Sergipe não ficou fora do roteiro da Copa do Mundo no Brasil em 2014. Coube ao estado a missão de ser anfitrião da seleção grega durante o Mundial de seleções. A visita da equipe comandada pelo técnico português Fernando Santos aproximou um pouco mais os aracajuanos da cultura helênica e de toda a sua representatividade para a história da humanidade.
Um dos principais motivos para a escolha de Aracaju como sede foi a ambientação em um clima de temperatura mais elevada, já que os gregos iriam jogar duas vezes no Nordeste (Natal e Fortaleza). A estratégia acabou dando certo e, no fim das contas, a Grécia acabou fazendo sua melhor campanha na história das Copas do Mundo. O time campeão europeu em 2004 só foi eliminado nas oitavas de final, contra a Costa Rica, nos pênaltis. Mas o caminho na primeira fase foi tortuoso, começou com derrota para a Colômbia por 3 a 0. Em seguida, empate sem gols com o Japão e vaga muito ameaçada para as oitavas de final. A redenção chegou com uma vitória sobre a Costa do Marfim por 2 a 1. Pela primeira vez na história, a Grécia passava de fase em uma Copa do Mundo. Em 1994, nos Estados Unidos e 2010, na África do Sul, os gregos pararam na fase de grupos.
Nas oitavas de final, a Grécia encarou a Costa Rica e foi eliminada nos pênaltis, ficando o gostinho de que poderia ter ido um pouco mais longe. Mesmo assim, a campanha foi histórica para a Grécia, que por sua vez deixou uma marca importante nos sergipanos durante a Copa do Mundo. Em clima de retrospectiva, o GloboEsporte.com relembra como foi a passagem da seleção pelo estado.
Assédio da torcida
Logo na chegada à Aracaju, os gregos já tiveram a primeira mostra de como seria a estada deles em terras sergipanas: com muito assédio dos fãs. Muita gente foi ao Aeroporto Internacional Santa Maria para recepcionar a delegação helênica e acompanhou o ônibus até o hotel localizado na Orla da Atalaia. Ao chegar ao local da hospedagem, um grupo de capoeira deu as boas-vindas ao time e apresentou aos jogadores e comissão técnica um pouco de nossa cultura. As estrelas gregas distribuíram autógrafos e pousaram para fotos.
Horas depois de chegar à capital sergipana, a Grécia fez o primeiro treino oficial no Batistão. Craques como Sokratis, Mitroglou e Samaras desfilaram no principal palco do futebol sergipano. No dia seguinte a esta atividade, houve um treino aberto para o público e os atletas receberam um assédio ainda maior dos sergipanos, que adotaram a Grécia como uma espécie de segunda pátria na Copa do Mundo.
regime fechado
Apesar de todo este carinho, não foi fácil para o torcedor ter contato próximo com os jogadores gregos. É que a seleção helênica viveu um dos regimes mais fechados entre todas as 32 seleções participantes do Mundial. Foram raros os passeios dos jogadores pela cidade e os momentos de folga foram aproveitados de dentro do hotel mesmo. Importante destacar que esse comportamento não foi uma exigência da comissão técnica, mas sim opção dos atletas.
A Grécia se hospedou em um dos principais cartões postais de Aracaju, a Orla da Atalaia, e os atletas receberam inúmeros convites para passeios turísticos, todos recusados. O motivo? Foco total na classificação inédita para as oitavas de final.
O zagueiro Vangelis Moras justificou a atitude do grupo em não ceder aos tentadores passeios.
- Viemos aqui para trabalhar, não para passear. Quando
quisermos conhecer o país, viremos de férias, com a família - disse.
Todo este comprometimento rendeu frutos e os gregos alcançaram o objetivo da classificação. Com a vaga nas oitavas garantida, os jogadores acabaram dando uma relaxada e fizeram passeios por um shopping de Aracaju e jantaram em uma churrascaria.
cultura
A estada da Grécia em Aracaju foi uma grande oportunidade para os sergipanos aprenderem um pouco mais sobre a cultura grega. Alguns já traziam esses ensinamentos de longa data. Caso do administrador de empresas Marçal Oliveira que, vestido com a camisa da seleção na chegada da delegação, se mostrou um bom conhecedor de mitologia grega e sobre a história do país. Ele também arranhou o idioma.
- Kalimera significa Bom dia!...ti ka'nete é Como vai você?...quer cumprimentar os jogadores? Diz assim, Ti-kanis? Na língua deles, você está perguntando se a pessoa está bem - ensinou empolgado.
Marçal fez plantão também na porta do hotel para tentar falar com os jogadores e acabou chamando a atenção dos jornalistas gregos.
Quem ajudou bastante os sergipanos a terem um pouco mais de conhecimento sobre a cultura grega foi o cantor Patrick Dimon. Radicado no Brasil há anos, ele fez sucesso entre as décadas de 70 e 80 e chegou a ter música na trilha sonora da novela Pai Herói, da Rede Globo. Nascido na Ilha de Samos, na verdade, Patrick se chama Konstantynos Kazakos. Durante a estada da Grécia em Aracaju, ele esteve na capital sergipana para falar sobre os costumes gregos.
comemoração
(Foto: João Áquila / GloboEsporte.com)
O ponto alto dos gregos em Aracaju foi a eufórica comemoração por causa da vaga conquistada nas oitavas de final da Copa do Mundo. A Grécia alcançou no Brasil um feito inédito. Ao confirmar a
façanha, comemorou como se fosse um título. Depois da vitória sobre a
Costa do Marfim, a delegação grega desembarcou em Aracaju, base de
treinos da equipe, de forma apoteótica. O avião que trazia a seleção
recebeu o "batismo" do Corpo de Bombeiros. No hotel, as comemorações
continuaram com um banho de piscina dos jogadores.