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Por Carolina Giovanelli

O ator fluminense Rodrigo Santoro, 48, despontou nas novelas e séries globais. Porém, foi o filme Bicho de Sete Cabeças, de 2001, dirigido por Laís Bodanzky, que lhe rendeu prêmios e o projetou como ator conceituado. A partir daí, a carreira do galã deslanchou e alçou voos internacionais, em um patamar atingido por poucos brasileiros.

Apareceu em longas como Simplesmente Amor e 300, além de séries do naipe de Lost, Westworld e, a mais recente, Wolf Pack. Agora, tornou-se o vilão da última temporada de Bom Dia, Verônica, da Netflix, papel que exigiu uma transformação física, do corpo aos cabelos. Sua trajetória consistente e a distância de polêmicas o levaram a honras como integrar, desde 2017, a Academia do Oscar, que vota nos candidatos ao prêmio. Casado com a apresentadora e atriz Mel Fronckowiak, 36, e pai de Nina, 7, Santoro fala sobre a paixão pelos esportes, o gosto pela poesia e o horror à zona de conforto.

Físico apolíneo

Houve uma preparação intensa, durante um mês e meio, para 'Bom Dia, Verônica'. O Jerônimo demandava um físico bastante específico, de formas apolíneas. Trata-se de um personagem eugenista, que acha que vai ‘melhorar’ a raça humana, obsessivo pela perfeição. Foram duas horas de exercícios físicos por dia. Cumpri uma dieta rigorosa, de baixíssimo carboidrato. O objetivo era secar, com algo na faixa de 8% de gordura corporal. E eu não tenho mais 26 anos, mas 48, então fica mais desafiador. Já tinha passado por processos semelhantes, por exemplo, em ‘300’ (2006), com muita hipertrofia, e em ‘Heleno’ (2011), quando perdi massa magra, o que nem foi saudável. O segredo da dieta é não quebrá-la, o que consigo quando há um objetivo profissional. Meu pai é italiano, então amo massa, gelato, doce. Porém, no geral, me alimento bem, de uma forma mais natural. Tenho prazer nisso. Fico muito atento com minha saúde. Meu corpo, além de ser o corpo que habito, é minha ferramenta de trabalho.
— Rodrigo Santoro
Rodrigo Santoro — Foto: Gustavo Zylbersztajn
Rodrigo Santoro — Foto: Gustavo Zylbersztajn

Vidrado no tênis

Gosto de estar disposto. Adoro esportes. Recentemente, viciei em tênis. Comecei a jogar há um ano. Não mostrava muito interesse até experimentar e entender quanto a modalidade demanda da mente. É um desafio constante. Estou muito empolgado, faço aula, jogo com os amigos. No tênis, assim como no surf, você precisa estar presente, algo que meu ofício também pede o tempo todo.
— Rodrigo Santoro

Cabeça em dia

Para cuidar da minha mente, além do esporte, curto praticar ioga, meditar e permanecer em meio à natureza. Faço terapia há muitos anos. Tento manter a ansiedade em um lugar que me jogue para a frente, sem me dominar. A arte também me ajuda. Sou bastante eclético no que consumo. Adoro poesia. Leio Drummond, Manoel de Barros, Clarice. Gosto ainda de ciência, especialmente neurociência, pela qual passei a me interessar depois da participação na série ‘Westworld’.
— Rodrigo Santoro

A volta do cabelão

Eu era muito conhecido pelos cabelos compridos e pelo rabo de cavalo na juventude. Cortei os fios em ‘Bicho de Sete Cabeças’. Para ‘Bom Dia, Verônica’, coloquei extensões. Foram onze horas para a aplicação. Revi ‘Apocalypse Now’ na versão final, li um roteiro, escutei muita música... Depois, levou umas cinco horas para tirar. Como o personagem não possuía barba, rolou um pouco de flashback, de trinta anos atrás. Mas não sinto falta do cabelão. Fico com muito calor, e moro no Rio de Janeiro.
— Rodrigo Santoro
Rodrigo Santoro — Foto: Gustavo Zylbersztajn
Rodrigo Santoro — Foto: Gustavo Zylbersztajn

Cavalos em cena

Trago uma ligação com cavalos desde a infância. Meu avô tinha um sitiozinho e, aos 4 anos, ele me presenteou com um cavalo. Eu oferecia comida, escovava a pelagem, dava banho. Tanto que protagonizei todas as cenas com o animal em ‘Bom Dia, Verônica’ por causa da minha familiaridade. Precisei de treinamento apenas para a doma, chamada índia, na qual o foco é o convencimento e não a imposição. Você se relaciona com o cavalo olho no olho, até que ele passa a confiar e se entrega.
— Rodrigo Santoro

