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As tonalidades das penas são importantes para a ave se camuflar — Foto: Ananda Porto/TG

A camuflagem, capacidade que algumas espécies têm de se igualar ao ambiente e passar despercebidas, é uma maneira dos indivíduos se defenderem de predadores. Polvos, sapos, camaleões, lagartas e bicho-pau estão no topo do “ranking da camuflagem”, mas uma ave em especial ganha destaque: o urutau.

As penas acinzentadas com tons de marrom se misturam às cores dos troncos das árvores, situação incomum no mundo das aves, que não costumam se camuflar. Não é atoa que o urutau é conhecido como ave fantasma. Além da camuflagem, a vocalização com sons melancólicos, o hábito de ficar parada por horas na mesma posição e as características da visão da ave chamam a atenção dos observadores.

Conhecido como “olho mágico”, os olhos do urutau são grandes e redondos, com a íris amarela. A cor chamativa não colabora para a camuflagem perfeita da ave, por isso os indivíduos fecham os olhos quando a ameaça se aproxima. No entanto, a visão não é interferida, pois a pálpebra superior possui duas fendas que permitem ao urutau enxergar, mesmo com os olhos fechados.

As fendas na pálpebra superior permitem à ave enxergar mesmo com os olhos fechados — Foto: Arte/Maycon Chaves

A forma como os urutaus se reproduzem também é curiosa, já que a ave equilibra o único ovo na ponta de galhos ocos e o incuba por aproximadamente 30 dias. Depois de nascer, o filhote é mantido pelo casal de adultos, que trocam de guarda para caçar e alimentar a cria, sem deixa-la sozinha por muito tempo.

Além da mãe-da-lua, espécie de urutau mais conhecida e observada, a família Nyctibiidae conta com mais quatro espécies, que se distinguem principalmente pelo tamanho e pelas cores.

Existem cinco espécies de urutau que se diferem no tamanho e na cor das penas

Existem cinco espécies de urutau que se diferem no tamanho e na cor das penas

Mãe-da-lua

Com até 38 centímetros e cerca de 200 gramas a mãe-da-lua (Nyctibius griséus) possui plumagens de cores cinza e marrom. Já o filhotes, logo após a eclosão do ovo, apresentam pelagem branca com tons rosados nas partes superiores.

A dieta da espécie conta com grandes mariposas, cupins e besouros, capturados em voo durante a noite. O filhote, cujo ovo é incubado por 33 dias, permanece no ninho por cerca de sete semanas e é alimentado pelo casal.

A mãe-da-lua é comum em bordas de florestas, cerrados e campos com árvores, mas também pode ser vista em locais abertos, inclusive dentro das cidades. A ave ocorre em todo o Brasil e tem o hábito de cantar a noite.

A mãe-da-lua-gigante é considerada a maior espécie da família — Foto: Arquivo TG

Mãe-da-lua-gigante

Considerada a maior espécie da família, a mãe-da-lua-gigante (Nyctibius grandis) chega a medir 57 centímetros de comprimento e um metro de envergadura. Além do tamanho, a ave se difere das outras espécies pela plumagem esbranquiçada.

De hábitos noturnos, sonoriza as florestas úmidas seca, os cerrados, as caatingas, as fazendas e as matas de galeria com uma vocalização diferente, fonte de muitas lendas por parte da população rural.

A mãe-da-lua-gigante ocorre do sul do México até a Guatemala e a Bolívia. No Brasil, pode ser encontrada no sudeste do país.

A cor da íris da mãe-da-lua-parda é esverdeada, diferente das outras espécies — Foto: Gustavo Magnago/Arquivo Pessoal

Mãe-da-lua-parda

Maior que a mãe-da-lua, a mãe-da-lua-parda (Nyctibius aethereus) mede cerca de 50 centímetros e apresenta cauda proporcionalmente mais longa e coloração parda. Outra diferença notável é a cor da íris, que na espécie é esverdeada ou cinza-azulada. O bico é escuro e os tarsos e pés são amarronzados.

A ave se alimenta de insetos, principalmente das mariposas, caçadas durante a noite em florestas densas úmidas. No Brasil, a mãe-da-lua-parda é vista com frequência na Amazônia.

O urutau-de-asa-branca é comum na Amazônia — Foto: Arquivo TG

Urutau-de-asa-branca

Comum na Amazônia e na região nordeste do Brasil, o urutau-de-asa-branca (Nyctibius leucopterus) se alimenta de insetos noturnos, besouros, mariposas e percevejos.

Com cerca de 38 centímetros de comprimento, apresenta uma mancha alva na base das asas, vista durante o voo.

O urutau-de-asa-branca costuma postar um único ovo na ponta de um tronco, que é chocado após 33 dias. O filhote recebe cuidados dos pais por cerca de 80 dias, um dos períodos mais longos das aves sul-americanas.

A cor do urutau-ferrugem é incomum, comparada aos outros urutaus — Foto: Marcelo Barreiros/Arquivo Pessoal

Urutau-ferrugem

Com a coloração laranja-ferrugem e manchas brancas labeadas de preto, tons incomuns entre as espécies de urutau, o urutau-ferrugem (Nyctibius bracteatus) pode ser observado em planícies de florestas tropicais no norte do Brasil.

Pouco se sabe sobre a ave, que tem hábitos noturnos e se alimenta de insetos em voo.

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