21/03/2015 12h21 - Atualizado em 21/03/2015 12h49

Pesquisa aponta para aumento da poluição nos rios do Rio

Amostras de água com qualidade ruim cresceram de 40% para mais de 66%.
Estudo foi realizado pela Fundação SOS Mata Atlântica.

Do G1 Rio

Na véspera do Dia Mundial da Água, o carioca infelizmente não tem motivos para comemorar. Um estudo da Fundação SOS Mata Atlântica revela que a poluição aumentou nos rios da cidade. As informações são do RJTV.

De acordo com a pesquisa, não há um único rio limpo na cidade. Dos 15 pontos de coleta analisados, nenhum apresentou qualidade boa ou ótima; apenas cinco estão em situação regular. Nos outros dez rios, a qualidade da água foi considerada ruim. Na comparação com o ano passado, as amostras de água com qualidade ruim no município aumentaram de 40% para mais de 66%.

De acordo com a legislação brasileira, as águas nessa situação não podem sequer receber tratamento para consumo humano ou serem usadas para irrigar lavouras.

“Esses dados revelam que não é porque nós não temos água é porque nós deixamos vários rios, grandes rios que cortam cidades indisponíveis por causa da poluição. A gente teve um grande descaso com esses rios por falta de saneamento básico”, contou a coordenadora do estudo, Malu Ribeiro.

Um dos rios mais poluídos do município já foi a principal fonte de água da cidade. O Rio Carioca brota limpo das nascentes do Maciço da Tijuca, mas depois de atravessar sete quilômetros escondido debaixo da cidade fica poluído.

A poluição é tão grande que foi preciso instalar uma estação de tratamento de esgoto no próprio Rio Carioca antes que ele deságue na Baía de Guanabara, na Praia do Flamengo. As ligações clandestinas de esgoto custam caro aos cofres públicos: mais de R$ 1 milhão por ano para manter a estação funcionando.

A principal porta de entrada dos turistas estrangeiros no país, o Rio de Janeiro poderia aumentar em até R$ 882 milhões por ano a receita com hospedagem em hotéis, pousadas e hostels se houvesse mais praias limpas.

“Nós estamos falando em 12% de perda de ocupação na oferta hoteleira. Se você calcular isso dá cerca de sete mil quartos que deixam de ser ocupados por dia, fruto dessa poluição”, contou o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis, Alfredo Lopes.

Apesar de toda a poluição, aproximadamente 50 mil pessoas se aventuram em diferentes atividades esportivas nas águas do rio. Pelas contas do presidente da Confederação Brasileira de Vela, sem lixo ou esgoto, esse número poderia subir para até setecentos mil.

“Se a pessoa vive ao lado de uma área degradada, ela de certa forma fica degradada e é difícil você exigir um comportamento cidadão de alguém que olha e vê um vaso sanitário na beira do rio, alguém que olha e vê um saco plástico na beira do rio. Isso é restaurar a dignidade da população”.

Água suja transmite doenças: diarreia, hepatite, leptospirose, entre outras. Pelas contas de uma pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz, um amplo projeto de despoluição poderia reduzir pela metade os casos de doenças transmitidas pela água contaminada.

“Teria uma redução drástica se você tivesse hipoteticamente a água mais tratada”, afirmou a pesquisadora da Fiocruz Simone Cohen.

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