Terra da Gente

Por Nicolle Januzzi


Fenômeno raro é fotografado em coruja-buraqueira. — Foto: João Pedro Salgado/Arquivo Pessoal

Apesar de ter apenas 21 anos, o estudante de biologia João Pedro Salgado já presenciou raridades da natureza.

Em 2015, quando ainda cursava o ensino médio, João começou a fotografar por acaso. “Vivo em Casimiro de Abreu, no Rio de Janeiro. Estou cercado de mar, cachoeiras e toda diversidade da Mata Atlântica. Comecei a fotografar com meu celular tudo que achava bonito e peguei gosto pela coisa”, conta.

A área de restinga a cerca de 200 metros da casa onde mora sempre foi cenário comum nas fotografias. O local serve de abrigo para casais de corujas-buraqueiras que fazem os ninhos e convivem bem perto da movimentação do centro do município.

Não há comprovação de que o olho preto seja sinônimo de cegueira. — Foto: João Pedro Salgado/Arquivo Pessoal

No último dia 23 de novembro um novo registro chamou atenção. “Eu tiro foto dessas corujas há dois anos e percebia que uma ficava sempre com um olho fechado. Usando uma câmera melhor, consegui flagrar ela de perto e tomei um susto quando vi que ela não ficava de olho fechado, um olho era completamente preto”, explica.

Mesmo a coruja-buraqueira sendo extremamente comum e abundante por todo o Brasil, existem poucos registros com esse evento de olhos escuros no País. Segundo o biólogo Willian Menq:

Só que além do privilégio de ter visto uma coruja tão diferente a poucos metros, João também vivenciou a experiência de estar lado a lado com vários indivíduos que quase foram extintos da natureza.

João Pedro conseguiu flagrar dois grupos de micos-leões-dourados. — Foto: João Pedro Salgado/Arquivo Pessoal

“Fiquei sabendo de um local onde alguns amigos tinham encontrado o mico-leão-dourado e decidi tentar a sorte. Peguei minha bicicleta e pedalei por 30 minutos. Logo na beira da estrada, quando vi não podia acreditar, dois grupos bem diante dos meus olhos. Eram muitos micos, acho que de 15 a 20”.

Nos anos 60, menos de 200 micos-leões-dourados viviam livres na natureza. A espécie é exclusiva da Mata Atlântica de baixada, que predomina na região Norte do estado do Rio e foi quase dizimada pela destruição do bioma.

Estudante de biologia flagra micos-leões-dourados no RJ

Estudante de biologia flagra micos-leões-dourados no RJ

Hoje, graças ao intenso trabalho de pesquisadores e cientistas, estima-se uma população de mais de três mil indivíduos.

Junto com a onça-pintada, o mico-leão-dourado virou um símbolo do Brasil. Fiquei muito feliz de ter visto uma espécie que quase foi extinta. É assim que você percebe a resistência do animal junto com todos os profissionais que lutaram para que ela sobrevivesse até hoje
— João Pedro Salgado, 21

O mico-leão-dourado foi quase extinto na década de 70. — Foto: João Pedro Salgado/Arquivo Pessoal

Tartaruga-verde

Entre tantos encontros especiais, o registro favorito marcou a história do jovem. Foi quando ele teve a certeza que iria cursar biologia.

O registro favorito do estudante de biologia João Pedro Salgado foi tirado em Arraial do Cabo (RJ). — Foto: João Pedro Salgado/Arquivo Pessoal

“Meu professor de biologia na época levou os alunos para um mergulho em Arraial do Cabo. É comum encontrar tartarugas-verdes na área, mas elas são ariscas. Tive a sorte de conseguir uma selfie com uma bem no momento que ela estava nadando na minha frente”, comenta.

De acordo com João, a foto divertida resume um encontro especial que marcou a decisão final da escolha do curso. Apesar de ainda não saber em qual área vai se especializar, uma coisa é certa: muita natureza e vida selvagem vão estar presentes.

Veja outros registros

João Pedro tira a maior parte das fotos no município de Casimiro de Abreu (RJ). — Foto: João Pedro Salgado/Arquivo Pessoal

O estudante de biologia gosta dos mais variados animais e ainda não sabe em qual área vai se especializar. — Foto: João Pedro Salgado/Arquivo Pessoal

Aos 15 anos, João começou a fotografar com o próprio celular. — Foto: João Pedro Salgado/Arquivo Pessoal

Olhos pretos em corujas-buraqueiras são um fenômeno raro conhecido como "dark eyes". — Foto: João Pedro Salgado/Arquivo Pessoal

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!