Pai da Nina

Na paternidade, estou constantemente me reciclando, me reconectando. Para o espírito, isso é ótimo. Com o nascimento da Nina, houve uma saída do eu; virei outra pessoa. Existe uma frase que diz que, quando temos filhos, conhecemos o medo de verdade. Isso vem muito da necessidade de controle. Como pai, procuro sair do lugar de ‘eu falo, você escuta’. Olho a criança como um indivíduo. Nós pensamos em ter mais filhos, estamos vivendo uma experiência linda com a Nina. Sou muito intuitivo. Deixo as questões práticas para a mente e procuro sentir as grandes questões. Então, estou aberto, mas planejo até a página dois, para não criar expectativas que podem ser frustradas depois.
— Rodrigo Santoro

União com Mel Fronckowiak

Sou casado há onze anos. Trata-se de meu relacionamento mais duradouro. Qualquer relação é uma arte, vê-se sempre em movimento. É preciso respeito, admiração. Vivo com uma pessoa que me melhora, e faz tudo com muito afeto. Nossa união ficou muito forte e amadureceu bastante.
— Rodrigo Santoro

Quase cinquentão

Ao envelhecer, existe uma questão de estética, e eu trabalho com essa parte. Hoje, vivemos na era da imagem. Eu me cuido por meio do esporte, da minha rotina, da minha alimentação. Não deixo de aplicar protetor solar, mas conto com uma esposa maravilhosa que fala, depois de eu surfar, por exemplo: ‘Passa um hidratante também’; é um cuidado recente que tenho adotado.
— Rodrigo Santoro
Rodrigo Santoro — Foto: Gustavo Zylbersztajn
Rodrigo Santoro — Foto: Gustavo Zylbersztajn

Personalidade discreta

Nasci em Petrópolis e vim para o Rio com 18 anos. Sempre me mostrei mais reservado, gosto de ficar com os amigos. Depois de conhecido, segui consistente com a pessoa que sempre fui. Não interpreto um personagem para agradar. Se alguém está com algum problema comigo, pergunto: ‘O que posso fazer? Vamos resolver’. Isso tem a ver com a minha espiritualidade, trabalhada desde os 18 anos, de olhar para dentro.
— Rodrigo Santoro

Assédio do público

Passei por várias fases. No começo, tudo é novo. O hofofote vira na sua direção e a luz cega um pouco. Fiquei confuso sobre como lidar. Era a época dos paparazzi. Vivi situações de ser perseguido. Aquilo me assustava. Houve um período de adaptação. Hoje, considero minha relação com o público bastante saudável. Sinto o afeto, especialmente de quem me acompanhou durante a carreira, que me viu em ‘Mulheres Apaixonadas’, em ‘Hilda Furacão’. Inclusive, ‘Hilda’ se tornou viral no TikTok recentemente.
— Rodrigo Santoro

Torcida dos fãs

Quem não gosta de se sentir acolhido? É lindo, afetuoso, me emociona, porém não sou a seleção brasileira de futebol. A torcida me coloca em um lugar de responsabilidade. Eu foco em continuar fazendo aquilo que faço: um trabalho da forma tão respeitosa, verossímil e humana quanto possível. No fundo, preciso me concentrar e trabalhar para conseguir vencer aquele desafio. E normalmente é um desafio, porque creio que o crescimento aparece fora da zona de conforto.
— Rodrigo Santoro

Membro da Academia do Oscar

Eles me convidaram em 2017, com base no meu trabalho, para votar nas categorias do prêmio. Eu havia participado de ‘Simplesmente Amor’, filme muito popular. Antes, recebíamos caixas de DVDs. Hoje, assistimos aos candidatos em uma plataforma on-line, que traz mais de 100 produções do mundo todo. É a minha Disney. Vejo coisas que nunca veria, a que não teria acesso.
— Rodrigo Santoro

Cheio de planos

Eu me sinto preenchido, amo fazer o que faço. Talvez dirija algo, mas não cansei de atuar. Se dirigir, será porque também me interessa. Vivo inquieto e curioso, desejo aprender. Gosto de me surpreender e mudar de direção, acho fundamental. Agora nos cinemas, dublo ‘Bizarros Peixes das Fossas Abissais’, uma experiência fantástica. No primeiro semeste, provavelmente será lançado ‘Outro Lado do Céu’, que gravei na Amazônia, dentro do Rio Negro. Deve entrar em cartaz ainda neste ano também ‘Arca de Noé’, do Vinicius de Moraes, em que faço a dublagem. Há dois projetos brasileiros de plataforma muito legais em vista, que em breve anunciaremos. Estou animado!
— Rodrigo Santoro

Assistente de fotografia Anderson Bueno | Segunda câmera Luis Morais | Styling Rafael Lazzini | Beleza Patrick Pontes | Retoque Doctor Raw | Cavalo Oregon, do Haras Embaixador | Locação Haras Melo Pinheiro

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