A versão 2018 da Bélgica foi aquela que mais longe chegou em uma Copa do Mundo. Ao conquistar a terceira colocação neste sábado, com vitória de 2 a 0 sobre a Inglaterra, a seleção belga deixou uma marca para o país – se não com o título, com uma medalha inédita. E a campanha, de seis vitórias em sete jogos, mudou o patamar de muitos jogadores, para o bem ou para o mal.
Confira abaixo quem cresceu ao longo da Copa, quem perdeu espaço e quem manteve seu status.
Quem cresce
Courtois
Concorre a melhor goleiro da Copa. Já chegou à competição com a confiança do time, mas provou dentro de campo que está entre os melhores do mundo na posição. Com 1,99m, mostrou agilidade em lances como a defesa em chute de Neymar, na prorrogação das quartas de final. Tem contrato com o Chelsea, mas é cogitado no Real Madrid.
Hazard
Sai da Copa ainda maior do que chegou. Foi o capitão e principal condutor técnico do time belga. Fez três gols, deu duas assistências e foi o jogador com mais dribles na competição. Esteve quase o tempo todo em altíssimo nível na Rússia. É outro atleta do Chelsea especulado no Real Madrid – especialmente depois da saída de Cristiano Ronaldo para a Juventus.
Veja o gol de Hazard contra a Inglaterra
Meunier
Coadjuvante de Neymar, Cavani e Mbappé no Paris Saint-Germain, o ala direito vive excelente momento. Já vinha em crescimento nos últimos amistosos antes da Copa – e confirmou na competição. Surpreendeu ao mostrar capacidade defensiva quando o time jogou em linha de quatro e teve a habitual força ofensiva – comprovada com o gol, centroavante, contra a Inglaterra.
Assista ao gol de Meunier contra a Inglaterra
Chadli
Esquecido no West Bromwich Albion, da Inglaterra, chegou à Copa para ser coadjuvante. E ganhou muita importância na reta final. Foi um dos responsáveis por ir a campo no segundo tempo, contra o Japão, e virar o jogo de 2 a 0 para 3 a 2 nas oitavas de final. Foi fundamental contra o Brasil, fazendo uma espécie de volante pela esquerda, e depois passando para a lateral/ala direita contra a França.
Relembre o gol de Chadli contra o Japão
Alderweireld
Discreto, foi o melhor zagueiro da Bélgica na Copa do Mundo. Jogando pela direita, muitas vezes ocupando os espaços deixados por Meunier, um ala que é quase ponta, mostrou muita força e noção de espaço – vide a bola cortada em cima da linha contra a Inglaterra. Também esteve bem em jogadas aéreas. Com apenas mais um ano de contrato com o Tottenham, vem sendo assediado por outros clubes. Tem 29 anos – idade que ainda permite transferências expressivas.
Dier tabela com Rashford, tira de Courtois, mas Alderwireld salva aos 24 do 2º tempo
Witsel
Foi mais um que ganhou pontos pela regularidade. Como volante em um time ofensivo, teve função dupla: proteger a defesa e agilizar a saída de bola para o ataque. Não teve o brilho de um Hazard, mas ajudou muito a equipe. Está no Tianjin Quanjian, da China, e, aos 29 anos, ainda tem lenha para queimar na Europa.
Roberto Martínez
Faltou o título, mas é difícil negar que Roberto Martínez montou uma das melhores equipes de futebol do mundo. O treinador espanhol, em dois anos, conseguiu recuperar uma seleção abalada pela eliminação para País de Gales nas quartas de final da Eurocopa de 2016 – que culminou na saída de Mark Wilmots. Martínez só perdeu duas partidas com a Bélgica: a estreia, em amistoso para a Espanha, e contra a França, nas semifinais da Copa. Montou um time técnico, agressivo e com muita capacidade de adaptação tática, como demonstrado contra o Brasil.
Mantém status
De Bruyne
Não fez má Copa. Mas como já chegou com a moral nas alturas pelo desempenho habitual no Manchester City, não mudou de patamar. Desempenhou funções diferentes: ora mais recuado, como meia, ora livre para atuar como uma espécie de falso centroavante. Foi assim contra o Brasil, quando seu único gol no Mundial – e também fez seu melhor jogo.
Recorde o gol de De Bruyne contra o Brasil
Lukaku
Chegou voando à Copa, com média de mais de um gol por jogo nos amistosos recentes, e deu sinais de que manteria o embalo ao fazer dois contra o Panamá e outros dois contra a Tunísia. Mas não balançou as redes depois disso, mesmo que tenha sido importante em outros momentos, como na arrancada para o gol de De Bruyne contra o Brasil. Maior goleador da história da seleção belga, foi mal contra a Inglaterra, na disputa do terceiro lugar, e manteve a impressão de que ainda falta alguma coisa para se tornar um centroavante incontestável.
Kompany
Só estreou na terceira rodada, contra a Inglaterra, depois de chegar à Rússia lesionado. Corre risco de ser cortado. Mas teve recuperação impressionante, virou titular no mata-mata e se mostrou seguro. Referência da seleção, não decepcionou.
Vertonghen
Também fez boa Copa. Titular o tempo todo, quebrou o galho mais de uma vez como lateral-esquerdo e foi fundamental ao fazer o primeiro gol da reação contra o Japão, nas oitavas de final. Aos 31 anos, o jogador do Tottenham pode ter disputado seu último Mundial.
Veja o gol de Vertonghen contra o Japão
Fellaini
Viveu altos e baixos. Começou na reserva, foi fundamental ao marcar um dos gols contra o Japão, virou titular, e com atuação muito boa, contra o Brasil, mas foi superado no gol de Umtiti, da França, nas semifinais. Voltou a ser reserva contra a Inglaterra, na disputa do terceiro lugar. Teve contrato renovado com o Machester United.
Relembre o gol de Fellaini contra o Japão
Perde moral
Mertens
Tinha tudo para ir melhor. Chegou à Copa referendado pelos gols marcados no Napoli e já estreou marcando contra o Panamá. Mas o rendimento caiu no mata-mata, ele perdeu lugar no time e terminou a Copa na reserva. Dos jogadores badalados do forte ataque belga, foi o que menos rendeu.
Veja o gol de Mertens contra o Panamá
Carrasco
Vinha bem na reta final da preparação para a Copa, começou o Mundial como titular, mas foi muito mal nas oitavas de final, contra o Japão. Substituído ao longo do jogo, não voltou mais. Martínez preferiu deixar o lado esquerdo sob cuidados de jogadores como Chadli e Vertonghen, capazes de dar mais segurança à defesa.
Batshuayi
Fez um gol, e perdeu outros tantos, contra a Tunísia, na segunda rodada. No jogo seguinte, ganhou as manchetes mundiais... por dar uma bolada nele mesmo ao comemorar o gol de Januzaj. Na reta final, ficou escondido no banco. Aos 24 anos, o atacante do Chelsea tem muito a mostrar na próxima década, mas poderia ter se tornado uma figura mais relevante do futebol mundial na Copa da Rússia.