Aves

Por José Florentino — São Paulo (SP)

O ovo ganhou mais espaço no prato do brasileiro — e na pauta das exportações — nos últimos anos. Na contramão, a oferta precisou ser reduzida para se adequar a um cenário de custos de ração elevados. O saldo foi uma alta de mais de 25% na proteína.

“Muitos produtores não tinham estímulo para investir e produzir. Em alguns momentos, chegaram a trabalhar com margens negativas”, afirma a analista Juliana Ferraz, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP.

Leandro Pinto, CEO da Mantiqueira, maior produtora de ovos do país, explica que a alta dos preços acompanhou a redução no alojamento de aves, após a pandemia da Covid-19 e a guerra na Ucrânia fazerem os preços dos grãos dispararem. O executivo conta que também havia um excesso de produção.

A produtora familiar Edna Souza, de Serrinha (BA), afirma que os pequenos produtores sofreram muito com a alta dos grãos, que representam até 70% dos custos na atividade. “Nos momentos críticos, muitos reduziram seus plantéis ou até desistiram da atividade”, afirma.

Tendência de queda

A boa notícia para o consumidor é que os preços podem voltar aos patamares normais em poucos meses. Segundo Leandro Pinto, CEO da Mantiqueira, diante da normalização do preço do milho e do farelo, a tendência é que o número de galinhas poedeiras suba.

A caixa com 30 dúzias do ovo branco tipo extra está sendo negociada, em média, a R$ R$ 191,82 no acumulado do mês até o dia 26, no atacado da Grande São Paulo, indica o Cepea. O valor é 26,6% maior que a média de julho de 2022, mas já representa uma queda de 4,5% em relação aos preços praticados em junho deste ano.

Já o ovo vermelho tipo extra negociado no atacado está cotado a R$ 215,72 por caixa, uma queda de 5,1% em relação a junho. No comparativo anual, subiu 27,3%.

Juliana Ferraz afirma que os preços estavam subindo de maneira gradativa até fevereiro, quando uma combinação de demanda firme e baixa oferta alavancaram as cotações. Este mês, os custos menores, o barateamento de outras proteínas e o consumo menor devido às férias escolares (o ovo é bastante usado na merenda) fizeram as cotações cederem.

“Os preços tendem a cair um pouco mais ao longo dos próximos meses, por conta da oferta maior no primeiro semestre”, avalia.

Leandro Pinto também acredita que as cotações devem ceder conforme as novas galinhas entram em produção. “A pintainha que a gente coloca hoje na granja começa a produzir daqui a 120 dias. Então, o mercado tende a cair um pouco em breve”, diz ele, salientando que os preços dos grãos caíram nos últimos meses.

Com normalização do preço do milho e do farelo, a tendência é que o número de galinhas poedeiras suba — Foto: Globo Rural
Com normalização do preço do milho e do farelo, a tendência é que o número de galinhas poedeiras suba — Foto: Globo Rural

Demanda firme pode sustentar cotações

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) disse, em nota à Globo Rural, que a demanda firme deve sustentar as cotações. A entidade diz que, embora haja uma queda nos preços dos insumos, grande parte das empresas produtoras de ovos mantinham estoques de insumos para até seis meses, adquiridos antes das quedas recentes.

Chama a atenção que os embarques brasileiros de ovos in natura e industrializados alcançaram 16,6 mil toneladas entre janeiro e junho, estima a Associação Brasileira de Proteína Animal (Conab). O volume cresceu 150% em relação ao mesmo período do ano passado. A receita aumentou 222,4%, para US$ 41,2 milhões.

O aumento das exportações de ovos não trará prejuízos ao consumidor brasileiro, pois ainda representam menos de 1% da produção nacional, avalia o CEO da Mantiqueira. “Para o produtor é uma ótima notícia, porque estamos abrindo mercados importantes, como Japão e Chile”, diz.

Segundo a ABPA, no setor de ovos, custos de produção e demanda interna são basicamente os fatores que ditam o comportamento do preço do produto, e não as exportações.

A perspectiva para o produtor de ovos é positiva, segundo Leandro Pinto. A proteína se popularizou e rompeu a bolha de alimentos para momentos de economia. “Tem gente que compra mesmo se estiver muito caro e atende a várias classes sociais”, afirma.

Mais recente Próxima Gripe aviária: RS declara estado de emergência zoossanitária
Mais do Globo Rural

Ministros devem visitar o Estado na próxima sexta-feira (3)

Chuvas no RS: governo envia comitiva ministerial para reforçar ajuda e conversar com prefeituras

Fundos especulativos provocaram uma oscilação nos valores do cacau pouca vezes visto na bolsa

Cacau perde liquidez em Nova York e preço cai mais de 10%

Em dia de baixa liquidez no mercado, questões técnicas predominaram as negociações

Preços da soja e do milho sobem na bolsa de Chicago

É obrigatório fazer a declaração e passar às informações à Defesa Agropecuária do Estado

São Paulo inicia campanha de atualização dos rebanhos

Movimento foi contrário ao da bolsa de Chicago, onde as cotações acumularam queda no mês passado

Preço da soja encerra abril em alta no mercado interno

A umidade que sai da Amazônia gera um quadro de gravidade extrema no Estado, segundo a MetSul

Saiba o que é “rio atmosférico”, fenômeno que aumenta chuvas no Sul

Comercialização passa a ser regulamentada e fiscalizada por profissionais da Agência de Defesa Agropecuária do Estado

Pará começa rastrear produção de dendê este mês

Último levantamento é de 2017. Instituto afirma que objetivo é aumentar a precisão na coleta de dados no campo

IBGE estreia na Agrishow e busca cooperação técnica para o Censo Agropecuário

Soja iniciou a sessão com leve alta, enquanto milho e trigo abriram os negócios em queda

Condições das safras nos EUA e na Argentina direcionam preços de grãos em Chicago

Commodities agrícolas operam em queda mais um dia seguido

Café e cacau desenham curva de queda na bolsa de Nova York