• Texto João Mathias * Consultor Fábio Alessandro Padilha Viana*
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Embora coadjuvante na maior parte dos arranjos florais, a gipsofila (Gypsophila paniculata), mais conhecida como mosquitinho, por ser pequena e numerosa, está presente na decoração de variados tipos de eventos. De noivados a casamentos, de festas populares a celebrações sofisticadas, de jantares requintados a encontros corporativos, enfeita diversos ambientes disposta em vasos, colunas, cadeiras, palcos e diversos objetos.

Também chamada de braquinha, cravo-de-amor e véu-de-noiva, a flor de aspecto delicado dá um efeito especial a diferentes ocasiões quando usada em combinação com outras plantas ou mesmo sozinha em pequenas ou grandes quantidades. Em ramalhetes compostos por rosas, cravos, flores do campo e até folhagens, tornou-se um complemento tradicional.

Por isso, não falta gipsofila em floriculturas ou em qualquer ponto de venda de flores, uma indicação de seu alto potencial de comercialização, que permite aos agricultores dedicados ao plantio obter lucros com a cultura. Apesar de ser planta herbácea perene, com ciclo de vida longo, é comum ser cultivada como anual, oferecendo ao produtor a oportunidade de obter renda com a atividade de janeiro a dezembro.

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Sem demandar muitos cuidados, a gipsofila precisa apenas de estruturas de semissombreamento nas plantações (estufas); de hastes para dar apoio à planta, que, por ser leve, é sensível a correntes de ventos; de regas regulares; e, a cada ano, de uma reforma dos canteiros. Oriunda de regiões mediterrâneas e do Leste Europeu, onde predomina o clima temperado e frio, tem, no entanto, boa adaptação às temperaturas mais elevadas registradas em território brasileiro, aproveitando a luminosidade farta incidente no país.

Destinada, sobretudo, para a produção de flor de corte, graças ao seu apelo comercial, a gipsofila também conta como mercado promissor o plantio em maciços e bordaduras adotado em jardins de praças, parques, casas, chácaras e fazendas. Miúda e abundante, ela proporciona um charmoso visual campestre às paisagens.

A gipsofila é ramificada e de pequeno porte, variando entre 60 e 90 centímetros de altura. Possui flores dobradas brancas ou rosa, com inflorescência na versão panícula – os ramos decrescem da base para o ápice em uma formação piramidal. As folhas finas, opostas e pontiagudas, são de coloração verde-acinzentada. Já as raízes são grossas e o caule é macio, pois não conta com a presença de lignina, substância responsável pela rigidez e pela aparência lenhosa das plantas.

Como os cravos, a gipsofila faz parte da família de plantas chamadas Caryophyllaceae. Predominantemente composta por ervas, as espécies estão amplamente concentradas na Europa e na Ásia, além de regiões que apresentam clima ameno. 

Mãos à obra

>>> INÍCIO Há três variedades de Gypsophila paniculata, sendo uma rosa (red sea), considerada pouco produtiva, e duas brancas (bristol fairly e perfecta), a cor mais comum por aqui e fácil de ser tingida em diversas colorações.

>>> PROPAGAÇÃO  A gipsofila multiplica-se por sementes, ideal para plantios em pequena escala; por cultura in vitro (grandes produções); ou por estacas de ponteiro com 2 a 4 centímetros de comprimento. As estacas devem ser tratadas por 5 a 30 segundos em solução de AIB (ácido indol-butírico), na concentração de 3.000 a 10.000 ppm (partes por milhão), e cultivadas sob tela de sombreamento a 40%. O enraizador é vendido na concentração desejada.

>>> AMBIENTE Exceto quanto às temperaturas muito quentes, a gipsofila apresenta tolerância a diferentes condições climáticas, mas tem melhor crescimento em locais onde predomina o frio. No entanto, registra bom desenvolvimento e florescimento em regiões de clima seco e fresco. A flor ainda deve ser cultivada em áreas com alta incidência de luminosidade, preferencialmente sob sol pleno.

>>> PLANTIO Nos canteiros, deve ser realizado no outono, para que a planta floresça durante os meses de inverno e primavera. São indicados solos porosos e leves, sem possibilidade de encharcamento. O mosquitinho também tem preferência pelos terrenos ricos em matéria orgânica e profundos, com 30 a 50 centímetros.

>>> ESPAÇAMENTO Para sementeira no solo, marque linhas distantes 10 centímetros umas das outras e coloque uma semente a cada 3 a 4 centímetros. Em bandejas e copinhos, usa-se uma semente por célula. Leva de oito a dez dias para germinar e, depois de 20 dias ou com 10 centímetros de altura, as mudas estão prontas para o transplante. A semeadura no plantio direto é feita em sulcos distanciados em 80 centímetros, deixando-se, após desbaste, um espaço de 50 centímetros entre as plantas de crescimento indeterminado e de 40 centímetros para as de crescimento determinado.

>>> CUIDADOS Aplique calcário para elevar o índice de saturação por bases a 80%, de acordo com a análise de solo. O pH ideal varia entre 6,5 e 7. Se disponível, 30 dias antes do plantio, adicione de 5 a 20 toneladas por hectare de esterco de curral curtido junto com o calcário. Quanto à adubação, use 30 quilos por hectare de N, 150 quilos por hectare de P2O5 e 30 quilos por hectare de K2O em cobertura. Parcelados em três vezes, aos 30, 60 e 90 dias após o plantio, acrescente 120 quilos por hectare de N e 120 quilos por hectare de K2O. Anualmente, faça análise de solo para conferir a necessidade de adubação. Sem encharcar, para não sufocar as raízes e matar a planta, irrigue a gipsofila de forma regular quando o solo estiver seco. As regas devem ser feitas no início ou no fim do dia.

>>> PRODUÇÃO Da gipsofila ocorre, em geral, entre os meses de maio e novembro, período que inclui o fim do inverno e avança pela primavera. Na colheita, corte as hastes próximo à base da planta com 60 a 70 centímetros de comprimento. Recomenda-se peso de 300 gramas, no mínimo, para a formação de maços das flores, que devem estar limpas e sem galhos, folhas murchas ou raízes. Duram de uma a duas semanas.

RAIO X
Solo: fértil, poroso, leve, rico em matéria orgânica e bem drenado
Clima: seco e fresco, com preferência por temperaturas baixas
Área mínima: podem ser plantadas em canteiros
Colheita: no inverno
Custo: R$ 2,50 é o preço médio da unidade

Onde adquirir: empresas de vendas de sementes e, no caso de mudas, de produtores especializados

Mais informações: com profissionais das empresas de assistência técnica dos Estados

*Fábio Padilha, doutor em agronomia, especializado em paisagismo e floricultura, sócio da Plantas & Planos Assessoria e Consultoria em Agricultura, Meio Ambiente e Sustentabilidade, tel. (61) 98601-8619, fabioapviana25@gmail.com