Terra da Gente

Por Thaís Pimenta, Terra da Gente


Pantanal é uma das maiores biodiversidades do planeta — Foto: Globo Repórter

O Pantanal é um verdadeiro santuário ecológico, rico em biodiversidade e famoso pelas belas paisagens. Para conhecer esse domínio natural, que é uma das maiores áreas úmidas do planeta, a aventura é na Transpantaneira, que percorre o bioma de norte a sul. A estrada é o lugar perfeito para observar a diversidade de espécies típicas da região, mas algumas se destacam. Sabe quais são elas?

TUIUIÚ

Tuiuiú é ave símbolo do Pantanal Brasileiro — Foto: Luiz Tambasco/VC no TG

O tuiuiú (Jabiru mycteria) é considerado a ave-símbolo do Pantanal. Essa espécie é uma das gigantes que habitam esse bioma. O tuiuiú (ou jaburu) pode chegar a 1,60 de altura. Com as asas abertas a ave tem uma envergadura de quase 3 metros. E esse bicho também traz algumas curiosidades: o nome vem do tupi 'yabi'ru,iambyrú', que significa pescoço inchado, muito grande.

Características: O bico tem 30 cm, é preto e muito forte. A fêmea, geralmente, é menor que o macho. É uma cegonha; como tal, voa com pescoço e pernas esticados, ao contrário das garças e seus pescoços encolhidos durante o voo.

Reprodução: no Pantanal o período de reprodução coincide com a baixa das águas, momento em que muitos peixes ficam presos nas lagoas, baías e corixos, facilitando a pesca. Nesta época, a traíra (Hoplias malabaricus) está entre as principais presas levadas aos filhotes, bem como o grande caramujo aquático pulmonado (Pomacea).

Os ninhos do tuiuiú são as maiores estruturas construídas por aves no Pantanal. Podem ser feitos em grupos de até seis indivíduos, às vezes juntos a garças e outras aves. Ficam localizados nas árvores mais altas, seja nos capões espalhados no campo ou na mata ribeirinha, e são reutilizados a cada ano, com acréscimo de material.

ONÇA-PINTADA

Equipe do TG encontrou 11 onças em área do Pantanal norte — Foto: Ananda Porto/TG

A onça-pintada (Panthera onca) é considerada a rainha do Pantanal. O maior felino das Américas tem a terceira mordida mais forte do planeta, perdendo apenas para o tigre e o leão. A onça-pintada pode medir até dois metros e pesar 150 quilos. A imponência e beleza dessa espécie torna o encontro com ela ainda mais especial.

Características: As onças-pintadas são mamíferos que apresentam a cor amarelo-dourado com manchas pretas na cabeça, no pescoço e nas patas. Em alguns indivíduos pode ser observado um fenômeno denominado melanismo: a pelagem é totalmente preta.

Alimentação: A onça-pintada alimenta-se de animais silvestres, como catetos, veados e tatus.

Atualmente o felino é classificado, segundo a União Internacional Para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN), como 'Quase Ameaçado'. Desmatamento, expansão da agricultura e caça são as principais ameaças.

TAMANDUÁ-BANDEIRA

Tamanduá-bandeira chama atenção pelo tamanho e características da pelagem — Foto: Hudson Garcia/Arquivo Pessoal

O tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) também representa beleza. Esse gigante tem características bem interessantes: é o único mamífero terrestre que não possui dentes. O comprimento da cabeça e do corpo é de mais de um metro e meio: só de focinho são quase 45 centímetros. A cauda varia de 60 a 90 centímetros e apresenta pelos longos que formam uma espécie de 'bandeira', característica que inspirou o nome popular.

Alimentação: Eles são insetívoros, ou seja, se alimentam apenas formigas e cupins. Abrem os cupinzeiros e os formigueiros com as garras poderosas e introduzem a longa língua, que pode se projetar a 60 centímetros para fora da boca.

Hábitos: De hábitos diurnos os tamanduás são normalmente vagarosos, mas quando perseguidos podem fugir em galope. O famoso abraço de tamanduá é praticamente a única defesa desse animal desajeitado e de visão e audição muito limitadas. O melhor sistema de alerta do tamanduá-bandeira é o olfato, que é apuradíssimo.

