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Por Bruna Campos e Henrique Arcoverde — São Paulo, SP


Leandro Guilheiro não romantiza as conquistas da carreira. Dono de dois bronzes olímpicos, o judoca santista precisou superar muitas dores para subir ao pódio. Foram 12 cirurgias por conta de lesões no ombro, quadril, mão e coluna.

Nos Jogos de Pequim 2008, na disputa que valia a medalha, foram 23 segundos lutando contra dois adversários ao mesmo tempo: o iraniano Ali Malomat e uma hérnia na coluna.

Leandro Guilheiro no pódio em Pequim 2008 — Foto: Getty Images

- Eu sempre imaginei que eu lutaria a Olimpíada no auge da minha forma física. Mas, nos dois Jogos em que eu ganhei medalha, eu estava em situações absolutamente difíceis de dor, de lesões sérias, cirúrgicas - disse o judoca.

Minha medalha: a superação de Leandro Guilheiro em busca do bronze no judô em Pequim

Minha medalha: a superação de Leandro Guilheiro em busca do bronze no judô em Pequim

A primeira medalha olímpica de Leandro Guilheiro havia sido conquistada quatro anos antes, em Atenas. Aquela edição não foi menos sofrida, em 2004, o judoca sofreu uma fratura na mão e uma lesão no quadril.

Leandro Guilheiro bronze em Pequim 2008 — Foto: Reprodução

Leia abaixo o depoimento completo do medalhista Leandro Guilheiro:

O ciclo de 2008 foi o pior ciclo da minha vida, foi um ciclo de muita luta contra o meu corpo. Eu voltei de Atenas 2004, tinha ganhado a medalha, mas tive uma fratura na mão e uma lesão no quadril. Então, eu passei uns cinco ou seis meses me recuperando dessas cirurgias. Em 2007, durante os Jogos Pan-americanos do Rio, eu senti um estalo nas minhas costas e uma dor muito forte, aguda. Eu descobri que era uma hérnia, era como se ela tivesse aumentado de tamanho de forma traumática durante a competição. Realmente era um caso cirúrgico.

Eu passei de 2007 a 2008, um ano mais ou menos, nessa luta com a minha dor nas costas. Eu fazia todo tipo de terapia possível e imaginável assim: massagem, fisioterapia e acupuntura. Então, até eu chegar nos Jogos Olímpicos, até a véspera de eu lutar em Pequim, até o dia da competição, foi de muito sofrimento, foi de muita dor, sabe? Até pensei em desistir, de verdade.

Sobre a disputa do bronze, eu me lembro de uns flashes assim, sabe? O Ali Malomat tinha uma pegada muito estranha, ele pegava por cima da minha cabeça, cruzado. E era muito chato quando ele chegava nessa posição, a gente ficava numa situação muito acuada assim. Quando eu fui entrar para disputa de medalha, na área de espera ali, fiquei visualizando o movimento. Eu fiquei visualizando várias vezes na minha cabeça aquele movimento que ele faria, a hora de segurar no quimono um do outro, como eu faria o movimento. Pode parecer muita loucura, mas da mesma forma que eu visualizei, a posição e o sentido que eu visualizei, foi exatamente como aconteceu.

Tinha muita dor ali [no momento logo após a vitória]. Graças a Deus, foram apenas 23 segundos, porque eu não tinha muita condição de executar aquilo ali e saiu, né? E aí me deu um alívio também. Porque, um mês ou dois meses antes, eu nem imaginei que eu ia lutar a Olimpíada. Eu já tentei racionalizar isso e explicar, mas é uma coisa… Eu sempre imaginei que eu lutaria Olimpíada no auge da minha forma física, mas aí, nos dois Jogos que eu ganhei medalha, eu estava em situações absolutamente difíceis de dor, de lesões sérias, cirúrgicas.

Eu aprendi muita coisa, que não existe um momento ideal para você fazer as coisas, você tem que fazer e ponto final. A gente tem capacidade de realizar as coisas para caramba. No fim, a medalha simboliza tudo isso que eu vivi, tudo isso que eu superei, tudo isso que eu senti. Você troca sua vida por uma medalha!

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