- A luta foi muito longa, mas eu me lembro de cada cena. Muitas emoções passaram pela minha cabeça nos últimos dias, mas hoje eu apenas tive que ir lá e fazer isso. Era tudo ou nada. Tive muita vontade e nunca duvidei de mim mesmo durante a luta. Agora posso dizer oficialmente que estou visando a medalha de ouro com minha irmã nas Olimpíadas. Como irmão mais velho, não posso perder - disse Abe, após deixar o tatame chorando emocionado ao final da luta.

O duelo, transmitido em horário nobre na televisão japonesa, ganhou em expectativa, já que definiria o último representante a integrar a seleção olímpica japonesa. A escolha do time japonês não passa necessariamente por uma seletiva. A indicação dos nomes fica a critério do técnico e ex-judoca Kosei Inoue. No entanto, a decisão da vaga do meio-leve foi definida no confronto direto. E no histórico entre os dois judocas Maruyama levava pequena vantagem: 4 x 3.

Nos quatro primeiros minutos de luta, muito estudo e a busca de golpes que levassem ao ippon. Só que isso não aconteceu, apenas punições. Abe e Maruyama levavam a luta para a prorrogação pela sétima vez em oito encontros entre os dois, tamanho equilíbrio. No golden score, quem pontuasse primeiro levaria a vaga. Os minutos foram se passando e, novamente, nada de projeções, só shidos. Os minutos foram passando, o combate foi interrompido duas vezes por conta de sangramentos no dedo e no nariz de Abe, até o cronômetro marcar 20 minutos. Foi aí que Abe conseguiu projetar Maruyama com um ouchi-gari, ainda revisado pela arbitragem, e decretar sua classificação para as Olimpíadas, aos 23 anos.

- Eu gostaria de ter escolhido os dois para competir nas Olimpíadas, mas, infelizmente, não posso. Eles colocaram seu coração e alma nisso e sacrificaram uma quantidade enorme de tempo para chegar aqui. Mas eu sei que Abe lutará por Maruyama, e Maruyama usará essa experiência para lutar de volta - disse Kosei Inoue.