Ao pressentir o perigo, ele faz uso de articulações extras e levanta as patas dianteiras, apoiando o peso num tripé formado pelas duas patas traseiras e a cauda.

ARARA-AZUL

A arara-azul é a maior espécie da família Psittacidae — Foto: Divulgação/João Marcos Rosa

Embora a população esteja bastante reduzida, a arara-azul é encontrada principalmente no Pantanal, onde ocupa áreas afetadas pelo homem, assim como bordas de cordilheiras. A espécie está entre as mais inteligentes do grupo das aves.

Características: A arara-azul (Anodorhynchus hyacinthinus) pode atingir até um metro de comprimento total (da ponta do bico à ponta da cauda) e pesar até 1,7kg . Ela também é a maior espécie da família Psittacidae. Elas possuem plumagem na cor azul-cobalto, da cabeça até a cauda, com a parte inferior das penas das asas e cauda na cor preta. O bico é grande, maciço, curvo e preto. A língua espessa e preta chama atenção pela faixa amarela nas laterais.

Hábitos: As araras-azuis são aves sociais que vivem em família, bandos ou grupos. É difícil encontrá-las sozinha em vida livre. O tráfico de animais e perda do habitat são os fatores que mais prejudicam a espécie.

ARIRANHA

Ariranha pantaneira durante 'banho de sol' em MT — Foto: Bruno Gargaglione

A ariranha (Pteronura brasiliensis), também conhecida como lontra-gigante, é um mamífero carnívoro pertencente à família Mustelidae, que é a maior e mais diversificada família de animais carnívoros, e à subfamília Lutrinae, das lontras.

Características: Ela tem a pelagem marrom com mancha branca e irregular no pescoço. A espécie tem o corpo alongado, que pode alcançar 1,8 metros, e pesa cerca de 32 quilos. A cauda em formato longo e achatado auxilia o animal a nadar melhor, assim como as membranas entre os dedos, que garantem mais agilidade.

Hábitos: A ariranha habita ambientes de água doce, como rios de correntezas lentas, riachos, lagos e suas margens. Geralmente buscam locais de menor declive e vegetação densa, onde constroem suas tocas.

Além das tocas, a ariranha também constrói latrinas, onde faz as suas necessidades fisiológicas, e também campsides, que são áreas construídas em regiões sombreadas e próximos a áreas de alimentação, servindo para descanso e demarcação de território.

JACARÉ-DO-PANTANAL

Jacaré-do-Pantanal (Caiman yacare) se alimenta de peixes e invertebrados — Foto: Lucas Leite/VC no TG

O jacaré-do-pantanal (Caiman yacare) também se destaca entre as espécies típicas do bioma. Com uma mandíbula forte, cauda serrilhada e pés com garras poderosas, a espécie mede, em média, três metros de comprimento.

Alimentação: o réptil se alimenta principalmente de peixes e outros vertebrados aquáticos, além de invertebrados como caramujos e insetos, principalmente quando estão na fase jovem.

Equilíbrio: a espécie também controla a população de insetos e dos gastrópodes (caramujos) transmissores de doenças como a esquistossomose (barriga-d’água). As fezes servem de alimento a peixes e outros seres vivos aquáticos.

CERVO-DO-PANTANAL

Cervos são animais extremamente frágeis — Foto: Ananda Porto/TG

O cervo-do-pantanal pode pesar até 130 quilos e medir mais de dois metros de comprimento. A família Cervidae, representada por cervos e veados, é a única ruminante nativa existente na América do Sul.

Hábitos: os machos possuem chifres que caem e voltam a crescer a cada ano e, nas espécies que apresentam galhadas, as ramificações vão aumentando gradualmente a partir do primeiro ano.

Alimentação: encontrado nas matas que margeiam os rios, o mamífero tem dieta alimentar variada: come desde folhas, brotos e galhos até frutas e flores.

Territorialista e solitária, essa é a espécie mais abundante de veados no Brasil. A população, porém, sofre declínio pela perda de habitat, grande índice de atropelamentos e pressão da caça.

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!