

Os produtores rurais familiares recebem o Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) prestados pelas araucárias plantadas. Os recursos vêm da iniciativa privada, que, por meio da plantação, compensa as emissões de gases de efeito estufa.