Palmeiras faz segundo treino no Catar; estádio da semifinal tem cadeiras verdes e brancas
O zagueiro alemão Christoph Kramer foi surpreendido no vestiário do Maracanã com a notícia de que iria substituir o lesionado Sami Khedira na final da Copa do Mundo de 2014, contra a Argentina. Deveria ser uma partida inesquecível, especialmente após a conquista do tetracampeonato com a vitória por 1 a 0 da Alemanha. Mas as lembranças daquele dia foram abaladas por uma pancada na cabeça que tirou o jogador de campo ainda no primeiro tempo.
Kramer, então com 23 anos, sofreu um golpe violento em uma disputa com o argentino Ezequiel Garay, logo no início do jogo. Ainda ficou em campo por cerca de 15 minutos, mas acabou substituído aos 31, desorientado.
Quase sete anos depois, a Fifa está testando no Mundial de Clubes do Catar uma substituição extra para jogadores que sofrem traumas na cabeça durante as partidas, medida que tem o aval do zagueiro do Borussia Mönchengladbach.
- Acho bom. Traumas na cabeça são um assunto muito importante. Sou a favor de que se tome muito cuidado, por isso eu acho bom que essas novas regras sejam discutidas e talvez implementadas - declarou ele em entrevista exclusiva, feita por videoconferência, após o treino desta quarta-feira do time alemão.
Com a experiência de quem precisou abandonar uma final de Copa do Mundo, Kramer sabe que na maioria das vezes os próprios jogadores insistem para ficar em campo, colocando em risco à própria saúde:
- Talvez seja necessário proteger os jogadores caso eles continuem querendo jogar. É um assunto que precisa ser tratado com sensibilidade.
Para o presidente da Comissão de Médicos da CBF, Jorge Pagura, a novidade ajuda também os profissionais de saúde das equipes, responsáveis pela primeira avaliação sobre a gravidade do problema.
- Sem nenhuma dúvida, isso vai dar um respaldo muito grande para o médico poder tomar a atitude que deve ser tomada, a retirada de qualquer atleta suspeito de concussão. Sem dúvida, o médico naquele momento recebe uma pressão muito grande, principalmente, se todas as substituições já tiverem sido feitas - afirmou Pagura.
Logo no primeiro jogo do Mundial de Clubes do Catar, a vitória do Tigres por 2 a 1 sobre o Ulsan, o risco das pancadas na cabeça ficou evidente na trombada entre o sul-coreano Kim Kee-Hee Kim e o mexicano Javier Aquino, aos 17 minutos do segundo tempo.
Aquino foi substituído imediatamente, mas a mudança não entrou na cota extra, que necessita de um protocolo especial da equipe médica - o Tigres fez quatro substituições das cinco permitidas na partida. Os exames não constataram lesão, mas Aquino sofreu um corte na cabeça e precisou levar dois pontos.
Thomas Müller também aprova a medida
Colega de Kramer na final da Copa de 2014, o meia Thomas Müller, do Bayern de Munique, disse em entrevista ao ge que aprova a medida testada no Mundial de Clubes. O time alemão estreia no torneio domingo, na semifinal contra o Al Ahly, às 15h (horário de Brasília), com transmissão ao vivo no Sportv e em tempo real no ge.
- Acho que a regra está aí para fazer o jogo um pouco mais seguro para nós. Acho que é uma boa ideia ver como funciona - declarou Müller.
Ciente de que seu caso é um dos mais emblemáticos do futebol, Kramer deixou uma lição de que as lembranças podem resistir aos traumas: a final incompleta no Maracanã ficou definitivamente guardada na memória afetiva.
- Poder começar esse jogo, naquele estádio cheio de história e romantismo... É o maior título que alguém pode ganhar, e certamente vai ser para sempre o ponto alto da minha carreira.