Por Róger Ruffato, RBS TV


Conheça as belezas do Parque Nacional Aparados da Serra em Cambará do Sul

Conheça as belezas do Parque Nacional Aparados da Serra em Cambará do Sul

A paisagem verde que emoldura os paredões de pedra do Parque Nacional de Aparados da Serra, na Região Nordeste do RS, poderá estar bem diferente daqui a 100 anos.

Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) afirmam que já é possível identificar alterações no bioma provocadas pela elevação da temperatura no planeta. Segundo eles, na Serra, o clima já aumentou cerca de um grau só no último século.

"Essa elevação da temperatura foi muito rápida pra essa janela de tempo. Um dos efeitos desse aumento é a descaracterização de alguns tipos de vegetação, como a floresta de araucária. Ela tem como característica ser mais úmida. Mas, com a elevação da temperatura, plantas de outras vegetações mais habituadas ao calor, como da floresta tropical, com folhas maiores, estão conseguindo migrar, germinar e crescer nesse outro espaço", explica o pesquisador Rodrigo Bergamin.

Essa invasão de outras espécies de plantas tem favorecido a morte de algumas árvores nativas. Para acompanhar essas alterações, os pesquisadores demarcaram três áreas dentro dos mais de 13 mil hectares do parque.

Dentro dessas parcelas de mata, cada árvore ganhou uma plaquinha de identificação. Assim, a cada três ou quatro meses, o grupo volta para a mata e atualiza os dados da árvore, como a altura e circunferência do tronco.

A professora dos Programas de Pós-Graduação em Ecologia e Botânica da UFRGS, Sandra Cristina Müller, acompanha o trabalho há 12 anos.

"Eu consigo, com essas medidas, calcular o quanto que aquela árvore em si está crescendo ao longo do tempo. E esse crescimento significa, por exemplo, o quanto que ela está armazenando de carbono com o passar do tempo. Aquele carbono que ela capta da atmosfera e armazena nos seus órgãos, como tronco e copa", destaca.

Parque Nacional de Aparados da Serra — Foto: Roger Ruffato / RBS TV

Importância da preservação

Em incêndios florestais, como os que ocorrem na Amazônia e no Pantanal, por exemplo, o gás carbônico é liberado em grande quantidade. Por isso a importância de se ter áreas preservadas de mata, como a de Aparados da Serra.

Ela tem capacidade de estocar 100 toneladas de carbono por hectare. Ou seja, 1,3 milhão de toneladas de gases numa área equivalente a 13 mil campos de futebol.

Um serviço essencial, mas que acaba desconhecido da maior parte dos cerca de 130 mil turistas que visitam o parque todos os anos.

Ricardo Augusto Panza é morador de Campinas, em São Paulo e visitou o Aparados da Serra pela primeira vez no mês de outubro. "A gente sempre teve vontade de conhecer o parque. Era pra ter vindo em julho. Devido a pandemia não pudemos, adiamos a viagem. Mas, lindo demais, né", conta.

Paisagens naturais do Parque Nacional de Aparados da Serra no RS — Foto: Roger Ruffato / RBS TV

Monitoramento de rios

Outro grupo de pesquisadores da UFRGS monitora os rios que cortam o parque desde 2017. Eles criaram um sistema de controle e alerta que ajuda a administração do parque a decidir sobre a abertura diária de uma trilha, a do Rio do Boi, que percorre os pés dos cânions, já no território do estado de Santa Catarina.

A trilha é uma das preferidas para quem gosta de aventura.

"A trilha é feita acompanhando o Rio do Boi. Tu tens que cruzar o Rio em vários pontos. E se o escoamento estiver muito forte, pode gerar diversas situações emergenciais. Então, esse monitoramento nos auxilia a ter uma maior segurança dos turistas que estiverem realizando esse trajeto", pontua a pesquisadora Marina Refatti Fagundes.

O grupo também mede o nível do principal afluente do Rio do Boi, o Rio Perdizes. Um trabalho que revela a quantidade de água que passa pelo canal e os indicadores do que acontece, também, fora dele.

A pesquisadora Karla Campagnolo explica que as árvores que ficam próximas dos rios, quando caem, passam a ter uma outra função no ecossistema, que é a de diminuir a velocidade da água, reter sedimentos e, assim, criar berçários para peixes.

"Em áreas degradadas, onde a vegetação das margens dos rios foi retirada, esse fornecimento de madeira não existe mais, né. Então, na zona urbana e em rios que estão degradados, além de recompor a facha de vegetação nas margens, vai demorar muitos anos pra essa árvore ficar adulta e cair no canal. Então, a gente também faz a inserção de troncos dentro do canal pra que ele já tenha essa função ecossistêmica sendo criada", explica.

O turismo também avança na Terra dos Cânios. Neste mês, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, autorizou o edital de concessão dos parques nacional de Aparados da Serra e da Serra Geral para a iniciativa privada.

Em 30 anos devem ser investidos R$ 270 milhões para melhorias na infraestrutura.

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