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Por Marcio Luiz — Itapetininga, SP

Divulgação/ Vôlei UM Itapetininga

André Nascimento sempre foi um atleta tranquilo e até tímido, mas quando estava em quadra jogando pela seleção brasileira, o ponteiro carioca mostrava toda sua força no braço esquerdo, tornando-se um dos melhores jogadores na posição.

Ser um dos titulares no título olímpico em Atenas 2004 seria o suficiente para ficar na história do vôlei, mas André Nascimento ainda ganhou seis Ligas Mundiais, duas Copas do Mundo e uma prata olímpica em Pequim 2008. Virou símbolo de uma geração da Seleção. O prestígio rendeu uma nova proposta de trabalho após anunciar a aposentadoria. Idealizador e gestor do Itapetininga, time que debuta na Superliga nesta temporada, André Nascimento tem a função de cuidar dos atletas, buscar novos patrocinadores e participar de contratações no time do interior paulista.

– Sou o gestor do projeto e um dos idealizadores junto com o Rodrigo Moraes, que jogou comigo. Eu não sabia muito bem o que fazer quando aposentasse, aí surgiu a ideia de criar um time e continuar ajudando o esporte – explica André Nascimento.

Seleção brasileira de vôlei comemorando o ouro olímpico — Foto: Getty Images

Com pouco mais de dois anos de existência, o Itapetininga conquistou o acesso para a Superliga masculina de vôlei e disputou pela primeira vez os playoffs da competição - o time foi eliminado pelo Sesi-SP nas quartas de final. Aos 40 anos, o agora gestor analisou a campanha do time, e da liberdade que o técnico Magoo e sua comissão técnica tiveram para escolher os jogadores.

– Nossa ideia tem dado certo. Em pouco tempo, já fomos aos playoffs. Acho que foi um trabalho bem feito da comissão técnica e também de gestão. Aqui sempre deixamos a comissão técnica livre para montar o time e ter a possibilidade de escolher um jogador dá vantagem. Com pouco orçamento contratamos bons nomes – analisou o gestor.

Em entrevista ao GloboEsporte.com, André Nascimento admite a dificuldade em se acostumar com a nova função, e que deixou de lado as questões burocráticas do time para se dedicar totalmente ao convívio com os jogadores.

– Já tinha em mente de encerrar minha carreira aqui e trabalhar nos bastidores do esporte. A única dúvida que tinha era onde me encaixaria. É tudo novo para mim, não é fácil jogar a vida inteira e depois encarar outra função. Achei que seria mais fácil. Tive algumas experiências em ações burocráticas, mas não participo ativamente. Eu faço uma função de estar mais próximo dos jogadores, no vestiário, trabalhando e dando conselhos – explica André.

André Nascimento se aposentou no Itapetininga — Foto: Alex Júnior / Um Vôlei Itapetininga

Aposentado há 11 meses, o campeão olímpico ainda tem vontade de jogar profissionalmente, mas a rotina intensa de treinamentos e as dores no corpo impedem a volta de André Nascimento. Com a evolução física da nova geração, o gestor de 1,90m diz que está "baixinho" para sua posição.

– Tenho vontade de voltar a jogar, está muito recente [a aposentadoria]. Estou procurando me desligar porque se me der vontade é fogo. Se bem que meu corpo está apitando, a rotina do atleta é complicada e a preparação é intensa. Como os jovens atletas estão mais evoluídos, não jogo mais porque fiquei baixinho para oposto – brinca André Nascimento.

A função é diferente, mas o empenho continua o mesmo: foram 20 anos de carreira, sete clubes e vários títulos, mas é pelo Itapetininga que ele quer fazer construir uma nova história.

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